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terça-feira, 29 de junho de 2021

Teosofia e Espiritismo - Parte 3 e final

 


Teosofia e Espiritism- Parte 3 e final

por Pedro Richard
Reformador (FEB) 16 Fevereiro 1916 

        Meu caro amigo:
           Nessa terceira e última carta, cabe-me transcrever mais alguns trechos do Evangelho, referentes aos pseudos cristos. Comparando estas passagens com outras dos folhetos da Teosofia, que me ofereces-te gentilmente, fui levado a crer que esta doutrina era a fonte dos falsos profetas anunciados pelo Senhor. Se não, vejamos:
           Mar. Cap. XII.
           21. E se então vos disser alguém: reparai, aqui está o Cristo; ei-lo, acolá está; não lhe deis crédito.
           22. Porque se levantarão falsos cristos e falsos profetas que farão prodígios e portentos para enganarem, se possível fora, até aos mesmos escolhidos. 
           25.E cairão as estrelas do céu (1) e se comoverão as virtudes que estão no céu.
           (1) Descerão os espíritos.

           26. E então verão o Filho do homem, que virá sobre as nuvens (2) com grande poder e magnitude.
           (2) Não por ventre de mulher.

           32. A respeito, porém, deste dia ou desta hora, ninguém sabe quando há de ser, nem os anjos do céu, nem o Filho, só o Pai.
           Mat. Cap. XXIV (Vê os vs. 4,5,11, 23, 24, que são iguais aos transcritos acima).
           27. Porque, como um relâmpago que sai do oriente e se mostra até ao ocidente, assim também há de ser a vinda do Filho do homem.
           Luc. Cap. XXI, vs. 5 a 19; XVII, vs. 22, 23, 24. 
                                                                                     *
           Pelas transcrições que aqui ficam, o Cristo, na sua alta pré ciência, nos avisou do que se está passando e de que só voltaria à Terra sobre nuvens. E virá para o que é seu, quando este mundo for o seu reino. Isto acontecerá apenas numa época apenas conhecida do Pai... e dos profetas teósofos que, mais do que Jesus e os anjos do céu, o sabem. 
           O Cristo voltará ao planeta, é verdade, mas em espírito, quando o nosso mundo estiver purificado e em condições morais de ser habitação dos bons, dos espíritos sem pecados. Seus corpos não serão grosseiros como o nosso, mas corpos fluídicos, compatíveis relativamente com a pureza do Cristo.
           No entanto, a Teosofia anuncia e espera para já um cristo; é claro que este pode ser senão o falso cristo.
           Será crível que para os teósofos o nosso tenebroso planeta já se encontre em condições morais de receber o Cristo em toda a sua pureza?
           Neste mundo, então, não impera mais o crime e só o habitam os bons e os puros?
           Não, os teosofistas não esperam o Cristo que vem para o seu reino, viver com os seus: os teosofistas esperam um instrutor. Cristo, porém, não prometeu voltar como instrutor. A sua doutrina aí está para todos os que desejem sinceramente ser os seus discípulos; a mesa do banquete do Senhor está posta e todos são convidados, até mesmo os coxos e os estropiados.
           O cristo, já esperado pelos nossos irmãos teósofos, não é o que virá - segundo a frase evangélica - em todo o seu esplendor, sobre nuvens, do mesmo modo que um relâmpago, que sai do oriente e se mostra até o ocidente, porque, como é  óbvio, o nosso planeta desgraçadamente ainda está muito longe de ter conseguido os requisitos morais necessários para receber o Cristo autêntico, o mesmo Cristo de Nazaré.
           Em verdade, Ele virá, mas quando houver na Terra elementos compatíveis com o seu adiantamento e a sua natureza espiritual. 
           O que é lógico e o bom senso nos aconselha, meu bom amigo, é que de acordo com os ensinamentos evangélicos e os conhecimentos dados pelo espiritismo sobre o sentido das palavras do divino Mestre, nós nos acautelemos contra os falsos cristos. Perdoa-me se te magoo com a rudeza da minha expressão, chamando falso ao cristo que tu esperas como legítimo. Lembra-te de que sou espírita cristão e falo deste ponto de vista. Tu consideras o Cristo como um missionário qualquer, como o instrutor de uma raça; eu o tenho em conta de Chefe deste planeta, a cuja formação Ele presidiu, o Senhor desta humanidade, rebanho de que Ele é o único Pastor.  
