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domingo, 11 de dezembro de 2011

Em favor do Espiritismo


Em favor do Espiritismo


            Muito há sido feito em favor dos interesses imediatistas do homem; consideração lhe é devida, a ele e a seus desejos plausíveis; atenção para com os seus problemas ocupa lugar de destaque nos planos de ação da Espiritualidade; procura-se atender a todas as carências do coração preso à lide terrena; tomam-se providências no sentido de pensar as chagas que a infantilidade vem abrindo com prodigalidade nas mais nobres realizações do orbe; buscam-se
as mais eficientes terapêuticas, visando a colaborar espiritualmente em favor da carência interior da humanidade; tem-se escrito páginas e páginas de desdobramento da Revelação Espírita,  sem que - em qualquer ocasião - se esqueça do conforto moral devido aos semelhantes;  brotam inspirações pela Terra inteira: o espírito de Deus sopra pelos quatro cantos do mundo) através dos arautos da Boa Nova do Reino; aconselha-se a tolerância, insufla-se a fraternidade; a ponderação e o despertar construtivos vêm sendo repisados nas mais diversificadas ocasiões: o Plano Espiritual fervilha em intenções. É preciso que a Terra seja transformada em câmara de eco, respondendo aos apelos que o Senhor lança sobre ela, correspondendo--lhe à confiança.

            Mas, ao contrário, o que vem acontecendo, senão a desatenção aos ditames do Mais Alto? O que vem movendo os corações humanos; senão a sede avassaladora da fama, além da cobiça incontida dos regalos das situações privilegiadas? Há quanto tempo a ferrugem tem estado a corroer a enxada atirada ao depósito íntimo, considerada como instrumento irremissivelmente anacrônico? O homem, e acima de tudo o espírita, tem colocado a Doutrina em plano de primariedade, negligenciando-lhe a pureza. O Espiritismo corre o sério risco de transformar-se em nova fonte dos desejos) se lhe não forem restauradas as bases, levando-se em conta a gula de saber que assola o mundo. Sim, porque o saber desenfreado perde suas mais altaneiras características e passa a ser elemento de destruição. O Evangelho está na base de tudo; só ele destrói os caprichos.

            Quem quer que se lance à prática doutrinária precisa, desde a primeira hora, começar a construir o pequeno degrau que lhe toca, com bom cimento, com boa vontade e com inaudita perseverança. E aqueles que já labutam no seio do Espiritismo carecem urgentemente de reformulação porque, se o Espiritismo vem movimentando em favor de todos os meios da redenção de muitos não se justifica que outros tantos deixem de algo realizar em favor dele, apenas por se julgarem preteridos, dessa ou daquela maneira. Afinal, o que lhe fizerem, a eles mesmos reservarão os resultados. E não se trata de simples retribuição: o Espiritismo, como Cristianismo redivivo, prega em si e existe em si, a favor dos homens; mas, caminhará contra eles ou apesar deles, se não quiserem que lhes norteie os passos.

            Como se vê, trata-se de simples opção: ou se aceita a bênção do Espiritismo - que é Jesus entre nós - e se colabora em prol dele, ou se persiste em dele afastar-se, sem mais direito às imensas e excelentes vantagens que buscam os que entendem o mundo sem pertencer a ele. Ou se retoma à realidade da Terra, desenterrando dos subterrâneos do coração a enxada corroída - e tida como ultrapassada, ou lá se fica, vegetando no limo parasitário ou dependurado ao balaustre da ilusão, lançando moedas às águas enganosas do sonho.

Ignácio Bittencourt

por Gilberto Campista Guarino,
Reformador (FEB) Jan 1975




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