Pesquisar este blog

quarta-feira, 24 de novembro de 2021

A família Fox

 

A família Fox

A Redação

Reformador (FEB) Outubro 1944

             Um dos exemplos mais admiráveis da brusca invasão dos fenômenos espíritas e da maneira pela qual se impõe a força em atividade, apesar de todas as oposições e da resistência dos médoiuns, apresentou-se no começo do movimento espírita. Trata-se da mediunidade dos filhos da família Fox, em 1848. É inútil recordar todos os episódios dessa série de manifestações, pois qye estão narradas circunstanciadamente nas obras especiais: “Modern Spiritualism”, its Facts and Fanaticisms”.pelo Sr. Capron, Boston, 1885; “The Missing Link in Modern Spiritualism”, por Lea Underhill, “Uma das irmãs Fox”, New York, 1885. Farei, apenas, ligeira exposição cronológica dos principais incidentes dessa curiosa série de fenômenos.

            Foi em 1848, em Hydesville, que se ouviram as pancadas pela primeira vez; elas se repetiam todos os dias, não deixando a família descansar e intimidando as crianças. Como não se pudessem conservar em segredo essas manifestações, os vizinhos vão presencia-las, e as perseguições começam. Pouco depois, os Fox são denunciados como impostores e por fazerem comércio com o diabo. A igreja episcopal metodista, da qual os Fox eram adeptos notáveis, os excomunga. Descobre-se a natureza inteligente das pancadas, visto revelarem que um assassinato fora cometido na casa e que a vítima fora sepultada na adega, o que foi verificado mais tarde.

            Em abril de 1848, a família Fox transporta-se para Rochester, para a casa da Sra. Fish, filha mais velha do Sr. E da Sra. Fox, que era professora de música. Os fenômenos reproduzem-se e mesmo se desenvolvem consideravelmente. Às pancadas juntam-se o deslocamento e  a projeção de toda espécie de objetos, aparições, contatos de mãos, etc. Curiosos invadem a casa de manhã à noite e são testemunhas desses fenômenos. A desordem  torna-se tão grande que a Sra. Fish não pode continuar a dar lições de música e tornou-se impossível se ocuparem com o serviço doméstico.” (Capron, pág. 63). “Um ministro metodista propôs-se a exorcisar os espíritos” (pág. 60), mas isso nada adiantou. Finalmente, o acaso fez descobrir a possibilidadede se comunicarem com os Espíritos, pelo alfabeto. Depois de ter declarado, com grande surpresa da família “que eles eram amigos e parentes” (Capron, pág. 64), os Espíritos exigiram que o estudo dos fenômenos se tornassem público. “Deveis proclamar estas verdades ao mundo”. Tal foi a primeira comunicação (Missing Link, pág. 48). Ao que a família Fox se recusou obstinadamente.

            Para que o leitor possa capacitar-se da situação em que a família se achava naquela época, vou reproduzir uma parte da narração de Mrs. Lea Underhill:

         Desejaria por em evidência que os sentimentos de toda a família, de todos nós, eram hostis a essas coisas bizarras e incongruentes; nós as considerávamos uma desgraça, uma espécie de calamidade que caía sobre nós, sem saber donde, nem porquê! De acordo com as opiniões que no chegavam de fora, nossas próprias inclinações e as ideias que nos tinham sido inoculadas na infância nos levavam a atribuir aqueles acontecimentos ao “Espírito maligno”; eles nos tornavam perplexos e nos atormentavam ; de mais, lançavam sobre nós um certo descrédito na localidade. Tínhamos resistido àquela obsessão e lutado contra ela, fazendo preces fervorosas para a nossa libertação, entretanto, estávamos como que fascinados por essas maravilhosas manifestações, que nos faziam suportar, contra a nossa vontade, forças e agentes invisíveis, aos quais érqmos impotentes para resistir e que não podíamos dominar ou compreender. Se nossas vontade, nossos mais sinceros desejos e nossas preces tivessem preponderância, todas essas coisas teriam terminado naquela mesma ocasião, e ninguém, além da nossa vizinhança mais próxima, jamai teria ouvido falar dos “Espíritos batedores” de Rochester, nem da desventurada família Fox. Mas não estava em nosso poder deter ou dominar os acontecimentos.” (Pág. 55)

