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quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Santuário Materno



Santuário materno
            
             No nosso tempo, mamãe! ...

            Eu era pequenina e louçã.

            Você, estuante de vigor, tomava-me pelas mãos, que mil vezes as suas uniram para o
poema da oração, e me conduzia pelo bosque festivo da vida, cantando aos meus ouvidos musicados pela sinfonia da Natureza as gloriosas mensagens do existir.

            As primaveras se sucediam e quase não percebíamos o passar das festas das Estações ...

            Ainda me recordo das suas narrativas comoventes a respeito de um Nascimento Sublime, quando nos sentávamos entusiasmadas no chão da sala de nossa casa, armando o presépio evocativo ...

            Sua palavra delicada recordava a mais linda história e a mais fascinante Vida, fazendo- me estremecer cada vez, porque sempre nova e sempre bela a evocação do Natal nos seus lábios emoldurados de bondade e nos seus olhos orvalhados de lágrimas.

            Quantas vezes, ao anoitecer, no seu colo. quase a dormir, você me ensinava contar as estrelas que surgiam, falando-me desses ninhos de vidas e de luzes que minhas pequenas mãos, não em poucas tentativas, buscavam alcançar?! ...

            Noutras oportunidades, quando comecei a compreender os sofrimentos humanos e lhe percebi na face os primeiros sulcos das agonias suportadas heroicamente, você, sorrindo, me convidava a confiar n'Ele, o Menino Divino, não me permitindo sofrer com a sua aflição.

            O tempo mostrou-me a sua grandeza, através das incontáveis renúncias que você se soube impor, e da resignação que lhe aureolou a fronte até à velhice consagrada ao bem.

            Recordo-me de você, mamãe, e toda vibro de sadia emotividade. Pelas telas das recordações repassam todas as horas da nossa convivência, e eu me ergo em oração para agradecer a Deus a mãe que você foi para mim.

            Evocando-a em toda a sua grandiosidade de quase santa que você foi, compadeço-me da maternidade ultrajada e negaceada destes dias de inquietação e tormento, deixando-me vencer por justa preocupação.

            Quando ser mãe se transforma em lamentável questão de laboratório ou se converte em
problema de programação racional, face a imposições financeiras, e quando os anovulatórios
obstruem a porta estelar do berço, sim, compreendo que a escassez de amor, na Terra, é o
fermento de dores acerbas que não tardarão ...

            Eu que recebi a alta concessão de poder voltar ao palco da carne através de mulheres como você, ricas de abnegação, bendigo-a, enquanto choro por aquelas que enlouquecem na soledade e no abandono, sem a recordação sequer de duas mãos e dois braços pequeninos, parecidos a asas que um dia lhes rociassem os corações ...

            Por tudo isso, junto as minhas às suas mãos e num presépio simbólico, evocativo, voltamos a orar, no Dia das Mães, pela mulher infortunada que esqueceu ou não deseja santificar a própria vida, fazendo-se santuário, transfigurando-se em mãe.

Amelia Rodrigues

por  Divaldo P. Franco
em 17/3/1970,
no C E "Caminho da Redenção, em Salvador, BA.
Reformador (FEB) Maio 1970

3 de Novembro


03 Novembro


 Compra, guarda e ajunta livros,
Mas estuda, dia a dia.
Mostrar biblioteca,
Não mostra sabedoria.


Casimiro Cunha 
por Chico Xavier
in ‘Poetas Redivivos”  (FEB) 1ª Ed 1969



quarta-feira, 2 de novembro de 2011

73 (e final) Trabalhos do Grupo Ismael




73


SESSÃO DE 18 DE DEZEMBRO DE 1940


Terceira manifestação sonambúlica do mesmo Espírito que fora o visitante nas duas sessões procedentes.


Médium:    J. CELANI


            Espírito: - Que situação a minha! Nem lá, nem cá! Extraordinário!

            (Depois de longo silêncio)

            Bem extraordinário é o que se passa comigo! Quero volver ao seio dos meus e não os encontro; quero transpor a linha divisória  que separa os nossos campos para penetrar no vosso e não consigo!

            Reconhecer, sim, reconhecer o poder supremo situado fora do mundo terreno! Séculos e séculos perdidos, de tantas lutas, de tantas vigílias e elucubrações agora atiradas ao vento! O caos!... O nada!...

            (Dirigindo-se ao diretor dos trabalhos):

            Dizem-me uma coisa: qual base da tua fé?

            D. - O Evangelho, onde se acham consubstanciados os ensinos de Nosso Senhor Jesus Cristo, ensinos que constituíram objeto da gloriosa missão que Ele, o Messias prometido, desempenhou no seio da humanidade, para lhe servir perenemente de roteiro à salvação.

            E. - Sim. É’ um ponto de partida. O Evangelho, pelo vosso prisma, contém uma sabedoria diferente daquela que nós, em nosso Colégio, lhe reconhecíamos, noutros tempos.

