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quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

O Testemunho de Jesus



                                          O Testemunho de Jesus                     

 8,12  Falou-lhe, outra  vez,  Jesus: “ -Eu sou a luz do mundo; Aquele que me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida.” 
8,13 A isso, os fariseus Lhe disseram: -Tu dás testemunho de Ti mesmo; Teu testemunho não é digno de fé. 
8,14 Respondeu-lhes Jesus: “ -Embora Eu dê testemunho de Mim mesmo, o Meu testemunho é digno de fé, porque sei donde vim e para onde vou 
8,15 Vós julgais segundo a aparência; Eu não julgo ninguém. 
8,16 E, se julgo, o Meu julgamento é conforme a verdade, porque não estou sozinho mas, comigo, está o Pai que Me enviou. 
8,17  Ora, na vossa lei está escrito:
“O testemunho de duas pessoas é digno de fé.(Deut 19,15)” 
8,18  Eu dou testemunho de mim mesmo; e Meu Pai, que Me enviou, o dá também.” 8,19 Perguntaram-Lhe: -Onde está Teu Pai? Respondeu Jesus: “ -Não conheceis nem a Mim, nem a Meu Pai. Se Me conhecêsseis, certamente conheceríeis também a meu Pai” 8,20  Estas palavras proferiu Jesus ensinando no Templo, junto aos cofres de esmola. Mas, ninguém o prendeu, porque ainda não era chegada a Sua hora.


           Para  Jo (8,12) -Aquele que me segue não andará em trevas - leiamos  “Fonte Viva”, (Ed. FEB) de Emmanuel por Chico Xavier:
           
            “Há quem admire a glória do Cristo. Mas a admiração pura e simples pode transformar-se em êxtase inoperante.
            Há quem creia nas promessas do Senhor. Todavia, a crença só por si pode gerar o fanatismo e a discórdia.
             Há quem defenda a revelação de Jesus. Entretanto, a defesa considerada isoladamente pode gerar o sectarismo e a cegueira.
            Há quem confie no Divino Mestre. Contudo, a confiança estagnada pode ser uma força inerte.
            Há quem espere pelo Eterno Benfeitor. No entanto, a expectativa sem trabalho pode ser ansiedade inútil.
             Há quem louve o Salvador. Louvor exclusivo, porém, pode coagular a adoração improdutiva.
             A palavra do Enviado Celeste, entretanto, é clara e incisiva: “-Aquele que me segue não andará em trevas”.
            Se te afeiçoaste ao Evangelho não te situes por fora do serviço cristão. Procuremos o Senhor, seguindo-lhe os passos. Somente assim estaremos com o Cristo, recebendo-lhe a excelsa luz.”

            Para o mesmo versículo de  João,  Emmanuel, por Chico Xavier, retorna em “Vinha de Luz”:

            “Há crentes que se não esquivam às imposições do culto exterior.
            Reclamam a genuflexão e o público trovejante, de momento a momento.
            Preferem outros o comentário leviano, acerca das atividades gerais da fé religiosa, confiando-se a querelas inúteis ou barateando os recursos divinos.
            A multidão dos seguidores, desse tipo, costuma declarar que as atitudes externas e as discussões doentias representam para ela sacrossanto dever; contudo, tão logo surgem inesperados golpes do sofrimento ou da experiência na estrada vulgar, precipita-se em sombrio desespero, recolhendo-se em abismos sem esperança.
            Nessas horas cinzentas, os aprendizes sentem-se abandonados e oprimidos, mostrando a insuficiência interna. Muitos se fazem relaxados nas obrigações, afirmando-se desprotegidos de Jesus ou esquecidos do Céu.
            Isso ocorre, porém, porque não ouviram a revelação divina, qual se faz necessário.
            O Mestre não prometeu claridade à senda dos que apenas falam e creem. Assinou, no entanto, real compromisso de assistência contínua aos discípulos que o seguem. Nesse passo, é importante considerar que Jesus não se reporta a lâmpadas de natureza física, cujas irradiações ferem os olhos orgânicos. Assegurou a doação de luz da vida. 
            Quem efetivamente se dispõe a acompanhá-lo, não encontrará tempo a gastar com exames particularizados de nuvens negras e espessas, porque        sentirá a claridade eterna, dentro de si mesmo.  Quando fizeres, pois, o costumeiro balanço de tua fé, repara, com honestidade imparcial, se estás falando apenas do Cristo ou se procuras seguir-lhe os passos, no caminho comum.” 




sábado, 25 de janeiro de 2020

As negações de Pedro



As Negações de Pedro

26,69  Enquanto isso, Pedro estava sentado no Pátio. Aproximou-se dele uma das servas, dizendo: Também tu estavas com Jesus, o Galileu! 
26,70  Mas, ele negou publicamente, nestes termos: - Não sei o que dizes! 
26,71  Dirigia-se ele para a porta a fim de sair, quando outra criada o viu e disse aos que lá estavam: Este homem também estava com Jesus de Nazaré! 
26,72  Pedro, pela   segunda   vez,  negou  com juramento:  -Eu não conheço tal Homem! 
26,73  Pouco depois, os que ali  estavam, aproximaram-se de Pedro e disseram: Sim, tu és daqueles. Teu modo de falar te dá a conhecer.    
26,74  Pedro, então, começou a dizer imprecações, jurando que nem sequer conhecia tal Homem. E, neste momento, cantou o galo. 
26,75  Pedro recordou-se do que Jesus lhe dissera: “Antes que o galo cante, negar-Me-ás três vezes!  E, saindo, chorou amargamente. 

