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quarta-feira, 20 de novembro de 2013

A Celeste Dádiva



A Celeste Dádiva
Martins Peralva
Reformador (FEB) Maio 1963

            "O Reino dos Céus é semelhante a um tesouro oculto no campo" - assevera Jesus em Mateus, 13: 44.

            Efetivamente, enquanto a mensagem evangélica não repercute em nossa Alma, sensibilizando-nos o coração, não lhe sabemos dar a necessária valia.

            Os outros "tesouros" do mundo - tesouros com inicial minúscula- empolgam-nos a mente, deslumbram-nos o coração, aprisionam-nos a consciência.

            Os bens materiais, exacerbando a ambição.

            Os louvores dos homens, iludindo-nos o Espírito.

            As considerações do mundo, ameaçando-nos a estabilidade emocional.

            O destaque social, a envolver-nos o coração em malhas perigosas, porque realmente sutis.

            As absorventes requisições do nosso "eu" inferior - orgulho e vaidade, inveja e ciúme a nos favorecerem dilatada permanência nas planícies e faixas do egoísmo.

            Todas essas expressões, que formam o conjunto das terrenas circunstâncias, são "tesouros" milenarmente disputados pelo nosso coração em contendas infelizes, nas recentes experiências terrestres, ou nas remotas lutas de nossa Alma Eterna.

            Sobrestimando semelhantes "tesouros" cultivando-os alucinadamente, a eles nos apegando com toda a força de nosso Espírito, não enxergávamos o Grande Tesouro, tão perto de nós - oculto no campo de nosso coração ...

*

            Um dia - no Supremo Instante de nossa Vida - encontramos o Tesouro Maior, que a nossa cegueira espiritual não descobria.

            Despertamos, radiosamente felizes, para o Amor, para o Bem com Jesus, trabalhando e servindo em termos de Eternidade.

            Apressamo-nos, então, a comprar aquele campo, a fazê-lo nosso, isto é, a amar aqueles valores novos, aquelas moedas diferentes, que passam a constituir, daí por diante, a maior e mais definitiva razão de ser da nossa existência.

            Os "velhos tesouros", que a nossa ignorância guardara avidamente, começam a perder aquele brilho que tanto nos ofuscava a visão espiritual.

            As antigas formas de vida passam então a ter relativo significado para o nosso Espírito, para o nosso coração.

            Não mais vivemos em função exclusiva daqueles embaçados "tesouros", eis que um Tesouro Maior - aquele que por tantos séculos e milênios Se ocultara nas dobras do nosso sentimento - já se constitui a CELESTE DÁDIVA que nos cabe aceitar, desenvolver, distribuir

            É que o Tesouro Maior, conduzindo-nos o pensamento para os sublimes problemas do Infinito na Eternidade, faz-nos lembrar, com o poeta (“imagens e Emoções", Ivan Hora Fontes), que

“A morte igualitária, lúgubre, infalível,
na comunhão do pó irmanando as criaturas
vaidades e ambições baixando ao mesmo nível",

é a mensageira divina renovando-nos incessantemente, as experiências.        

*

            O Espiritismo, com Jesus-Cristo, tem sido, também, para todos nós, que vivemos à sombra augusta e generosa de sua bandeira de fraternidade, esse Tesouro inavaliável, que nos empolga e felicita, que nos humaniza e nos torna realmente venturosos.

            Cada um de nós se converte num seu espontâneo e consciente guardião, a fim de que, preservando-o de intromissões marginais e desagregadoras, possam as suas bênçãos alegrar-nos a vida e a dos nossos semelhantes.

            Deus nos guarde, para que sejamos menos fracos na guarda e preservação dessa Celeste Dádiva.

            Jesus nos abençoe, para que saibamos fazer muito grande e valioso esse Tesouro - com inicial maiúscula - cujos luminosos filões vão fertilizando, beneficamente, a sementeira das almas humanas - encarnadas e desencarnadas. 

            Guardemos, pois, a Celeste Dádiva, com que Jesus materializou a promessa do Consolador, como sendo a nossa "responsabilidade mais alta, porque dia virá em que seremos naturalmente convidados a prestar contas" do excelso Tesouro, consoante adverte a respeitável e sempre querida palavra de Emmanuel (“Religião dos Espíritos”, mensagem "Doutrina Espírita", pág. 191)


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