            D. - É simples a razão da diferença: no teu colégio, a interpretação era segundo a letra que mata, enquanto que no nosso é segundo o espírito que vivifica, feita à luz de uma nova revelação, complementar da revelação cristã.

            E. - E segundo também o grau de inteligência. Mas, o que não compreendo é que não se permita, àquele que está prestes a entregar as armas, a volta à plenitude da sua mentalidade, para que possa coordenar, do seu ponto de vista, as ideias, a fim de chegar ao “eureca” que o oriente para o novo caminho a seguir. Essa a dúvida em que me debato.

            D. - Mas, depende unicamente de ti a sua dissipação. É preciso que te voltes para esse poder superior de que falavas há pouco, poder que exerce a sua ação incontrastável dentro e fora do mundo, no universo inteiro. Que poder será este, senão o de Deus, do Deus que Jesus Cristo revelou ao mundo como sendo o amor sem limites e a misericórdia infinita? Dirige-lhe súplice o teu pensamento e a treva da dúvida se dissipará e a tua inteligência culta se sentirá apta a reconhecer a sabedoria e a justiça que a tudo presidem e, consequentemente, a razão de ser lógica de todas as coisas, quer as que nos digam respeito individualmente, quer as que entendam com o todo, onde tudo é ordem e harmonia perfeitas. 

            E. - (Depois de algum tempo de silêncio): - O Evangelho do Cristo com o seu sermão da montanha é incompatível com a degradação da humanidade.

            D. - Não, tal incompatibilidade não existe e não pode existir, porquanto só no Evangelho encontrará a humanidade os meios de sair da degradação em que caiu e de elevar-se à meta de seus destinos. Tanto é assim, que lá estão no mesmo Evangelho estas palavras do Senhor: ‘’Das ovelhas que o Pai me confiou, nenhuma se perderá’’. Todas, portanto, qualquer que seja a degradação a que tenham descido, mais cedo ou mais tarde, despertarão, tocadas pelo amor potente do Pastor, e encetarão a obra da sua regeneração, que é a da evolução, do progresso que conduz a Deus.

            E. - Até mesmo os que chafurdaram nos mais hediondos crimes, rebelados contra as leis divinas?

            D. – Certamente, até esses. A afirmativa, que acabamos de lembrar, do divino Mestre é categórica, absoluta. A nenhuma exceção abre lugar.

            (Breve silêncio).

            E. - Para fazer-te compreender o meu estado, servir-me-ei de uma expressão corrente na linguagem do vosso mundo: Estou na terra de ninguém. A minha situação é esta: não consigo nem avançar para vós nem retroceder para os meus.

            D. - Insistimos em dizer-te: dirige ao Pai celestial o teu pensamento em prece. Abre-lhe o teu coração; manifesta-lhe com sinceridade o desejo de senti-lo; exprime-lhe, também com sinceridade, o teu pesar profundo de lhe haveres até hoje voltado costas e deixa que do teu íntimo se evole uma súplica de misericórdia. Ela virá, afirmo-te, porque Deus, para derrama-la em abundância sobre qualquer de seus filhos, só aguarda que este a implora com humilde e fé.

            E. - Sabes qual o meu erro?
           
            D. - O teu erro, de certo, foi e é o de todos nós pecadores: o darmos guarida em nossa alma ao orgulho e deixarmo-nos em seguida, escravizar por esse funestíssimo tirano.

            E. - Sim, é essa realmente a origem de todas as culpas em que incidem as criaturas... É o orgulho que leva o espírito ao nefasto erro de pretender criar alguma coisa e sobrepô-la, pelo seu poder, pela sua força, às leis que dominam, porque não universais e soberanas... Idealizei, na minha loucura, a criação de uma igreja dominadora, tendo sob o guante do seu poder todas as consciências. Imaginava que, assim, faria uma obra rápida de regeneração, embora empregando para isso todos os meios, quaisquer que fossem. Claro que, assim sendo, uma das armas principais de que nos utilizamos, eu e meus companheiros, era a violência sob todas as formas. Veio, afinal, a derrocada. Tudo orgulho, só orgulho.

            D. - De fato, meu amigo, o orgulho vai ao extremo de cegar completamente o Espírito. Se assim não fosse, tu, que conhecias o Evangelho do Cristo, terias ponderado que aquele jamais empregara a violência, que, ao contrário, a condenara sempre, como, aliás, não podia deixar de acontecer, visto que era portador de uma doutrina toda de amor, perdão, abnegação e renúncia, em cuja base se encontra a lei de liberdade em respeito ao livre arbítrio que Deus outorgou a todas as suas criaturas, para que elas tenham a responsabilidade e, portanto, o mérito ou o demérito de suas ações e obras. Terias refletido e reconhecido que nenhuma obra de regeneração poderias realizar, por processos opostos aos de que se serviu, exclusivamente, Aquele que é o Regenerador por excelência, uma vez que é o Salvador  da humanidade. Nem mesmo, porém, para a salvação, Ele violenta a quem quer que seja, como podes verificar, atentando no que ora se passa contigo.