        Néio Lúcio,    por  Chico Xavier, em  “Jesus no Lar”, relata episódio ocorrido em casa de  Simão Pedro e que ganhou o título:

Os Instrumentos da Perfeição

            “Naquela noite, Simão Pedro trazia à conversação o espírito ralado por extremo desgosto. Agastara-se  com parentes descriteriosos e rudes. Velho tio acusara-o de dilapidador dos bens da família e um primo ameaçara esbofeteá-lo na via pública.
            Guardava, por isso, o semblante carregado e austero. Quando o Mestre leu algumas frases dos Sagrados Escritos, o pescador desabafou. Descreveu o conflito com a parentela e Jesus o ouviu em silêncio.
            Ao término do longo relatório afetivo, indagou o Senhor:
            -E que fizeste, Simão, ante as arremetidas dos familiares incompreensivos?
            -Sem dúvida, reagi como devia! - respondeu o apóstolo, veemente. - Coloquei cada um no seu lugar próprio. Anunciei, sem rebuços, as más qualidades de que são portadores. Meu tio é raro exemplar de sovinice e meu primo é mentiroso contumaz. Provei, perante numerosa assistência, que ambos são hipócritas, e não me arrependi do que fiz.
            O Mestre refletiu por minutos longos e falou, compassivo:
            -Pedro, que faz um carpinteiro na construção de uma casa?
            -Naturalmente trabalha - redarguiu o interpelado, irritadiço.
            -Com quê? - tornou o Amigo Celeste, bem humorado.
            -Usando ferramentas.
            Após a resposta breve de Simão, o Cristo continuou:
            -As pessoas com as quais nascemos e vivemos na Terra são os primeiros e mais importantes instrumentos que recebemos do Pai, para a edificação do Reino do Céu em nós mesmos. Quando falhamos no aproveitamento deles, que constituem elementos de nossa melhoria, é quase impossível triunfar com recursos alheios, porque o Pai nos concede os problemas da vida, de acordo com a nossa capacidade de lhes dar solução
            A ave é obrigada a fazer o ninho, mas não se lhe reclama outro serviço. A ovelha dará lã ao pastor; no entanto, ninguém lhe exige o agasalho pronto. Ao homem foram concedidas tarefas, quais sejam as do amor e da humildade, na ação inteligente e constante para o bem comum, a fim de que a paz e a felicidade não sejam mitos na Terra. Os parentes próximos, na maioria das vezes, são o martelo ou o serrote que podemos utilizar a benefício da construção do templo vivo e sublime, por intermédio do qual o Céu se manifestará em nossa alma. Enquanto o marceneiro usa suas ferramentas, por fora, cabe-nos aproveitar as nossas por dentro. Em todas as ocasiões, o ignorante representa para nós um campo de benemerência espiritual; o mau é desafio que nos põe à prova; o ingrato é um meio de exercitarmos o perdão; o doente é uma lição à nossa capacidade de socorrer.
            Aquele que bem se conduz, em nome do Pai, junto de familiares endurecidos ou indiferentes, prepara-se com rapidez para a glória do serviço à Humanidade, porque, se a paciência aprimora a vida, o tempo tudo transforma.
            Calou-se Jesus e, talvez porque Pedro tivesse ainda os olhos indagadores, acrescentou serenamente:
            -Se não auxiliarmos ao necessitado de perto, como auxiliaremos os aflitos, de longe?  se não amamos o irmão que respira conosco os mesmos ares, como nos consagraremos ao Pai que se encontra no Céu?
            Depois dessas perguntas, pairou na modesta sala de Cafarnaum expressivo silêncio que ninguém ousou interromper.”

         Para Mt (26,69-75) -O Fracasso de Pedro-, encontramos em “Elucidações Evangélicas” de Antônio Luiz Sayão, o que se segue:

            “Pedro confiara demais nas suas próprias forças e não procurará o único ponto de apoio que o pudera sustentar: a prece.  Deixara-se levar pela confiança em si mesmo e, malgrado ao aviso de Jesus, não se pudera em guarda.
            Grande foi o seu remorso, pois que nele houve apenas fraqueza e não culpa.
            Houve apenas falta de previdência, de desconfiança de si mesmo, e não traição premeditada, fruto da covardia e do egoísmo.
            Ao deixar a casa do sumo sacerdote, ele reconheceu o seu erro e se dispôs a repará-lo. Essa a distinção que se deve fazer entre a fraqueza e a culpabilidade.
            Dificilmente pode o culpado reparar, no curso de uma existência, a falta durante ela cometida; ao passo que o fraco pode adquirir a força de que careça.
            Eis por que são quase sempre temerários os nossos juízos. Eis como e por que às vezes condenamos o que o Senhor desculpa e desculpamos o que Ele reprova.
            Quando o galo cantou, Jesus não estava perto de Pedro.
            Mas, naquele instante, o apóstolo experimentou uma impressão fluídica que, por efeito de mediunidade, lhe recordou as palavras do Mestre, fazendo-o ao mesmo tempo ver o semblante doce e calmo deste, que se limitava a dirigir-lhe um olhar triste, quando com a ingratidão era pago da afeição que lhe testemunhara.
            Houve, da parte de Jesus, ação magnética a distância e, da de Pedro, vidência.”
                
