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quarta-feira, 1 de abril de 2020

O verdadeiro espírita



O verdadeiro espirita
por Orville Derby A. Dutra
Reformador (FEB) Julho 1941
  
            O espírita ou espiritista sincero, de convicções enraizadas, não faz espiritismo por passatempo. Para ele, a doutrina é o que de mais sublime lhe foi dado conhecer, pois o consubstancia um ideal divino. Tem-na como um porto seguro, onde pode lançar tranquilo a âncora da sua fé, produtiva de bons atos. Sente-se feliz, reconhecendo nela uma obra que traz o selo da sabedoria do Senhor, porque doutrina que não vem de Deus não pode encarar de frente a razão em todas as épocas da humanidade, como o faz o Espiritismo que, portanto, não se pode confundir com essas árvores que o Pai não plantou e que, em consequência, serão, como o diz o Evangelho, arrancadas e lançadas ao fogo.

            Por isso mesmo, o espiritista convicto, compenetrado que se acha de seus deveres, consagra os maiores esforços a cumpri-los e trabalha com ardor e confiança pela doutrina que professa, certo de que, obedecendo aos preceitos do Evangelho, tudo mais lhe será dado de acréscimo e por misericórdia.

            Não se preocupa com o fazer, seja o que for, para ser visto por olhos humanos, nem para receber os galardões do mundo, cuidando unicamente de que os seus atos sejam dignos de patentear-se aos olhos de Deus, que tudo vê de quanto obramos e pensamos, e, para esse efeito, tudo o que pratica em silêncio, procurando que nem o seu nome jamais apareça.

            Desde que, porém, precise assumir ostensivamente a responsabilidade de suas ações, ele não se esconde, antes se apresenta leal e sinceramente a se mostrar responsável pelos atos de que se trate.

            Assim como pela sua vida pública, ele também se caracteriza e qualifica pela sua vida particular.

            São sempre calmas e ponderadas as suas resoluções e, acima de tudo, sinceras e francas.

            Como pregador, a sua atitude é nobre, embora modesta e a substância de suas alocuções tira-as dos ensinos contidos nos Evangelhos do Mestre. Jesus, não descurando jamais de realizar em si os ensinamentos que constituam objeto de suas pregações.

            Humano, como é, também tem direito e procura sem prejuízo das obrigações que lhe correm, divertimentos que lhe recreiem o espírito, repousando-o das cogitações sérias. De nenhum, porém, se torna escravo ou fanático e nenhum busca o que não condiga com a elevação de seus sentimentos ou da tarefa em que se considere investido.

            Encara tranquilamente a vida, com seus altos e baixos, sem se perturbar com as suas vicissitudes e sem se deixar tomar de desanimo ante as decepções e amarguras que ela lhe reserve, recebendo com paciência e submissão à justiça divina a dor e o sofrimento que o atinjam, pois que bem lhes conhece as causas e origens.

            Se se lhe impõe a necessidade de discutir em sustentação da doutrina, ou para retificar a interpretação de algum de seus pontos capitais, mantém o debate em terreno elevado, exemplificando serenidade e tolerância; em vez de humilhar, esforça-se por elevar o adversário.

            No centro ou agremiação a que pertença, quer como membro da sua diretoria, quer como simples associado, mostra-se solícito para com todos, respeitador de todas as normas e resoluções em vigor e cônscio de suas responsabilidades.

            Em nenhuma ocasião, nem mesmo em simples palestras, graves ou alegres, usa de palavras ou expressões pesadas ou, sequer, pouco delicadas.

            É sempre comedido e criterioso no falar, lembrado de que o Evangelho diz que a boca fala aquilo de que está cheio o coração.

            Enfim, soldado do Evangelho, sempre resoluto e firme no seu posto, luta de contínuo contra o mal, empunhando as únicas armas de que pode utilizar-se o verdadeiro cristão, revelando-se de bom ânimo em todas as circunstâncias e alegre, tomado dessa alegria sã, que lhe advém de estar conscientemente a serviço do Senhor dos senhores, dignificando-se para ser por ele qualificado de - amigo.

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