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terça-feira, 27 de setembro de 2011

Infecção e Purgação



“Infecção e Purgação

            Acionados os mecanismos do gravador comum, a fita magnética vai sendo sensibilizada pelas vibrações sonoras que nela se registram. Quando termina a gravação, se se quer ouvir o que nela foi gravado, deve-se reenrolar a fita em sentido contrário.

            Mutatis mutandis, ocorre também com os registros da memória. Nela se vão gravando automaticamente todos os acontecimentos da vida, até que o choque biológico da desencarnação desata os mecanismos de revisão e arquivamento de todas as experiências gravadas ao longo da etapa existencial encerrada.

            Acontece que nem sempre todas as experiências então revistas podem ser simplesmente arquivadas na memória profunda da mente, por não haverem sido por esta absorvidas. São os casos pendentes, ainda não encerrados, que traduzem, na maioria das vezes, realidades que a consciência não consegue aceitar.

            Essa rejeição consciencial gera conflito mental interno, ou indigestão psíquica, provocando no espírito o reconhecimento do erro e o consequente remorso, ou, o que é pior, a orgulhosa ou cega ratificação do erro, causadora da revolta e empedernimento.

            De qualquer modo, a rejeição consciencial tem como inelutável consequência a não assimilação das concentrações energéticas correspondentes às formas pensamentos que duplicam os fatos, mantendo-os “vivos” e atuantes na aura do espírito, à maneira de tumores autônomos, simples ou em rede, a afetarem o corpo espiritual e o lesarem.

            No caso do remorso, o tumor se transforma em abcesso energético, a exigir imediata drenagem; no caso do empedernimento, o tumor cria carnição e se estratifica, realimentado pela continuidade dos pensamentos-força da mente, arrastando o espírito a longas incursões nos despenhadeiros da revolta, onde não raro se transforma transitoriamente em demônio, a serviço mais ou menos prolongado das Trevas.

            As operações de drenagem psíquica são dolorosas e variam de tempo e intensidade, caso por caso, mas resultam sempre na recuperação relativa do espírito para futuras retificações de conduta, sem prejuízo da continuidade, a breve trecho, de sua marcha evolutiva ascensional.

            Quando a revolta se cristaliza no monoideísmo, onde as ideias fixas funcionam como escoadouros de energia, em excessivo dispêndio de forças vitais, pode o espírito chegar facilmente à perda do psicossoma, ovoidizando-se, caso em que se reveste tão só da túnica energética mental, à maneira de semente em regime de hibernação.

            Chegue ou não a esse extremo, o espírito responderá, naturalmente, perante si mesmo, pelos fulcros de lesões mento-psicofísicas que gera, para seu próprio prejuízo, imediato e futuro.

            No que tange à drenagem a que nos referimos, importa consideremos que o pus energético a ser expelido decorre das transformações psicofísico-químicas das energias degeneradas que foram segregadas pela mente e incorporadas à economia vital do ser, representando forças ideo-emotivas de teor e peso específicos.

            Necessário entendamos que as formas-pensamentos nem sempre são concentrações energéticas facilmente desagregáveis. Conforme a natureza ideo-emotiva de sua estrutura e a intensidade e constância dos pensamentos de que se nutrem, podem tornar-se verdadeiros carcinomas, monstruosos “seres” automatizados e atuantes, certamente transitórios, mas capazes, em certos casos, de subsistir até por milênios inteiros de tempo terrestre, antes de desfazer-se.

            A expiação, de que fala a Doutrina Espírita, não é senão a purgação purificadora do mal que infectou o espírito. Este, através dela, restaura a própria saúde e se liberta das impurezas que o afligem e lhe retardam a felicidade.

            Notemos, porém, que os mecanismos expiatórios não obedecem a uma fórmula única. Se a dor dissolve o mal, o amor consegue transformá-lo.

            Lembremo-nos de que tudo o que existe é suscetível de servir ao bem, sob o comando soberano da mente espiritual. O mal, seja qual for a sua natureza, é sempre apenas uma degenerência do bem[1], porque a essência de toda a Criação repousa na Suprema Perfeição do Amoroso Criador dos Universos. “


Áureo
por Hernani T. Sant’Anna
inUniverso e Vida(2ª Ed FEB 1987)


[1]  Irmão Thiesen,

Paz Convosco.

         Realmente, o bem absoluto jamais degenera. Entretanto, o bem absoluto é exclusividade divina. A lição de Jesus é clara: “Só Deus é bom.” Na relatividade dos valores universais tudo está sempre evoluindo, o que importa dizer: tudo está em permanente transformação, longe daquela definitividade ideal do absoluto.
          Gerar é formar; degenerar é deformar. O mal, a rigor, é sempre isso, isto é, uma enfermação, uma degenerência, um aviltamente do bem, sempre de natureza transitória. Ele surge da livre ação filiada à ignorância ou á viciação, e correspondente a uma amarga experiência no aprendizado ou no aprimoramento do espirito imortal.
         É necessário termos em conta que Deus só cria o bem. E como é Deus o Pai de toda a Criação, tudo é sempre essencialmente bom. O bem é a substância intrínseca de tudo quanto existe. O mal é a deformação transitória, que sempre é reparada por quem lhe dá causa, rigorosamente de acordo com a lei de justiça, imanente na Criação Divina.
         Apesar disso, sempre que uma ideia exige mais tempo para ser compreendida ou aceita pelos companheiros de nossa equipe, entendo do meu dever evitar insistir em sua enunciação, para não suscitar dificuldades evitáveis ou constrangimentos sem proveito.
          Ademais, nenhum de nós é infalível e, no meu caso particular, reconheço-me de muitas poucas luzes e sujeito a frequentes enganos.   peço-lhe, desse modo, retirar do texto nº 7, da série que assino, as expressões que foram objeto de reparo.
         Agradecendo pela cooperação e pela tolerância com que tenho sido honrado, peço ao Senhor Jesus que nos abençoe, agora e sempre.

