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sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Aprendamos a ser Cristãos



Aprendamos
a ser cristãos

                                   O Reino dos Céus se assemelha, ao fermento que uma mulher toma e mistura com três medidas de farinha até que a massa fique inteiramente levedada. (Mateus, XII:33).


            Jesus, com esta Parábola, visa dar-nos uma ideia mais realista a cerca desse reino que, na opinião de muitos, paira em planos que escapam inteiramente à percepção humana. O Mestre, contudo, e já faz quase dois mil anos, afirmou, de maneira categórica, que esse reino não se localizava aqui, ali ou acolá, mas no íntimo das criaturas que se soubessem conduzir, em todas as horas de seu viver, de acordo com os preceitos imortais do Decálogo, mais bem compreendidos e sentidos à luz inconfundível do Cristianismo.

            "Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vai ao Pai senão por mim" - declarou o Cristo. Segue-se daí que devemos envidar o melhor de nossos esforços no sentido de nos tornarmos cristãos pelos nossos atos, porque pelo nosso falar poderemos, apenas, aparentar que o somos aos olhos do mundo e jamais diante d' Aquele que perscruta os labirínticos refolhos de nossas almas. Portanto, a condição precípua de todo o cristão, e mui particularmente do cristão espírita, é a de expurgar do íntimo de seu ser esses prejuízos rotulados ora com os nomes de egoísmo, ambição e hipocrisia, ora com os de orgulho e vaidade. E o fermento dos sofrimentos físicos e morais constitui o agente invisível capaz de fazer que o homem se aperceba dos motivos da sua passagem pela Terra, e se mostre desejoso de conhecer os fulgores da espiritualidade. Fermento maravilhoso que transmuda o pecador num ente cheio de virtudes; o descrente numa criatura de fé; e o criminoso num homem de bem! E quem não percebe, claramente, nessa mulher da Parábola, a imagem expressiva da Justiça Divina, a entrelaçar-se e confundir-se com os primores inigualáveis da lei do amor? "Três medidas de farinha". É bem de ver que essa farinha, no caso, é uma alusão ao nosso espírito, com suas naturais imperfeições, enquanto que as três medidas representam: Cérebro - Coração e Exemplificação. Cérebro que se incumbe de fixar os conhecimentos do bem e do mal, das leis que regem os fenômenos da Natureza, de maneira a propiciar ao homem um estalão de vida menos penoso no "habitat" terreno. Mas, a que abismos insondáveis não cairia a Humanidade, se o coração, símbolo do sentimento de piedade e de compaixão, não fizesse frente aos vagalhões que a cada passo se erguem impetuosos nesse mar do cientificismo sem amor e sem espiritualidade? "Sabedoria e Sentimento" são duas poderosas alavancas, de valia inestimável em todas as etapas evolutivas do Espírito, desde que o potencial caridade as unifique nos testemunhos de todas as horas da nossa caminhada redentora. Eis porque o Mestre, com o figurado de suas palavras, disse para os que tivessem olhos e ouvidos de ver e ouvir, que o reino de Deus só seria alcançado quando as três medidas do espírito:- Cérebro - Coração e Exemplificação- formassem um só corpo vitalizado pela Caridade e pelo Amor. Aprendamos, pois, a ser cristãos, e saibamos receber humildes e resignados o fermento de nossas provações, a fim de que possamos amanhã, venturosos e em nome de Jesus, oferecer o pão alvo da nossa sabedoria, da nossa sensibilidade e do nosso amor, aos pobres irmãos que se arrastam, famintos e andrajosos, pelas vias públicas, exibindo, vaidosos e inconscientes, as chagas da sua descrença, as mazelas de seus vícios e a loucura de sua intolerância!


Silvio Brito Soares
Reformador (FEB)  Abril 1946


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