                                                                               
                                                                                                          
                    
                                                                  
                       


O contínuo vai-vem



O contínuo vaivém
Abel Gomes por Porto Carreiro Neto
Reformador (FEB) Março 1951

            Quem sabe a vida que, depois da morte,
            Há de levar o Espírito de alguém,
            Não lhe choremos, se foi mal, a sorte,
            Que tudo é sempre para o nosso bem.

            Por que oremos, para um novo norte,
            Que lhe traga a instrução que lhe convém.
            Que ele a um porto seguro em breve aporte,
            Quais são as obras desse grande Além!

            Em tudo bendigamos a Divina
            Justiça, que duma alma pequenina,
            Seu grande embaixador faz amanhã!

            No contínuo vaivém entre os dois mundos
            Sentimentos se criam, tão profundos,
            Que uma alma é de outra verdadeira irmã!

sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

Libertemo-nos



Libertemo-nos
André Luiz por Chico Xavier
Reformador (FEB) Março 1951

            O homem, na essência, é um espírito imortal, usando a vestimenta da carne transitória.
            A existência regular no corpo terrestre é uma série de alguns milhares de dias - átomos de tempo na Eternidade - concedidos à criatura para o aprendizado de elevação.
            A Crosta do Mundo é o campo benemérito, onde cada um de nós realiza a sementeira do próprio destino.
            A ciência é o serviço do raciocínio, erguendo a escola do conhecimento.
            A filosofia é o sistema de indagação que ajuda a pensar.
            A religião, porém, é a bússola brilhante, indicando, desde a Terra, o caminho da ascensão divina.
            Todos nós somos herdeiros da Sabedoria Infinita e do Amor Universal.
Entretanto, sem o arado do trabalho, com que possamos adquirir os valores inalienáveis da experiência, prosseguiremos colados ao seio maternal do Planeta, na condição de lesma preguiçosa.
            Não repouses, assim, à frente do dia rápido.
            Abre os ouvidos à sinfonia do bem, que se derrama em toda parte.
            Abre os olhos à contemplação da verdade que regenera e santifica.
            Abre a mente aos ideais superiores que refundem a existência.
            Abre os braços ao serviço salutar.
            Abre o verbo à exaltação da bondade e da luz.
            Abre as mãos à fraternidade, ajudando a todos.
            Abre, sobretudo, o coração ao amor que nos redime, convertendo-nos fielmente em companheiros do Amigo Sublime das Criaturas, que partiu do mundo, de braços abertos na cruz, oferecendo-se à Humanidade inteira.
            Cada inteligência tocada pela claridade religiosa, nas variadas organizações da fé viva, é uma estrela que se encarcera, nos remanescentes da ignorância e do egoísmo, no caminho terrestre...
            Liberta-te, pois, e sobe à luz prodigiosa do píncaro, a fim de iluminares a marcha daqueles mais necessitados que tu mesmo, na jornada de aperfeiçoamento e libertação.

Aproveita



Aproveita
Emmanuel por Chico Xavier
Reformador (FEB) Março 1951

                        “Se alguém diz: - eu amo a Deus e aborrece a seu irmão é mentiroso. Pois quem não ama o seu Irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu?                         I João 4:20


            A vida é processo de crescimento da alma ao encontro da Grandeza Divina.
            Aproveita as lutas e dificuldades da senda para a expansão de ti próprio, dilatando o teu círculo de personalidade e ação.
            Aprendamos para esclarecer.
            Entesouremos para ajudar.
            Engrandeçamo-nos para proteger.
            Eduquemo-nos para servir.
            Com o ato de fazer e dar alguma coisa, a alma se estende sempre mais além ...
            Guardando a benção recebida para si somente, o espírito muitas vezes apenas se adorna, mas, espalhando a riqueza de que é portador, cresce constantemente.
            Na prestação de serviço aos semelhantes, incorpora-se, naturalmente, ao coro das alegrias que provoca.
            No ensinamento ao aprendiz, liga-se aos benefícios da lição.
            Na criação das boas obras, no trabalho, na virtude ou na arte, vive no progresso, na santificação ou na beleza, com que a experiência individual e coletiva se alarga e aperfeiçoa.
            Na distribuição de pensamentos sadios e elevados, converte-se em fonte viva de graça e contentamento para todos.
            No concurso espontâneo, dentro do ministério do bem, une-se à prosperidade comum.
            Dá, pois, de ti mesmo, de tuas forças e recursos, agindo sem cessar, na instituição de valores novos, auxiliando os outros, a benefício de ti próprio.
            O mundo é caminho vasto de evolução e aprimoramento, onde transitam, ao teu lado, a ignorância e a fraqueza.
            Aproveita a gloriosa oportunidade de expansão que a esfera física te confere e ajuda a quem passa, sem cogitar do pagamento de qualquer natureza.
            O próximo é a nossa ponte de ligação com Deus.
            Se buscas o Pai, ajuda ao teu irmão, amparando-nos reciprocamente, porque, segundo a palavra iluminada do evangelista “se alguém diz: - eu amo a Deus e aborrece ao semelhante, é mentiroso, pois quem não ama o companheiro com quem convive, como pode amar a Deus, a quem ainda não conhece?"


