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sábado, 5 de abril de 2014

O Pensamento de Hermínio Miranda



Extratos do artigo ‘Lendo e Comentando’ de

Hermínio Miranda
publicado em Reformador (FEB) em Setembro 1963



            "A essência da verdade espiritual ... está em que ela é sempre aprovada no teste da razão." "Nada do que se origina das mais altas fontes da vida, seja recebido através do misticismo ou da mediunidade, é um insulto à inteligência. Essa tem sido, na verdade, a marca da sua origem divina."

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            "A teologia, tão amiúde confundida com a religião, leva a amargas disputas e até a conflitos fratricidas, nos quais os participantes demonstram tudo, menos o amor que proclamam ser a essência de sua religião." E o pior é que "ambos os contendores apontam para a mesma Bíblia, mas citam textos que se opõem, em apoio de suas doutrinas individuais".

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            ... nada mais indicado para enfraquecer uma organização religiosa que a dissensão interna, pois que, se não se podem entender e conciliar-se intramuros, como é que terão serenidade e segurança para responder aos argumentos contrários que vêm de fora?

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            ... o campo da teologia é árido e estéril. Tem uma superestrutura que recobriu a inspiração originária e a sepultou de maneira irreconhecível."

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            ... onde estão os William Crookes de hoje? Há realmente muita pesquisa de interesse a fazer e a Ciência, de modo geral, parece ter assumido uma atitude de universal indiferença pelo problema transcendental da existência do Espírito e sua sobrevivência. A atitude oficial é a de que essas questões já se acham de muito resolvidas e nada mais existe nelas que possa interessar a um cientista digno do seu nome. Vemos, entretanto, da experiência do passado, que muitas vezes a Ciência tem retomado questões que pareciam inteiramente resolvidas. Foi preciso, por exemplo, a tenacidade de Galileu para sacudir o tranquilo conformismo dos "sábios" da época, para os quais a Terra, além de fixa, era o centro incontestável do Universo. Para aqueles "cientistas" o problema estava encerrado e nada mais havia nele que pudesse ser reexaminado.

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            "As dificuldades são parte integrante da experiência terrena; é banal, mas verdadeiro, que a maneira pela qual você as enfrenta é o que importa, e não as dificuldades em si mesmas. É o modo pelo qual a alma encara o problema que é importante, não o problema. Este passará, mas a alma permanecerá para sempre."

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             Num artigo destinado a discorrer sobre a grandeza de Deus, que é, na sua feliz expressão, a essência de tudo quanto existe, introduz o Major Ripley Webb um conceito que, pelo menos para mim, pareceu inexato. Diz ele: "Sem Deus, somos incompletos - o que está certo - e sem nós, Deus é incompleto" - o que, em minha opinião singela, é inteiramente falso. A aceitar essa ideia, teríamos um Deus limitado em seus poderes, irremediavelmente dependente da sua própria criatura. Basta isso para retirar-Lhe atributos inalienáveis à ideia de Deus. Essa história de discutir Deus e procurar defini-lo é muito arriscada e acaba fatalmente no que se chama em inglês um "dead end", isto é, um beco sem saída.

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            Que adiantaria a Einstein - ainda que estivesse para isso preparado - ensinar a teoria da relatividade ou a do campo unificado, ao tempo de Demócrito? A Humanidade caminha por estágios suaves e lógicos, assentando cada avanço sobre as bases das conquistas já consolidadas. Esse processo de amadurecimento é lento mas seguro, e se somente agora atingimos um estágio de maturidade que nos credencia a receber verdades mais profundas é porque, no passado mais ou menos distante, estávamos numa espécie de infância espiritual, em que apenas éramos solicitados a crer, mas ainda não tínhamos alcance intelectual para raciocinar sobre os pontos principais da nossa fé, nem mecanismo cultural e cientifico para investigar lhe as origens e sua validade filosófica.

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            O que interessa, para o foro íntimo de cada um, não é seguir a opinião da maioria, nem dobrar-se ao desejo ou à imposição dos grupos e sim aceitar livremente aquilo que lhe parece aceitável e recusar sistematicamente aquilo que sua razão não pode admitir. Do contrário, não seremos criaturas pensantes, dotadas de livre arbítrio, isto é, de capacidade de escolha: apenas nos deixaremos levar pela correnteza que melhor condiz com a nossa maneira de ser, por comodismo, por indiferença, por medo de investigar a verdade e topar com uma resposta que não seria a que melhor conviesse aos nossos próprios interesses.

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            Afinal de contas, somos Espíritos e não simples figuras animadas de matéria densa, com uma vaga sensação ou esperança de sobrevivência. Sobrevivemos de verdade, como está abundantemente provado. Não só isso; também preexistimos e renascemos. Essas noções não podem mais ficar na obscuridade, porque a ignorância, acerca da sua própria natureza espiritual, está levando o ser humano a um ponto morto na escala evolutiva: a criatura que desconhece o mecanismo do seu próprio Espírito, como pode situar-se nesse imenso plano divino que é a Criação? Como pode crescer espiritualmente, entender os objetivos da vida, ajustar-se aos problemas que se lhe atravessam no caminho, vencer as dificuldades que surgem?







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