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domingo, 6 de dezembro de 2020

A incredulidade e a ciência

A incredulidade e a ciência

por Camille Flammarion

Reformador (FEB) Janeiro 1924

             Tratando da incredulidade dos homens, que tudo negam, sem estudar os fatos, assim se exprime Camille FIammarion, em interessante artigo publicado na Revue Spirite:

             O desconhecido de ontem será a verdade de amanhã. A ciência nos mostra grande número de homens eminentes que pararam na senda do progresso, imaginando que a sua ciência tinha dito a última palavra no assunto.

            O imortal Lavoisier, que tinha revolvido a flogística e que errou na química, ficou solidário com as ideias de seu tempo. Encarregado pela Academia de Ciências de apresentar um relatório sobre a queda de um aerólito, aliás muito bem observado, redigiu em 1769, um documento em que declarava o seguinte, sob o título: ‘Relatório sobre uma pedra que se pretende tenha caído do céu durante uma tempestade.’

             Se a existência de pedras do raio sempre foi olhada como suspeita em um tempo em que os físicos não tinham nenhuma ideia da natureza do raio, com mais forte razão o deve ser hoje que os físicos modernos descobriram que os efeitos desse meteoro, são os mesmos da eletricidade.

             Depois de descrever a maneira por que foi vista a queda do aerólito e preocupado com a lenda popular que dava essa pedra como produto do raio, acrescentou: 

             “- Cremos poder concluir que a citada pedra não tem sua origem no raio, que ela não caiu do céu.”

             No entanto, várias testemunhas viram a pedra cair em pleno dia 13 de setembro de 1768 em campo raso. Ela lá estava, examinaram-na, analisaram-na e concluíram... que não tinha caído do céu.

            O testemunho humano é aí considerado como nulo, e, em nossos dias, certa escola continua a ensinar que as testemunhas, quaisquer que sejam, não tem nenhum valor probante.

            Ora, não era a 1ª vez que se via cair do céu uma ou muitas pedras. Para citar a mais celebre, lembremos que a 7 de novembro de 1491, em Ensisheim, uma pedra enorme caiu diante de todo um exército, perto de Maximiliano I, rei dos romanos.

            Os seres humanos pensam ainda que os fenômenos metapsíquicos não são admissíveis, pela razão de que admiti-los seria pôr em dúvida certos princípios do ensino clássico.

 *

             Não é necessário remontar a um século para nos certificarmos desse espírito tão funesto ao avanço do saber humano. Eu vi com meus olhos o fonógrafo negado, na Academia de Ciências pelo célebre Dr. Bouillaud. Tive por mestre o não menos célebre Babínet que negou a possibilidade dos cabos submarinos; conheci o célebre geólogo Elias de Beaumont, secretário perpétuo da Academia de Ciências, que sempre negou o homem fóssil.

            Chevreul, Faraday, Tyndall, Huxley, sábios igualmente eminentes, nunca compreenderam nada dos fenômenos psíquicos e os rejeitaram cegamente.

            Em 1831, o Dr. Castel dizia à Academia de Medicina, em seguida à leitura de um relatório de uma comissão dessa Sociedade, sobre o magnetismo animal:

             “- Se a maior parte dos fatos enunciados fossem reais, eles destruiriam a metade dos conhecimentos adquiridos em física. É pois necessário que evitemos propaga-los, imprimindo o relatório.”

             Mme. Blavatsky conta (‘Isis dévoilée’, (‘Isis sem véu’) t. IV, p. 366), uma anedota que corria entre os amigos de Daguerre, entre 1838 e 1840. Mme. Daguerre consultou uma das celebridades médicas da época a respeito da condição mental de seu esposo. Ela declarou, com as lágrimas nos olhos, que a prova mais evidente da loucura de seu esposo era a sua firme convicção de que conseguiria pregar a própria sombra na parede ou fixa-la em placas metálicas mágicas. O Dr. respondeu, por seu turno, que tinha observado ultimamente em Daguerre sintomas de loucura. Terminou aconselhando a esposa a que mandasse o marido para Bicêtre (hospital localizado em Paris utilizado, por um tempo, para doentes mentais).

            Dois meses depois, um profundo interesse era despertado em todo o mundo das artes e da ciência pela exposição de imagens apanhadas pelo novo processo. As sombras haviam sido fixadas, não obstante, sobre as placas metálicas e a fotografia estava estabelecida.

            Que dificuldades não tem a verdade que vencer para se impor!

            Pois o grande físico inglês Lord Kelvin não escreveu isto:

         “Tenho que repelir toda a aparência de qualquer tendência para aceitar o magnetismo, a clarividência, as pancadas. Não há um 6º sentido de espécie mística. A clarividência e o resto são o resultado de más observações, misturadas com um espírito de impostura voluntaria, agindo sobre almas inocentes e confiantes.”