            E. - Se soubéssemos, se conhecêssemos e pudéssemos manejar a força cujo domínio nesse momento sinto, então, sim, alguma coisa útil teríamos feito. Mas, para a conhecer e utilizar, faz-se mister uma base de que só um já dispôs neste mundo e na atmosfera espiritual que o circunda.

            (Breve silencio).

            É extraordinário! A minha punição consiste em manter-se entre vós e os meus. Ouço-lhes os apodos e as injúrias e nada posso fazer. Desejo buscar um pouco de paz no convívio destes outros que me cercam e não consigo. Se quisesse praticar nesse instante o mal, não o poderia. Igualmente não posso praticar o bem, porque não sei. Extraordinário tudo isto! Revela se me uma sabedoria superior a tudo o que eu cogitava. Convencido, de certo, estou agora de que essa força conduzirá o mundo à realização dos anelos dos corações bem formados! Pouco importa que essa obra seja da Igreja. Desde que a Igreja desvairadamente se submeteu ao império das paixões humanas, que outras mãos, outros convidados executem a obra! Mas, eu e meus companheiros, que será feito de nós?

            D. - Também sois, como o são todas as criaturas de Deus, convidados para o festim a que preside Jesus Cristo e no qual a iguaria incomparável é o pão da vida eterna, que Ele definiu e mostrou em que consiste, ensinando e exemplificando o amor ao Pai acima de tudo e ao próximo, e nesse festim, a que até agora não quisestes comparecer, tomareis parte, desde que vos dispuserdes a aceitar o convite e a revestir-vos dos trajes exigidos.

            E. – Mas, como, se nada sabemos fazer?

            D. - Procurando cumprir aquele mandamento, o mandamento do amor, que é a Lei suprema, aprendereis a fazer tudo o que agrada a Deus.

            E. – Essa força, a força inerente a essa Lei, quem lhe sente os efeitos, não há dúvida, em sendo sincero, não pode deixar de reconhece-la imanente, porque provém de um poder superior a todos os poderes, do poder de Deus. Mas, entende-lo, é o que é difícil.

            D. – Meu irmão, vê que não se trata de entender; trata-se de sentir. Pelo sentimento é que se chega ao conhecimento do que é essencialmente divino.

            E. – De fato, lá sua na Escritura, que só os limpos de coração verão a Deus! Extraordinário! Impossível vencer o cerco! Sois tenazes, devo confessa-lo... Loyola era um sábio portentoso. Sua escola produziu obras edificantes no mundo. Perdeu-o, porém a sua disciplina férrea, ocasionando fosse desvirtuada a finalidade do seu esforço.

            A renovação é um fato e, se a evolução é lei, a ação do homem deve ser maleável e acompanhar o progresso da inteligência. O que servia a Moisés não serviu para o Cristo e o que serviu ao Cristo tem que ser ampliado pelo Consolador. Sopram-me estas ideias e mais:

            O erro da Igreja está unicamente no seu conservantismo religioso, incompatível com o Cristianismo, que é evolução e progresso. Como se processará essa evolução? Pela ciência? Não. Faz-se necessária a preparação dos ensinamentos da cristandade, para que os cérebros se adaptem ao momento, à ciência, ao que é da vida, ao que o homem tem de adquirir pelo trabalho penoso da sua existência.

            (Dirigindo-se a um dos Guias do Grupo): - É belíssima a exposição que fazes dessas histórias. Então... Teremos que recomeçar do ponto em que a Igreja encostou os bordões dos peregrinos de antanho, para se aboletar nos carros dos falsos progressos mundanos! Teremos que volver à época dos Francisco de Assis, para restabelecer no mundo o espírito cristão, desvirtuados pelos falsos cristos e falsos profetas?

            Vou pensar em tudo isto. Seguirei o teu conselho de alertar a minha inteligência, para o exame e confronto das tuas e das minhas ideias.

            Da próxima vez, eu cantarei porventura, como queres, o hino de louvores ao Cristianismo redivivo. Não posso fazê-lo sem um cunho de sinceridade. Quero deixar aqui as armas da iniquidade para tomar nas lanças dos Anjos que proclamam a Verdade sem véus. Não estou certo?

            Então, meus... meus... irmãos condescendentes, até a vista.

