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domingo, 29 de março de 2020

Ressurreição de Lázaro...



                Ressurreição de Lázaro               

11,1 Lázaro caiu doente em Betânia, aldeia de Maria e de Marta, sua irmã.
11,2 Maria era aquela que ungiu o Senhor com bálsamo e que enxugou os pés com os cabelos; seu irmão Lázaro é que estava enfermo.
11,3 Suas irmãs mandaram esse recado a Jesus. -Senhor, aquele que amas está doente! 11,4 Ao ouvir o recado, Jesus disse: “-Esta doença não leva à morte, mas é para a glória de Deus, para que, por ela, seja glorificado o filho de Deus.”
11,5 Jesus era amigo de Marta, de sua irmã Maria e de Lázaro.
11,6 Depois de saber que Lázaro estava doente, ficou ainda dois dias no lugar onde estava.
11,7 Só então disse aos discípulos: " -Vamos novamente à Judeia!”          
11,8 Os discípulos lhe disseram: -Mestre, há pouco  os  judeus  queriam apedrejar-Te e voltas para lá?
11,9 Jesus respondeu: “-Não há doze horas no dia? Se alguém andar de dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo
10,10 Se alguém andar de noite, tropeçará, porque não há luz.”
10,11 Depois acrescentou: “-Nosso irmão Lázaro está dormindo, mas vou despertá-lo!”
10,12 Disseram então os discípulos: -Senhor, se ele está dormindo, vai sarar!
10,13 Jesus estava falando de sua morte. Eles, porém, pensaram que falasse do repouso do sono. 

           Para Jo (11,9) -Se andar de dia não tropeça...- tomemos Emmanuel, por Chico Xavier, em “Pão Nosso”(Ed, FEB):
                       
            “O conteúdo da interrogativa do Mestre tem vasta significação para os discípulos da atualidade.

            “Não há doze horas no dia?”

            Conscientemente, cada qual deveria inquirir de si mesmo em que estará aplicando tão grande cabedal de tempo. Fala-se com ênfase do problema de desempregados na época moderna. Entretanto, qualquer crise nesse sentido não resulta de carência de trabalho e, sim, da ausência de boa vontade individual. Um inquérito minucioso nesse particular revelaria a realidade. Muita gente permanece sem atividade por revolta, contra o gênero de serviço que lhe é oferecido ou por inconformação, em face dos salários. Sobrevêm, de imediato, o desequilíbrio. A ociosidade dos trabalhadores provoca a vigilância dos mordomos e as leis transitórias do mundo refletem animosidade e desconfiança.

            Se os braços estacionam, as oficinas adormecem. Ocorre o mesmo nas esferas de ação espiritual.

             Quantos aprendizes abandonam seus postos, alegando angústia de tempo? Quantos não se transferem para a zona da preguiça, porque aconteceu isso ou aquilo, em pleno desacordo com os princípios superiores que abraça? E, por bagatelas, grande número de servidores vigorosos procuram a retaguarda cheia de sombras.

            Mas aquele que conserva acuidade auditiva ainda escuta com proveito a palavra do Senhor: “-Não há doze horas no dia?  Se alguém andar de dia não tropeça”.

            Passemos agora a palavra a Bittencourt Sampaio por Frederico Jr que, em “Jesus perante a Cristandade” (Ed. FEB), nos conta de Lázaro Redivivo:

            “Abramos o Evangelho, e, no Cap. XI de João, admiremos os prodígios da fé, procurando compreender em espírito e verdade o que se passou na pequena aldeia de Betânia, onde o amigo do Senhor jazia enfermo, provando a morte aparente, para dela ressurgir, dando glória a Deus.

            Estava enfermo Lázaro, e as suas bondosas irmãs, temerosas por verem a marcha ascendente da moléstia que em breve iria roubar uma parte de sua alma, mandaram enviados a N.S. Jesus Cristo, comunicando-lhe o estado aflitivo dos seus corações. E o Senhor, como se fosse indiferente à dor de Marta e de Maria, como se na sua alma divina não vibrassem os sentimentos puros da caridade, deixou-se ficar, por algum tempo, no lugar em que se achava, sem acudir ao chamado, declarando que a enfermidade de Lázaro não se encaminhava a morrer, mas a dar glória a Deus.

            Depois, dirigindo-se aos seus discípulos, lhes disse: Lázaro dorme, ao que lhe responderam eles: Se ele dorme, Senhor, será então salvo! Diante dessa afirmação de seus discípulos, diz-nos o evangelista que o Divino Mestre declarara abertamente: Lázaro é morto!

