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quinta-feira, 13 de maio de 2021

Pensamentos de Jax


 Pensamentos de Jax

A Redação       Reformador (FEB) Janeiro 1920

 

            Ignóbil é muita vez a lágrima que ri, quando os lábios soluçam: é a lágrima da carpideira.

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            O desesperado não chora; porque a lágrima é o início da consolação.

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            Chorar não é baixeza nem covardia: não é baixeza, porque o pranto é sentimento, e o sentimento é elevação; não é covardia, porque quem chora não afoga o sofrimento, antes o enfrenta, porque lágrima é um desafio.

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            O suspiro é o vapor do sofrimento que se escapa da válvula do coração.

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            A saudade é a sombra que o eclipse do ente amado estende sobre nosso coração.

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            A vaidade é, em certos casos, um dos atributos do orgulho; em outros, uma infantilidade do espirito.

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            Há riqueza faminta e a miséria farta: esta antítese provém do espírito.

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            Há muitos meios de ser grande; um só de ser digno.

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            A miséria nem sempre é miséria. Há espíritos que resplandecem, mesmo através das chagas e dos trapos: há fosforescência nos esterquilínios (imundícies).

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            Não florescem lírios em vasos de areia de ouro.

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Por maior que seja a treva do espirito, a prece o ilumina, porque a prece é uma luz.    

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            O olhar fala pela mudez, como a flor pelo perfume, o astro pela luz. Quando o rumor cessa, o silencio diz tudo. O amor e o silêncio são dois enigmas: uni-los é decifra-los.

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            Há um instrumento mais penetrante que o telescópio, devassando os arcanos do céu: - O olhar de quem ama.

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            O coração é o evangelho da alma e só o pode compreender quem ama. Eis o estado em que o ignorante pode suplantar o sábio. 

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            Quando os povos se desuniam pelo cérebro, apareceu Cristo e os enlaçou pelo coração.

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            O desdém é, ora o disfarce da inveja provocada pelo mérito alheio, em 11 revolta do amor próprio, que ainda não tocou ao desprezo, ora a manifestação do orgulho.

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           O ódio que acompanha no desprezo, pode ser a revolta do amor ofendido.

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            Quando o silencio fala pelo olhar, requinta de seriedade: ou condena ou perdoa.

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            O silêncio, em muitos casos, é o último grau da emotividade.

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            O sentimento, quando é forte, não fala, interjectiva; porque, em tal condição - ele é um gemido, um grito da alma.

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            À proporção que a frase se amplia, a comoção se restringe daí a excelência do som sobre a palavra.

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            Uma palavra pode fulminar ou dar vida, como uma gota d'água pode conter um veneno ou um antídoto. 


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