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domingo, 10 de abril de 2011

48/50 'Crônicas Espíritas'



48CM

            Falando com o meu amigo Rocha, bom e sincero católico, fiquei surpreendido com a sua confissão de não ter lido a pastoral de S. Em. o Sr. Cardeal. Assim, transcrevendo-a parceladamente, para comentá-la, presto um serviço a S. Em., serviço que estou certo ele saberá recompensar com uma prece à S. S. Virgem pelo escrevinhador destas linhas.
            Diz S. Em: “O principal cuidado dos católicos foi sempre acolherem-se sob a égide de Maria e recorrem à sua maternal bondade nos tempos de perturbação e nas circunstâncias perigosas.
            “Isto prova que a Igreja Católica sempre pôs e com razão toda a sua confiança e esperança na Mãe de Deus. Com efeito, a S. S. Virgem isenta da mancha original, escolhida para ser a Mãe de Deus, e por isso mesmo a Ele associada na obra de salvação do gênero humano, goza junto de seu Filho de um favor e de um poder tão grande que jamais a natureza humana e a natureza angélica puderam nem poderão obtê-los iguais. Assim, pois, já que lhe é sobremodo lisonjeiro e agradável conceder o auxílio e a sua assistência a todos que lho imploram, não é duvidoso que queira e, para assim dizer, se apresse a acolher as súplicas que lhe dirija a Igreja universal.”
            Estamos de acordo com a S. Em. porém, em termos.
            Que é agradável à Virgem, Espírito todo amor, que os seus filhos se acolham sob a sua égide, sobre este ponto não existe divergência entre nós; mas que o façam, como diz S. Em., só nas ocasiões das grandes perturbações e nas circunstâncias perigosas, não é lá muito correto. Se o fizessem sempre, porém, com sinceridade, e pedissem forças para corrigir os seus defeitos e as suas más tendências e, de fato, procurassem atingir esse desideratum, quando chegasse o momento do perigo ou de perturbações, os seus espíritos (almas) estariam mais preparados para enfrentar os embates e, fortalecidos pela fé viva, bafejada pelo amor da Virgem, sairiam da prova vencedores.
            Que a Virgem goza perante Jesus de um grande poder, devido às suas grandes virtudes, também estamos de acordo; e que ela, intercedendo perante Ele, obtém graças estupendas para a Humanidade, é certo. Muitas vezes o temos verificado por experiência própria, mas estas graças são sempre subordinadas à lei de justiça do Criador.
            É preciso saber o que se deve pedir, o que se pode pedir e, sobretudo, saber pedir.
            Se é chegada a hora de uma criatura partir para o Além, para a verdadeira pátria, não é dado à Virgem nem a Jesus impedir que a lei se cumpra. Se é um pedido para ela castigar um nosso ofensor, também não é ouvida a súplica; pelo contrário, os fluidos que se geram em semelhante pedido, voltam-se como flechas envenenadas contra o pedinte. Se, de acordo com os ensinos de Jesus, pedir-se perdão e misericórdia para o ofensor, aí sim, a prece sobe até Deus e de lá baixa em bênçãos centuplicadas sobre quem a formulou e sobre o objetivo dela.
            Temos, entretanto, as nossas dúvidas sobre que a Virgem se considere lisonjeada e se apresse a acolher as súplicas da, por S. Em., chamada “Igreja Universal”, porque é preciso, como acabamos de dizer, que o pedido seja justo, razoável, isento de segundas intenções, isento de sentimentos de rancor contra quem quer que seja. É preciso que a prece surja de um coração bom ou que ao menos tenha a sincera intenção de sê-lo. A não ser assim, o pedido não pode chegar até ao seu sólio; perde-se no turbilhão das paixões que ainda infecta o ambiente da Terra.
            Quanto à Virgem ser a Mãe de Deus, aí é que discordamos por completo de S. Em..
            De que Jesus é um espírito tão elevado que a nossa mesquinha inteligência não pode apreciar a sua estatura moral e científica, não resta a menor dúvida; mas se se quiser dar ao vocábulo o valor que a Humanidade em geral lhe empresta, Jesus é uma criatura do Criador, como qualquer um de nós, com a diferença que Ele, pelo seu próprio esforço, sem nunca ter falido, já atingiu a perfeição sideral, enquanto nós, em vez de procurarmos subir, nos afundamos cada vez mais na lama das paixões mundanas, a despeito de todos os esforços que Ele, a Virgem e os Espíritos que trabalham sob as suas ordens empregam para nos elevar.
            Jesus, falando de João Batista, disse: “Entre os nascidos de mulher nunca se levantou maior do que João”, e nas bodas de Caná, Jesus , falando à Virgem disse: “que tenho eu contigo mulher?”, e ainda, quando lhe disseram que sua mãe e seus irmãos o procuravam fora do templo: “todo aquele que fizer a vontade do meu Pai, é minha mãe, irmão e irmã”. Logo, Ele não nasceu de mulher, por ser maior que João, e todos nós somos seus irmãos se fizermos a vontade do Pai, isto é, se cumprirmos a Suas lei, que é Amor.
            Em todos os jornais estão anunciadas essas novenas de pregação contra o Espiritismo e o Protestantismo. Vai, pois, começar o bombardeio e , antes de começar, já o resultado está aparecendo, como, aliás, tivemos ocasião de dizer algo desde logo.
            Outro parênteses:

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