         Lázaro morto! Para os discípulos, como para todos os que assistiam na casa de Marta e de Maria, Lázaro era morto, pois que se lhe manifestavam no semblante os traços cadavéricos e o seu corpo apresentava a inércia dos músculos; para N.S. Jesus Cristo, era Lázaro também morto, é certo, mas na morte do Espírito, da verdadeira morte de que falam os enviados, incessantemente, aos que se dedicam ao estudo da Doutrina Espírita; dessa morte a que se refere sempre o Divino Mestre em todas as passagens dos Evangelhos, e que mais não é do que o aniquilamento passageiro em que se encontra o Espírito quando baixa à Terra para entrar no sepulcro de carne em que deve expiar as faltas cometidas. E é exatamente o contrário disso o julgar da humanidade, quando considera que a morte é a vida e que a vida é a morte.

            Eis, portanto, o Divino Mestre revelando uma verdade ao entendimento daqueles que presenciaram o estado cataléptico de Lázaro, verdade que está de acordo com aquilo que é perfeitamente conhecido em todo o mundo espiritual.

            Lázaro não podia estar morto dessa morte compreendida pelos homens porque, sendo imutáveis as leis do Senhor, uma vez que o Espírito quebra os laços que o prendem à matéria, uma vez que é absorvido no grande todo o fluido vital que animava a carne que o revestia, quando então começa a provar a lei da decomposição, ele não pode absolutamente regressar ao cadáver, para de novo viver a vida material. E poderia, porventura, Jesus explicar a um povo inculto, e, portanto, sem os elementos necessários para compreendê-lo, o fenômeno que então se realizava na pessoa de Lázaro?

            Se, ainda hoje, nós não encontramos palavras com que possamos dizer toda a verdade, explicando, a ponto de sermos compreendidos, todos os fenômenos que se realizam sob as vistas do homem, como poderia o Divino Mestre desfazer no entendimento daquelas criaturas a ideia do milagre?

            Lázaro, portanto, sofria de catalepsia, fenômeno que hoje é mais que conhecido, pelo estudo que a ciência tem feito desse estado patológico.

            É certo que, depois de darem as irmãs de Lázaro o maior testemunho da sua grande fé, da confiança e certeza que tinham de que, se o Divino Mestre estivesse presente, Lázaro não morreria, o que deu lugar a dizer o bom pastor das almas: Eu sou a ressurreição e a vida, ao ordenar o Senhor que levantassem a campa do sepulcro, Marta observou que o cadáver já cheirava mal, pois que era de quatro dias.

            Isso porém, compreende-se, constitui apenas uma presunção, natural no entanto, em vista da época da sua morte aparente; e quando mesmo existisse esse mau odor, seria ele proveniente da moléstia pútrida de que fora acometido Lázaro, antes de ser tomado do sono cataléptico; o seu corpo, porém, não tinha o odor cadavérico, pois não se tendo dado morte real não poderia haver a decomposição.”

Ressurreição de Lázaro

11,14 Então, Jesus lhes disse de forma clara: “-Lázaro morreu!”
11,15 “-E, por causa de vocês, Eu me alegro por não ter estado lá, para que vocês creiam. Mas, vamos para junto dele!”
11,16 Disse, então, Tomé, chamado gêmeo, aos companheiros: -Vamos também para morrermos com Ele!
11,17 Quando Jesus chegou, já fazia quatro dias que Lázaro tinha sido sepultado.
11,18 Betânia ficava perto de Jerusalém, a uns quatro quilômetros de distância
11,19  e muitos judeus tinham vindo a casa de Marta e Maria para consolá-las pela morte de seu irmão
11,20 Logo que Marta soube da chegada de Jesus, saiu para recebê-Lo. Maria ficou dentro de casa.
11,21 Marta disse a Jesus: Senhor, se estivesses aqui, meu irmão não teria morrido,
11,22 mas, agora sei, que Deus Te dará tudo quanto pedires a Ele.
11,23 Jesus respondeu: “-Seu irmão ressuscitará!”
11,24 Marta Lhe diz: -Eu sei que ele ressuscitará na ressurreição, no último dia. 11,25 Jesus lhe afirmou: “-Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em Mim, mesmo que tenha morrido, viverá! 
11,26 e, todo aquele que vive e crê em Mim, não poderá morrer nunca! Você acredita nisso?
11,27 Marta respondeu: -Sim Senhor! Eu creio que Tu és o Cristo, o Filho de Deus, aquele que deve vir a este mundo!  