Palmas



Palmas
Orvile Derby A. Dutra
Reformador (FEB) Novembro 1940

            Deve constituir preocupação de todo espírita o aperfeiçoamento constante de si mesmo, do meio em que vive e, quiçá, do seu próximo.

            Tudo, portanto, em que haja ocasião de estudo e aperfeiçoamento deve merecer-lhe carinho, dedicação e respeito.
           
            Assim, um assunto que reclama estudo acurado de nossos irmãos em crença é o de aplaudirem-se com palmas os oradores, nas reuniões espíritas.

            Num ambiente neutro ou profano, onde as coisas materiais mais ou menos predominam no espírito dos assistentes, é natural que se preste aos oradores homenagem de cunho também mais ou menos material.

            Dentro, porém, de um Centro espírita, de uma casa de caridade, onde a espiritualidade deve preponderar, onde os assistentes se reúnem em nome do Senhor, para expansão de sentimentos elevados, não vemos tenham cabimento demonstrações de natureza material, para aplausos e palmas que, ao demais, oferecem o risco de inutilizar o orador, pelo fato muito simples de que nem sempre ele está preparado para receber homenagens tão diretas e pessoais.

            Nessas ocasiões, se um irmão nosso, num ambiente espírita, embora possuído de muito boa vontade, sobe à tribuna para uma palestra ou dissertação doutrinárias e, ao terminar, recebe uma salva de palmas, não raro acontece que esses aplausos se transformam em degraus para a sua ascensão ao trono da vaidade, filha primogênita do orgulho, e a consequência é necessariamente funesta, triste, dolorosa.

            Se o mesmo orador, numa tribuna idêntica, por qualquer circunstância, não agrada à assistência e esta lhe dá mostra do seu desagrado, dispensando-lhe fracos aplausos, algumas palmas apenas, isoladas e esparsas, recebe ele a pública e amarga demonstração do seu fracasso e, ferido no íntimo, em seu amor próprio, desgosta-se e se afasta. É um trabalhador perdido.

            O mesmo já não acontece com uma assistência compenetrada da possibilidade desse mal. Se a peça oratória lhe agrada, em vez de dar palmas, ela, vibrando intimamente, dirige o pensamento ao Criador, agradecendo-lhe a magnífica dádiva, e o orador sente o benefício grande desses aplausos de outra espécie e mais sinceros, partidos que são do fundo de corações bem formados. Experimentando íntimo júbilo, dispõe-se a aprofundar seus estudos da Verdade divina, para mais e melhor ainda produzir.

            Se, entretanto, a sua oratória não agradou, a assistência, sempre compenetrada do seu dever, se porta como se o orador lhe houvesse agradado: vibra do sentimento de piedade para com este e, como no outro caso, dirige o pensamento a Jesus, numa súplica pelo irmão mal sucedido, exemplificando assim um dos grandes ensinamentos evangélicos: o da tolerância. Suplica forças para o trabalhador de boa vontade que, então, sentindo o influxo daquelas vibrações generosas, longe de desanimar, cuida de orar com mais fervor, de estudar e meditar com mais afinco, certo de que, na próxima ocasião, produzirá mais e melhor.

            Poderíamos citar muitas consequências desastrosas desse gênero, decepções amargas e ilusões nefastas, devidas às palmas e aplausos. Mas, não entramos nesse terreno, por ser o da crítica. Por satisfeitos nos teremos, se os nossos irmãos quiserem dar-se o trabalho de observar e analisar o que se passa nesse terreno. Se o fizerem, não se deixarão arrastar para sendas que não são as do aperfeiçoamento por que todos devemos esforçar-nos.

            Nota da Redação - Irrestritos "aplausos" deferimos ao que se acaba de ler. Subscrevemos in totum os conceitos acima externados, pelo corresponderem integralmente à nossa maneira de ver e de entender a questão ventilada, correspondendo às boas normas da Doutrina Espirita e a uma elevada compreensão do espírito de seus ensinamentos.   


segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

A Prece


A Prece  
por Orvile Derby A. Dutra
Reformador (FEB) Novem 1941

            Uma vez sob o influxo dos sentimentos cristãos, esforça-se o espírita por seguir todos os ensinamentos do Evangelho, jamais perdendo qualquer oportunidade para aplica-los, quer sejam parabólicos, quer não, segundo o espírito, que não segundo a letra.

