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terça-feira, 16 de novembro de 2021

O Clarividente e a Polícia Holandesa

 

O Clarividente e a Polícia Holandesa

Túlio Tupinambá (Indalício Mendes)

Reformador (FEB) Maio 1964

             Podem ficar surpreendidos aqueles que desconhecem que, muitas vezes, o “impossível” é possível. Nós, que estamos familiarizados com o Espiritismo e tudo quanto lhe é afim, através de leituras e até de observações, já não nos impressionamos com os fatos inabituais, levando em conta que há ainda muitas leis naturais que o mundo ainda desconhece.

            Há na Rússia soviética, mais precisamente, na Universidade de Leningrado, um Laboratório de Investigações dos fenômenos telepáticos, que esteve (não sabemos se ainda está) sob a direção do prof. L. L. Vasiliev, então presidente do Dep. de Fisiologia.

            Semelhante fato, revela que, mesmo num país de profundas e rígidas convicções materialísticas, o Espírito começa a abrir caminho...

            Em Amsterdã, Holanda, um detetive, diferente dos outros, facilitou os trabalhos da Polícia, que se achava perplexa e sem saber como agir diante de misterioso crime.

            O caso se passou assim, segundo lemos no “Diário de Notícias”, do Rio, de 4 de Janeiro do ano corrente que, data vênia, reproduzimos em parte:

             “Na madrugada de 5 de dezembro de 1948, uma mocinha de 21 anos foi atacada quando caminhava sozinha por uma estrada, nas proximidades de Wierden, na Holanda Oriental. O agressor desferiu-lhe pesado golpe com um martelo na cabeça.

            “O inspetor de polícia que atendeu à ocorrência chamou imediatamente, a seu gabinete, um dos mais estranhos detetives que já participaram de investigações policiais, Gerard Croiset, de 54 anos, ex-empregado de uma mercearia em Utrecht, hoje considerado grande vidente na Holanda.

            “Sob os olhares céticos dos policiais presente, o estranho detetive tomou nas mãos o martelo, único elemento capaz de fornecer uma pista sobre o crime, e concentrou-se durante alguns momentos. Em seguida, disse:

            “O homem que estão procurando é alto e moreno. Tem cerca de 30 anos e sua orelha esquerda é deformada. Mas este martelo não lhe pertence. Seu dono é um homem de meia-idade, que o criminoso visita com frequência em uma casinha branca perto daqui. Faz parte de um grupo de três casas idênticas.  

            “Durante meses a Polícia procurou o criminoso. Certo dia, um homem foi detido para interrogatório, sob suspeita de outro crime. Era alto, moreno, e tinha 29 anos de idade. Uma deformidade em sua orelha levou os policiais a interroga-lo sobre a agressão a martelada.

            “Finalmente, o preso confessou-se autor do ataque e contou que tomara o martelo de um amigo. A polícia investigou e descobriu que o martelo pertencia a um homem de 55 anos, residente em uma casinha branca, ladeada por duas outras casas idênticas.

             Como se vê, trata-se de um caso de Psicometria ou “pragmancia”, como querem outros. É uma das modalidades da clarividência. Na Psicometria, ensina Ernesto Bozzano, “parece evidente que os objetos apresentados ao sensitivo constituem verdadeiros intermediários adequados, que, à falta de condições experimentais adequados, que, à falta de condições experimentais favoráveis, servem para estabelecer a relação entre a pessoa e o meio distante, mercê de uma “influência” real, impregnada no objeto pelo seu possuidor. Essa “influência, de conformidade com a hipótese psicométrica, consistiria em tal ou qual propriedade da matéria inanimada para receber e reter, potencialmente, toda espécie de vibrações e emanações físicas, psíquicas e vitais, assim como tem a propriedade de receber e conservar em latência as vibrações do pensamento” (1), refere a experiência feita com uma pena de pombo-correio.

                (1) Ernesto Bozzano – “Enigmas da Psicometria”. Ed. FEB 1949, FEB, págs. 5 e 7.

