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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

Do Mestre ao discípulo - A providência do Invisível - Partes 1 e 2





Do Mestre ao discípulo
- A Providência do Invisível - Parte 1
por Angelo Aguarod
Reformador (FEB) Novembro 1919 

            Meu querido, 

            Sempre acharam eco em mim os teus anelos de elevação moral que constituem a principal preocupação da tua alma, e as objecções que esta te sugere em tuas meditações, terão da minha parte pronta e adequada resposta. Agora vou responder pressuroso as duas últimas que te dignaste formular.

            Eis a primeira:

            “Como, tendo dito o Divino Mestre que tudo o que pedimos orando, nos será concedido, não se dá assim numa multidão de casos?

            Estais equivocado, meu querido discípulo. O Mestre, que é o caminho, a Verdade e a Vida, esteve certo - como em tudo - ao afirmar que nos seria dado tudo quanto pedíssemos na oração. Mas, a falsa posição em que o homem se coloca, para observar os efeitos da súplica faz que não veja todos os casos em que o pedido é correspondido.

            Vós outros sentis uma necessidade, acariciais um desejo, e estando uma e outra fora de vosso alcance, vos dirigis a Aquele que é a fonte de todo o poder, solicitando sua  satisfação e Deus os ouve e os atende sempre; porém não em todos os casos, na forma e no tempo desejados.

            As vezes, a dor amargura vossa vida e pedireis a Deus saúde. Vós vos conformaríeis com a saúde do corpo; mas nosso Pai que dá cento por um, como o bom grão atirado em terra fecunda o dá ao semeador, não vos devolve a saúde do corpo; deixa que vossos sofrimentos tenham curso, porque eles são necessários para o vosso progresso espiritual. Então vos manda o auxílio do Alto para o tornar mais leve infundindo a resignação e a paciência e vos saturando do espírito de conformação à vontade divina, deixa que a enfermidade dê o fruto correspondente, que é ao fim a saúde de vossa alma, benefício mui superior à saúde de vosso corpo que era somente o que havíeis pedido em vossas preces. Obtiveste, em consciência muito mais do que tínheis pedido em oração, porém não na forma nem no tempo que queríeis, mas na forma e no tempo impostos pela Lei.

            Vossa atuação no plano físico, quando não vossa miopia espiritual vos impede de ver vosso passado, as consequências que pesavam sobre vós como resultado da vossa conduta anterior, já na atual ou em outras passadas existências, e, por conseguinte, não podeis sujeitar a uma norma traçada por nossa imaginação, as decisões do Eterno de que aqui cabem aquelas palavras do bom Jesus: “Busca o reino de Deus e sua justiça e tudo o mais virá depois.”

            Assim só te deves preocupar em ajustar toda tua conduta à moral mais pura
que conheces, e em tua relação com a Divindade quando quiseres pedir alguma coisa ao nosso celeste Pai, toma cuidado que o pedido esteja sempre de acordo com a lei moral, e descansa, que em seu tempo e na forma que corresponda, receberás do Pai a resposta devida, que satisfará sempre tuas necessidades espirituais, enriquecendo teu tesouro espiritual, que é o único tesouro legítimo, que ladrões não podem roubar nem ferrugem e traça consumir.

            Tem por certo que Deus nunca desatende a quem com sincero coração se dirige a Ele, ainda que se peça o impossível; Ele satisfaz sempre todo legítimo bom desejo, dando maior quantidade do bem verdadeiro do que pode querer e compreender o peticionário.

Do Mestre ao discípulo
- A Providência do Invisível - Parte 2
por Angelo Aguarod
Reformador (FEB) Dezembro 1919 


            Tua segunda objeção se limita a supor por que os Mestres ou Guias Espirituais
invisíveis não estendem sua ação protetora a muitos casos em que ela é necessária.

            É uma suposição destituída de fundamento, efeito daquela falta de compreensão e miopia espiritual a que antes me referi.

            Não esqueças que tudo quanto acontece no mundo são efeitos fatais, de uma fatalidade opressora e indesviável. E contra o que é fatal, que queres que façam teus Guias e Mestres? Forçosamente, tem que deixar produzir-se as consequências indeclináveis das coisas que os homens geraram.

