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quinta-feira, 3 de abril de 2014

Morselli e os fenômenos espíritas

Ernesto Bozzano

Morselli e os fenômenos espíritas

Lino Teles (Ismael Gomes Braga)
Reformador (FEB) Novembro 1958

            Foi baseado sobre a mediunidade física de Eusápia Paladino que o Dr. Henrique MorseIli firmou sua convicção de que os Espíritos dos mortos - na existência dos quais descria - não intervinham na produção dos fenômenos.

            As manifestações subjetivas que observou com Eusápia foram pouquíssimas e sem importância, e esta circunstância infeliz foi que o impediu de mudar de ideias. Como escreveu o Professor C. Moutonnier, "há outras mediunidades que o Prof. MorseIli deveria ter estudado, pois não se pode ser juiz ou árbitro de uma causa, a menos que se examine tudo e tudo se conheça".

            Bozzano e Lombroso, sábios companheiros de Morselli nas experiências com Eusápia, rebateram, com provas seguras e incontestáveis, o ultranegativismo do eminente psiquiatra italiano. Ernesto Bozzano deu a público um trabalho intitulado - "A propósito da obra "Psicologia e Espiritismo do Prof. Henrique Morselli", no qual analisou os improcedentes e incompletos argumentos de que lançou mão o estudioso médico para se opor à tese espiritista. O Prof. César Lombroso, criminalista mundialmente admirado, escreveu, também a respeito da citada obra de Morselli, um artigo no periódico "Luce e Ombra", de Milão, em Junho de 1908, artigo em que alude à materialização que, por intermédio de Eusápia, obteve do Espírito de sua mãe, com o qual ele se entreteve por alguns instantes.

            Todavia, cumpre destacar a firme convicção do Prof. MorseIli na realidade dos fenômenos objetivos ou físicos conseguidos com a mediunidade eusapiana, inclusive os de materialização parcial ou total, fenômenos estes considerados fraudulentos pelos novos "profetas" do hipnotismo e da letargia.

            Eis, então, o que o sábio neurologista escreveu nas colunas do jornal italiano "Corriere della Sera" do ano de 1907, pouco antes de ser dado a público o seu livro "Psicologia e Espiritismo":

            “Aquele que me pergunta, e são numerosos os que até o momento me têm interrogado sobre esta questão, o que penso dos fenômenos físicos atribuídos a Eusápia, e se eu os creio reais, autênticos, verdadeiros, respondo: Sim! Tais fenômenos, cuja aceitação me pareceu a princípio baseada sobre o erro ou sobre a ingenuidade, sobre a fraude ou a ilusão dos sentidos, sobre a boa-fé ou sobre o “parti-pris”, são, em elevadíssimo número, verdadeiros e reais; e quanto aos que formam o “pequeno número”, a respeito dos quais não me certifiquei, de forma alguma eles infirmam a existência de uma categoria extraordinária ou ultranormal de fatos que dependem de organismos especiais e de atividade particular."

            Noutro ponto deste seu escrito, MorseIli, com a mesma independência de vistas, afirmou abertamente:

            “Confesso que não mais posso negar a realidade e a autenticidade da maior parte desses fenômenos que a princípio tomei por um efeito de pura imaginação: refiro-me às materializações tangíveis e às aparições."

            E, mais adiante, tornou a frisar:

            “Os fenômenos produzidos pela poderosa mediunidade de Eusápia adquiriram para mim a consistência dos ‘fatos positivos’, porque eu os vi, toquei, pus à prova, com os sentidos em boas condições de receptibilidade, com os mais perfeitos centros cerebrais de percepção, de conhecimento crítico e raciocinado, e em circunstâncias tais que excluíam a fraude e a ilusão."

            Diante de tudo isto é que um crítico do "Corriere d'Italia", de Buenos Aires, ao analisar a obra de MorseIli, retromencionada, não pode deixar de estranhar a atitude do famoso psiquiatra, conforme se lê no trecho final de sua crônica publicada em 30 de Junho de 1908:

            “Seria ridículo da minha parte qualquer intuito de empenhar polêmica com o ilustre cientista, que me esmagaria com a autoridade de seu nome e de sua doutrina. Limitar-me-ei, por isso, a uma simples observação: cabeças e corpos que são apalpados e examinados, a fim de se reconhecerem as particularidades de sua conformação; rostos diversos que são vistos perfeitamente, e de que se observa até a expressão do olhar; outros que aos olhos de todos se prestam obedientes a um desejo manifestado, e se põem a mover-se, a sorrir e a saudar; mãos que são vistas e tocadas, e que muitas vezes são de gigante e, outras, de criança, - constituem um conjunto de fenômenos singularmente assombroso. Confesso, porém, que em minha opinião há outra coisa muito mais singular, muito mais assombrosa: é afirmar com plena consciência que esses fatos são verdadeiros... e não acreditar no Espiritismo.”

            E tem razão o cronista argentino! 

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