             A sensitiva, Srta. Edith Hawthorne, mostrou “que o objeto psicometrado colocou-a em relação com a mentalidade animal”. (2)

                (2) Idem, idem, págs. 25 e 26.

                 Ela descreveu, com preciso, “o interior do pombal, onde existia um punhado de ervilhas e uma tigela com água”.

            Aqueles que ainda não conhecem esse livro de Bozzano, excelente como todos os que saíram das mãos desse notável estudioso dos problemas psíquicos, devem lê-lo e estuda-lo. Aprende-se muita coisa. Espiritismo não é apenas frequentar sessões e tomar passes. Demanda estudo, vontade de aprender, ânsia de adquirir novos conhecimentos. Novo mundo se abre diante dos nossos olhos, para a evolução do nossos Espírito.

            O clarividente de Utrecht, referindo-se à sua faculdade psicométrica, declarou:

             “Considero-a como um dom de Deus. Embora a polícia nem sempre o divulgue, tenha sido chamado numerosas vezes para ajudá-la em suas investigações. Realmente não me importa que acreditem ou não neste meu poder de clarividência. Não uso meu poder para obter vantagens materiais. Se o fizesse, poderia perde-lo. E nada cobro pelos meus serviços.”

             O vespertino “O Globo”, de 21 de Dezembro de 1963, além de dar a público aquele caso de Psicometria verificado com Gerard Croiset, registra o que, em Haia, o inspetor de polícia David von Woudenberg afirmara: “o homem é incrível. Se algum dia eu me tornar chefe de Polícia, não hesitarei em chama-lo toda vez que encontrar um problema difícil.”

            Para esse inspetor de Polícia não há mais dúvidas quanto aos poderes clarividentes do Croiset.

             “Na última Páscoa – conta Woudenberg – os pais de um garoto de seis anos disseram-nos que ele estava perdido. Durante mais de uma semana, procuramos em todos os edifícios vazios, campos e bosques dos arredores e dragamos todos os canais. Nada encontramos. Estávamos já desnorteados. Os pais estraram então em contato com Croiset e pediram-lhe que os ajudasse.

            “Logo que recebeu o pedido de ajuda dos pais e enquanto ainda estava em Haia, Croiset, na presença de testemunhas, fez um esboço do canal em que, afirmava, seria encontrado o corpo do menino. Desenhou uma casa de campo ao lado do canal e disse que havia um catavento perto, além de uma caixa de papelão branca, cheia de lixo. E disse ainda que do outro lado do canal havia um muro, com um portão.

                “Declarou que aquele era o local em que o menino caíra na água, mas seu corpo estava uns 600 metros de distância, levado que fora pela correnteza. Fui com Croiset de carro até o canal e ele disse que ali ocorrera o acidente. Já se passavam oito dias desde que o garoto desaparecera.

                “Encontramos o local que Croiset descrevera em seus mínimos detalhes. A caixa de papelão estava tão coberta pelo mato, que tivemos de procura-la durante algum tempo. Fomos então até uma ponte de cimento, sobre um trecho estreito do canal. Eu podia ver o suor escorrendo da fronte de Croiset, que se deteve no meio da ponte.

                ‘O rosto dele estava muito vermelho e era evidente que estava sob violenta tensão emocional. Disse-me então: “Na terça-feira, o corpo do garoto subirá à tona da água, nesta ponte.” Acrescentou que seria inútil dragar o canal. Apesar disso, fizemos dragagens durante todo o fim de semana, mas nada encontramos.

                “As 7h 45m de terça-feira, um policial viu o corpo surgir à superfície, Era realmente sobrenatural. A não ser por um estranho poder, como poderia aquele homem prever as coisas com tanta exatidão?”

             Muita razão tinha Shakespeare ao colocar na boca de uma personagem de um dos seus dramas esta frase imortal: “Há mais coisas entre a Terra e o Céu do que cogita a vossa filosofia, Horácio.”



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