            D. - Que Deus te ampare e N. S. Jesus Cristo te ilumine.

            E. - Obrigado.

*

Comunicação final, sonambúlica

            Prece de agradecimento à Virgem e súplica de proteção e iluminação aos que se sentam em torno da mesa de trabalho na oficina de Ismael. - Necessidade de melhorar sempre o labor. - Como consegui-lo . - A conquista de adeptos para o Espiritismo. - Pouquíssimos são, contudo, dentre eles os que o consideram pelo verdadeiro prisma. - Como procedem os que o encaram pelo prisma do sentimento e da renúncia. - O porquê da precariedade de obras espíritas duradouras. - O que são árvores que dão bons frutos. - Porque hão sido de lutas os anos de existência da Federação. - Como se tem ela saído dessa luta. - Roteiro que lhe é traçado: respeito a César e fidelidade de consciência às leis divinas. - Renovação da promessa de manifestar-se em breve no Grupo o seu glorioso patrono - Ismael.


Médium: J. CELANI


            Ave Maria cheia de graças! O Senhor é contigo, bendita és entre os Anjos, como bendito é Jesus, nosso Mestre e senhor.

            Senhora, quantas esmolas, quantas misericórdias descem sobre os coxos, por tua interseção! Vela por eles, Senhora, e dá-lhes a compreensão nítida de suas responsabilidades em torno desta mesa e perante a sociedade em cujo seio vivem.

            Que eles se compenetrem, Maria, de que são pregoeiros desse Evangelho de amor e de espiritualização, desse Evangelho regenerador, que faz ascendam as criaturas à salvação, pela renúncia, pela  caridade e pela humildade.

            Defende-os, Mãe piedosa, dos ódios do mundo material e do mundo espiritual. Livra-os dos inimigos da Luz e planta em seus corações uma semente pequenina daqueles sentimentos com que edificaste os discípulos de teu Filho, na hora  do Calvário.

            Dá aos pecadores do passado, aos apedrejadores do Salvador do mundo, as forças de que eles precisam  para lançarem fora de seus corações as pedras da iniquidade e para se redimirem pelo Evangelho do teu divino Jesus.

            Meus queridos companheiros, estou satisfeito e satisfeito estão todos os que constituem este Colégio de educação moral.

            Atentai, contudo, em que é necessário melhorar sempre o labor, redobrar de esforços, de vigilância e de cuidados. Não agasalheis todas as sugestões do Alto, repeli as que possam prejudicar a vossa tarefa. Atraí e guardai as que procedem do vosso Patrono, vindo de mais alto.

            Não é difícil, meus caros companheiros, fazer-se Espiritismo e conquistarem-se-lhe prosélitos. Há, entre seus adeptos, os que o abraçaram por entusiasmo, deslumbrados com a sua fenomenologia. Há outros que o aceitam empolgados pela beleza da sua filosofia. Pouquíssimos são, entretanto, os que o consideram  pelo verdadeiro prisma, sobe que ele deve ser visto: o do sentimento e da renúncia.

            Aquele porém, que o encara por essa face e se lhe filia, essa será fiel até o fim, porque segue a exemplificação do Mestre, que não hesitou ante o maior dos sacrifícios, para implantar no mundo o Cristianismo em espírito e verdade.

            Em testemunho do que afirmo, fala a própria historia, embora curta, da doutrina em vosso país. Quantas as obras duradouras por ela inspiradas? São raríssimas.

            Os centros se organizam e desorganizam. Porque? Por que, em sua grande maioria, eles se constituem, como já tive ocasião de dizer, em torno de pessoas, donde decorre serem trabalhados e desmantelados pelo que denominais ‘’política pessoal’’.

            Os que, no entanto, se constituam procurando vivificar-se no espírito do Cristo de Deus, moldados pelo seu código de amor os respectivos Estatutos, esses serão arvores de bons frutos, que não se verão cortados e levadas ao fogo.

            Eis porque a Federação conta os anos de sua existência por anos de lutas, das quais, entretanto, há saído sempre mais respeitada e conceituada. Esse conceito, porém, meus companheiros, deve ser zelosamente mantido e, se possível, valorizado, para que ela encontre cada vez mais facilidade no desempenho da sua tarefa. Nada de antecipar-se à evolução natural das coisas. Vigilância sobre as medidas a serem tomadas, as quais precisam passar todas pelo cadinho da razão esclarecida pela doutrina.

            Respeito a César, nas relações como o mundo profano; fidelidade de consciência às leis divinas codificadas no Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo: eis o roteiro seguro para levar a bom porto a barca de Ismael.

            Creio poder em breve cumprir a minha promessa, feita, aliás, com a sua autorização:  a da vinda desse Anjo glorioso até vós, como estimulo para os vossos trabalhos e conforto para os vossos Espíritos.

            Paz fique convosco, em nome do Mestre divino. – Bittencourt.



Fim


Espiritismo, poesia e política


Parnaso Oficial


            Desborda da Doutrina; é tal como penso; já o afirmei por escrito: Espiritismo e Política são incompatíveis, valendo lembrar nesta oportunidade a sábia assertiva de Camilo Castelo Branco, no sentido de que a política, sob a capa da razão, cava, num palmo de terra existente entre dois irmãos, a sepultura de ambos.