             Tal o grau de cegueira a que foi levado um dos maiores espíritos da nossa época.

            Temos que juntar o nome de Ernest Haeckel à lista dos sábios cegos por um falso orgulho, que negaram os fenômenos inexplicáveis.

            Em uma página infeliz de sua obra: “0s Enigmas do Universo”, fala da leitura do pensamento nesses termos:

             “O que se chama telepatia não existe mais que os espíritos e os fantasmas.”

             Em que pese a Haeckel e seus colegas, a transmissão do pensamento, o Hipnotismo e muitas outras manifestações psíquicas tem a sanção de homens eminentes e a psicologia ousa aprofundar problemas em um terreno outrora considerado como um amálgama de embustes e mistificações.

            A incredulidade é devida, parece-me - diz ainda Flammarion - à imensa e universal ignorância. É, sobretudo, nas questões psíquicas que essa ignorância é notável e lamentável, porque todos nós somos nelas interessados. O mundo psíquico é mais vasto que a mundo físico e ninguém deveria desdenhar o seu estudo.


sábado, 5 de dezembro de 2020

Três respostas

 

Três Respostas

A Redação       Reformador (FEB) 16 Março 1924

             Durante o ministério público de Jesus, um homem pertencente, segundo Mateus, à classe preponderante dos escribas, achegando-se ao Senhor, lhe disse:

            “Mestre, eu seguir-te-ei para onde quer que fores.”

            Quem destarte formulou a promessa não estava em situação de lhe compreender o alcance, nem de sentir o peso das responsabilidades decorrentes.

            Iludia-se.

            Os escribas, bem sabe o leitor, eram “doutores que ensinavam a lei de Moisés e a explicavam ao povo.”

            0s discípulos de Jesus, por Ele chamados - espíritos descidos para acompanha-lo na missão terrena - eram gente simples, humilde e pobre, sem posição social.

            Celso os denominou vagabundos e mendigos.

            Ao fazer a espontânea promessa, que os evangelistas nos transmitiram, o presunçoso letrado de Israel supôs encontrar franco acolhimento.

            Talvez visasse vantagens de ordem material.

            O discipulado era sacrifício pessoal, dedicação e sofrimento.

            Poderia aspira-lo o escriba, seguindo o exemplo do divino Mestre?

            As raposas tem seus covis e ninhos as aves do céu; mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça.

            Foi esta a resposta do Senhor que, na frase evangélica, “não necessitava de que lhe dessem testemunho de homem algum, pois Ele bem sabia por si mesmo o que havia no homem” - ipse enim sciebat quid esset in homine. (João, II, 25)

 *

             Outra pessoa, segundo Lucas, veio dizer a Jesus:

            “Eu, Senhor seguir te-ei, mas dá licença que eu vá primeiro dispor dos bens que tenho em minha casa.”

            Esse irmão preestabelece condições para, em tempo futuro, satisfazer o compromisso. Precisa dispor dos bens, liquidar os negócios. Pede adiamento. Qual o prazo para essa liquidação? Como seria levada a efeito?

            Durante o penado dilatório, manteria o pretendente a primitiva resolução?

            Poderiam surgir imprevistas dificuldades e chegar o momento do regresso à vida espiritual,

            Jesus sentenciou:

            Nenhum, que mete a sua mão no arado e olha para trás, é apto para o reino de Deus.”

            Vamos transcrever a propósito, o seguinte ditado inserido na grande obra de ROUSTAING:

             “É preciso que as condições pessoais, egoísticas não te façam voltar atrás e abandonar a obra que tens de executar. Começaste a caminhar para a frente, segue teu caminho, pois parar é recuar.” (1)

               (1) Os Quatro Evangelhos (trad. de Guillon Ribeiro) vol.II, pág. 54

 *

             Tem sido objeto de muitos e variados comentários a resposta de Jesus ao discípulo (na versão do primeiro Evangelho) o qual lhe pedira permissão para ir enterrar o pai:

            “Segue-me, e deixa que os mortos sepultem os seus mortos.”

            A feição deste artigo não nos permite acompanhar os comentadores.

            O leitor poderá verificar, com facilidade, as explicações, perfeitamente harmônicas, de ALLAN KARDEC e ROUSTAING. (1)

                 (1) A. KARDEC-O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XXUI, nr. 7 e seg.; ROUSTAING - Obra e vol. cít., pág. 50 e seg.  

           A lição de Jesus é toda espiritual.

            Observemos, de passagem, que a lei mosaica vedava ao sumo pontífice assistir a enterro, embora fosse do pai ou da mãe (Levítico, XXI, II)

            Aos nazarenos ou nazireus foi imposto o mesmo preceito. (Números, VI, 6, 7)

*

Em Mateus, (VIII, 19-22) e Lucas (IX, 57-62) encontram-se os textos citados acima.