                                               Áureo

         Estranhando expressões usadas pelo Espírito Autor – degenerência do bem -, fizemos-lhe observação que nos valeu a resposta acima, em 6-8-1978. À sugestão de retirar do último parágrafo aquelas expressões, preferimos, à guisa de novo ensinamento, reproduzir aqui as palavras esclarecedoras de Áureo, que o próprio leitor avaliará.

                                               A Direção de “Reformador

27 de Setembro


27  Setembro

  A mais alta recompensa,
De quem procura ajudar,
Vibra pura, viva e imensa,
No próprio prazer de dar.

Casimiro Cunha
por Chico Xavier
in ‘Centelhas de Sbedoria’  (1ª Ed. ‘FEB  1975)




Disse Jesus: “Vós sois deuses”.
Conduzindo o Pai Criador ao cerne da sua vida,
você pode tudo fazer em prol de você mesmo,
 modificando as ermas paisagens do mundo,
a fim de que mais rapidamente se estabeleça
 o Seu Reino entre os homens.

Marco Prisco
por Divaldo Franco
in ‘Momentos de Decisão’  (4ª Ed. Alvorada  1993)

Meditação


Meditação

No dia em que eu Te amar, Senhor,
Tua Vontade será a minha vontade,
Tua Verdade será a minha glória.

No dia em que eu Te amar, Senhor,
Tua sombra estará sobre meus passos
deslizando, suave, nos caminhos da dor.
Então, não haverá gemidos que meus ouvidos não ouçam,
lágrimas que eu não possa enxugar
nem angústias que fiquem sem consolação.
Porque, nesse dia,
Tua voz falará pela minha boca
e Tua Misericórdia se expandirá
pelas minhas mãos.

Tu estarás na minha pequenez.
Eu estarei em Tua plenitude.
Não haverá Tu nem Eu.
Seremos para sempre Nós...

No dia em que eu Te amar, Senhor,
terei vencido o Espaço e atravessando o Tempo,
E entenderei, por fim, o mistério de Tua palavra:
“Eu e o Pai somos Um”!

Brunilde Mendes do Espírito Santo

inLembranças no Tempo”  
Edição do Autor  RJ RJ 1985
Direitos autorais concedidos ao ‘Lar de Tereza’  RJ

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Indivisibilidade do Espiritismo



‘A Indivisibilidade 
do Espiritismo
            
          É difícil ser espírita? Sim, não é fácil. Não basta conhecer a Doutrina, não é suficiente o conhecimento dos fenômenos psíquicos, nem bastante a frequência a sessões práticas. por outro lado, é imprescindível ter humildade, ser tolerante, demonstrar solidariedade fraterna, revelar espírito de renúncia e possuir a capacidade de compreender e perdoar – em todos os instantes da vida nova que se inicia com a adesão ao Espiritismo. A profissão de fé espírita não se revela na simples afirmativa pessoal de se haver aceito a Doutrina. Ela se faz no exemplo de cada momento, na luta permanente contra a imperfeição que nos induz à invigilância e à queda, no empenho com que, se tivermos mesmo a honesta intenção de ser espírita, reagimos contras as falhas do nosso comportamento diário, até que, no progredir vagaroso e por vezes intermitente, possamos alcançar a situação que nos conferirá a certeza de que, finalmente, nos encontramos no caminho da realização espírita.

            É preciso estudar e aplicar o Espiritismo no dia a dia da vida terrena, cheia de imprevistos, de desapontamentos, de decepções, de agruras, porque a exemplificação valiosa é a que se consuma nas ocasiões dolorosas, desesperadas, amaríssimas. “Ser” espírita nas horas de bonança é muito fácil e comum, mas prová-lo durante as longas angústias, no curso das tempestades, nos transes mais severos da provação, é que define a condição de espírita legítimo. Uma pessoa que aceite o Espiritismo e não cultive as virtudes cristãs não será, na realidade, um espírita.  Isso não acontece a todos, bem o sabemos, porque, segundo Bezerra de Menezes, “as capacidades de cada um são limitadas, quer físicas, quer intelectuais, quer espirituais. Com o andar do tempo, essas capacidades se desenvolvem, e o que não se compreende hoje se compreenderá amanhã ou depois”.

            A medida que, pelo estudo e através da observação das coisas e dos fatos, dos homens e do seu relacionamento humano, nos esclarecemos e mais capazes nos tornamos de buscar o referendo da exemplificação constante, ampliamos as nossas possibilidades de reforma, dando, simultaneamente, honesto testemunho doutrinário. Então, em tais condições, estudar é progredir, avançar, conquistar posições novas da peregrinação evolutiva. Só o estudo nos poderá conduzir à compreensão lúcida dos deveres morais e intelectuais de que necessitamos dar cumprimento, guardando fidelidade ao lema de Kardec: TrabalhoSolidariedadeTolerância. Precisamos, pois, estudar a Doutrina, estudar sempre, repassando tudo quanto já houvermos estudado anteriormente, porque verificaremos, ás vezes com surpresa, que novas verdades parecem surgir de trechos que já supúnhamos vencidos e esgotados. Estudar, para compreender; compreender, para assimilar; assimilar, para exemplificar; exemplificar, para viver verdadeiramente a Doutrina; viver verdadeiramente a Doutrina, para poder ser, na realidade, espírita; ser, na realidade, espírita, para transformar-se num colaborador de Jesus nas tarefas benéficas à humanidade.
                                                           *   *    *
            Nos quadrantes da vida humana, tudo é trabalho, pois assim entendemos qualquer esforço com um objetivo determinado. E o trabalho é uma bênção, uma lei que vigora no mundo físico e no mundo espiritual, quando a sua finalidade é boa e colima um fim benfazejo. “Tudo na Natureza trabalha”, foi  a resposta dada a Allan Kardec por Espíritos superiores. Assim, o trabalho é veículo do progresso, da evolução. Mas, para que o seja, obedece a um princípio de ordem. Para que haja ordem, indispensável se torna a disciplina, que educa e fortalece o caráter, e o estabelecimento de uma hierarquia de valores, formada do “status” evolutivo do grupo em tarefa. É claro que a natureza do trabalho está em relação com a das necessidades em jogo, mas é inegável que a posição de cada obreiro demonstra o nível de capacidade revelada. Compreende-se, por conseguinte, a realidade e a necessidade da hierarquia de valores, em qualquer parte, de qualquer espécie que ela seja. O igualitarismo reivindicado por ideologias encharcadas de demagogia é antinatural, falso, portanto, por contrário mesmo á justiça divina.