            Destarte, na análise que ora faço não sou movido por nenhum objetivo partidário, ideológico ou eleitoreiro. Não me cabe alvitrar, aqui, sequer sobre o programa do Presidente da República. Muito menos comentar as medidas que tem tomado, dispensando-me a oportunidade de considera-Ias certas ou erradas. Repito apenas meu ponto de vista sobre um dos aspectos dessa complexa questão; único aspecto, aliás, que um artigo nesta revista - ou em qualquer publicação séria sobre Doutrina Espírita - comporta: ninguém é Chefe de Estado por acaso.

            Alcançar a mais alta magistratura dum País é acontecimento que não se regista na carreira de nenhum Espírito encarnado senão com o beneplácito do Alto. E' claro que isso não implica endosso permanente a tudo o que um Presidente faça. O caminho à suprema curul é aberto ao emissário e até mesmo alguns problemas lhe são contornados pelos mentores espirituais. Mas, depois de coroado, embora continue como qualquer criatura a ser assistido, o Presidente é deixado à sua liberdade e à sua consciência. No entanto, como dele dependerão indiretamente milhões de vidas outras, poderá ser afastado se não cumprir sua missão com desvelo. Ouçamos, a propósito, a palavra abalizada do superior Espírito de Emmanuel:

            “A responsabilidade dum cargo público, pelas suas características morais, é sempre mais importante que a concedida por Deus sobre um patrimônio material. Daí a verdade que, na vida espiritual, o depositário do bem público responderá sempre pelas ordens expedidas pela sua autoridade, nas tarefas da Terra”  (“O Consolador”, questão 65).

            Veja-se, ainda do próprio Emmanuel, a narrativa do caso de Napoleão, em “A Caminho da Luz”, págs. 175/17p da 5ª edição:

            “O humilde soldado corso, destinado a uma grande tarefa na organização social do século XIX, não soube compreender as finalidades da sua grandiosa missão. Bastaram as vitórias de Arcole e de Rivoli, com a paz de Campo Fórmio, em 1797, para que a vaidade e a ambição lhe ensombrassem o pensamento”. “Sua fronte de soldado pode ficar laureada, para o mundo, de tradições gloriosas, e “ verdade é que ele foi um missionário do Alto, embora traído em suas próprias forças”.

            Caberia uma indagação: o afastamento seria decursivo da influenciação do Alto junto aos inimigos do Presidente para que ele – por exemplo - seja deposto? Não. Evidentemente que não. O Alto só é agente do Bem. Dar cobertura a criaturas que, embora às vezes por causas nobres, empregam meios de violência, de atrito, de luta, seria inconcebível da parte dos bons Espíritos, responsáveis pelos destinos dos países. O que o Alto faz é apenas retirar a sua cobertura, deixando o Presidente sem apoio, sem amparo espiritual. Então, os que investem contra ele (e há sempre esses, em qualquer país) acabam levando de vencida seus planos e o Presidente cai, é afastado, é apeado. Por outro lado, enquanto ele estiver cumprindo seu dever com lealdade a Deus e a seu povo, enquanto estiver empenhado em promover o bem-estar social da nação sob seu comando, é claro que permanecerá sempre assistido e não vingarão contra as suas portas as ameaças e as assacadilhas dos que pretenderem derrubá-lo.

            Assinale-se , porém, “en passant”, que muita vez os atos e as decisões dum Chefe de Estado são aparentemente errados ou injustos, mas intrinsecamente estão certos. O povo, não raro, desconhece a globalização dos problemas duma nação e julga seus mandatários pelo ângulo apertado da sua visão de indivíduo isolado, dissociado da coletividade, que é, afinal, a que tem de ser visada pelo Governo. E pede então o que, a rigor, não lhe pode ou não lhe deve ser dado. Tal como o faz, igualzinho, em relação a Deus, quando sofre e acha sempre que lhe é injusta ou imerecida a sua dor. Daí a lição do missionário Roustaing:

            “O Senhor não se mantém nunca surdo, bem o sabeis, às vozes de seus filhos, quando se dirigem a ele com confiança e fé. O pai da grande família nem sempre concede as graças como lhe são pedidas, porque, em vez de constituírem um bem, redundariam em confusão para o homem”. “O homem a quem o pai celeste deu bom espírito é aquele que compreende as palavras do Mestre, que se aplica em praticá-Ias e nunca desespera do seu amor e da sua justiça» (“Os .Quatro Evangelhos”, tomo segundo, págs. 58/59 da quarta edição).