            Invocando-os, pretendemos acentuar a concordância entre a lição evangélica e o ensino dos Espíritos, conforme costumamos fazer nesta coluna.

            O espírita, obreiro da seara, deve compreender as suas responsabilidades de crente.

            Não lhe é lícito recuar.

            Cumpre-lhe, ao contrário, executar de boa vontade a tarefa a que se obrigou.

            A fé lhe não foi imposta. Adquiriu-a pelo esforço próprio.

            Adotando a doutrina com as suas normas diretoras, sabe os resultados provenientes dos desvios, nesta existência e na outra post mortem.

            A denominada morte é passagem para a vida real - janua vitae - encarnação é descida do Espirito à matéria, onde fica encarcerado.

            O Espiritismo vem assim explicar as palavras do Senhor, que de novo esplendem pela voz dos seus mensageiros.

            Seja-nos permitido encerrar este artigo com a lição de ALLAN KARDEC:

             “A vida espiritual é a verdadeira, por ser a vida normal do Espírito. A existência terrestre é apenas transitória e passageira, espécie de morte, se a compararmos ao esplendor e atividade da vida espiritual. O corpo não passa de grosseira veste, envolvendo momentaneamente o Espírito, qual cadeia que o prende ao solo terreno, e por cuja libertação sente-se feliz. O respeito que se tem pelos mortos não se liga à matéria, mas pela lembrança ao espírito ausente... Jesus ensinou ao homem, dizendo-lhe: Não vos inquieteis com o corpo, mas pensai antes no Espirito: ide ensinar o reino de Deus; ide dizer aos homens que a sua pátria não é a Terra, mas o céu, onde somente está a verdadeira vida.”

 


sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

Quem com ferro fere...

 


Quem com ferro fere...

por Cimba                     Reformador (FEB) 16 Março 1924

             Já se lhe vinha aproximando o termo de penosa existência. E ele via, com satisfação, aparecer o crepúsculo de uma vida de enfermidade, de pobreza, de dores físicas e morais.

            Seria o termo de sua lacrimosa peregrinação pela Terra, por onde ele passara com um corpo doente e fraco, constantemente acossado pelas inclemências da natura pela ingratidão dos homens.

            Amara muito e sofrera muito !.. Tivera uma companheira, que era toda a felicidade de sua vida e ela o traíra. Tivera um amigo em quem depositava toda a confiança e esse fora o desencaminhador de seu lar.

            Dentro em pouco ficara só. Sentia o deserto dentro de sua casa vazia e do seu coração enlutado.

            E assim foram avançando os anos, sem que a morte o viesse arrancar da sua solidão, da sua tristeza, do seu opróbrio, de suas enfermidades.

            - Porque, Senhor- apostrofava ele - porque a mim me deste esta existência de doenças, de dores e de vergonha, enquanto outros vivem na opulência, na grandeza e na felicidade?

            Porque, Senhor, vivo eu triste e só, enquanto outros passam a vida em tumultuosa companhia?

            Porque sou obrigado a carregar este corpo alquebrado, enfermo e feio?

            Nunca fiz o mal, tinha o coração repleto de afetos e ternuras e fui vilmente, indignamente, enganado por aqueles a quem mais amei?

            Que justiça é essa, Senhor?

            E uma voz, saída não sabia ele de onde, respondeu-lhe:

            - Deus é justo. Sofres porque o mereces.

            Queres saber a causa das tuas dores? Olha !..

            E o velho, espantado, reclinou a fronte.

            Dir-se-ia depois que sonhava !..

 *

             O Justino era uma dessas criaturas para quem fora pródiga a natureza: inteligente, forte e bonito. Um rapagão! - como se dizia.

            Por maior ventura, nascera de paparicos e que concentravam nele todas as afeições que poderiam repartir por outros filhos, porque ele era o único do casal.

            O menino cresceu cheio de grandes desvelos e de grandes vontades.

            Afortunados, os seus progenitores podiam satisfazer-lhe os desejos, por mais absurdos que fossem.

            Deram-lhe bons mestres e bons livros. Procuraram fazer dele um sábio, mas descuraram de fazer dele um homem!

            Habituado a ver satisfeitos todos os seus caprichos, rodeado de pessoas humildes e submissas às suas ordens, porque eram infelizes necessitados, o Justino foi ficando voluntarioso, orgulhoso e mau.

            Já rapaz, sem saber o que era obediência, nem respeito, nem ordem, nem moral, entregou-se aos vícios de todas as espécies.

            Era uma lástima a maneira por que prodigalizava os bens que herdara do pai e da natureza.

            A fortuna deixava-a todas as noites nas mesas de jogo; os dotes físicos ía os malbaratando nas noites perdidas, nas libações prolongadas, nos lugares mal afamados.

            Simpático, instruído, loquaz, insinuava-se nos lares, cativava a simpatia dos de casa, para levar-lhes a infelicidade e a desonra. 