           Dirás que o advento esperado não é o do Cristo. Mas os teosofistas estão convencidíssimos dessa - para ti e os teus confrades - auspiciosa visita. O ilustrado representante em nosso país da "Ordem da Estrela do Oriente", espírito que por muitas formas se tem manifestado altruísta e superior, e cujo nome tenho a honra de citar nesta obscura e despretenciosa missiva - o Dr. Raymundo Seidl, assim se exprime no 'Teosofista' de 7 de abril de 1915, pág. 190: 
           "Como sabem os leitores, o fim da "Ordem da Estrela do Oriente" é reunir aqueles que acreditam que um grande Instrutor espiritual virá proximamente ajudar a evolução da humanidade. Para conseguir tão alto "desideratum" os membros da Ordem devem fazer a seguinte evocação à hora certa: para o Rio de Janeiro e Bahia às 6 horas. "Eis a evocação: "O Mestre de Grande Loja Branca, Senhor das religiões do mundo! Volta!  Volta de novo ao mundo! Volta! Volta de novo à Terra, que por ti anseia! Volta e vem ajudar as nações que aspiram pela tua presença! Dize a palavra de fraternidade que unirá numa só família as classes e as castas que entre si lutam! Vem! Vem com o esplendor de todo o teu poder e salva o mundo que aspira pela tua volta! Tu, que és o Instrutor dos anjos e dos homens! Que assim seja!"
           Mestre da Grande Loja Branca, Senhor das religiões do mundo, Grande Instrutor dos anjos e dos homens - nem se duvide que não seja o Cristo, mesmo porque não é necessário inferir das expressões do preclaro representante da Ordem - respeitável e erudita teosofista senhora Anne Besant, positivamente anuncia num artigo traduzido para a simpática revista Amor, da Bahia (edição de 11 de abril de 1913). O Grande Instrutor esperado e desejado é o Cristo. 
           Aludindo à invocação transcrita eu te digo: A palavra da paz que fará cessar as lutas, já foi pronunciada por Jesus quando disse: "Ama teu inimigo".
           Estas três palavras, que encerram uma epopéia e que constituem a pedra angular sobre a qual repousa todo o monumento da paz universal, foram desenvolvidas e profundamente explicadas pelos espíritos na Revelação da Revelação dada ao Sr. Roustaing.
           A palavra de fraternidade também já foi dita e ensinada por Jesus no seu Evangelho (João, cap. X, vers. 1 a 10).
           A fraternidade, meu amigo, é condição indispensável, sine qua non, para só aspirar a ser discípulo de Jesus, que quer que todos, toda a humanidade, constituam uma só família. "Um só rebanho com um só pastor" na frase do Evangelho de João.
             Enfim, meu Rodrigues, que viria fazer aqui o Cristo em pessoa, quando Ele já está conosco representado pelo Consolador, que é o Espírito Santo, o Espírito de Verdade, "que nos ensinará todas as coisas?" (João, Cap. XIV, vers. 13 a 31).
           Se o próprio Cristo nos anunciou que o Consolador (que é o Espiritismo) nos ensinaria todas as coisas, para que teria Ele de vir novamente para nos ensinar o que já nos ensinou, isto é, dizer-nos as palavras de paz e fraternidade?
           O que é lógico e concludente, meu preclaro Rodrigues, é que a seita ou religião que tem no seu programa e como um de seus principais objetivos provocar a vinda de Jesus Cristo para nos ensinar a adquirir virtudes e, do mesmo passo, nos liberar dos erros e crimes, desprezando assim os ensinamentos do próprio Jesus contidos nos Evangelhos - é anti evangélica, é numa expressão sintética, o Falso Profeta.  
           Tal seita ou religião será tudo quanto quiserem, menos espírita.
           Assim sendo, eu, espírita cristão, não posso caminhar contigo. Estarei laborando em erro? É possível, mas eu prefiro errar com Jesus. Que - eu te imploro - não me arranques do coração! 
           Que Ele nos ilumine, é o voto que de coração faz o dedicado amigo.






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