            Falei acima em coletividade a ser visada pelo Governo. Não se confunda, por favor, essa alusão, com falsas ideias coletivistas, sonhadas utopicamente pelos que leram Engels e se encantaram por desaviso. “A caridade e a fraternidade não se decretam em leis. Se uma e outra não estiverem no coração, o egoísmo aí sempre imperará”. (“O Evangelho segundo o Espiritismo”, cap. XXV, n" 8). O bem da coletividade deve ser objetivo de qualquer Governo honesto; mas certamente dentro das coordenadas próprias de cada nação, com suas peculiaridades humanas, suas características psicológicas, seus processos administrativos, sua produção interna, seu progresso técnico e material. Não nos empolguemos com promessas aparentemente vantajosas. “O Socialismo é uma bela expressão de cultura humana, enquanto não resvala para os polos do extremismo”. (“O Consolador”, questão 57). O bem-estar do proletário é necessário e conveniente, importante e impositivo. Mas só ele, quando queira e quando possa (não esqueçamos a implacável lei do carma), deixará de ser - se o for - proletário injustiçado. Depende mais dele do que de qualquer outra criatura, embora essa conceituação tenha de ser entendida não em termos de uma só vida, mas da pluralidade de vidas a que todos estamos sujeitos. Não adianta, pois, alterar as estruturas políticas. O problema é mais amplo e é de sistemas, não de regimes. Evolução é conquista individual e inalienável. Ninguém pode fazer nada por mim, se eu não quiser ser ajudado, se eu não fizer por onde ser ajudado. Lembremos o Cristo: “Ajuda-te e o Céu te ajudará”. Lembremos também o feliz comentário de Kardec, no capítulo XXVII, número 7, de “O Evangelho segundo o Espiritismo”: “Ele (Deus) assiste os que se ajudam a si mesmos, de conformidade com a máxima: “Ajuda-te, que o céu te ajudará”; não assiste, porém, os que tudo esperam dum socorro estranho, sem fazer uso das faculdades que possui". Entretanto, as mais das vezes, o que o homem quer é ser socorrido por milagre, sem despender o mínimo esforço”.

            Falando-se porém em proletariado, complementemos a análise novamente com Emmanuel:     “A verdade é que todos os homens são proletários da evolução e nenhum esforço de boa realização na Terra é indigno do espírito encarnado. Cada máquina exige uma direção especial e o mecanismo do mundo requer o infinito de aptidões de conhecimento”. ( “O Consolador”, questão 57).

            Ademais, quem é capaz de jurar que o homem de maiores recursos não é menos feliz do que o desafortunado? Ah. . . quanto Sol não gostaria de ser vagalume ...

            Mas, voltemos à noção anterior. Ninguém chega ao primeiro posto dum País, a não ser com o consenso da Espiritualidade. Repitamos: será assistido se se mantiver à altura das suas promessas feitas antes de encarnar; será abandonado se faltar aos seus compromissos.

            Este é o meu ponto de vista, em função do qual, portanto, entendo que o General Emílio Garrastazu Médici chegou a Presidente do Brasil porque assim o Alto consentiu e porque esta era a sua missão. Note-se: foi 1 homem, apenas, o escolhido entre 90 milhões de homens!

            Acaso? Ora, sabemos que o acaso não existe, nem mesmo se a proporção fosse de 1 homem para 2. Aposto o consenso do Alto, de agora em diante, porém, o problema é com o Presidente. Será ou não assistido, conforme. suas intenções, seu programa, sua ação, seus métodos. Mas é isso que não quero analisar aqui, porque acho que me não compete, visto ter de entrar em apreciações políticas cuja oportunidade, com já disse, não é esta e nem esta revista comportaria. Pretendo apenas abordar - isto sim - alguns outros aspectos da fala do Presidente da República no dia 25 de Dezembro último, dia de Natal.

            O General Garrastazu Médici não discursou; declamou. O texto que leu - dizem que é ele mesmo quem escreve seus discursos apolíticos - era um poema, não uma mensagem em prosa. Vejo nele, pois, uma criatura bastante sensível, com a raríssima autoridade moral dos homens que, vivendo todos os multíplices problemas inerentes à Chefia dum Governo, são capazes de falar mais tempo em questões humanas e profundamente líricas, do que em estatísticas e resultados operacionais, informática ou tecnocracia.

            Qual será a posição do General Emílio Garrastazu Médici em face da Teologia? Ou, mais precisamente, em face da Religião? Não sei. Talvez ninguém saiba com certeza. Chamou-me a atenção, entretanto, estas frases na fala presidencial de Dezembro:

            “Nesta noite e neste dia de Natal, quero voltar-me primeiro para os de mim distantes. Não somente para os despercebidos, os ignorados, os anônimos) os silenciosos, os invisíveis, senão também os contrários, os discordantes, os indiferentes e os crestados pela desesperança”.

            Invisíveis? Sem dúvida, essa terminologia não é comum senão aos profitentes duma certa doutrina religiosa. Como me soa bem aos ouvidos essa palavrinha ...

