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sábado, 16 de julho de 2011

Podemos evocar os espíritos?



Podemos
evocar os Espíritos?


Jarbas Leone Varanda
Reformador (FEB), pág. 75 - Maio 1994

                Está surgindo em determinados órgãos da imprensa espírita uma discussão que reputaríamos acadêmica, se não víssemos a ação sutil das trevas visando atacar a obra mediúnica de CHICO XAVIER: é a questão da EVOCAÇÃO DIRETA dos espíritos. Podemos ou não evocar diretamente os Espíritos? Levantou-se a celeuma em razão de comunicações dadas pelos Espíritos André Luiz e Emmanuel DESACONSELHANDO tal prática em nosso intercâmbio mediúnico, mais particularmente nas sessões práticas de desobsessão. Mais ainda, segundo alguns articulistas, como Josué de Freitas, tal desaconselhamento estaria enfraquecendo as nossas Casas Espíritas no tratamento das obsessões, e mais do que isto, contrariando ALLAN KARDEC, principalmente no Capítulo XXV de “O LIVRO DOS MÉDIUNS”, quando cuida da matéria, justificando as evocações.
            Sem qualquer intenção de polêmica, mas tão somente de chamar a atenção para o ataque ao mais fiel continuador de Kardec, afirmamos que NÃO EXISTEM CONTRADIÇÕES entre o pensamento de André Luiz e Emmanuel e o do Codificador. Aqueles Benfeitores Espirituais não afirmam que não podemos evocar os Espíritos, mas apenas DESACONSELHAM tal prática pelos inconvenientes que as evocações podem trazer. Assim, André Luiz em “Desobsessão” aconselha que os médiuns esclarecedores não devem CONSTRANGER os médiuns psicofônicos, atentos ao preceito da ESPONTANEIDADE. No mesmo sentido Emmanuel, nas Questões 369 e 380 de “O Consolador”, salientando que, se Kardec se interessou pela EVOCAÇÃO DIRETA isto se deu em razão da TAREFA EXCEPCIONAL do Codificador, aliada às NECESSIDADES e aos MÉRITOS distantes da esfera de atividades dos aprendizes comuns!
            Realmente, não podemos nos esquecer de que KARDEC estava numa TAREFA ESPECIAL, como Codificador, dotado de uma AUTORIDADE MORAL e com respaldo numa ASSESSORIA espiritual da falange do ESPÍRITO DE VERDADE que lhe davam CONDIÇÕES EXPERIMENTAIS excepcionais, até mesmo para fazer EVOCAÇÕES necessárias, condições essas ESPECIALÍSSIMAS que não mais se repetiriam na história do Espiritismo!... 
            Vale considerar, ainda, que Allan Kardec, depois de justificar as evocações, mostra-nos que tais práticas, se são passíveis de ÊXITO, os inconvenientes e os obstáculos são muito freqüentes, com a possibilidade das mistificações, afirmando que as comunicações espontâneas não têm tais inconvenientes, quando controlamos os Espíritos e temos a certeza de não deixar que os maus venham a dominar. É o Codificador que nos fala no item 272 do Cap. XXV de “O LIVRO DOS MÉDIUNS”:
            “Freqüentemente, as evocações oferecem mais dificuldades aos médiuns do que os ditados espontâneos, sobretudo quando se trata de obter respostas precisas a questões circunstanciadas. Para isto, são necessários médiuns especiais, ao mesmo tempo flexíveis e positivos e já (...) vimos que eles são raros.”(o primeiro grifo é nosso; o segundo é do original.)
            Já no item 275 do mesmo Capítulo, Kardec enumera as causas que se podem opor à manifestação dos Espíritos, e são decorrentes do próprio Espírito ou estranhas a ele. No primeiro caso, cita as OCUPAÇÕES e MISSÕES que estejam desempenhando, por exemplo, como impedimentos. No segundo caso, cita as concernentes à NATUREZA do médium, à CONDIÇÃO da pessoa que evoca, ao MEIO em que se faz a evocação e, por fim, ao FIM a que se propõe. E no item 277, Kardec sintetiza o assunto dizendo que “a faculdade de evocar todo e qualquer Espírito não implica para este a obrigação de estar à nossa disposição (...)”.
            Para tudo isto, fácil se torna concluir que:
a)         conforme vimos, nossos Benfeitores André Luiz e Emmanuel, através da mediunidade de Chico Xavier, não contrariam a Codificação, pois APENAS ACONSELHAM e aconselhar não significa proibição e nem negação do pensamento kardequiano:;
b)         que a ESPONTANEIDADE deve ser a tônica de nosso intercâmbio mediúnico, valendo a afirmativa de que “o telefone deve tocar de lá para cá e não daqui para lá”.
            Vamos nos lembrar de depoimento recente de Stig Roland Ibsen:

            “Já ouvi pessoalmente de Francisco Cândido Xavier que Allan Kardec evocava os Espíritos porque tinha condições morais para isso. Chico disse que não se sente com a elevação necessária para tanto e por isso não evoca. Esta é também a minha posição em relação ao tema.”

                Concluindo: PODEMOS, sim, evocar os Espíritos, mas NÃO DEVEMOS, no melhor entendimento daqueles Benfeitores Espirituais!...


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