              Referimo-nos, é evidente, à igualdade intelectual, moral, espiritual, técnica e profissional. Todos somos iguais perante as leis divinas e as leis humanas, estas, porém, ao contrário daquelas, sujeitas às deficiências humanas. “O Livro dos Espíritos” esclarece: Deus criou iguais todos os Espíritos, mas cada um deles vive há mais ou menos tempo, e, conseguintemente, tem feito maior ou menor soma de aquisições. A diferença entre eles está na diversidade dos graus da experiência alcançada e da vontade com que obram, vontade que é o livre-arbítrio. Daí o se aperfeiçoarem uns mais rapidamente do que outros, o que lhes dá aptidões diversas. necessária é a variedade  das aptidões, a fim de que cada um possa concorrer para a execução dos desígnios da Providência, no limite do desenvolvimento de suas forças físicas e intelectuais. O que um não faz, fá-lo outro. Assim é que cada qual tem seu papel útil a desempenhar.”

            A igualdade do merecimento nem sempre é possível em qualquer setor de trabalho. A propósito, corroborando o que acima foi dito, achamos oportuno transcrever o seguinte trecho de ‘Os Quatro Evangelhos”, a magnífica obra mediúnica divulgada por J.-B. Roustaing, tomo I: “A oração agradável a Deus é o trabalho: trabalho da inteligência, trabalho do corpo. Cada um de vós deve trabalhar conforme a tarefa que lhe está confiada. Cada um de vós deve, pois, orar continuamente. Trabalhai, eis a oração; vigiai, isto é, garanti-vos, exercendo constante vigilância sobre vós mesmos.” Como se pode perceber, é perfeita a conjugação de ideias nas transcrições feitas.

            A igualdade nos induz à compreensão maior dos problemas humanos. O Espiritismo, como Religião, Ciência e  Filosofia, não está fora dessa realidade. Restrinjamo-nos, por exemplo, à sua parte moral, indiscutivelmente a mais relevante para a educação do homem. No que concerne à tolerância, não há como negar que é uma consequência racional do conhecimento que adquirimos no trato com os nossos semelhantes. Mas a ideia mais comum acerca da teoria do conhecimento trás consigo influências do pensamento materialista, de modo que a Federação Espírita Brasileira, sempre vigilante, vem procurando expungir do pensamento espírita ideias-clichês que não são verdadeiramente compatíveis com a essência da Doutrina. Predomina no mundo intelectual o conceito materialista, que rara e dificilmente faz concessões ao pensamento espírita. O ensino e a educação se assentam em alicerces materialistas, de modo que suas ideias prevalecem na mente dos alunos menos avisados, impedindo que possam ter uma concepção puramente espírita da vida e do Universo, por isso que, sem o sentir, volta e meia se encontram presos a concepções anti espíritas ou mistas, poluídas pelas aquisições feitas em ambientes de formação intrinsicamente materialista.

            Mas, não nos afastemos do objetivo deste artigo. O espírita esclarecido é imune ao dogmatismo, avesso à intolerância e adverso ao fanatismo. Por compreender o sentido altamente liberal da Doutrina, defende a fraternidade como base da solidariedade humana, pois é por meio desta que se pode atingir a libertação legítima, feita de mútua confiança e limitada ao direito de liberdade, também condicionada, de seus semelhantes, pois, na vida terrena, tudo gira em torno de incoercível relativismo. “A fraternidade, na rigorosa acepção do termo, resume todos os deveres dos homens, uns para com os outros. Significa: devotamento, abnegação, tolerância, benevolência, indulgência. É, por excelência, a caridade evangélica e a aplicação da máxima: Proceder para com os outros, como quereríamos que os outros procedessem para conosco. O oposto do egoísmo. A fraternidade diz: Um por todos e todos por um. O egoísmo diz: Cada um por si.” São palavras de Kardec. Fraternidade, pois, é, a um só tempo, solidariedade e tolerância. Ambas são indispensáveis ao êxito dos resultados do trabalho. Entende-se, portanto, que o dever do espírita é somar e multiplicar, jamais dividir, quando se trata de honrar o Espiritismo, de respeitar-lhe a Doutrina.

            Bezerra de Menezes, ao preconizar a união que se corporificou com o Pacto Áureo, nos fez entender que o Espiritismo, como expressão real do vero Cristianismo, é um todo indivisível. E, em outra ocasião, através de mensagem mediúnica, afirmou: Se, para compreender, estuda o homem cada uma das partes, nessa mesma subdivisão se perde ele, pois perde a visão do conjunto. Ninguém, por menos ajuizado, concluiria o todo duma única ínfima parte. Assim, cada um vê o que pode ver, e contente-se com esse olhar, de quem deseja enxergar alguma coisa.” E, adiante, assevera: “Cada conhecimento é um estímulo para novas pesquisas; cada letra tem sua ligação natural com a que lhe segue; cada gota adere à que a antecedeu.”  Como Religião, Ciência e Filosofia, o Espiritismo tem três setores que constituem um todo harmônico, homogêneo, importante.