            Todavia, não forcemos nada. Saboreemos apenas o que está lucidamente claro, como por exemplo essa afirmativa do Presidente: “O Natal, antes que o destino me impusesse a vinda que eu não quis, era-me, então, o tempo de repassar os caminhos de Jesus no fundo de minha consciência”.

            O Espiritismo, em tempos idos, já sofreu duríssimas perseguições Ninguém melhor do que a FEB pode dar delas o testemunho mais honesto e mais fiel, a par do mais amargo. Houve mesmo uma época - triste evocação - em que as pesadas portas de madeira maciça da Avenida Passos foram atrabiliariamente cerradas. Como se fora possível silenciar com o direito da Força a força do Direito de se cultuar Deus como cada cidadão bem o queira. Fosse válido o recurso da violência e o Cristianismo não teria medrado depois da infamante co-inquinação do Calvário e do aleijão jurídico do Sinédrio! No entanto, foi precisamente o sangue do martírio do Cristo e dos primeiros cristãos que retasse definitivamente sobre a face do orbe, que as criaturas realmente se irmanassem, que os povos se amassem, que o mundo fosse bom, que houvesse paz, harmonia e compreensão nos corações de todos, que o ódio não vigesse mais, que a intolerância não grassasse, que o egoísmo não subsistisse, que o orgulho e a vaidade não proliferassem nunca mais! Não queremos apenas ser espíritas, embora isso já compense e resigne; queremos que a moral cristã prevaleça em todos os setores da atividade humana e se enraíze em todos os corações. Não se trata duma aspiração quimérica ou demagógica, ditada pela tola (ou insincera) pretensão de ver abolidas as classes e imperando no mundo uma inexequível igualdade social. “A concepção igualitária absoluta é um erro grave dos sociólogos, em qualquer departamento da vida.” (“O Consolador», questão 56). A Lei de Causa e Efeito se encarregaria de desencorajar esses sonhos mal sonhados. A lei cármica da reencarnação não patrocinaria jamais a volta dum Espírito egoísta e ambicioso num meio que não lhe fosse útil ao refazimento, isto é, num ambiente sem lutas, sem dificuldades, sem... injustiças sociais.

            Trata-se por conseguinte duma aspiração sincera, que encara as desigualdades como o resultado iniludível da ação pretérita de cada criatura, de cada povo, mas que anseia por ve-Ias, embora pobres e humildes, ao mesmo tempo respeitadas, assistidas na sua dor e no seu eventual infortúnio material.

            Pois bem; leio a mensagem de Natal do Presidente do Brasil e me animo em acreditar que demos um novo passo no sentido dessas conquistas. Sua linguagem poética é uma esperança no caminho da pacificação da família brasileira. Mais que isso, é uma promessa a melhores dias, muito melhores do que a simples tolerância para com a religião das minorias. É um aceno à implantação do Cristianismo, a bem dizer, dos próprios postulados em que a Doutrina Espírita se assenta.

            E, afinal, não há porque muitas surpresas. Não é o Brasil a “Pátria do Evangelho” e o “Coração do Mundo”?

            Não conheço pessoalmente o General Emílio Garrastazu Médici. Não nos devemos nada um ao outro, a não ser o meu respeito a ele como Presidente da República e o dele a mim como cidadão brasileiro, dentro do contrato tácito que firmamos, com a assinatura de Rousseau por testemunha. Não pretendo pedir-lhe coisa alguma, senão que continue a fazer versos, a oficializar a poesia e a aludir aos invisíveis. Particularmente eu, como visível, quero apenas dizer-lhe que os espíritas brasileiros cremos muito mais no Brasil dirigido por poetas cristãos que por materialistas incrédulos.

por Luciano dos Anjos
in   Reformador (FEB)  Fevereiro 1970


2 de Novembro



02 Novembro


“Atenção na Hora”

Quando tudo te pareça,
Na tristeza que te invade.
Infortúnio, desencanto,
Amargura e tempestade;

Quando a saúde escasseia
E o companheiro deserta.
Quando o grito dos credores
Lembra garra que te aperta.

Quando notas que perdeste
O que tenhas de melhor
E enxergas apenas sombra
A envolver-te em derredor.

Quando os deveres te obrigam
A sorrir e suportar.
Enquanto desejarias
Reagir e espernear.

Quando a corrente contrária
É angústia a esmagar-te o dia
Com o punhal do sofrimento
Que em tudo te desafia.

Recorda que Deus te deu,
Perante qualquer pesar,
A que te guarda e ensina
A nunca desanimar.

Por trás da noite de espinhos
Na provação vexatória.
Quem sabe? Talvez estejas
No alvorecer da vitória.

Insiste na tolerância,
Nada reclames de alguém.
O Céu renova os caminhos
De quem persiste no bem.

Por isso, serve e não temas,
Nada te faça fugir,
Quando tudo segue mal
É hora de resistir.