*

             Conhecera o Justino, num bairro afastado e pitoresco da cidade, uma pequena família, que vivia feliz e pacificamente, longe das paixões mundanas, e que só conhecia do mundo o lado bom. Dir-se-ia que ali nunca entrara a sombra de um pesar, vivendo os cônjuges na mais perfeita harmonia, sem que houvesse mesmo as contrariedades e rusgas, inda que pequenas, tão comuns na vida entre casados.

            Mas a infelicidade os estava a espreitar e os espreitava pelos olhos do Justino, que descobrira a formosura da dona da casa, numa das vezes que ela assomara, despretenciosamente à janela.

            E, lá ia ele às tardes apertar o cerco, dominador acostumado à vitória, convencido dos seus predicados, seguro do seu triunfo.

            E se travou de relações com o bom e honesto cavalheiro que era o venturoso dono da casa. E penetrou os umbrais daquela morada, onde sempre vivera honesta e feliz uma família, trazendo ele nos lábios o sorriso mendaz (falso) do amigo e nos dentes o veneno (ameaçador) minacíssimo da serpente.

            Com suas maneiras de salão, seus hábitos de homem gigante, suas conversas de rapaz instruído, sua plástica física, seu desembaraço, sua jovialidade, para logo conquistou todas as simpatias.

            E como havia conquistado as simpatias do marido também conquistou as da consorte.

            O dono da casa cumulou-o de gentilezas. Abriu-lhe completamente as portas do lar; convidou-o para compadre; era ele o seu verdadeiro amigo, o seu íntimo amigo...

            O Justino entrava ali a qualquer hora, porque viam nele um homem de bem.

            Mas, em pouco, tudo mudou naquele remansoso tugúrio (casebre)!

            Um amigo do Justino aconselhou-o a que fosse procurar aventuras em outro lugar. Deixasse estar quieto quem vivia sossegado.

            Não lhe faltavam a ele, moço e rico, onde só divertir, sem prejuízo de ninguém.

            E o Justino, dando de ombros, respondia:

            - Ora, é o que se leva deste mundo!  

            - Sim, é o que se leva - retrucava o outro - mas triste daquele que leva tal bagagem!

            - A única bagagem que nós levamos - revidava o Justino - é o corpo para a sepultura, quando ele já não presta para nada. E Idiota seria eu se não aproveitasse a saúde, a juventude e a riqueza, em gozar, em gozar o mais que puder, em gozar desmedidamente, valendo-me de todos os tolos e de todas as tolas, que vou encontrando e que são em grande quantidade. 

            O amigo insistia sobre as responsabilidades do homem, sobre a vida futura, sobre as penas que nos esperam... sobre a infalível justiça de Deus!

            E o Justino, numa casquinada (gargalhada):

            - A coisa única imortal que existe é a ingenuidade das criaturas como tu.

 *

             Na casa, outrora feliz, parecia reinar um ambiente de dores e remorsos.

            Finava-se lentamente a dona da casa.

            Nunca mais sorrira, nunca mais a viram como dantes, sem preocupações, nem tristezas, percorrer as aleias do jardim, em busca das flores com que se adornava garridamente (exuberante) para receber o marido.

            Nunca mais a viram cantar a meia voz, dulcissimamente, quando embalava os filhos. A antiga alegria havia desaparecido. Desaparecera, na companheira daquele lar, com a alegria, o apetite e o sono.

            Os médicos confessavam-se incapazes de debelar o mal.

            E, certa manhã, a pobre doente acordou sobressaltada, ajoelhou-se aos pés do marido, beijou-os, suplicou-lhe perdão em lágrimas, sem que ele pudesse compreender o sentido daquelas palavras, caiu para trás, numa convulsão, e morreu.

            E o Justino?

            O Justino já havia abandonado a amizade e o amigo aos primeiros sintomas da enfermidade da mulher.

            Na hora da dor não o encontraram.

            Ele não estava ali para justificar o prolóquio: - amicus certus in re incerta cernitur.  (O amigo certo se manifesta na ocasião incerta).

 *

             E depois... e depois toca a esperdiçar (= desperdiçar) a vida e a fortuna.

            Encheu os pais de desgostos e os pais tarde compreenderam que deixaram de dar ao filho o principal, o mais importante de todos os ensinamentos - os ensinamentos da Moral.

            Neste planeta das coisas finitas, em que tudo passa, em que tudo acaba, em breve o dinheiro e a saúde do Justino se esgotaram.

            Morreram-lhe os pais, afastaram-se os amigos, fugiu-lhe a mocidade, desbotaram-se lhe as cores e a ancianidade (velhice) prematura desenhou-se lhe na fronte abatida.

            A debilidade física se vieram juntar os horrores da miséria.

            O janota de há alguns anos envergou as roupagens do mendigo.