            O advento do Pacto Áureo provocou manifestações de justa alegria, quer no mundo espiritual, quer no mundo material. E muito se vem trabalhando no sentido da unificação integral, embora a incompreensão de uns poucos irmãos de boa vontade mas de frágil entendimento dos deveres doutrinários. Todos sabemos que Kardec enfrentou, também serenamente, os incompreensivos, quando escreveu: “Outros ainda são mais habilidosos: pregando a união, semeiam a separação; destramente levantam questões irritantes e ferinas; despertam o ciúme da preponderância entre os diferentes grupos.” Vem, a propósito, então, de um estudo metódico e permanente que a Federação Espírita Brasileira faz de “Os Quatro Evangelhos”, por iniciativa, depois de 14 anos de estudo da obra, do Doutor Adolfo Bezerra de Menezes, então na presidência da Casa de Ismael. Não sabemos, entre os opositores, de alguém cuja autoridade moral e doutrinária supere a de Bezerra. Allan Kardec, repita-se uma vez mais, ao lê-la para fazer um registro na “Revue Spirite”, não a condenou, apenas externou um ponto de vista estritamente pessoal, pondo em dúvida a questão do “corpo fluídico”. “Ces observations subordonnées à la sanction de l’avenir. NE DIMINUENT EN RIEN L’IMPORTANCE DE CET OUVRAGE, qui, á côté de choses douteuses à notre point de vue, EM RENFERME D’INCONTESTABLEMENT BONNES ET VRAIES, ET SERA CONSULTÉ AVEC FRUIT PAR LES SPIRITES SÉRIEUX” (“Revue Spirite”, 9e année – nº 6 – Juin 1866 – Pages 190/192 – Notices bibliographiques – Les Évangiles expliqués – Par M. Roustaing). (“Essas observações, subordinadas à sanção do futuro, EM NADA DIMUNUEM A IMPORTÂNCIA DESSA OBRA QUE, ao lado de coisas duvidosas segundo o nosso ponto de vista, contém incontestavelmente muitas outras boas e verdadeiras, e SERÁ CONSULTADA COM PROVEITO PELOS ESPÍRITAS SÉRIOS.” Curioso é o que o ilustre e probo Codificador acentuou: “par les spirites sérieux”...

            Basta uma ligeira análise retrospectiva para a constatação de que o comportamento sempre adotado pela FEB em nenhum momento diferiu da linha tradicional fixada para se chegar pacificamente à conclusão de que jamais tergiversou em suas relações com as sociedades que lhe sãoa dessas, pois não as coagiu em qualquer ocasião, em oportunidade alguma tentou, sob que pretexto fosse, “acarretar para nenhuma perda ou diminuição da autonomia que adquiriu ao fundar-se e de que goze”, como sequer pensou em se impor, em busca da hegemonia, ou de exigir a aceitação da sua vontade. Continua fiel à Doutrina iluminada pelo Evangelho, permanece subordinada ao pensamento de Jesus e sabe que o Cristo tinha muito mais poder que os sacerdotes cristãos para impor uma crença determinada, e não a impôs, mas a pregou e deixou a cada um a liberdade de aceitar ou não sua doutrina(F. R. Ituarte – “Las Matemáticas de la Moral”)

            As vicissitudes por que passou Kardec tem sido úteis à Federação Espírita Brasileira, como bússula para, desde o começo, compreender o que já compreendera ele: “É frequente uma pessoa rejeitar a opinião de outra, por entender que se humilharia, caso se submetesse a essa opinião, e acatar sem dificuldades a de muitos outros”, considerando que ‘O ESSENCIAL É QUE SEJAM ACORDES NO TOCANTE AOS PRINCIPIOS FUNDAMENTAIS”. A natureza humana é muito variável e não são poucos os que preferem ficar na superfície do que ir, serena e imparcialmente, procurar o esclarecimento sério que se encontra, não raro, no fundo dos problemas. A ação impessoal, firme e equilibrada que tem tido a FEB lhe conferiu a sólida autoridade moral que até hoje se mantém incólume, autoridade alicerçada no lema – TrabalhoSolidariedadeTolerância. Sua ligação com as federadas  constitui exemplo extraordinariamente belo. Ligação de natureza consensual, encerra a finalidade de constituírem “um todo homogêneo, no qual, com o único objetivo de confraternização, concórdia e solidariedade, se verifique completa harmonia de vistas e unidade de programa”. Por que ou para que isso? A fim de que o Espiritismo cada vez mais se solidifique, para melhor alcançar seus elevados objetivos. Nem se compreenderia ocorresse um como que “inadimplemento” capaz de determinar um desvio “nocivo à fraternal harmonia que deve reinar entre todas as participantes da Organização Federativa”. Mas, a autoridade moral da Federação Espírita Brasileira permanece atenta aos interesses sagrados do Pacto Áureo, ciente de que “os que nenhuma autoridade admitem não compreendem os verdadeiros interesses da Doutrina” (Kardec, “Obras Póstumas”, pág. 317).

            Por sua origem, por sua constituição orgânica, por sua essência cristã, a Federação Espírita Brasileira é, moral e doutrinariamente, a Casa Máter do Espiritismo, dirigida pelo Anjo Ismael, intérprete da vontade de Jesus. E Ismael, em comunicação mediúnica por intermédio do grande médium Frederico Júnior, disse, entre outras coisas, o seguinte: Se a opinião isolada  do vosso bom Mestre Allan Kardec pode, de alguma sorte, influir no entendimento de alguns, fazendo-lhes crer que o Redentor do mundo viera revestir-se de matéria grosseira dos corpos comuns, para dar o exemplo das maiores virtudes, encaminhando a humanidade inteira para a terra da promissão, hoje, que todos os Espíritos bem iluminados afirmam que o nascimento de jesus foi todo aparente, que o seu corpo apenas se constituíra de fluidos concentrados no seio da sempre Virgem Maria, não há mais razão de ser para duas opiniões a tal respeito.” (“Elucidações Evangélicas”, pág. 562.)

