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terça-feira, 22 de setembro de 2015

A Técnica da Paciência



            A paciência é virtude muito ensinada, mas dificilmente vivida nos momentos em que ela se torna imprescindível.

            Recomenda-se lhe o uso desde tempos imemoriais.

            Dela tratam as religiões, as filosofias e, hodiernamente, a psicologia.

            Evidentemente, para que algo possa ser conscientemente usado é necessário que seja conhecido.

            Já é tempo de aprofundar-se o estudo desse estado emocional produtivo, a fim de que seus benefícios sejam dilatados.

            Ante difícil problema, forte emoção, profunda tristeza ou qualquer frustração, o antídoto recomendado é: - paciência!

            Mas, como encontrar a paciência?

            Deverá ser buscada interiormente ou exteriormente?

            Muitas são as questões que o tema propõe.

            Evidentemente não pretendemos equacioná-los.  Todavia, urge comentá-lo, analisá-lo com maior profundidade.

            Começamos nossa ilação interrogando: paciência encontra-se ou se desenvolve?

            Acreditamos que a paciência é um estado mental positivo que se desenvolve.

            Porém, esse desenvolvimento, em face do próprio processo evolutivo a que o espírito está subordinado, pode ser natural, espontâneo, empírico, por isso mais lento; ou planejado, estudado, preparado e exercido conscientemente, no processo da auto-educação, - consequentemente mais rápido.

            Como o homem, através do estudo e da técnica, pode melhorar o rendimento até do vegetal, o que não alcançará ele se a mesma coisa fizer na estruturação da sua felicidade?

            Portanto ensaiemos em torno da paciência. Absolutamente não pode ela ser confundida com o desanimo, a inércia, o desinteresse, a acomodação ou outros estados emocionais que, exteriormente indicam certa tranquilidade por parte daquele que enfrenta exacerbada dificuldade.

            Não é paciente aquele que ignora propositadamente o problema.

            Exige uma atitude positiva, verdadeira e realista ante o fato, ato, sentimento ou emoção frustrante.

            É preciso conhecer o problema, suas causas e efeitos. Delimitá-lo em seu real território. Consequentemente, a paciência é a conscientização que, clarificando o obscuro e aterrador, proporciona visão clara e posição íntima, serena, para a movimentação de forças solucionadoras.

            Ela pode ser: ativa ou passiva.

            Ativa quando, para a solução do problema, ela determina comportamento e atitudes atuantes na remoção do obstáculo, de forma enérgica, persistente e confiante.

            Passiva, quando a omissão e a inércia se impõem a fim de que o comportamento e a atitude ante o fato obstruidor não seja irracional, infringindo os princípios equilibrantes da Lei Divina.

            Diante dessas duas formas de dispor da energia mental é que reside a importância de “como” ser paciente. Nessa aplicação torna-se necessário profundo estudo para conhecer: se houve liberação de forças instintivas, oriundas da animalidade irracional, ou forças superiores conscientemente aplicadas para o engrandecimento do homem.

            Outro aspecto que merece analisado é a reação interiormente sentida, sob a forma de irritação, revolta, despeito, cólera e, até mesmo, ódio ante o evento desagradável.

            Isto porque, às vezes, a causa do desajustamento não está no exterior; fato, acontecimento ou pessoa, mas em raízes neuróticas que a personalidade traz em si. Então, essa causa faz explodir, na personalidade, as reações improdutivas, egoísticas e destruidoras.

            Por isso, é necessário que, ante o problema, a reação por ele produzida seja “facionalmente” compreendida (se tem um sentido construtivo ou destrutivo).

            O que jamais ocorre é a paciência constituir-se em emoção imponderável. Ela é um feixe de energias mentais positivas e atuantes. _

            Concluímos que a paciência é uma posição mental construtiva, a ser conquistada. Para tal, caminharemos ganhando terreno aos poucos, pois, como verdadeira técnica, exige esforço, persistência e prática.

            Não é conquistável de uma vez, nem por um “golpe de força de vontade”.

            Até sua conquista definitiva e exercício natural, conforme a situação, ela será exercida ou não de modo perfeito ou imperfeito.

            O que importa é seu conhecimento e aplicação pois a paciência constitui condição para a saúde mental e processo de desenvolvimento espiritual.  

A técnica da paciência
Airton Paiva

Reformador (FEB) Fevereiro 1970

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