            Então, começaram a toma-lo visões desesperadoras !..

            Depois, levaram-no para um hospital.

            Foi impressionante a sua agonia. Cobria os olhos com o lençol e pedia que lhe afastassem de perto aquelas figuras que o vinham condenar.

            Suas feições descompostas apresentavam aspecto amedrontador.

            - Sai! Sai! - dizia em gritos... E com as mãos como que procurava afugentar os fantasmas que o perseguiam.

            Afinal, arquejante, caía de joelhos a implorar perdão. E assim, apavorado sempre por espectros invisíveis, a clamar misericórdia, arrancando os cabelos, em choros sufocantes, se foi minando, consumindo, até que expirou...

 *

             O ancião abriu os olhos. Estaria dormindo? Que história era aquela?

            Como se respondessem à pergunta que ele fizera em solilóquio, disseram lhe:

            - É a tua! Foi a tua vida passada.

            É a histeria da tua última existência,

            Desbarataste o teu vigor, vieste fraco.

            Traíste, foste traído.

            No espaço continuaste a suplicar o perdão, com que fechaste os lábios e os olhos.

            Deus, bondoso, te perdoou... E tu voltaste de novo ao teatro de tuas iniquidades para resgatar as faltas cometidas.

            - E quem és tu?

            - Um amigo que te falava sempre na imortalidade e na justiça de Deus!

            - E agora?

            - Agora agradece ao Criador!

 *

             Uma luz imensa começou a fazer-se no espírito do velho.

            Era a luz de uma nova aurora. Era o clarão da liberdade!  


Do arrependimento

 


    Aquele que se arrepende sinceramente, que purifica o seu coração do lodo, da lepra do mundo e se volta, cheio de fé e de esperança para o seu Criador, esse está por natureza batizado em fogo; está ao abrigo das dores e das provações; está apto para receber o nome de filho de Deus e ver a sua glória.- Ismael   (Reformador (FEB) 16 Fevereiro 1924)

quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

Antes e depois da conversão

 

Antes e depois da conversão

A Redação   Reformador (FEB) 1º Março 1924

             O espírita, conhecedor e praticante da doutrina, ao cogitar no problema do sofrimento humano, cuja solução lhe foi proporcionada, pode examinar, sereno e calmo, a sua atual situação e, mediante um estudo retrospectivo, compara-la à anterior.

            São estados psicológicos bem dessemelhantes.

            O ego permaneceu inalterável; mas houve grande mudança nas ideias e nas ações correspondentes e consequentes.

            Outros pensamentos, outros rumos.

            O converso, a quem aludimos, simultaneamente agente e paciente, ora iluminado pela Nova Revelação, percebe, compreende, sente e pode analisar a sua renovação espiritual.

            Poderíamos inquiri-lo.

            Amigo, que pensamentos te ocorriam, em face do sofrimento?  Hoje, como encaras a dor?

            Foram muitas as aflições, muitos os momentos de amarguras e angústias.

            Em horas de fraqueza, de tédio e desalento, te insurgias contra o destino, descrias da Providência, que veste os lírios do campo e alimenta as aves do céu, blasfemavas e até passava-te pela mente a solução resultante do suicídio - inominável crime.

            Não sabias sofrer. Iam sendo agravados os tormentos pela tua própria irritação e descrença, manifestações, pensamos nós, das antigas taras do orgulho.

           - Se pensasse então, como penso hoje...

            Todos os convertidos podem repetir esta frase.

            Se, agora, ferir-te um rude golpe, saberás suportá-lo, como crente submisso à lei, resignado e confiante.

            O sentimento religioso, outrora incerto e vacilante, apagado e quase extinto, ressurgiu com vigor, firmou-se e se apurou.

            Bem o sentes.

            A prece, grande força à disposição do crente, é repelida pelos desesperados.

            Feliz o que aprendeu a orar e o sabe fazer...

            Tiveste a ventura de achar o caminho, após o sofrimento.

            Outros desfrutaram, durante anos uma existência de prazeres e regalos, a exemplo do rico descuidoso, figurado na parábola evangélica.

            Quando soou a hora da adversidade, não estavam preparados para resistir e sofrer.

            Na sociedade contemporânea, como na antiga, tem numerosos representantes essa classe, aplaudida e adulada, de gozadores egoístas, futuro sofredores.

            A lei não abre exceções.

 *

             A doutrina dos Espíritos deu-nos a solução do torturante problema do sofrimento, na Terra e no espaço, até onde alcança a nossa compreensão.

            Porque sofremos?  Não seria difícil a resposta imediata:

            Sofremos porque somos imperfeitos, falidos, culposos, encarnados em planeta expiatório.

            Não resgatando as faltas, temos de padecer ainda na erraticidade, depois de abandonado aos vermes o corpo material.

