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quinta-feira, 11 de novembro de 2021

Vigiar e examinar

 

Vigiar e examinar

Percival Antunes (Indalício Mendes)

Reformador (FEB) Outubro 1964

                 Há necessidade de serem examinadas mui atentamente as comunicações recebidas do Além. Não basta que sejam transmitidas de Espíritos a médiuns de categoria, porque eles não são direta nem indiretamente responsáveis pelas mensagens recebidas. São meros instrumentos de recepção. Apenas oferecem ao Espírito comunicante a possibilidade de ter um “aparelho” que lhe permita pôr-se em comunicação com o mundo físico. Com mais razões, os chamados médiuns inconscientes.

            Muitas comunicações espíritas estão eivadas de conceitos católicos e alguns confrades menos cautelosos as aceitam integralmente, sem ao menos analisar o conteúdo das mensagens, eliminando tudo quanto colida com os princípios doutrinários do Espiritismo.

            Nada disso é novidade, mas estamos numa época em que pouco se examinam essas coisas e daí a intromissão em determinados centros espíritas de ideias e conceitos puramente católicos e práticas que não são sancionadas por nossa Doutrina.

            Muitas coisas podem ocorrer contra a vontade do médium. Stainton Moses, médium muito religioso, teólogo, deparou muitas vezes, em seus escritos automáticos, com proposições ateias e satânicas. “Quase todos os meus escritos automáticos, confessa ele, eram contrários às minhas convicções” (“A Verdade Espiritualista”, de C. Picone Chiodo).

            A tendência perigosa de se aceitar tudo quanto venha do Além, subscrita por nomes tidos por ilustres, em vez de favorecer o desenvolvimento do Espiritismo, prejudica-o, por retardar a compreensão clara dos seus princípios doutrinários. Um Espírito que inculque a realização de um casamento “espírita”, sob o argumento de que nada obsta a que os nubentes sejam abençoados e beneficiados por uma prece, está sofismando. Afirmar que discordar dessa ideia constitui fanatismo, é capciosa.

            Há muitos “espiritismos” espalhados por aí a fora.  Cada qual tem o seu programa de trabalho, de acordo com a vontade do “dono” da casa. Este faz o “espiritismo” que mais convenha aos seus conhecimentos ou às conveniências que lhe mereçam maior consideração. Como resultado dessa liberdade de ação, surgem práticas absurdas, contraditórias, que iludem as pessoas simplórias e redundam em explorações por parte daqueles que se interessam em atacar o Espiritismo, atribuindo-lhe vícios e defeitos que não tem, porque não interessam por conhecer-lhe a Doutrina e, se a conhecem, fazem como se a ignorassem.

            Há um meio de lutarmos todos contra isso: promovendo uma campanha em favor da difusão da Doutrina Espírita, pela palavra falada, nas tribunas, assim como no rádio e na televisão, como também pela palavra escrita, em jornais (profanos, de preferência) e qualquer outro órgão de divulgação.

            Já ouvimos pessoas ditas espíritas que aceitam a Santíssima Trindade tal como os católicos. Para maior segurança do erro que cometem, louvamo-nos na palavra do nosso querido Emmanuel, Espírito sublimado, que diz: “Os textos primitivos da organização cristã não falam da concepção da Igreja de Roma, quanto à chamada ‘Santíssima Trindade”. Devemos esclarecer, ainda, que o ponto de vista católico provém de sutilezas teológicas sem base séria nos ensinamentos de Jesus”. (1)

            É indispensável que os espíritas estudem as obras que esclarecem esses pontos importantes, para que não incidam em erro lesivos à integridade da nossa Doutrina, principalmente aqueles que têm a responsabilidade de orientar grupos. Permitir ambiguidades será concorrer para o enfraquecimento dos postulados kardequianos.

             (1) Grifos do autor do texto.


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