         Para Jo (11,23) -  Se Teu irmão há de ressuscitar... - tomemos Luiz Sérgio por Irene Pacheco Machado, em “Dois Mundos Tão Meus”, para os devidos esclarecimentos:
                       
            “E Cristo dirigiu-se à Betânia. No caminho ia socorrendo os enfermos e necessitados. Ao retornar à cidade mandou avisar Marta e Maria da Sua chegada. Marta correu para junto d’Ele e Jesus, então, lhe falou: Teu irmão há de ressuscitar. Jesus foi ao encontro de Maria, irmã de Lázaro; junto a ela várias pessoas choravam. O Mestre sacudiu a cabeça, pois muitos ali só simulavam sofrimento; olhou o grupo que chorava, chorava. Nada disse, apenas pediu perdão a Deus por aquelas pobres criaturas sem amor, que se aproveitavam da dor do seu semelhante em busca de novidades. Perguntou Jesus a Maria: Onde o puseste? Disse-Lhe: Senhor, vem e vê. Juntos, foram até o sepulcro. As irmãs de Lázaro e os seus verdadeiros amigos choravam.  Jesus, fixando o olhar das pessoas, falou: Tirai a pedra. A ordem foi obedecida. Retiraram a pedra. Ali jazia o corpo de Lázaro, no sepulcro da rocha.

            Cristo, orando ao Pai, estava resplandecente de luz. Alguns inimigos de Jesus O acusaram de blasfêmia e tinham apanhado pedras para atirar n’Ele. Mas ficaram estupefatos com a doçura da voz do Mestre: Lázaro, vem para fora. Sua voz suave soa aos ouvidos de Lázaro.

            Todos, com olhares fixos no sepulcro, esperavam ansiosos. Eis que ouviram um ruído na silenciosa tumba e Lázaro, cambaleante, apareceu à entrada. A mortalha lhe atrapalhava os passos. Desligai-o e deixai-o ir, disse Jesus para os amigos espirituais, que O estavam ajudando a curar Lázaro da doença: a catalepsia. Desligado Lázaro do sono cataléptico que vivia no momento o povo, mudo de espanto, junto com suas irmãs, comentavam a ressurreição. Quando buscaram o Mestre, Ele já se havia retirado, oferecendo ao homem grande lição de humildade.

            Betânia ficava tão próxima de Jerusalém que as notícias chegaram logo à cidade. Os príncipes judaicos rapidamente ficaram sabendo dos fatos e entraram em pânico: com que poder Cristo dava vida aos mortos? Era a pergunta. Reuniões e reuniões eram feitas por eles, todavia, cautelosamente. Nessas reuniões eles faziam uma busca no Antigo Testamento. E assim os deixamos, tramando a prisão de Jesus...

            Ainda permaneci sentado. Estava deslumbrado. Contemplei meus companheiros, dei graças ao Senhor Jesus por tê-Lo encontrado e, silenciosamente, fiz uma prece...”

            Para o mesmo versículo de João, leiamos a Emmanuel, por Chico Xavier, em “Vinha de Luz” (Ed. FEB)...

            “Há muitos séculos, as escolas religiosas do Cristianismo revestiram o fenômeno da morte de paisagens deprimentes.

            Padres que assumem atitudes hieráticas, ministros que comentam as flagelações do inferno, catafalcos negros e panos de luto.

            Que poderia criar tudo isso senão o pavor instintivo e o constrangimento obrigatório?

            Ninguém nega o sofrimento da separação, espírito algum se furtará ao plantio da saudade no jardim interior. O próprio Cristo emocionou-se junto ao sepulcro de Lázaro. Entretanto, a comoção do Celeste Amigo edificava-se na esperança, acordando a fé viva nos companheiros que o ouviam. A promessa d’Ele, ao carinho fraternal de Marta, é bastante significativa.

            “Teu irmão há de ressuscitar” - asseverou o Mestre.

            Daí a instantes, Lázaro era restituído à experiência terrestre, surpreendendo os observadores do inesperado acontecimento.

            Gesto que se transformou em vigoroso símbolo, sabemos hoje que o Senhor nos reergue, em toda parte, nas esferas variadas da vida. Há ressurreição vitoriosa e sublime nas zonas carnais e nos círculos diferentes que se dilatam ao infinito.

            O espírito mais ensombrado no sepulcro do mal e o coração mais duro são arrancados das trevas psíquicas para a luz da vida eterna.

            O Senhor não se sensibilizou tão-somente por Lázaro. Amigo Divino, a sua mão carinhosa se estende a nós todos.

            Reponhamos a morte em seu lugar de processo renovador e enchei-vos de confiança no futuro, multiplicando as sementeiras de afeições e serviços santificantes.