            Nem contra o aborto das causas, que efeitos tão desastrosos como os que amargam tua existência hão de produzir, podem eles exercer uma ação mui eficaz; porque não está em suas faculdades cortar o precioso dom do livre arbítrio com que dotou o Criador o ser humano; e esse livre arbítrio, ainda que seja certamente limitadíssimo em seres de minguado adiantamento, como o são a generalidade dos terrícolas, exercitado por estes nos limites do que podem, que queres que produza? A geração de causas há de certo trazer como consequência dissabores, dores e amarguras, flagelos que não podem evitar os guias espirituais, porque os impede não somente a Lei senão também o próprio interesse de seus protegidos. Estes se acobertam tais amarguras, obras deles mesmos, e a experiência que o sofrimento lhes proporciona, os induz à retificação de conduta. Quando dá-se este aso, é aproveitado pelos protetores invisíveis, que, ao calor das novas e boas disposições de seus guiados, inspiram uma melhor conduta a observar, coisa que só conseguem pela maior eficácia que tem sua intervenção, verificada em semelhantes condições.

            Como os Guias e Mestres invisíveis sabem que, quanto acontece aos encarnados na terra, por doloroso que seja, há de redundar em beneficio para estes, não têm pressa em precipitar reações, que forçosamente hão de vir, e deixam os seus guiados navegar no mar dos efeitos produzidos pelas causas que eles geraram; porém, permanecendo sempre alerta nos naufrágios para lhes estender a tábua salvadora no momento oportuno.

            Os Mestres e Guias espirituais velam sobre todos os passos dos seus protegidos e estão sempre prontos a intervir, em casos de necessidade, nas ações destes, porém sem coagir-lhes a liberdade. Eles não abandonam nunca os espíritos encarnados; são estes que se separam dos seus Guias, e não ouvem sua voz paternal, protetora, quando os chama ao bom caminho.

            E quando o homem aberta e repetidamente se rebela contra as boas inspirações de seus Guias, estes o deixam entregue às suas forças exclusivas, para que o peso da dor o chame a juízo, já que repelem a proteção paternal disposta pela Divina Providência.

            Por isso há tantos espíritos encarnados na Terra que, não obstante a amorosa solicitude de seus Guias e Mestres invisíveis, vivem entregues ao delito, à dissipação, à uma existência horrorosamente culpada.

            Os passos desses espíritos delinquentes são veludos, da mesma maneira que os dos seres que se acham colocados numa altura moral invejável. Dia virá, para aqueles, em que a mesma Lei, com seus açoites, conseguirá pô-los em disposição de ouvir a voz protetora de suas Guias, e então começará para aqueles o período de regeneração,

            Por isso, não acredites que, quando os seres sofrem e experimentam contrariedades sem conta, são desatendidos por seus Mestres e Guias. São sempre atendidos, instruídos, sustentados e convenientemente, e com amor, em suas rudes provas; porém é preciso que que se esgotem em sua totalidade as consequências dos atos delituosos de outros tempos e que os desagradáveis efeitos dos erros cometidos sigam seu curso, pois essas amarguras também são mestres e guias.

            Pelo que resulta que, quando o homem se crê mais abandonado de seus guias, os tem por partida dobrada, já que a providência do que, invisível, segue seus passos para aproveitar qualquer circunstância que o permita favorece-lo, se une o flagelo, mestre que, de urna maneira convincente, ensina aos recalcitrantes, obrigando-os, pela dor e desenganos, a entrar na vereda.

            Os Mestres e Guias espirituais invisíveis dos terrícolas, são sempre a providência, destes, que vela até o menor de seus pensamentos. Não os desamparam nunca, como repetidamente tenho dito; somente obram na forma do tempo que o homem não compreende, e por isso se crê mais desamparado, quando maior é a ação de seus Guias invisíveis sobre ele, pondo a Luz ante sua inteligência e oferecendo-lhe um apoio seguro para vencer as dificuldades e evitar os abismos.

            Convence-te, de uma vez por todas, filho meu: A providência do Pai não deixa nunca em abandono a nenhum dos seus filhos, por culpado que seja, e ainda o delinquente é seguido com a solicitude e essa providência se manifesta em forma de Mestre e Guia espiritual de Anjo bom, cuja solicitude pana seu protegido é inesgotável.

            Assim, filho meu, não te consideres nunca desamparado de teus Guias e Mestres espirituais sempre estes estão à espreita para te prestarem os auxílios de que necessitas, porém, não esqueças que deves ser tu, e não eles, o artífice de tua perfeição e, portanto, que muitas vezes terás que ficar entregue às tuas próprias forças para que, deste modo, conseguido o objetivo de tua vida terrestre, possas gozar, como teu, e bem teu, o fruto de teu labor.

            Esta espécie de abandono também é providencial, porque, mediante ele, o espírito aperfeiçoe sua individualidade, a qual, aperfeiçoada, há de converte-lo, um dia, em um semideus, fazendo-o por sua vez, Mestre e Guia de seus irmãos menos evoluídos.

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