             “Em novembro de 1848, os “Espíritos” informaram a família de que não podiam lutar contra a resistência que lhes opunhm, e que, em consequência da insubmissão dos médiuns às perguntas dos Espíritos, estes seriam obrigados a deixá-los. Os médiuns responderam que não tinham objeção alguma a fazer, e que nada lhes poderia ser mais agradável e até mesmo só desejavam que os Espíritos os deixassem.” (Capron, pág. 88). Efetivamente, as manifestações detiveram-se e durante doze dias manifestações detiveram-se e durante doze dias não se ouviu uma só pancada. Mas, nesse ínterim, produziu-se uma brusca mudança nas ideias dos membros da família. Tiverm profundo pesar por sacrificarem às considerações mundanas um dever que lhes tinha sido imposto em nome da verdade, e, a pedido de um amigo, as pancadas soaram de novo, e foram saudadas com alegria.

             “Parecia que recebíamos antigos amigos, escreve Lea Underhill; amigos que não tínhamos sabido apreciar dantes, como era preciso” (página 60). Entretanto, do mesmo modo que outrora, as pancadas não deixavam de repetir, imperiosamente: “Tendes um dever a cumprir; queremos que torneis públicas as coisas de que sois testemunhas” (Capron, pág. 90). Os interlocutores invisíveis traçaram o plano de operações que devíamos adotar, com minuciosos pormenores; era preciso alugar a grande sala pública “Corinthian Hall”; os médiuns deviam subir ao estrado em companhia de alguns amigos; as pessoas designadas para ler a conferência foram G. Willets e C. W. Capron (autor do livro citado acima); este último devia fazer o histórico das manifestações; uma junta composta de cinco pessoas, deisgnadas pela assistência, devia fazer uma investigação nessa matéria e redigir um relatório que seria lido na sessão seguinte. Os Espíritos prometiam patentear-se de maneira a serem ouvidos em todas as partes da sala. Essa proposta teve a nossa recusa categórica.” Não tínhamos, de maneira alguma, o desejo, diz o Sr. Capron, de nos expor ao riso público e não queríamos angariar uma celebridade desse gênero... Mas, garantiram-nos que era o melhor meio de impor silêncio às calúnias e de mostra a verdade, e que prepararíamos, desse modo, o terreno para o desnvolvimento das comunicações espirituais, que se efetuariam em futuro próximo.” (Páginas 90 e 91).

             Mas o temor da opinião pública preponderava sempre, e ninguém se decidir a tomar a iniciativa dessas sessões. Então, os “Espíritos” propuseram estabelecer audiências em casas particulares, em grandes salas, para que se convencessem de sua faculdade de dar pancadas, perante um público mui diverso. Decorreu um ano inteiro, antes que as instâncias e as exortações de uns triunfassem das escusas dos outros. Finalmente, fez-se o ensaio, e o Sr. Capron começou as experiências em casas particulares; “elas deram bom resultado, e as manifestações foram sempre interessantes e distintas” (página 91). Foi, só então, após numerosos ensaios, que decidiram tentar a grande prova, e um “meeting” público foi anunciado para a noite de 14 de novembro de 1849, no “Corinthian Hall”, em Rochester. O êxito foi completo. Três “meetings” consecutivos deram os mesmos resultados, e o movimento espirítico nasceu!..   





Hydesville

De Leôncio Correia por W. Vieira

Reformador (FEB) Março 1977

 

“Recordas a Belém de nossa fé. Mangedoura feliz do Espiritismo!”

 

Na telas sucessivas da verdade,

Brilharás como estrela para os povos

Na alegria recôndita que invade

A existência ideal dos homens novos!

 

Todo o roteiro espírita cristão

Algo de teu caminho nos descerra;

Concha acústica da Revelação,

Teus raps ecoaram pela Terra!

 

Contigo, um lar humilde e ignorado

Trouxe o verbo do Além. Serenoe forte

Revelando às Nações, em grande brado,

Para a glória da vida que há na morte.

 

Três jovens médiuns contra os preconceitos

Venceram emboscadas e sofismas,

Mostrando aos olhos cegos e imperfeitos

Lições da Antiguidade noutros prismas.

 

Fulguras como excelsa encruzilhada

Aos destinos humanos sofredores,

E és ainda a baliza iluminada

Por doce lenitivo às nosss dores.

 

Hydesville! Saudamo-te de pé,

Na luta contra as sombras do ateísmo!

Recordas a Belém de nossa fé,

Manjedoura feliz do Espiritismo!



Nenhum comentário:

Postar um comentário