            Estuda constantemente esse código divino e procura exemplificar os seus sábios preceitos, sempre com o propósito firme de seguir as pegadas do Mestre excelso. Assim fazendo, logo de início se lhe evidencia que a prece, a prece íntima, sentida e fervorosa é meio seguro de pôr-se em ligação estreita com o seu Criador e Pai.

            De pronto reconhece que, se do Evangelho nem um só til ficará apagado ou será suprimido sem aplicação, não foi certamente para encher de vãs palavras tantos textos do livro da vida, que o divino Mestre tão multiplicadamente encareceu a necessidade da oração.

            Com efeito, pondo por obras a doutrina que pregava, Ele, o Cristo, além de recomendá-la, praticou a prece, ensinando como deve orar a criatura para entrar em comunhão com o céu.

            Ensinou-a mediante o “Pai Nosso”; exemplificou-a orando quando expelia dos possessos os Espíritos malfazejos; bem como quando aconselhou a seus discípulos que pedissem a seus discípulos que pedissem ao Pai trabalhadores para a sua Seara e quando operou a multiplicação dos cinco pães e dos dois peixes. Exemplificou-a, sobretudo, na hora suprema e angustiosa de Getsemani.

            Nunca, pois, deve, nem pode o espiritista esquecer-se da prece, a menos que resolva lançar fora a única chave que lhe permite encontrar solução para os problemas sérios com que à miúde se defronta e que, não raro, imensamente o angustia. Aliás, se assim fizer, já não será espírita, na verdadeira significação do termo.

            Em todas as suas reuniões, mesmo que se destinem a simples palestras ou conferências doutrinárias, ou ainda, a tratar que quaisquer assuntos sérios e elevados, a prece é de necessidade imperiosa, porque é ela que saneia o ambiente, tornando-o harmonioso e sereno, de maneira a não comportar dissídios ou dissenções graves.

            Da mesma forma, por ocasião de um nascimento ou de uma desencarnação, junto de um aflito ou desesperado, nas horas angustiosas da vida, nos momentos críticos ou difíceis, é na prece que se depara a fonte de energias de que ele necessita, ou de que precisa o seu irmão para vencer a prova, compreendendo-lhe a razão e capacitando-o para dizer, com sinceridade e humildade: cumpra-se no servo a vontade do Senhor, palavras que, ditas de coração, trazem inexprimível reconforto à alma atribulada.  

            Não é, porém, somente na prova, no sofrimento que o crente espírita deve lembrar-se do Pai Celestial, para lhe dirigir a sua prece. Também nas horas de alegria, de satisfação, de gozo interior, em que a alma lhe transborda de contentamento, deve ele orar com o mesmo fervor e a mesma humildade que revele noutras ocasiões, agradecendo a esmola de alguns momentos de alívio, para recobramento das energias que lhe são necessárias a transpor sem desfalecimentos este vale de lágrimas, que é a Terra.

            Ainda grandes oportunidades lhe oferecem, para bendizer de Deus numa prece sentida, as horas das refeições, em que lhe cumpre agradecer o “pão de cada dia”, que lhe é dado para sustento do corpo, suplicá-lo para todos os que, amigos ou inimigos, vivem mal podendo alimentar-se parcamente; e implorar, para si e para todos os seus irmãos, o pão espiritual, o pão do espírito, que alimenta a alma, dando-lhe força para, escalando a montanha da evolução, conquistar a vida eterna.

            Nesse ato, igualmente, o cristão imitará o seu glorioso Mestre, que jamais partia o pão para distribui-lo com os que o cercavam, sem primeiro elevar o pensamento aos céus, numa prece de ação de graças ao Pai de infinito amor.

            A oração, porém, cumpre não o esquecer, é sentimento, é um como perfume santificador que se evola do coração. Não necessita, portanto, de fórmulas, de ritos, nem de exterioridades, como não reclama tal ou qual atitude, desde que o Espírito, dentro da sua prisão carnal, se encontre em atitude respeitosa, consciente da sublimidade do ato de orar, e isso quer em reuniões públicas quer na intimidade da criatura consigo mesma.

            O Cristo, que de contínuo preceituava a oração e a vigilância, nunca nenhuma forma de orar prescreveu, Antes, proscrevendo toda ritualística para esse ato de comunhão com os mais elevados planos da espiritualidade e com o Criador, recomendou aos seus discípulos: “quando orardes não useis de repetições desnecessárias, como fazem os gentios, que pensam que pelo muito falarem é que serão ouvidos.” (Mateus, 6: 7)

            A prece, não o esqueçamos, para que com efeito o seja, tem que ser, acima de tudo, uma demonstração de humildade real, virtude que resume toda a grandeza espiritual. Sejamos, pois, verdadeiramente humildes, ao menos quando orarmos, para que, perdoados da falta dessa virtude em quase todas as outras circunstâncias da nossa vida, possamos, como discípulos do seu Evangelho, aproximar-nos cada vez mais do meigo Rabi da Galileia.