            Não vemos razão séria para uma contestação intransigente, tanto mais que “Allan Kardec não possuía então, para sua demonstração, senão bases inteiramente hipotéticas, não se tendo ainda os fenômenos de materialização e tangibilidade produzido sob os aspectos que a ciência tem podido abranger depois da morte material do Mestre”, segundo opinião de Leymarie (que sucedeu ao Mestre da “Revue Spirite”, quando franqueou as colunas dessa revista para a controvérsia que aí se travou, em 1883. E Manuel Quintão lembrou que Kardec, “ao receber a obra de Roustaing, escreveu na “Revue Spirite” (1861): “Nada há nisso de materialmente impossível, para quem conhece as propriedades do envoltório perispiritual”, e relembra o que está escrito em “O Livro dos Médiuns”: “Não preconizamos nem criticamos obra alguma. Não nos pertence ser juiz e parte e não alimentamos  a ridícula pretensão de ser o único distribuidor da luz”.

            Em “A Grande Síntese”, lê-se: “Enquanto houver um só bárbaro que seja, na Terra, ele tentará rebaixar no seu próprio nível a civilização.” Meditamos sobre essa afirmativa e, depois, transformemos o sentido da frase: “Enquanto houver um só adepto incompreensivo, no Espiritismo, ele tentará rebaixar ao seu próprio entendimento o nível da Doutrina.” E será verdade isso, porque muitos supõem que é a Doutrina que deve ir a eles, quando eles é que devem ir à Doutrina. O Evangelho é o mais elevado processo de educação moral do homem; a Doutrina é um instrumento didático a serviço do Evangelho. Negar ou desconhecer o papel que a Federação Espírita Brasileira exerce no Espiritismo e, mais ainda, no Brasil; conhecer a sua posição e desmerecê-la, contestá-la, opor entraves ao seu trabalho, é desservir a causa do Espiritismo Cristão, é descrer do programa que ela, por mandato do Alto, vem executando dentro das possibilidades que encontra. Vem a pelo  citar , outra vez, “A Grande Síntese”, quando lembra que os povos precisam mais de guia do que de comando, enquanto não se acham maduros. Meditemos igualmente sobre o conteúdo de tais palavras. Vejamos que isto se aplica perfeita e irrefragavelmente à Federação Espírita Brasileira, pois ela tem sido, sempre, um guia bafejado pela influência do Anjo Ismael.

            A liberdade é um grande bem, quando compreendemos as obrigações e as responsabilidades que nos confere o seu uso. O homem, entretanto, somente será realmente livre quando se houver despojado do egoísmo, da vaidade, do orgulho, da revolta, da inveja, de despeito, buscando forças na humildade, na tolerância, na caridade, que é amor, no amor que é a mais perfeita forma de libertação. Mas, sem o Evangelho não há libertação integral, porque, repete-o, no prefácio da obra citada, o sempre lembrado e querido Guillon Ribeiro, “O Evangelho não é um absurdo psicológico, social, científico. Não é a negação: é afirmação de humanidade, de humanidade elevada ao divino”. E Emmanuel reitera: Vede, pois, que todos os vossos progressos e todos os vossos surtos evolutivos estão previstos no Evangelho. Todas as vossas ciências e valores, no quadro das civilizações passadas e no mecanismo das que hão de vir, estão consubstanciados na palavra divina e redentora”.

            A religião espírita não segue os caminhos das que a antecederam. Ela tem por escopo a educação, a reforma moral de cada um, em benefício da coletividade. Esse o caminho da Federação Espírita Brasileira.

            Lins de Vasconcellos escreveu em “Mundo Espírita” não haver motivo para celeuma pelo fato de a Federação Espírita Brasileira aceitar a obra apresentada por Roustaing, porque – notem bem – “não existe absolutamente, nem nunca existiu, um Espiritismo diferente do codificado por Allan Kardec”, frisando que “as demais ideias da obra de Roustaing não são discutidas pelos seus adversários. Só a questão insolúvel do corpo fluídico é que serve de pomo de discórdia, não havendo, todavia, imposição contra ninguém” (número de 22-7-1950). Para nós, o fato se assemelha á revolta das rãs que queriam um rei, quando elevam à categoria de dissenção uma simples bulha de alguns “espíritas” intolerantes em torno do ponto citado. Isso significa, comenta Guillon Ribeiro, apenas uma profunda incompreensão, da parte de muitos, do maior número talvez, do que é ser espírita. Se os que abraçam a Doutrina dos Espíritos se compenetrassem de que ser espírita é ser cristão e que ser cristão é um estado de alma, e uma questão de sentimentos paradigmados pelo modelo que o Pai nos proporcionou, nenhum desarmonia ou discórdia se produziria no seio da família espírita, por motivos de divergências de opiniões. Estas, entre os verdadeiros espíritas, podem divergir profundamente, sem que isto de modo algum afete a cordialidade dos sentimentos de bondade e tolerância de uns para com os outros, e menos ainda o da fraternidade completa que os deve caracterizar” (“Carta Doutrinária”, Reformador de setembro de 1950).

