Pesquisar este blog

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Súplica de Natal




Súplica de Natal
Reformador (FEB) Dezembro 1970

            Jesus!

            Ajoelhada junto à Manjedoura que honraste pelo teu nascimento, recordo-me das crianças que não podem expressar a própria aflição, solicitando amparo para suas múltiplas necessidades.

            Rogo, então, em favor de todos eles, limitados nas paredes estreitas das expiações punitivas!              


            Pelos pequeninos cuja boca se transformou em furna silenciosa, incapacitada de expressar as vibrações das santas melodias;

            por aqueles cujos ouvidos, impossibilitados de registrarem os sons, se transformaram em labirintos, onde as vozes se perdem em trevas silenciosas;

           por aqueles cujos olhos se apagaram, quais brasas transformadas em carvão, sem luz nem vida;

            por aqueles que caminham a esmo nos corredores sombrios dos desequilíbrios mentais, retidos na gaiola triste da loucura ou da imbecilidade;

            pelas crianças de mãos amputadas, quais árvores vencidas sem ramos nem gravetos;

            pelas que têm as perninhas ceifadas, sem os pés que lhes garantam a sustentação e o equilíbrio;

            pelas que trazem as vísceras expostas ou carregam o corpo deformado, semelhantes a barro amolecido que mãos desesperadas trabalharam;

            pelas que perderam a luz da esperança na tormenta da orfandade e descem aos abismos da desarmonia moral, caminhando, vencidas, para as grades do presídio ou para as celas dos manicômios! ...

            São também crianças!

            Não sabem sorrir nem conseguem amar, impossibilitadas de compreender as belezas que vestem a Terra, em nome do teu amor.

            Poucos, no mundo, se animam a fitá-Ias, e raros somente se encorajam a oferecer-lhes as mãos, receando-lhes as presenças desagradáveis. Ajuda-me, Senhor, a transformar o coração numa arca de amor, abarrotada de bênçãos, a fim de poder distender-lhes a esperança e a alegria, na santa noite de Natal, enquanto a Natureza em festa, recordando o teu nascimento, entoa a doce barcarola da felicidade. Desejo aconchegá-Ias ao peito, estreitando-as em meus braços, chorando de emoção, e, no doce enlevo, recordar a tua Mãe Santíssima, na santa noite do teu nascimento! ...


Anália Franco

por Divaldo Franco
em 21-10-1961, em Salvador, BA


    

Nenhum comentário:

Postar um comentário