Nem ritos, nem dogmas



Nem ritos, nem dogmas  
por Orvile Derby A. Dutra
Reformador (FEB) Maio 1941

            0 Espiritismo, cuja base inamovível é o Evangelho do divino Mestre, explicado e entendido segundo o espírito que vivifica e não segundo a letra que mata, não tem chefe entre os homens, não havendo, portanto, entre os espiritistas, superiores e inferiores, nem qualquer espécie de hierarquia.

            Seu chefe único é o Cristo, em face de cuja doutrina todos são iguais, como filhos de um mesmo Pai - Deus, o Criador do Universo. Uma só hierarquia se pode admitir entre eles: a que decorre do grau de progresso realizado, da maior ou menor soma de virtudes adquiridas. Hierarquia, pois, toda de ordem moral.

            Definindo, aliás, com precisão essa hierarquia, lá está no Evangelho: “Não queirais vós ser chamados mestres, porquanto um único mestre tendes e todos sois irmãos; um só doutor e um só mestre tendes: o Cristo”; e “aquele que for o maior entre vós será o vosso servo, porquanto o que se exaltar será humilhado e o que se humilhar será exaltado”. (Mateus, 23: 8-12) .

            Não admite ritos, nem dogmas, pois prescreve que seus adeptos se interessem pelo aperfeiçoamento de tudo, a todos assegurando ampla liberdade de pensar, de sorte que todos podem agir como melhor lhes pareça, guiados pela sua fé, pela sua convicção, pela sua consciência, certo, porém, cada um de que lhe cabe inteira a responsabilidade dos atos que praticar e das obras que realizar.

            Não prescreve juramentos, fiel ao ensino do Evangelho, onde se leem estas palavras de Jesus: “Eu, porém, vos digo que absolutamente não jureis; que o vosso falar seja: sim, sim; não, não". (Mateus, 23: 34 e 37).      

            Não autoriza, em absoluto, que, do que entenda com a sua doutrina, alguém se utilize por interesse, ou para auferir lucros pecuniários. Ao contrário, preceitua: “Dai de graça o que de graça recebestes”. Por mais pobre que seja o espírita, ainda que viva em extrema penúria, não lhe assiste o direito de envolver a doutrina nos seus interesses de ordem material. Cumpra ele os preceitos do Evangelho e tudo mais lhe será dado “por misericórdia e de acréscimo”.

            Para o espírita, não há céu, nem inferno, como determinados lugares de gozo e de sofrimento pois ele sabe, sem sombra de dúvida, que, se tais lugares existissem, Deus careceria de perfeição, de sabedoria, de Justiça e de misericórdia, uma vez que, em tal caso, reservaria os manjares celestiais para os fatos e potentados da Terra, privando de todo alimento espiritual, por toda a eternidade, os fracos e desgraçados de toda espécie, não lhes concedendo nenhum meio de melhorar-se, para também serem felizes um dia, quando estes últimos são precisamente os que mais necessitam do amparo da sua misericórdia, porquanto, conforme diz o Evangelho, “o médico não é para os que se acham sãos, mas para os doentes, que precisam de remédio”.

            Em vez do céu e do inferno das religiões dogmáticas, o Espiritismo proclama e demonstra a realidade da lei justa e misericordiosa da reencarnação, segundo a qual cada um é filho de suas próprias obras, cada um edifica o seu futuro e constrói a sua felicidade espiritual, pelos seus próprios esforços, mediante a purificação de seus sentimentos, a depuração de sua alma, para o que volta a tomar um corpo de carne na terra, quantas vezes forem necessárias, até que pague o último ceitil das suas dívidas, que são as transgressões da lei divina. (Mateus, 5. 26).

            Não legitima hinos, cânticos, músicas, nas reuniões dos crentes, porque não admite exterioridades ritualísticas, devendo a pompa de tais reuniões consistir na vibração viva dos pensamentos, a benefício de todas as criaturas, amigos ou inimigos, em obediência à lei suprema do amor a Deus e ao próximo. A única música para ele admissível é a que as preces fazem ressoar no infinito, de harmonia com as notas altas ou baixas do coro de gemidos e ais dos que sofrem mais ou menos angustiados, música essa cujo acorde mais vibrante é o da compaixão pelos que se comprazem na treva da ignorância de Deus e do seu amor, de um e outro divorciados. Como cântico, um só devem os crentes entoar, no recesso de seus corações, o de “Glória a Deus nas alturas e paz na Terra aos homens de boa vontade”.

            Por flores, só quer as que desabrocham na alma, com o perfume da gratidão de cada uma pelo bem recebido, ou pelo mal a que foi poupada. Por ornamentos, reclama apenas o das virtudes, a se exteriorizarem no trabalho edificante, na solidariedade a todos os seres, assim nas boas como nas más horas, na tolerância para com os que, à falta de virtudes, alimentam em seus espíritos vícios e paixões más, que geram os ódios e os desejos de vindita; aos quais manda o Evangelho se retribua com o – “Perdoa-lhes, Pai, que eles não sabem o que fazem”.