            Quando perderdes temporariamente a companhia direta de um ente amado, recordai as palavras do Cristo; aquela reduzida família de Betânia é a miniatura da imensa família da Humanidade.”  

Ressurreição de Lázaro

11,28 Dito isto, saiu e foi chamar Maria,   sua irmã, dizendo-lhe baixinho:
11,29 O Mestre está aí e está chamando você...
11,30 Ela, ouvindo isto, ergueu-se rapidamente e saiu ao encontro Dele. Jesus não tinha entrado na aldeia, mas estava no lugar onde Marta viera ao encontro.
11,31 Os judeus estavam na casa com Maria procurando consolá-la. Vendo a pressa com que se erguera e saíra, acompanharam-na, pensando que se dirigia ao sepulcro para chorar.
11,32 Chegando Maria onde Jesus estava, ao vê-Lo, caiu-Lhe aos pés e disse:
 -Senhor, se estivésseis aqui, meu irmão não teria morrido!
11,33 Vendo-a chorar e a chorarem também os judeus que estavam com ela, Jesus teve compaixão e, comovido, disse:            
11,34 “- Onde vocês o colocaram?” Responderam-Lhe: -Senhor, vem e vê!     
11,35 Jesus começou a chorar...
11,36 Os judeus comentavam: -Vejam como  Ele os amava!   
10,37 Mas, alguns deles disseram: Ele, que abriu os olhos ao cego, não poderia ter impedido que este morresse?
10,38 Jesus ficou, de novo, profundamente emocionado, e foi até ao sepulcro. Era uma gruta, coberta por uma pedra   
10,39 Ordenou Jesus: “-Retirem a pedra!”  Marta, irmã do morto, Lhe disse: -Senhor, já está cheirando mal, pois já fazem quatro dias...

         Para reflexão e análise, deixamos aqui as palavras do Espírito São Luiz que respondeu a Allan Kardec sobre “Quais os limites da encarnação? , em “O Evangelho”,  pergunta essa que substituímos pela exclamação...

Somos Eternos!        

            “A encarnação não tem, propriamente falando, limites nitidamente traçados, se se entende por isso o envoltório que constitui o corpo do Espírito, já que a materialidade desse envoltório diminui à medida que o espírito se purifica.

             Em certos mundos mais avançados que a Terra, ele já é menos compacto, menos pesado e menos grosseiro e, por conseguinte, menos sujeito às vicissitudes; num grau mais elevado é diáfano e quase fluídico; de grau em grau ele se desmaterializa e acaba por se confundir com o perispírito. Segundo o mundo a que o Espírito é chamado a viver, este toma o envoltório apropriado à natureza desse mundo.

            O próprio perispírito suporta transformações sucessivas; ele se eteriza, cada vez mais até a depuração completa, que constitui os Espíritos puros. Se mundos especiais são destinados, como estações, aos Espíritos mais avançados, estes não estão ligados ali como nos mundos inferiores; o estado de desligamento em que se encontram, lhes permite se transportarem por toda parte em que os chamam as missões que lhes são confiadas.

            Se se considera a encarnação sob o ponto de vista material, como ocorre sobre a Terra, pode-se dizer que ela é limitada aos mundos inferiores; depende do Espírito, por conseguinte, dela se livrar, mais ou menos rapidamente, trabalhando pela sua depuração.

            Deve-se considerar também que, no estado errante, quer dizer, nos intervalos das existências corporais, a situação do Espírito está em relação com a natureza do mundo ao qual se liga pelo seu grau de adiantamento; que, assim, na erraticidade, ele é mais ou menos feliz, livre e esclarecido segundo seja mais ou menos desmaterializado.”

Ressurreição de Lázaro

11,40 Jesus lhe respondeu: “-Eu não disse que, se você acreditar, verá o poder de Deus?” Então, retiraram a pedra.
11,41 Jesus levantou os olhos para o alto e disse: “-Pai, Eu vos agradeço porque me  ouvistes.          
11,42 Eu sei que sempre Me ouvis, mas falo assim por causa do povo que está em volta de mim, para que creiam que vós me enviastes.”           
11,43  Depois destas palavras, exclamou com voz firme: “-Lázaro, saia!
11,44 E o defunto saiu, tendo as mãos e os pés ligados com faixas e o seu rosto envolto em um lenço. Disse-lhes Jesus: “-Desatai-o e deixai-o ir!
11,45 Muitos dos judeus que tinham ido à casa de Maria e presenciado o que Jesus fizera, acreditaram Nele.   

