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quarta-feira, 30 de junho de 2021

Da atitude mental do Espírita - Parte IV e final

 


Da atitude mental do Espírita - parte IV e final
por Boanerges da Rocha (Indalício Mendes)
Reformador (FEB) Junho 1961

           A qualidade natural do verdadeiro espírita é a alegria, a esperança, a confiança, a paciência e nunca o desânimo, a tristeza e o desespero.


           Sabemos que a vida tem dois planos: o material, visível, e o espiritual, invisível ao comum dos homens. Não desconhecemos os problemas do ser humano em face dos outros homens, assim como em face do seu passado espiritual. Não ignoramos as responsabilidades de cada criatura humana, principalmente no que toca ao passado e ao que diz respeito ao presente e ao futuro. A  importância da reencarnação em nossa conduta atual é infinita. A ação corretiva da "lei de causa e efeito" mostra-nos qual dos caminhos devemos preferir, se pretendemos realmente alcançar o aperfeiçoamento moral.

           Muito do que nos acontece é proveniente da nossa falsa posição mental. emos forte propensão para criticar os atos alheios e uma condescendência admirável para com os nossos próprios atos. Andamos de olhos bem abertos quando se trata de fixar erros e culpas alheias, mas continuamos de olhos fechados quando temos de ver as nossas deficiências, não raro bem mais graves do que aquelas que intentamos censurar e condenar. Não poderemos progredir, subir a escala evolutiva, se não nos esforçarmos em desenvolver moralmente o nosso espírito.

          Muitas vezes, a ambição de ganho fácil torna o homem áspero, seco, insensível e duro.Em certas horas do dia, ele se apresenta com essa personalidade. Em outras, mostra-se afável, acessível, brando, compreensivo, tolerante, prestante, amigo. Essa "dupla personalidade" apenas revela incompreensão dos ensinamentos doutrinários do Espiritismo. O homem espírita não pode ser agora uma coisa, e, logo mais, outra. Terá de ser sempre o mesmo homem de elevação moral suficiente para não tornar a vida de seus semelhantes mais insuportável.

           O espírita tem o dever de ser franco, mas também o de ser justo, sem rudeza nem agressividade. Deve respeitar o seu semelhante como gosta de ser respeitado. Para ser digno não necessita de evidenciar atitudes formais, cerimoniosas ou secas. Pode ser afável sem familiaridade, fraterno sem excessiva intimidade.

           A atitude mental de cada um de nós é bem importante na vida. Independentemente da posição social que ocupe, qualquer homem pode ser amigo dos outros homens. Se não devemos ser escravos de ninguém, do mesmo modo não devemos escravizar ninguém. O homem que abusa de sua posição social, do seu dinheiro, do seu poder público ou da sua força física para humilhar ou sacrificar outro homem, esse jamais será um legítimo cristão, nunca poderá ser considerado um espírita, na acepção do termo.

           Portanto, precisamos todos, vocês e nós mesmos, ter muito cuidado com a nossa atitude mental, desde a hora em que despertamos até o momento em que fechamos os olhos para o sono reparador de energias. Isso de se alegar haver cometido tal ou qual ato "por acaso", é uma forma de dizer incompreensível no Espiritismo, porque o acaso não existe, é uma ficção. Dotado do livre arbítrio, cada ser humano é responsável por tudo quanto diga ou faça, ostensiva ou ocultamente. A "lei de causa e efeito" está sempre em ação, mesmo quando dormimos. Se alguém supõe que tal ou qual ato possa ficar impune, porque ninguém o viu ou dele tomou conhecimento, engana-se. Nenhum débito fica sem resgate. Todos responderemos pelo mal que fizermos. Não é preciso esperar, para isso, o dia do Juízo Final dos católicos. A "lei de causa e efeito" está sempre presente a cada um dos nossos pensamentos e atos. Assim como seremos beneficiados pelo que fizermos de bom, seemos responsabilizados pelo que de mal praticarmos. Essa lei é inexorável e indefectível. Acompanha-nos no mundo terreno e no mundo espiritual.

           O Espiritismo tem por fim educar o homem para uma vida melhor, dando-lhe a instrução de que carece para compreender perfeitamente as relações existentes entre o mundo físico e o mundo espiritual, assim como a correlação permanente da vida terrena com a vida no plano invisível. Assim como somos influenciados pelo mundo espiritual, também somos influenciados pelo mundo espiritual, também podemos influenciá-lo. Está em nós tornar essa influência um bem ou um mal. Nossas ações agem como o "boomerang" dos silvícolas australianos, com a diferença única de que, mesmo que o alvo seja atingido, recebemos, de retorno, o bem ou o mal que a ele houvermos dirigido.
  • Fazemos nossas estas palavras de Léon Denis, em "Depois da Morte": "A vida não é mais do que a evolução, no tempo e no espaço, do Espírito, única realidade permanente."

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