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domingo, 9 de dezembro de 2012

Sombras Divinas



Sombras Divinas

            Não vos iludais, irmãos, meus caríssimos:
 lá do alto, do Pai das luzes, 
só vem coisa boa, só vem dom perfeito; 
nele não há mudança nem sombra de vicissitudes. 
De livre vontade, nos chamou ele à vida pela palavra da verdade, 
para que fôssemos como que as primícias das suas criaturas.
                                                                                              (Tg, 1, 13 ss)




            “Do Pai das luzes só vem coisa boa...”

            Se isto é verdade, por que há tantos males no mundo, tantos, tantos? Por que geme na masmorra a virtude e exulta no trono o crime? Por que sucumbe a justiça inerme (sem meios de defesa)  sob as rodas do carro triunfal da injustiça? Por que choram olhos inocentes e riem lábios culpados? Não parece este mundo um aborto macabro dum gênio diabólico? Não parece a quintessência do ódio de Satã?

            Obra de Deus – este mundo tão imundo?

            Ou Deus não pode extinguir este inferno de males – ou não quer. Se não pode – onde esta a sua onipotência? Se não quer – onde está o seu amor?

            E, no entanto, “criou Deus o mundo e viu que era bom.”

            Males físicos não são males – são escola de aperfeiçoamento. Males morais correm por conta da liberdade humana.

            Onde começa a liberdade, começa a possibilidade do bem e do mal.

            Preferiu Deus criar um mundo possivelmente bom ou mau a não criar mundo algum.

            O mundo é um bordado divino, visto por ora, pelo avesso – um caos de fios versicolores.

            O mundo é um vitral divino, visto por nós do lado de fora --  um borrão de tintas várias cortadas de veios de chumbo.

            Dia virá em que essas aparentes obras de fancaria (trabalho grosseiro)  se revelarão estupendas obras-primas de poder, sabedoria e amor.

            Aguardemos a alvorada deste dia!

                                              
Huberto Rohden
in “Em Espírito e Verdade”
Edição da Revista dos Tribunais, SP – 1941  


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