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quarta-feira, 29 de abril de 2020

Nosso dever diante da Doutrina



Nosso dever ante a Doutrina
Vinélius Di Marco (Indalício Mendes)
Reformador (FEB) Abril 1958

            Ninguém pode julgar-se espírita somente porque frequenta sessões práticas, toma passes e ouve palestras doutrinárias. Há muito engano nessa atitude. Ser espírita é conhecer seguramente a Doutrina codificada por Allan Kardec e o itinerário cristão que de toda ela resuma e, sobretudo, porque nisto é que se encontra o essencial, viver o Espiritismo, aprimorando as próprias qualidades morais e ajudando a Humanidade a ser melhor.

            Sem estudar e sem exemplificar os ensinamentos doutrinários, ninguém poderá em são consciência dizer-se espírita. Sentimos a incompreensão daqueles que ainda influenciados pelo Catolicismo, de onde vieram, dão nomes de “santos” a centros espíritas. O alto clero católico tem protestado contra isso, assustado, dizendo que os espíritas, que já lhe tomam os crentes, querem também tomar-lhe os santos!.. Deixemos os santos nas igrejas católicas, porque temos outra noção religiosa, despreocupando-nos, portanto, de imagens, que apenas fazem relembrar remota época em que o Paganismo inculcava no espírito do povo a idolatria. No Espiritismo não há imagens nem santos, nem sacerdócio organizado. Desejamos libertar os homens de todos os preconceitos e não iríamos, portanto, prende-los a prejuízos disfarçados com outros nomes e formas diferentes. Nada disso. Tudo é espírito, para nós. Não necessitamos de imagens para fortalecer nossa fé, porque ela não se fez com absurdos, mas com o raciocínio claro de que todos os homens podem dispor.

            Tem faltado a muitos confrades o conhecimento real da Doutrina. Em vez de se preocuparem com exterioridades, devem estudar as obras de Kardec e Roustaing, porque são um extraordinário monumento de sabedoria. Por mais que sejam lidas e estudadas, sempre oferecem alguma coisa de novo para a nossa compreensão, espicaçando a nossa capacidade analítica e estimulando-nos a novas reflexões. Ler rapidamente os livros de Kardec e Roustaing, não é cultura espirítica. A Doutrina é profunda, exige estudo e meditação. Em Roustaing tiremos encontrar todo um manancial de belezas acerca do Espiritismo Cristão. “Os quatro Evangelhos” constituem, portanto, um complemento valioso da obra do insigne Mestre Allan Kardec.

            Quanto maior for o número de conhecedores reais da Doutrina, mais forte será o Espiritismo. Precisamos ver que temos responsabilidade com o presente e o futuro. Não nos encontramos na senda espírita por mera casualidade. Nem o Espiritismo se presta a manifestações pueris de vaidade. É uma doutrina de ordem, trabalho, disciplina e compreensão. Temos de provar pelo exemplo que somos espíritas, que nos achamos integrados da verdade espíritas, que podemos realizar e realizamos o que o Espiritismo tem o direito de esperar de nós. Do mesmo modo, devemos alertar os confrades que a esse respeito não estejam ainda bem esclarecidos: o Espiritismo não é doutrina de vencidos, de melancólicos, de desesperados. Evidentemente, não se trata de uma religião festiva, mas, pela sua essência, tem de ser otimista, porque nos ensina a encarar a vida de maneira franca e sincera, pois nos ensina o que é a vida, o que ela representa para nós em face do presente e do futuro, qual a posição em que nos devemos situar para que alcancemos o prêmio de nossa evolução moral. É uma doutrina de vencedores, porque aprendemos a triunfar sobre o medo da morte: é uma doutrina de alegria sã, porque mostra o motivo das desigualdades sociais, a razão do mal, as virtudes do bem, o aperfeiçoamento que se vai operando no Espírito, de encarnação em encarnação. Não é também uma doutrina de desesperados, porque não promete ao homem senão a evolução de seu ser espiritual, se seus postulados forem seguidos respeitosamente.

            Há muito que fazer, irmãos, no Espiritismo. Mais do que todos possamos avaliar. Trabalhando pelo bem da Humanidade, estaremos trabalhando por nós mesmos, porque somos partícula desse todo que sofre e luta, mas que, graças ao Espiritismo, já sofre e luta mas que graças ao Espiritismo já sabe porque sofre e conhece o motivo de sua luta. O Espiritismo não promete o Nirvana nem o Paraíso: mostra aos homens que a sua felicidade é obra de si mesmo. Não tem que esperar por milagres, mas realizar, ele mesmo, o milagre de sua recuperação através dos tempos. A felicidade que procura pode não estar hoje ao alcance do seu Espírito, mas será um dia alcançada porque o Espiritismo mostra o que leva o homem até ela!

            Estudar a Doutrina, analisa-la, disseminá-la, propaga-la, defendê-la e sobretudo exemplifica-la, - eis o dever dos espíritas que possuem legítima noção de suas responsabilidades dentro do Espiritismo.


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