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terça-feira, 22 de abril de 2014

Esforços Dispersivos


Esforços dispersivos
Jesuíno Macedo
Reformador (FEB) Janeiro 1962

            Os opositores do Espiritismo costumam classificar os médiuns entre os histéricos e os psicastênicos, atribuindo-lhes desordens nervosas e até mesmo considerando-os anormais. Ora, bem se vê que em tudo isso há evidente exagero e indisfarçável propósito de deprimir o Espiritismo. Os fatos demonstram à saciedade que o médium é, isto sim, uma criatura de grande sensibilidade nervosa, sem que essa sensibilidade, na maioria dos casos, possa conter algo de patológico.

            Aqueles que combatem o Espiritismo por convicção firmada aereamente, sem jamais haverem estudado honestamente o assunto, ou por conveniências pessoais, caso que não é raro, preferem o caminho mais curto e simples: negar, mesmo sem base alguma na verdade.

            Depois de alguns anos, surgiram os primeiros opositores conformados, mas intransigentes quanto à denominação dos fenômenos psíquicos. Não falaram e não falam em fenômenos psíquicos ou fenômenos espíritas, mas, sim, em "fenômenos paranormais"... " Uma longa e estapafúrdia terminologia foi criada para definir fenômenos já classificados pelo Espiritismo em linguagem sóbria e inteligível. Hoje em dia, qualquer obra científica ou pseudocientífica ou, ainda, não-científica, que trate de tais assuntos, derrama uma enxurrada de vocábulos e expressões difíceis, complicadas e nem sempre expressivas, para dizer a mesmíssima coisa que os espíritas dizem com simplicidade e sem circunlóquios.

            Ninguém nega o relativo valor dos trabalhos do Dr. J. B. Rhine. Ele, porém, já parou onde costumam parar todos aqueles que querem avançar nesse terreno sem se iluminarem com os ensinamentos espíritas. Então, para não confessarem o beco sem saída em que se veem, recorrem a sofismas que o tempo se encarregará, uma vez mais, de destruir. Até mesmo o Dr. Rhine, para não ser apodado ou apedrejado por organizações científicas e religiosas, para não sofrer as limitações impostas pelo puritanismo utilitarista, vicejante ainda nos Estados Unidos - aquele mesmo puritanismo que sacrificou a vida normal do Prof. Scopes, porque este se confessara adepto do evolucionismo darwiniano -, o Dr. Rhine preferiu o nome de "parapsicologia" para os seus estudos e investigações, fugindo da terminologia e das explicações espíritas.

            No Brasil, temos visto espíritas demonstrarem entusiasmo pela parapsicologia e até mesmo louvarem a adoção de estudos... parapsicológicos em organizações espíritas. Que revela isto? Falta de conhecimento real da questão e entusiasmo superficial, por ouvir dizer.

            Qual o dever dos espíritas... espíritas? Cerrar fileiras em torno do Espiritismo, ajudando-o a desenvolver-se também no terreno científico, auxiliando-o de todas as formas úteis. Tem havido, infelizmente, muita dispersão de esforços. Dada à liberalidade do Espiritismo, que não procura limitar o exercício do livre arbítrio de ninguém, muitos espíritas ainda pouco espíritas assumem posições diversas e contraditórias. Suas opiniões pessoais prevalecem sobre pontos de vista que deveriam ser reforçados. Cada qual toma um rumo ditado por sua cabeça, cada qual acha que está mais certo do que o outro, e as coisas vão acontecendo ao sabor da vontade livre e desembaraçada.

            Não há dúvida de que o livre-arbítrio faculta a cada um a possibilidade de pensar e agir como entender, tornando-se responsável único pelos erros, deficiências ou desregramentos que cometer, assim pelo mal que de sua atitude sobrevier àqueles que o acompanharem.

            Os que mais se beneficiam com tudo isso são os inimigos do Espiritismo, que estimulam a diversidade, enquanto os espíritas conscientes dos deveres doutrinários continuam trabalhando pela unidade. Realmente, as discordâncias pessoais deveriam ser solucionadas à luz da Doutrina Espírita, desde que a vaidade cedesse lugar à humildade, e o bom-senso não fosse ultrapassado por atitudes que debilitam em vez de fortalecerem aqueles que as assumem.

            Há por aí um cartaz sobre cooperação, digno de ser estudado. Na primeira parte, mostra dois burrinhos ligados um ao outro por uma corda, tendo diante de si dois feixes de feno. Um burrinho quer ir para um feixe, enquanto o outro deseja tomar rumo diverso. O resultado é que nenhum deles consegue comer o feno. Entretanto, se concordassem, ambos devorariam juntos o primeiro feixe e, em seguida, se dirigiriam ao outro feixe, dando cabo dele. É uma questão de compreensão.

            Semelhante exemplo esclarece perfeitamente a necessidade da colaboração para se conseguir alcançar um determinado objetivo sem demora e com êxito completo.

            A dispersão de esforços é obra anti espírita, enquanto a conjugação do trabalho constitui tarefa benemérita que ajuda o progresso do Espiritismo. A questão está em unir, não em dividir. Enquanto a divisão enfraquece, a união fortalece.


            O meio mais simples e prático de orientação está no estudo sério da Doutrina Espírita. Não é espírita quem acredita nos fenômenos espíritas. É espírita, entretanto, aquele que conhece e segue o mais possível os ensinamentos constantes da nossa Doutrina. 

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