            Não legitima hinos, cânticos, músicas, nas res de pedra, porque só reconhece um templo digno do Criador: o universo por Ele criado, e por altar só um se compadece com os ensinamentos do seu Cristo: o do coração das suas criaturas, quando votado ao bem e ao progresso de tudo quanto naquele universo se contém e, particularmente, do que concerne ao orbe terráqueo, sem cabimento para distinção de raça, cor, credo, ou posição social. Nesse altar é que pontifica a consciência, esclarecida pela razão, que se curva reverente ao – “a cada um segundo as suas obras”.

            Também não autoriza existência de imagens, porquanto uma só imagem deve ter a criatura sempre presente à sua visão espiritual: a de um Deus onipotente, bom, justo e misericordioso, princípio e fim de todas as coisas, ponto culminante de toda a perfeição, ao qual chegarão um dia todos os seus filhos e que promulgou como lei suprema a do amor, cuja execução se afirma pela prática da caridade em todos os sentidos, sob todas as modalidades, em todos os terrenos, de todas as formas, sem que jamais “a mão direita saiba o que faz a esquerda”, o que quer dizer: sem eiva de vaidade, sem exibição, sem objetivar os aplausos ou louvores do mundo, pois a que assim é praticada tem nesses louvores e aplausos a sua recompensa, nenhuma outra podendo, nem devendo, além dessas, esperar os que só assim são caridosos.

            Tudo quanto deixamos dito ressalta das lições de N. S. Jesus Cristo, constantes do Evangelho em espírito e verdade. Uma só coisa, portanto, nos cabe a nós que desejamos ser espíritas, espíritas-cristãos: tudo envidarmos por cumprir o Evangelho segundo o espírito que vivifica, visto que só assim poderemos reconhecer em consciência que o Espiritismo nos tem sido útil e proveitoso, por nos haver aproximado do caminho que leva à perfeição moral.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

Ser ou não ser...



Ser ou não ser...
por José Brígido (Indalício Mendes)
Reformador (FEB) Julho 1946

            Não há nada que mais descoroçoe um Espírito do que a dúvida. Aquele que duvida, experimenta todas as torturas infernais. Torna-se presa da imaginação exacerbada, transforma em montanhas míseros grãos de areia, apavora-se diante de anãos, como se estes fossem gigantes... Espanta-se com a própria sombra, que a luz bruxuleante duma vela faz adquirir proporções enormes... Mergulha na treva das conjeturas incongruentes e supõe gritar, quando apenas sua garganta emite sons abafados e ininteligíveis.

*

            A dúvida tem feito maior mal à Humanidade do que a estupidez humana. Ela destrói a tranquilidade, envenena a alma, subverte o amor, transformando-o em ódio, e faz do homem um monstro, De Tomé, que duvidava estivesse diante do Cristo ressurgido, a Hamlet, espicaçado pela incerteza do “ser ou não ser”, dista um passo. A dúvida é servida pela dor moral e pelo despeito. A inconformação arma o braço do homem que vacila, sob a influência da incerteza. Duvidar é descrer; descrer é abjurar a vida, renunciando ao que ela possui de mais belo e sagrado: a paz de espírito.

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            Crer é confiar. A descrença vive parede e meia com o desespero. O que sustenta a ilusão de felicidade que o homem precisa para suportar as asperezas da vida é a esperança, Não há esperança no coração dos que duvidam, como não pode haver confiança no coração dos que descreem. A descrença não é apenas um estado d’alma: é um estado mórbido. O homem, partícula ínfima do cosmos, só é feliz quando se põe em conformidade com o ritmo universal, Já dizia Bassuet: "O Espírito é feito para conhecer a verdade" .
           
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            Tudo na Natureza é harmonia. Tudo obedece a leis sábias e inflexíveis, que transcendem o entendimento humano. Essa incapacidade de compreender exaspera o homem divorciado da harmonia cósmica. Como não compreende, prefere negar a curvar humildemente a cabeça ante o Incompreensível. A sua negativa, porém, não tem força para alterar o tono das leis universais. Apesar disto, atira-se às vezes contra a Verdade, para concluir, paradoxalmente, com Lange, que há uma "psicologia sem alma...".

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            Toda negação provém da dúvida. É ela que retarda o advento da felicidade humana, porque corroí os sentimentos mais nobres do homem. Aquele que duvida é como se fora cego, surdo e paralítico: não vê, não ouve, não caminha... Acorrenta-se a convicções absurdas e para no meio da estrada, enquanto os outros, estugando o passo, avançam, progridem, evoluem...

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            Uma "psicologia sem alma" é como uma "filosofia sem sabedoria", um corpo sem vida. Hoje, não mais é possível perder tempo com jogos de palavras, porque os problemas psíquicos já encontraram, em muitos casos, explicação racional. O "credo quia absurdum” cedeu lugar à meditação arejada pelo raciocínio liberto de dogmas, de preconceitos, de atitudes espirituais instáveis, porque fundamentadas no artifício. Para compreender melhor, o homem deve apelar-se na lógica, pois esta nos ensina a alcançar a plenitude da razão pela justeza das conclusões a que induz o raciocínio. Onde a razão toma a pé, a dúvida deserta. Tanto assim que, segundo Cícero, "assim que a razão conhece a verdade, a alma prende-se a ela e ama-a".