            A controvérsia é ociosa, inútil, inane. os que com isso se preocupam dão mais valor a essa atitude sem lastro evangélico do que aos deveres constantes da Doutrina. Repisam argumentos já pulverizados, porque não podem recorrer a outros, menos ocos e monótonos e imitam os camelôs das vias públicas, que gritam para chamar a atenção sobre si e sobre os “produtos” que consideram sem similar... Omitem-se na observância do Evangelho e da Doutrina, apodando a Federação Espírita Brasileira que, no dizer do Irmão X, é “O Santuário de Ismael”:

            “O templo de Ismael, cujo coração pulsa, ditoso, na Federação Espírita Brasileira, não conhece inimigos onde é defrontado pela injúria, e sim irmãos ignorantes, que se mostram credores de tolerância e esclarecimento. Não relaciona culpados, onde a justiça enxerga criminosos, e, sim, infelizes, carecentes de amparo e colaboração. Não identifica perseguidores, se a pedrada lhe surpreende os serviços, e sim desventurados que se recomendam ao concurso da prece. Não vê caluniadores, onde sofre o assédio da malícia ou da ingratidão, e sim companheiros intoxicados de personalismo destruidor, que se fazem dignos do mais amplo silêncio. E , num vasto programa de compreensão evangélica, prossegue libertando os espíritos emparedados no cárcere das sombras, amolecendo corações petrificados no egoísmo, elevando o nível de autoconfiança naqueles que se descobriram no âmago do despenhadeiro, distribuindo alegria com os desesperados, esclarecendo os que cobram tributos à insensatez e à ignorância, curando cegos e surdos sistemáticos, advertindo os que reprovam sem compaixão, consolando os que se restauram nos hospitais, reaquecendo as almas congeladas ao vento frio do desânimo, limpando a veste de quantos se precipitaram em antigos espojadouros de lama, eliminando a discórdia, educando a liberdade, controlando paixões, preparando a infância e a juventude para a dignidade do indivíduo e convidando criaturas de boa vontade para o reino espiritual do trabalho com o Divino Mestre, em favor das crianças e dos velhos, dos cansados e dos tristes, dos loucos e dos doentes, dos fracos e dos fortes, dos justos e dos injustos, dos bons e dos maus.   

..........................................

            “Grande templo de Ismael! Perdoa os peregrinos, em desespero, que te atravessam os pórticos sagrados sem alijar o barro das sandálias, auxilia a todos que ainda te não podem compreender e, de antenas erguidas para a Espiritualidade Superior, prossegue para diante, estendendo a Boa Nova a todos os quadrantes do mundo, sob o céu doce e claro do Brasil, em que resplandece, vitoriosa e sublime, a estrelada mensagem da Cruz!...” (Recebida por Francisco Cândido Xavier).

                                                           *   *    *
            Nós nos curvamos, comovidos, ante as vibrações ternas, dessa maravilhosa mensagem do Irmão X. Sentimos profunda emoção ao reler essas palavras ungidas de justiça, que é amor, a definirem e exaltarem a grandiosa obra que, sob a égide de Ismael, a  Federação Espírita Brasileira vem realizando, com perfeita noção de suas responsabilidades perante Deus, perante Jesus, perante Ismael, perante a Humanidade.

            Sacudidos por falanges trevosas, o nosso mundo estremece, conturbado pelo personalismo egoísta, pela vaidade irrefreável, pela ambição de hegemonia, pelos pruridos de rebeldia e os impulsos de sedição. Há falta de humildade e por isso a tolerância se ausenta e a fraternidade deserta do coração dos homens. Jamais seremos espíritas, principalmente espíritas cristãos, se não cultivarmos a humildade, a paciência, a tolerância, a indulgencia e o perdão, se não trouxermos sempre na mente esta frase de Allan Kardec, ao referir-se aos obstinados em atitudes desfraternas, que perturbam a paz do trabalho e o trabalho da paz que devem existir toda a vida em nossos corações: “O orgulho é a catarata que lhes tolda a visão.”

                                            
Indalício Mendes
in ‘Reformador’ (FEB - Julho 1973)

Oração Dominical


Oração 
Dominical


Pai nosso que estais nos Céus, 
santificado seja o vosso nome!

            Acreditamos em vós, Senhor, pois tudo revela vosso poder e vossa bondade. A harmonia do Universo testemunha uma sabedoria, uma prudência e uma previdência que ultrapassam toda a compreensão humana. O nome de um ser soberanamente grande e sábio está inscrito em todas as obras da Criação, desde o ramo da erva e o mais pequeno inseto, até os astros que se movem no espaço. Em todos os lugares, vemos a prova de um amor paternal. É por isso que cego é aquele que não vos reconhece em vossas obras, orgulhoso aquele que não vos glorifica, e ingrato aquele que não vos rende ação de graças.

Venha a nós o vosso reino!
           
            Senhor, destes aos homens leis perfeitas de sabedoria, que os fariam felizes se as seguissem. Com essas leis, fariam reinar entre si a paz e a justiça; ajudar-se-iam mutuamente ao invés de prejudicarem-se como o fazem; o forte ajudaria o fraco ao invés de massacrá-lo; evitariam os males que geram os abusos e os excessos de todas as espécies. Todas as misérias da Terra vêm da violação de vossas leis, pois não há uma única infração a essas leis que não tenha consequências inevitáveis.
            Destes ao animal o instinto, que o mantém no limite do necessário, e ele se conforta naturalmente com isso. Ao homem, além do instinto, destes a inteligência e a razão; destes também a liberdade de respeitar ou violar aquelas de vossas leis que lhe dizem respeito pessoalmente, ou seja, de escolher entre o bem e o mal, a fim de que tenha o mérito e a responsabilidade de suas ações.
            Ninguém pode alegar ignorância de vossas leis porque, em vossa previdência paternal, quisestes que fossem gravadas na consciência de cada um, sem distinção de cultos, nem de nações. Aqueles que as desobedecem, é porque vos desconhecem.
            Chegará o dia em que, e acordo com a vossa promessa, todos as praticarão, e então a incredulidade terá desaparecido. Todos vos reconhecerão o Senhor soberano de todas as coisas, e o reinado de vossas leis será vosso reino na Terra.
            Dignai-vos, Senhor, apressar a sua vinda, dando aos homens a luz necessária que os conduza no caminho da verdade.

