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domingo, 16 de maio de 2021

Caminho da Perfeição

 

Caminho de Perfeição

por Angel Aquarod

Reformador (FEB) 16 Abril 1919

             Não são as boas intenções que determinam o progresso alcançado pelos seres humanos, nem são eles a prova concludente do dever cumprido. Progresso e dever cumprido só se confirmam na obra viva. As elocubrações podem assinalar um caminho magnífico a percorrer, mas servem de pouco se o Espírito não passa do terreno especulativo ao da ação. Uma peça oratória pode ser uma eloquente e artística manifestação de energia mental, do extraordinário desenvolvimento imaginativo do autor, mas é letra morta, folha seca que o vendaval arrasta, sem deixar mais que uma fugaz impressão de voo, se as ideias vertidas não se cristalizam em fatos.

            Não são as razões, são as obras que edificam. Entendemo-lo.

            Já sei que alguém dirá que tal verbiagem, de tão sabida, já a depositou no ‘panteon’ do esquecimento. Quem isso disser terá acertado e, longe de ser uma censura, por mais que tal ideia esteja no pensamento, essa observação, constitui a justificativa da lembrança. E como abrigo a absoluta convicção de fazer um bem a meus irmãos da Terra, falando-lhes a linguagem da verdade, por mais amarga que esta seja e por mais sabida que a tenham, não me detenho ante qualquer consideração humana e cumpro fielmente meu dever.

            Quando nos falam de vários caminhos de perfeição, meditemos bem sobre as palavras com que se exprimem os mestres da sabedoria; pois se assim não o fazemos, corremos risco de cair em lamentáveis erros; porque – saibamo-lo – nenhum caminho, por si só, conduz à perfeição; há várias bifurcações e necessidade de com êxito percorre-las todas para a gente alcançar a perfeição; e se um só caminho conduzisse à cúspide (cume) do progresso humano, tenhamos por certo que o privilegiado seria o da ação; porque, para realizar qualquer obra que seja, é precisa a ação, que dá forma à ideia plasmando-a no respectivo plano. 

             A devoção é muito boa, aproxima de Deus a criatura, mas com a condição de cumprir a lei divina, causa impossível sem o estímulo da ação. A sabedoria não pode ser objetivada e responder ao motivo de sua existência, sem o veículo da ação.

            Pelo bem que quero aos meus irmãos de cativeiro, não me cansarei de aconselhar-lhes que cifrem principalmente na ação o seu progresso. Tinha razão Aquele que disse nada ser a fé sem as obras, ou antes uma condenação do crente. Porque ao que não crê, ou não sabe, pouco se lhe pode exigir; mas ao que crê, ou sabe, é justo se lhe exija o fruto de sua crença ou de sua sabedoria, e não há fruto sem ação. Não esqueçamos que a árvore que não dá frutos será arrancada pela raiz e lançada ao fogo. Recordemos também: Aquele que veio ensinar aos humanos o caminho da Redenção disse que não pelas palavras mas pelo fruto, isto é, a ação, se reconhecerão os verdadeiros ou falsos discípulos.

            O mundo, amigos meus, sofre uma enorme pletora (abundância) de palavras mas está anêmico de obras; e o que é necessário é falar menos e trabalhar mais. As palavras, leva-as o vento, mas as obras permanecem. Estudai muito, meus irmãos, se assim vos apraz; o estudo sempre é bom; não serei eu, portanto, quem aconselhe o contrário; mas pensai que de pouco servirão vossos estudos, se deles, por meio da ação, não fazeis obra duradoura, que responda às necessidades do progresso humano.    


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