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segunda-feira, 4 de abril de 2011

Luciano dos Anjos prefacia Jorge Damas



        Li, de uma sentada, “Ponte Evangélica”, do combativo Jorge Damas Martins. Um pequeno livro, escrito com grandeza de intenções e destinado a gigantescas reações dos contumazes adversários de Roustaing. O trabalho é bem feito, simplesmente porque é simples Kardec, “o bom-senso encarnado”, conseguira a notável proeza (não fosse ele missionário) de reduzir a 1.019 questões toda uma Revelação extraordinária que, noutra hipótese, não caberia numa biblioteca. Seu espírito de síntese é notável e nos oferece, em linguagem simples e fluente, o maravilhoso quadro filosófico-científico-religioso da Terceira Revelação. Will Durant, costuma  lamentar que a Filosofia fosse tão complicada e que, para ser Filosofia, não lhe faltavam infelizmente, os que exigissem a complicação. Daí o trabalho que sempre nos legou, trazendo para o conforto da linguagem rotineira as grandes elucubrações filosóficas. Roustaing é prolixo, porém, não menos simples. Nada é complicado em “Os Quatro Evangelhos”.  A prolixidade ficou à conta da necessidade e da conveniência de cultuar uma tese nova, necessariamente carente de repetições e tautologismos a fim de ser oxigenada na sua essencialidade. Mas o conteúdo, a narrativa, é sempre de desenvoltura muito simples. Como simples são Emmanuel e André Luiz. Em resumo: na simplicidade estão embutidas, não raro, as grandes questões, temperadas pelos sadios ingredientes da sabedoria espiritual.

            O livro de Jorge Damas Martins é de saborosa e inteligente simplicidade, exatamente porque se habilita a imensas questões. Coligindo dados, apostilando verbetes, respigando citações, o autor circula pelo nosso interesse com sete capítulos que nos elucidam assuntos importantíssimos. Moveu-o uma especial preocupação: evidenciar as verdades propaladas por J.-B. Roustaing, a partir de Bordéus, e coonestadas por Francisco Cândido Xavier, desde os idos de Pedro Leopoldo, onde iniciou sua missão  abençoada.

            Nossa atenção se afunila, então, para assépticos raciocínios em torno do corpo fluídico de Jesus, do posicionamento de Kardec em face da superioridade de Maria, da queda espiritual e de outros pontos a respeito dos quais numerosas dúvidas foram sempre argüidas, de boa e má-fé ... Suas pinceladas são breves, rápidas, nervosas, ornamentais, representando uma frenagem na antológica incongruência dos eriçados adversários de Roustaing.
            Tenho acompanhado tudo o que se publica contra o missionário de Bordéus. Além de pedradas, não vi ser levantado, hodiernamente, nada que pudesse acrescentar qualquer esforço novo às entediantes construções negativas erigidas para bloquear a difusão e a aceitação lógica de “Os Quatro Evangelhos” , desde que foram publicados pela primeira vez, em 1866. Uma última e mais recente objurgatória, elaborada em São Paulo – citando-me inclusive -, foi tão tropicalista quanto  leviana (a partir do prefácio, em que Maria, a Mãe Santíssima, é denegrida) que nenhum rustenista se deu ao trabalho de contestá-la. Principalmente porque nada de novo trazia, na sua barulhenta cacofonia de sempre. As mesmas contumélias, os mesmos maranhões de trinta e cinqüenta anos atrás. Do lado oposto, porém, isto é, do lado de cá, eis-nos agora diante de “Ponte Evangélica” , de Jorge Damas Martins, que é uma contribuição tão simples quanto nova, na defesa da tese de Roustaing. E sem atacar ninguém. O “puncto saliens” de seu discurso está na definitiva comprovação de que Emmanuel,  André Luiz e Chico Xavier sempre foram rustenistas. Atende-se para o fac-símile da carta enviada pelo medianeiro de Pedro Leopoldo para o então presidente da Federação Espírita Brasileira, Wantuil de Freitas, firmando posição e encerrando mais uma vez aquele falso e leviano capítulo de que a Casa-Máter adulterara o livro “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”, de Humberto de Campos. Outros pontos também foram brilhantemente abordados e devidamente esclarecidos.  Assim, enquanto a facção anti-rustenista sai a  campo xingando e se repetindo no seu incoercível indexatório de acusações – Jorge Damas Martins eleva a voz serena, em nome dos rustenistas, para apresentar novos fatos, apenas novos fatos, incontestáveis, irretorquíveis, inquestionáveis, em linguagem simples e convincente.

            Esperamos, como sempre, a reação orquestrada pelos eternos irredentistas  do movimento espírita. No entanto, estejamos certos de que ela, passando já agora da agonia à decomposição, não irá além da poeira das sandálias do autor de “Ponte Evangélica”.

LUCIANO DOS ANJOS
Rio de Janeiro, 13 de maio de 1984

Ponte Evangélica (De Bordéus a Pedro leopoldo)

por Jorge Damas Martins

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