Seja feita a vossa vontade 
assim na Terra como nos Céus!

            Se a submissão é um dever do filho com relação ao pai, di inferior com relação ao superior, quanto maior não deve ser a da criatura em relação ao seu Criador! Fazer vossa vontade, Senhor, é obedecer vossas leis e se submeter sem lamentações aos vossos decretos divinos. O homem se submeterá a ela quando compreender que Sois a fonte de toda sabedoria e que sem vós nada pode. Então fará vossa vontade na Terra como os eleitos a fazem nos Céus.

O pão nosso de cada dia, 
nos dai hoje!

            Dai-nos o alimento para a manutenção das forças do corpo; dai-nos também o alimento espiritual para o desenvolvimento de nosso Espírito.
            O animal encontra sua pastagem, mas o homem deve o seu alimento à sua própria atividade e aos recursos de sua inteligência, porque vós o criastes livre.
            Vós lhe dissestes: “Tirarás teu alimento da terra com o suor de teu rosto”. Com isso lhe fizestes do trabalho uma obrigação, a fim de que exercite sua inteligência pela procura dos meios de preencher as suas necessidades e o seu bem-estar; uns pelo trabalho manual, outros pelo trabalho intelectual. Sem o trabalho, ficaria estacionário e não poderia pretender alcançar a felicidade dos Espíritos superiores.
            Auxiliais o homem de boa vontade que se confia a vós para obter o necessário, mas não aquele que encontra prazer no vício de gastar o tempo inutilmente, que gostaria tudo obter sem esforço, nem o que procura o desnecessário.
            Quantos são os que caem vencidos por sua própria culpa, por seu descuido, sua imprevidência ou sua ambição, e por não quererem se contentar com o que lhes destes. Estes são os que fazem a sua própria desgraça e não têm o direito de se lamentar, já que são punidos naquilo mesmo em que pecaram. Apesar disso, nem a estes abandonais, pois Sois infinitamente misericordiosos: Vós lhes estendeis a mão em socorro desde que, como o filho pródigo, retorne sinceramente a Vós.
            Antes de nos lamentar da nossa sorte, perguntemo-nos se ela não é obra nossa. Perguntemo-nos se a cada infelicidade que nos chega não dependia de nós evitá-la, e consideremos também que Deus nos deu a inteligência para nos tirar do lamaçal, e que depende de nós fazer bom uso dela.
            Uma vez que na Terra o homem se acha submetido à lei do trabalho, dai-nos a coragem e a força de cumpri-la. Dai-nos também a prudência, a previdência e a moderação, para que não venhamos a perder os seus frutos.
            Dai-nos, Senhor, nosso pão de cada dia, ou seja, os meios de adquirir pelo trabalho, as coisas necessárias à vida, pois ninguém tem o direito de reclamar o desnecessário.
            Se o trabalho nos é impossível, confiamo-nos à vossa divina Providência.
            Se está em vossa vontade nos provar pelas mais duras privações, apesar de nossos esforços, nós as aceitamos como uma justa expiação das faltas que tenhamos cometido nesta vida ou numa outra anterior, pois Sois justo. Sabemos que não há sofrimentos que não sejam merecidos, e que nunca há punições sem causa.
            Preservai-nos, meu Deus, de invejar aqueles que possuem o que não temos, e nem mesmo invejar os que têm o excessivo quando nos falte o necessário. Perdoai-lhes, se esquecem a lei da caridade e de amor ao próximo que lhes ensinastes.
            Afastai também de nós o pensamento de negar vossa justiça, ao ver a prosperidade do mau e a infelicidade que, por vezes, aflige o homem de bem. Graças às novas luzes que nos destes, sabemos agora que vossa justiça sempre se cumpre e não falha com ninguém, porque a prosperidade material do mau é tão transitória e passageira quanto a sua existência corporal, e que terá que passar por reencarnações dolorosas, enquanto que a alegria reservada àqueles que sofrem com resignação será eterna. 
           
Perdoai nossas ofensas
como nós perdoamos àqueles que nos ofenderam!

            Cada uma de nossas infrações às vossas leis, Senhor, é uma ofensa que vos fazemos, e uma dívida contraída que cedo ou tarde será preciso resgatar. Solicitamos o perdão de vossa infinita misericórdia, e vos prometemos empregar nossos esforços para não contrair novas dívidas.
            Na caridade, nos ensinastes a maior das leis; mas a caridade não consiste somente em amparar ao semelhante na necessidade: consiste também no esquecimento e no perdão das ofensas. Com que direito reclamaríamos vossa indulgência, se nós mesmos não usássemos dela para com aqueles dos quais temos do que nos queixar?
            Dai-nos, meu Deus, a força para apagar em nossa alma todo o ressentimento, todo o ódio e todo o rancor. Fazei com que a morte não nos surpreenda com nenhum desejo de vingança no coração. Se for de vossa vontade nos retirar hoje mesmo da Terra, fazei com que possamos nos apresentar diante de vós puros, libertos de ódios, como o Cristo, cujas últimas palavras foram de perdão, em favor dos seus martirizadores.
            As perseguições que os maus nos fazem suportar são parte das nossas provas terrenas. Devemos aceitá-las sem lamentações, como todas as outras provas, e não amaldiçoar aqueles que com suas maldades nos dão a oportunidade de perdoá-los, abrindo-nos o caminho da felicidade eterna, já que nos dissestes pelo ensinamento de Jesus: Bem-aventurados os que sofrem pela justiça! Bendigamos, a mão que nos fere e nos humilha, porque sabemos que as angústias do corpo fortalecem nossa alma, e seremos glorificados em nossa humildade. 
            Abençoado seja o vosso nome, Senhor, por nos teres ensinado que nossa sorte não está irrevogavelmente fixada após a morte. Que encontraremos em outras existências os meios de resgatar e reparar nossas faltas passadas, e de cumprir, em uma nova vida, o que não pudemos fazer nesta para o nosso adiantamento.
            Assim se explicam todas as desigualdades aparentas da vida terrena. É a luz lançada sobre nosso passado e nosso futuro, o sinal evidente de vossa soberana justiça e de vossa bondade infinita.