            A resposta é para espíritas. Não a compreendem os incrédulos et pour cause. Ela pressupõe a existência e a solução de outras questões sobre o destino das almas, à descida à matéria, a volta ao espaço, as vidas sucessivas e o progresso espiritual.

            O sofrimento de que tanto nos queixamos, por ignorância, não é pena imposta pela vontade arbitrária de um Soberano irritado e ofendido pelos atos do homem.

            O sofrimento é a sanção pela infração de leis morais e serve para o progresso do paciente, neste mundo e no Além.

            A doutrina das igrejas, em contrário, foi inventada pela política sacerdotal para servir aos interesses da orgulhosa casta dos fariseus...

            Encontramo-los, possuidores de fortuna, que se divertem e gozam.

            Outros vergam ao peso dos trabalhos e da miséria.

            Aqueles não estão isentos da dor.

            A todos colhe a morte.

            Onde está a felicidade?  Onde estiver a virtude.

            Quais são os felizes? A resposta encontramo-la no Evangelho.      

            Se as seitas religiosas, transigentes e acomodatícias, não entenderam as “bem-aventuranças” do Sermão da Montanha, os mensageiros do Senhor vêm relembra-las à humanidade e faze-las resplandecer:

            Bem-aventurados os simples, os humildes, os mansos, os aflitos, os famintos e sequiosos de justiça, os misericordiosos, os limpos de coração, os pacíficos, os perseguidos e caluniados, como discípulos de Jesus.


quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

Antropomorfismo

                                 

Antropomorfismo

por Lincóia Araucano (Ismael Gomes Braga)

Reformador (FEB) Julho 1961

             Em bela carta cheia de considerações judiciosas, o velho espírita esperantista inglês Alexandre Guilherme Thompson, mais conhecido mundialmente pelo pseudônimo de Avoto, lembra-nos a imensa dificuldade que o mundo tem para aceitar hoje as ideias religiosas e também o Espiritismo, por causa do grosseiro Antropomorfismo introduzido em religião pelas igrejas.

            Pensamos que uma gloriosa missão do Espiritismo será precisamente a de libertar a Humanidade desse Antropomorfismo grosseiro que engendra o atavismo ilógico e frio, que priva o homem de manter, pela meditação e pela prece, um convívio espiritual consciente e muito benéfico para ele mesmo e para os seus amigos desencarnados, dando e recebendo auxilio, como ocorre com os religiosos de qualquer crença.

            Dá-se o nome de Antropomorfismo ao erro de imaginar Deus com formas e qualidades humanas. É erro grosseiro, porque nossas noções de bem e de mal são incompletas, provisórias, mutáveis no tempo e no espaço: o que parece bom em um tempo e lugar passa a ser considerado mau em outro tempo ou no mesmo tempo em outro lugar; portanto, a perfeição de Deus ficaria sujeita à evolução do homem e até a seus pontos de vista e de classes sociais.

            Emprestando a Deus as qualidades humanas de uma certa época, em outra época, mais esclarecida e mais moralizada, Ele será considerado um monstro detestável, no qual os homens não poderão crer, e tornam-se ateus, irreligiosos, com grande prejuízo para eles mesmos; mas na verdade não deixaram de crer em Deus, deixaram apenas de crer num erro puramente humano que inventara um deus à imagem é semelhança do homem, um deus antropomorfo que nunca existiu.

            O modelo perfeito desse Antropomorfismo é o deus dos antigos, o deus dos judeus, que mandava exterminar com requintes de crueldade os povos vencidos na guerra e tomar-lhes as terras para o povo “eleito”; que mandava matar por apedrejamento o blasfemo, isto é, quem ousasse dizer palavra contra algum dos dogmas do Judaísmo. Era uma concepção judaica e racista de Deus, imaginando um deus puramente judaico.

            Jesus reformou essa concepção errada, mas não foi aceito, e vimos ressurgir no mundo que se dizia cristão os mesmos crimes com outros nomes, como a Guerra das Cruzadas que durou duzentos anos e as fogueiras da Inquisição para queimar vivos os hereges, ou seja, qualquer pessoa que descobrisse alguma coisa em desacordo com os dogmas da religião, ou melhor, da igreja dominante.

            Os representantes desse Antropomorfismo cometeram e cometem os mais horríveis erros políticos da História. É realmente impossível crer neles e em seu deus e assim a Humanidade caiu no ateísmo absoluto, previsto pelos Espíritos desde 1856. Mas o ateísmo é inaceitável, porque tudo na Natureza revela planejamento inteligente, finalidades a alcançar, força executiva, inteligência, finalidades e força completamente diferentes e infinitamente maiores do que as humanas.

            Se uma semente nos revela um planejamento sábio, para ser executado em curto tempo, uma nebulosa revela um planejamento igualmente sábio para cumprir-se em milhões de séculos ou de milênios.