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            O mundo se contorce de dores e se agita, num desespero interminável, porque ainda duvida. E há de permanecer vacilante como Hamlet, filando a macabra caveira da incerteza, enquanto não permitir que a luz da Verdade lhe penetre o entendimento. E assim, com voz soturna, continuará dizendo, sombriamente, num solilóquio arrepiante:

            - Ser ou não ser, eis a questão...

sábado, 4 de janeiro de 2020

Alertando os Espíritas



Alertando os espíritas
por Fred Figner
Reformador (FEB) Março 1947

            Na revista "Time", de 8 de Julho, li um tópico sobre a resolução do governo dos Estados Unidos, de atacar o problema da loucura. Segundo o testemunho do cirurgião general Thomas Parran, mais da metade dos leitos de todos os hospitais dos E.E.U.U., são ocupados por criaturas dementes.

            Aqui, infelizmente, a situação não é melhor, mesmo porque, em relação aos Estados Unidos, não temos, em proporção à população, nem metade dos hospitais que há lá e só o Rio de Janeiro lhes fornece 14 dementes diariamente.

            De todas as moléstias, a não ser a lepra e o câncer, a loucura é a mais difícil de curar, Quando produzida pela sífilis, se atacada a tempo, pode ser curada: fora disso, os psiquiatras ainda não acertaram, em definitivo, com o diagnóstico. Em muitos casos trata-se do mau funcionamento das glândulas de secreção interna, como nos tem diagnosticado o Espírito Dr. Andrade, quando consultado, Porém, pelo menos 50% dos casos de loucura é devido à ação de Espíritos que, ou por vingança ou outras razões, se ligam por laços fluídicos ao indivíduo, para o inutilizar, perturbar, anular a sua vida moral, ou por Espíritos mandados por macumbeiros, por encomenda de criaturas que ignoram que o seu dia de prestar contas também chegará. Nestes 50%, o médico, com, raríssimas exceções, não penetra e não cura, porque não encontra a causa nem acredita nela. Esta parte compete aos espíritas realizar a cura. Para isto, o Sr. Desembargador Hungria não encontrou termos para ser considerado crime no Código Penal.

            O mesmo que se dá com a loucura, dá-se com a embriaguez. Também nisso há mais ou menos 50% de influência espiritual. A outra parte é vício adquirido e não vencido em vidas passadas. Se os viciados quisessem curar-se, bastaria que eles, todas as vezes que sentissem vontade de beber, do fundo d’alma apelassem para o Alto, pedindo a Jesus que os socorresse, e eles seriam socorridos pelos seus Guias, os bons Espíritos, e ficariam curados.

            No caso dos primeiros 50%, a maioria é causada por Espíritos viciados na bebida que, morrendo, em muitos casos ignoram o seu estado espiritual, encostam-se, ligam-se fluidicamente, como sanguessugas, a uma criatura e fazem dela o seu instrumento de gozos, saciam a sua sede de bebida, dominam-na, mesmo contra sua vontade, como se deu com uma senhora de Governador Valadares, Minas, de que há tempos nos ocupamos. Mas há também casos de vingança e muitos outros. Cumpre aos espíritas, aos estudantes do Evangelho, que já compreendem a sua responsabilidade perante Jesus, que mandou expelir os demônios e curar os enfermos em seu Nome, formar pequenos grupos de crentes, 5 ou 6 pessoas, entre eles 2 ou 3 médiuns, e trabalhar para a cura desses que a medicina oficial, por enquanto, não sabe curar, porque, geralmente, não atinge a causa.

            Devemo-nos colocar em condições de podermos com autoridade moral, em nome de Jesus, doutrinar esses pobres infelizes, com amor e carinho, fazendo-os sentir o nosso desejo de os ver reencaminhados na senda do progresso espiritual, libertos dos vícios. Fazer ver aos Espíritos que exercem vingança que, se eles foram prejudicados pelas suas vítimas de hoje, em uma precedente encarnação terrena, por sua vez, também, tinham prejudicado a outros em vidas anteriores e possivelmente à sua atual vítima mesmo.

            Devemos orar e suplicar a Jesus que lhes conceda a graça de poderem ver o seu passado e ter a prova de não lhes caber o direito de vindita e, sim, vendo este passado, o dever de implorar perdão e misericórdia ao Pai. Procedendo assim, muitos Espíritos foram encaminhados para o redil de Jesus. Muitos lares, onde reinava a desarmonia, foram transformados em lares verdadeiramente cristãos.

            São esmolas que se colhem, que representam o tesouro que ninguém nos pode tirar: a satisfação de, em parte, termos cumprido nosso dever.

            Quanto não se poderá fazer nesse sentido, se todos os que têm aptidão dedicassem 2 ou 4 horas por semana a esses trabalhos!

            Médiuns não faltam e ansiosos por prestar os seus serviços em Grupos bem organizados, onde haja boa concentração e unidade de desejos: a aspiração de serem fiéis servos do Senhor.