Não nos deixeis cair em tentação,
mas livrai-nos do mal!

            Dai-nos, Senhor, a força para resistir às sugestões dos maus Espíritos que inspirando-nos maus pensamentos, tentam nos desviar do caminho do bem.
            Somos Espíritos imperfeitos, encarnados na Terra para expiar nossas faltas e melhorar-nos. A principal causa do mal está em nós mesmos, e os maus Espíritos apenas se aproveitam de nossas más inclinações e vícios, para nos tentar.
            Cada imperfeição é uma porta aberta à influência deles, enquanto que são impotentes e renunciam a qualquer tentativa contra os seres perfeitos. Se não tivermos vontade firme e determinada para praticar o bem e renunciar ao mal, tudo o que fizermos para afastá-los será inútil. Portanto, precisamos direcionar nossos esforços para combater as nossas más inclinações e os nossos vícios; então, os maus Espíritos naturalmente se afastarão, porque é o mal que os atrai, enquanto que o bem os repele.
            Senhor, sustentai-nos em nossa fraqueza; inspirai-nos pela voz de nossos anjos guardiães e pelos bons Espíritos, a vontade de corrigir nossas imperfeições a fim de impedir aos Espíritos impuros o acesso à nossa alma.
            Senhor, como sois a fonte de todo o bem, não criais nada de mau; não podendo, por isso, o mal ser obra vossa. Nós mesmos os criamos ao desprezar as vossas leis, e pelo mau uso que fazemos do livre-arbítrio que nos destes. Quando os homens cumprirem vossas leis, o mal desaparecerá da Terra, como já desapareceu em mundos mais avançados.
            A prática do mal não é uma necessidade fatal ou irresistível para ninguém, e apenas parece irresistível àqueles que nele se satisfazem. Se temos a vontade de fazer o mal, podemos também ter a de fazer o bem. Senhor meu Deus, é por isso que pedimos vossa assistência e a dos bons Espíritos para resistir à tentação.

Assim seja!

            Permite, Senhor, dirigimos esta prece por nós e em favor de todas as almas sofredoras, encarnadas ou desencarnadas, pelos nossos amigos e inimigos, por todos aqueles que solicitem nossa assistência, e em particular por... (Pode-se formular a seguir os agradecimentos que são dirigidos a Deus e os que se queira pedir para nós mesmos ou para os outros).
            Suplicamos vossa misericórdia e vossa bênção para todos.



in “O Evangelho Segundo o Espiritismo”
por Allan Kardec
(Ed Petit – 1ª Ed – 1997)


'Pérolas aos Porcos'


Pérolas
aos Porcos

7,6  Não lanceis aos cães as coisas santas. Não atireis aos porcos as vossas pérolas, para que não as calquem com os pés e, voltando-se contra vós, vos despedacem.

Para  Mt (7,6) -As Pérolas aos Porcos - busquemos Emmanuel por Chico Xavier em
“Vinha de Luz”:

            “Certo, o cristão sincero nunca se lembrará de transformar um cão em partícipe do serviço evangélico, mas, de nenhum modo, se reportava Jesus à feição literal da sentença.

            O Mestre, em lançando o apelo, buscava preservar amigos e companheiros do futuro contra os perigos da imprevidência.

            O Evangelho não é somente um escrínio celestial de sublimes palavras. É também o tesouro de dádivas da Vida Eterna.

            Se é reprovável o desperdício de recursos materiais, que não dizer da irresponsabilidade na aplicação das riquezas sagradas?

            O aprendiz inquieto na comunicação de dons da fé às criaturas de projeção social, pode ser generoso, mas não deixa de ser imprudente. Porque um homem esteja bem trajado ou possua larga expressão de dinheiro, porque se mostre revestido da autoridade temporária ou se destaque nas posições representativas da luta terrestre, isto não demonstra a habilitação dele para o banquete do Cristo.

            Recomendou o Senhor seja o Evangelho pregado a todas as criaturas; entretanto, com semelhante advertência não espera que os seguidores se convertam em demagogos contumazes, e, sim, em mananciais ativos do bem a todos os seres, através de ações e ensinamentos, cada qual na posição que lhe é devida.

            Ninguém se confie à aflição para impor os princípios evangélicos, nesse ou naquele setor da experiência que lhe diga respeito. Muitas vezes, o que parece amor não passa de simples capricho, e, em consequência dessa leviandade, é que encontramos verdadeiras maltas de cães avançando em coisas santas”

                                    

26 de Setembro



26  Setembro

  Se a vida nos deu de tudo,
Tudo aquilo que fazemos
Não chega a pagar o Amor
Que, por nós, não merecemos.

Cornélio Pires
por Gilberto Campista Guarino
in ‘Centelhas de Sbedoria’  (1ª Ed. ‘FEB  1975)




Deus é a Causa Primeira.
Você O traz emboscado no coração.
Desate-O e permita que em você
a Sua Presença gere felicidade em derredor.

Marco Prisco
por Divaldo Franco
in ‘Momentos de Decisão’  (4ª Ed. Alvorada  1993)