            A semente e a nebulosa revelam planejamento no mundo físico; o progresso intelectual e moral do homem revela planejamento no mundo espiritual.

            Nada ocorre por mero acaso; tudo se realiza de conformidade com leis sábias da Natureza.

            Há uma Inteligência, uma Força que criou e comanda as leis da Natureza.

            O Espiritismo nos revela que de toda a eternidade surgiram seres inteligentes e que estes seres progridem sempre: portanto, há seres espirituais infinitamente mais sábios e poderosos do que os homens da Terra. Esses altíssimos Espíritos governam os mundos, aplicando as leis de Deus, mas são apenas criaturas de Deus executores de Seus desígnios.

            Os antigos pensavam que esses Espíritos fossem deuses e assim criaram o Politeísmo. Os judeus supuseram que um desses Espíritos era o deus de Israel e depois o promoveram a deus universal e único, criando a ideia feliz do Monoteísmo, mas entronizando como deus único o deus dos judeus, com todos os seus defeitos, com todo o seu feroz racismo.

            O Espiritismo eleva ao infinito a ideia de Deus, colocando-O acima e fora de toda a nossa capacidade de julgamento, e, mais ainda, demonstra-nos que a nossa atual inteligência é incapaz de compreender até mesmo os grandes Espíritos que executam os desígnios de Deus.

            Tenhamos, pois, a humildade de reconhecer a nossa pequenez diante do Criador sem ousarmos emprestar-Lhe nossas infantis e mutáveis qualidades humanas, e tentemos apenas descobrir Lhe as leis postas na Natureza e aplica-las em nós mesmos, porque nós também somos parte da Natureza, da Criação de Deus.

            O Antropomorfismo é monstruosidade que conduz o homem a outra monstruosidade, ao Ateísmo, em contradição com tudo que nos cerca e nos envolve nos planos materiais e espirituais porque tudo nos revela aspectos da sabedoria divina, absolutamente superior e diferente da sabedoria humana. Não ousemos enquadrar Deus nos limites estreitos de nossas classificações.

            Quando o Espiritismo vencer o Antropomorfismo, a Humanidade terá dado um grande passo em seu progresso espiritual. Nesse dia não haverá mais ateus: toda a Humanidade terá uma religião que será “verdadeira, grande, bela e digna do Criador” como foi dito a Allan Kardec em 30 de Abril de 1856. Nessa comunicação há um tópico que desejamos reproduzir aqui, no original, sem alterar uma letra porque é profecia que se está cumprindo em nossos dias e nossa tradução poderia ser influenciada pelos acontecimentos de hoje. Copiamo-lo em "Oeuvres Posthumes” de edição anterior ao início das revoluções atuais, edição de 1912, páginas 316 e 311:

             “Quand le bourdon sonnera, vous le laisserez; seulement vous soulangerez votre semblable; individuellement vous le magnétiserez afin de le guérir. Puis, chacun à son poste préparé, car il faudra de tout, puisque tout será détruit, surtout pour um instant. Il n’y aura plus de religion, et il en faudra une, mais vraie, grande, belle et digne du Créateur...”

             É maravilhosa a síntese dessas poucas linhas, recebidas em 30 de Abril de 1856, em casa do Sr. Roustan, por Allan Kardec, por intermédio da médium Senhorita Japhet. Previa que viriam as dolorosas revoluções e aconselhava a não tentar impedi-las, deixá-las fazer sua obra, apenas tratar individualmente dos enfermos, curando-os com o magnetismo curador. Cada um deverá ficar em seu posto previamente preparado, porque se precisaria de tudo, pois que por algum tempo tudo seria destruído. A religião desapareceria; seria preciso uma nova religião, mas não igual às passadas. A nova teria que ser sem antropomorfismo, verdadeira, bela e digna do Criador.

            Isso foi escrito há mais de cem anos e tudo se vai cumprindo: o “pau está cantando” nas costas dos homens; tudo vai sendo arrasado para ser reconstruído; a religião desapareceu até dentro das igrejas, que perderam a fé; a nova religião surgiu com Allan Kardec, como fica profetizado, pouco abaixo das linhas transcritas, com as poucas palavras seguintes: Les premiers fondements en sont déjà posés...  Toi., Rivail, ta mission est là.  

            E ele cumpria essa missão, mas o mundo ainda não a aceitou porque ainda está na fase de arrasamento e reconstrução puramente material. Aqui no Brasil já demos um passo à frente: o Espiritismo vai tomando as formas preditas de uma religião verdadeira, grande, bela e digna do Criador.