            Tomemos Kardec, em “A Gênese”, no seu Cap. XV, para os devidos esclarecimentos:
                       
            “Ele (Lázaro) estava, dizem, havia quatro dias no sepulcro; sabe-se, porém de letargias que duram oito dias e até mais. Acrescentam que já cheirava mal, o que é sinal de decomposição. Esta alegação também nada prova, dado que em certos indivíduos há decomposição parcial do corpo, mesmo antes da morte, havendo, em tal caso, cheiro de podridão. A morte só se verifica quando são atacados os órgãos essenciais à vida.

            E, quem podia saber que Lázaro já cheirava mal? Foi sua irmã Maria quem o disse. Mas, como o sabia ela?  Por haver já quatro dias que Lázaro fora enterrado, ela o supunha; nenhuma certeza, entretanto, podia ter.”
           
Nota de Rodapé   O fato seguinte prova que a decomposição parece algumas vezes com a morte. No convento do Bom Pastor, fundado em Toulon, pelo Padre Marin, capelão dos cárceres, e destinado às decaídas que se arrependeram, encontrava-se uma moça que suportara os mais terríveis sofrimentos com a calma e a impassividade de uma vítima expiatória. Em meio de suas dores, parecia sorrir para uma visão celestial. Como Sta. Teresa, pedia-lhe fosse dado sofrer mais, embora suas carnes já se achassem em frangalhos, com a gangrena a lhe devastar todos os membros. Por sábia providência, os médicos tinham recomendado que fizessem a inumação do corpo, logo após o trespasse. Coisa singular! Mal a doente exalou o último suspiro, cessou todo o trabalho de decomposição; desapareceram as exalações cadaverosas, de sorte que durante 36 horas pôde o corpo ficar exposto às preces e à veneração da comunidade.

            Para  Jo (11,44) - O Regresso de Lázaro à Vida -   busquemos, também, “Caminho, Verdade e Vida” (Ed.FEB), de Emmanuel por Chico Xavier:

            O regresso de Lázaro à vida ativa representa grandioso símbolo para todos os trabalhadores da Terra. Os criminosos arrependidos, os pecadores que se voltam para o bem, os que “trincaram” o cristal da consciência, entendem a maravilhosa característica do verbo recomeçar.

            Lázaro não podia ser feliz tão-só por revestir-se novamente da carne perecível, mas, sim, pela possibilidade de reiniciar a experiência humana com valores novos. E, na faina evolutiva, cada vez que o espírito alcança do Mestre divino a oportunidade dos laços vigorosos... exonerado da angústia, do remorso, do medo... A sensação do túmulo de impressões em que se encontrava, era venda forte a cobrir-lhe o rosto...

            Jesus, compadecido, exclamou para o mundo:

            - Desligai-o, deixai-o ir.

            Esta passagem evangélica é assinalada de profunda beleza.

             Preciosa é a existência de um homem, porque o Cristo lhe permitiu o desligamento dos laços criminosos com o pretérito, deixando-o encaminhar-se, de novo, às fontes da vida humana, de maneira a reconstituir e santificar os elos de seu destino espiritual, na dádiva suprema de começar outra vez.”

            Para  Jo  (11,44) -Desatai-o e deixai-o ir - tomemos “Palavras de Vida Eterna” (Ed. FEB) de Emmanuel por Chico Xavier:

            “É  importante pensar que Jesus não apenas arrancou Lázaro à sombra do túmulo.

            Trazendo-o, de volta, à vida, pede para que seja restituído à liberdade.

            “Desatai-o e deixai-o ir” - diz o Senhor.

            O companheiro redivivo deveria estar desalgemado para atender às próprias experiências.

            Também nós temos, no mundo da própria alma, os que tombam na fossa da negação.

            Os que nos dilaceram os ideais, os que nos arrastam à desilusão, os que zombam de nossas esperanças e os que nos lançam em abandono assemelham-se a mortos na cripta de nossa agoniosas recordações.

            Lembrá-los é como reavivar velhas úlceras.

            Entretanto, para que nos desvencilhemos de semelhantes angústias, é imperioso retirá-los do coração e devolvê-los ao sol da existência.

            Não basta, porém, esse gesto de libertação para nós. É imprescindível haja de nossa parte auxílio a eles, para que se desagrilhoem. Nem condená-los, nem azedar lhes o sentimento, mas sim exonerá-los de todo compromisso, ajustando-se a si próprios. Aqueles que libertarmos de qualquer obrigação para conosco, entregando-os à bondade de Deus, mais cedo regressam à luz da compreensão.

            Se alguém, assim, caiu na morte do mal, diante de ti, ajuda-o a refazer-se para o bem; entretanto, além disso, é preciso também desatá-lo de qualquer constrangimento e deixá-lo ir.”    

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