 Jair Presente 
por Chico Xavier
in ‘Seguindo Juntos”  (GEEM) 1ª Edição 1982)




terça-feira, 1 de novembro de 2011

A Vida no Mundo dos Espíritos


A Vida no Mundo dos Espíritos

Em muitos mundos nascemos
Nesta transitoriedade,
Neles nos demoraremos
Buscando a maioridade.

Unem-se os desencarnados
Como nos juntamos nós,
Em grupos organizados,
Pra viver contras e prós.

Dependendo do que gostam,
Assim serão suas conversas.
Em muitas coisas apostam,
Cada um nas mais diversas.

O Espírito adiantado
Só fala de coisa séria.
Mas o inferior, coitado,
Se perde em qualquer matéria.

Quando a gente vai voltar
E decide o que vai ser,
Todos vêm nos ajudar
A escolher como fazer.

Quem foi um rico avarento,
Melhor que renasça pobre,
Porque com o sofrimento
Irá regressar mais nobre.

Se pobre do que não ama,
Volta pobre, em meio ao povo.
Porque aquele que reclama
Repete tudo de novo.

Quem valoriza a vida,
Seja pobre ou seja rico,
Ganha degraus na subida
E chega depressa ao pico.

Quando chegam os feriados
Que homenageiam os mortos,
Dias chamados Finados,
Só se chora pelos corpos.

Pobre daquele imortal
Que ficasse enclausurado,
Como se fora um mortal
Dentro da cova enterrado.

Nós vamos ao cemitério
Levar vela, levar flor,
Mas declaro, sem mistério,
Ele precisa é de amor.

Amor que nasce da alma,
Que brota no coração,
Que lhe infunde grande calma
E alumia a escuridão.      

Octávio Caúmo Serrano
inTrovas da Codificação
(Ed. ‘Sal da Terra’ – 1ª Ed 1998)

Lendo e Comentando (6)




Lendo e Comentando (6)
por Hermínio C Miranda

in Reformador (FEB)  Março 1970


            Edmund Bentley também se refere aos jovens no seu pequeno artigo intitulado «Where do we go from here?» (Daqui para onde vamos?). Está ele igualmente interessado em discutir. a renovação das pessoas dentro do movimento espírita mundial. Os velhos médiuns, escritores e pregadores espíritas vão dando lugar aos novos. «Cada geração parece insubstituível. No entanto, uma nova porta psíquica se abre quando outra se fecha».
           
            Na realidade, o Espiritismo tem conteúdo, tem substância, tem o que há tempos se chamava uma mensagem para todos aqueles que buscam honestamente o auto aperfeiçoamento e, por conseguinte, o aprimoramento da sociedade em que vivemos. Fizemos progressos consideráveis nos últimos anos. A mediunidade não é mais objeto de ridículo, muito menos passaporte para a fogueira; é hoje estudada a sério por cientistas de renome . Nossas ideias são discutidas livremente e divulgadas na imprensa leiga, no rádio e até na televisão, como na Inglaterra. Há inúmeros livros cuidando do tema fascinante dos problemas psíquicos que constituem a província do Espiritismo.

            Numa conferência pronunciada em Londres para um grupo jovem, notou Bentley que seus ouvintes estão mais interessados no que realizar agora, neste mundo, do que na sobrevivência post-mortem , De certa forma, isto é compreensível. O homem é essencialmente espírito, mas, enquanto viver neste mundo da matéria, tem que cuidar também dos problemas suscitados pelo dia a dia da existência. A Doutrina Espírita oferece os elementos necessários à conciliação entre espírito e matéria. Nossos mestres espirituais não nos aconselham uma fuga dos problemas humanos; ao contrário, temos de viver a vida de todos, participar das dores de crescimento da civilização. De outra forma, corno é que iríamos aplicar o conhecimento adquirido em relação ao mundo espiritual?
           
            O espírita convicto de suas ideias é um ser privilegiado porque vive em dois mundos que a rigor não têm razão nem motivo de estarem em choque. Podemos claramente discernir o ponto de equilíbrio e a necessidade de balancear os nossos problemas materiais e o apelo superior da nossa natureza espiritual. Seria um suicida igual aos outros aquele que se matasse à fome para mortificar o corpo pecador, num exagero de espiritualismo mal orientado, mas seria igualmente lamentável a uma pessoa na posse de conhecimentos espirituais avançados, como o Espiritismo, perder-se em lutas e violências inglórias para implantar à força princípios de uma filosofia puramente materialista, escorada num idealismo falso ou deformado.

1 de Nevembro



01 Novembro


Cultiva a misericórdia,
Perdoa e triunfarás;
A verdade sem amor
Cria a justiça sem paz.


 Fidélis Alves  
por Chico Xavier
in ‘Reformador”  (FEB) Janeiro 1970