            Vamo-nos esforçando para construir algo destinado ao futuro, à fraternidade que deverá reinar sobre todo o planeta, Nossos instrumentos estão simbolizados no triângulo E E E (Evangelho, Espiritismo, Esperanto). O Evangelho resolverá todos os problemas humanos pelo amor universal; o Espiritismo estenderá nossa “sociologia” às duas partes da Humanidade, à encarnada e à desencarnada, que vivem em incessantes mudanças de posição; o Esperanto servirá à colaboração fraterna em toda a superfície do Planeta e em suas vizinhanças espirituais. Nenhum Antropomorfismo tem cabimento em nosso programa.

 

 


terça-feira, 1 de dezembro de 2020

Pagamento de dívidas

                                         

Pagamento de dívidas

 A Redação                  Reformador (FEB) 16 Fevereiro 1924

 
            As oferendas levadas ao altar faziam parte do culto religioso dos israelitas. Numerosas e minuciosas prescrições as regulavam, especialmente as do Levítico. Aludindo a essa prática Jesus nos deu este ensino:

             “e tu estás fazendo a tua oferta diante do altar, e te lembrar aí que teu irmão tem contra ti alguma coisa, deixa ali a tua oferenda diante do altar e vai te reconciliar primeiro com teu irmão...” Mateus V. 23,24.

             Em seguida o Senhor generaliza a lição, sob a costumada forma alegórica:

             “Concerta-te sem demora com o teu adversário, enquanto estás posto a caminho com ele (cito dum es in via cum eo) para que não suceda que ele adversário te entregue ao juiz, e que o juiz te entregue ao seu ministro e sejas mandado para a cadeia. Em verdade te digo que não sairás de lá até pagares o último ceitil.” (Mateus V, 25, 24; Lucas, XII, 58, 59.)

           Reconcilia-te com o teu irmão.

            Conserta-te com o adversário.

            Perdoa, perdoa sempre. Se há reincidência na ofensa, continua a perdoar indefinidamente, seja qual for o número dos agravos. (Mateus, XVIII, 21, 22.)

            Em todas as almas deve soar o verbo divino: perdoa para seres perdoado.

            Devedor, pagarás a dívida até ao último ceitil.

            As igrejas, adstritas à sua dogmática, às formas cultuais, envolvidas nos interesses mundanos, tornaram-se incapazes de compreender e praticar a lição evangélica.

             Preferiram as obIatas. (o que, na igreja, se dá a Deus ou aos santos para as despesas do culto ou como remuneração de alguns serviços do sacerdote, esp. em funerais) – Fonte: Wikipedia)

             Poderiam os fiéis, esquecidos do ensino messiânico, leva-las ao altar e sair armados em guerra contra seus semelhantes. Ilustram este asserto estrondosos exemplos históricos antigos e modernos.

            No catolicismo, as solenidades teatrais do pretendido culto externo, tão pomposas quanto inúteis, excederam as do judaísmo e do paganismo e alargou-se o domínio das superstições que, em enxames, o invadiram, criadas e alimentadas pela ignorância e pelo sacerdócio.

 *

             As antigas instituições religiosas, predominantes durante largo período de tempo, abriram falência. Vão perdendo, dia a dia, a direção das consciências.

            Conseguirão reabilitar-se?

            Como se acham constituídas, não poderão realizar esse desideratum (desejo). Preferem a morte à reforma?

            Confiamos na promessa do Senhor: “Não ficareis órfãos.”

            Pedimos permissão para repetir, ainda uma vez, nesta coluna, as palavras do insigne apóstolo do Espiritismo:

            “Os Espíritos anunciam que chegaram os tempos marcados pela Providência para uma manifestação universal e que, sendo eles os ministros de Deus e os agentes de sua Vontade, têm por missão instruir e esclarecer os homens, abrindo uma nova era para a regeneração da humanidade.” (1)

               (1) ALLAN KARDEC- “O Livro dos Espíritos” (Trad. de Guillon Ribeiro.) Prolegômenos, p. XLII.

               Aberta a nova era, graças à Misericórdia divina, os Espíritos reveladores nos fizeram volver ao Evangelho desconhecido, desprezado e abandonado pelas seitas religiosas, intituladas cristãs.

            Examinai as passagens invocadas na primeira parte deste artigo. Fazei um confronto entre o antigo e o novo ensino.

            Para a purificação das almas, necessária a ascensão na escala espiritual, de nada valem a oferenda de coisas materiais e a prática de certos atos exteriores, denominados sacramentos.

            O mandamento supremo é o do amor, que resume toda a lei e os profetas.

            Não há condenação irremissível.  

            Claro é o significado da parábola em estudo.

            Ainda depois de condenado, o devedor pode resgatar a dívida, e tem de o fazer, em obediência à lei do progresso.

            As igrejas unicarnacionistas, presas ao dogma do inferno eterno, negam, em oposição ao ensino evangélico, esse pagamento, realizado na erraticidade e em sucessivas encarnações, expiatórias e reparadoras.

            O divino Pastor não perderá nenhuma ovelha. As desgarradas serão reconduzidas ao aprisco.