Pesquisar este blog

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Amalia Domingos Soler


‘Amalia Domingo Soler’ - sesquicentenário (1985)
por Duilio Lena Bérni
Reformador (FEB) Dezembro 1985

            Os que viam, com indiferença, a formosa moça que ia buscar a sopa em uma instituição de atendimento a mendigos, não poderiam imaginar que naquele corpo enfraquecido albergava-se lúcido espírito, detentor de sublimes atributos intelectuais e, sobretudo, morais.

            Era Amalia Domingo Soler, reduzida, quase, à indigência. Aos faustosos dias de opulência, proporcionados pela dedicada genitora, sucederam-se duras jornadas de abandono e privações.

            Os parentes e amigos da época da fartura eclipsaram-se.

            Nascida em Sevilha, Espanha, a 10 de dezembro de 1835, defrontou-se com a cegueira, aos oito anos, durante três meses. Curou-a um farmacêutico.

            Aos dez anos, revelou-se lhe a veia poética; a publicação dos primeiros versos, porém, só ocorreu aos dezoito anos.

            Quando do óbito da mãe bondosa, Amália estava com 25 anos. Como acontece, normalmente, com os missionários, encaminha-se, naturalmente, para o celibato.

            Costureira hábil e escritora emérita, obtinha no exercício dessas funções, o imprescindível para manter-se com dignidade.

            Precisava, porém, obter melhor remuneração pelo que produzia. Com esse propósito, mudou-se para Madrid.

            A adaptação ao novo meio não foi fácil, de vez que a dura contingência de ter de pedir a sopa, ocorreu precisamente na capital espanhola.

            O oftalmologista que tratava dos seus olhos, embora materialista, informou-lhe da existência de uns 'loucos', os espíritas, os quais procuravam explicar a razão dos
sofrimentos.

            Ofertou-lhe, mesmo, um exemplar do periódico "O Criterio", que inseria esclarecimentos sobre a nova doutrina.

            Lendo o jornal, Amália aceitou, imediatamente, os ensinamentos do Espiritismo.

            De uma família espírita, obteve as obras de Kardec.

            Inobstante a carência visual, leu-as com muito interesse, fazendo-se adepta da Doutrina Espírita.

            Sentiu uma sensação dolorosa na cabeça certa manhã, tendo ouvido, logo após, uma voz a dizer-lhe: Luz!.. Luz!.. , recuperando, a seguir, a visão, quase totalmente.

            Parece fora de dúvida ter sido paciente de uma operação espiritual. Começou a escrever. Era o dom mediúnico da intuição, que se revelava.

            Enviou uma poesia ao 'El Criterio', que a publicou. Remeteu outra ao jornal 'La Revelación', que não somente a publicou, mas ofereceu-lhe suas colunas para receberem colaboração sobre Espiritismo.

            'EI Criterio' divulgou seu primeiro artigo, intitulado A Fé Espírita, em seu número 9, na 1ª página, em 1872.

            Na Sociedade Espírita Espanhola, a 4 de abril de 1874, a convite dos dirigentes, declamou a poesia, de sua lavra intitulada A Ia memoria de Allan Kardec. Em face do êxito alcançado, passou a participar de numerosas atividades da Sociedade.

            Vários jornais espíritas começaram a disputar sua colaboração. Para atende-los, escrevia à noite, dado que, no seu ganha-pão, trabalhava durante o dia.

            Amália sempre recusou, com firmeza, as propostas que lhe foram feitas para aceitar remuneração pelos trabalhos realizados na divulgação dos princípios redentores da Doutrina Espírita.

            Convidado pelo Círculo La Buena Nueva, foi para Barcelona, a 20 de junho de 1876. A 10 de agosto do mesmo ano, também mediante convite, mudou-se para a casa de Luís Llach, generoso obreiro da Causa Espírita, que muito a ajudou.

            Instada por Luís, Amália rebateu várias críticas feitas por opositores do Espiritismo. Ditos opositores conseguiram suspender a publicação, durante 42 semanas, de "La Luz del Porvenir", cujo primeiro número fora editado a 22 de maio de 1879.

            Os valorosos seareiros da undécima hora não se intimidara, e fundaram "El Eco de Ia Verdad", que saiu a lume durante 26 números, até o ressurgimento de "La Luz del Porvenir", a 11 de dezembro de 1879.

            O guia espiritual da nossa biografada, o Padre Germano, manifestou-se pela 1ª vez, a 9 de maio de 1879, pela mediunidade de Eudaldo, estimulando-a a prosseguir, sem titubear, na defesa e na divulgação do Espiritismo.

            Sucessivamente, em julho de 1880, em março de 1885 e em fevereiro de 1885, Amália saiu a campo para contestar acusações e ataques de sacerdotes católicos.

            Arrefecendo a mediunidade de Eudaldo, foi de encontro de Amália a sua amiga Maria, detentora de acentuada sensibilidade mediúnica.

            Através de seu dons, foram recebidas numerosas páginas integrantes do livro "Reencarnação e Vida", vertido de "Hechos que Prueban'". (1)

            (1) SOLER, Amália Domingo, "Hechos que Prueban" - Trad. sob o título de "Reencarnação e Vida", de CASTRO, Jurema de. Revisão de ARANTES, Hércio Marcos Cintra e BARBOSA, Elias. Apresentação e nota biográfica de GENTILE, Salvador, Araras, SP, Instituto de Difusão Espírita, 1ª Edição, maio de 1972.

            A 10 de julho de 1912, depois de desencarnada, Amália, por intermédio da médium Maria, completou suas memórias. O decesso da intimorata sensitiva ocorreu a 29 de Abril de 1909, quando contava 73 anos de idade.

            Dentre as obras deixadas, cumpre mencionar as seguintes, de que existem exemplares na Biblioteca da Sociedade Espírita Paz e Amor, integrante do quadro Federativo da Federação Espírita do Rio Grande do Sul: "Sus más hermosos escritos”, “Palavras do Alvorecer”, Fragmentos das Memórias do Padre Germano'", "Ramos de
Violetas", "El Espiritismo” e, de César Bogo, "Amalia Domingo Y Soler'"

---------------------------------------------------------------
SOLER, Amália Domingo. "Sus Más Hermosos Escritos", Barcelona, Casa Editorial Maucci. Não consta a data nem número da edição. Com dedicatória à Biblioteca da Sociedade Espírita Paz e Amor, feita em Porto Alegre, RS, a 23 de maio de 1925, do próprio punho de Angel Aguarod.
SOLER, Amália Domingo. "Sus Más Hermosos Escritos" - Trad. sob o título "Palavras do Alvorecer" (Antologia), de GENTILE, Salvador. Revisão de BARBOSA, Elias. Araras, SP, Instituto de Difusão Espírita, 1ª Edição, setembro de 1976.
SOLER, Amália Domingo. "Fragmentos das Memórias do Padre ermano". Rio de Janeiro, RJ. Livraria Editora da Federação espírita Brasileira, 1944, 16ª Edição.
SOLER. Amália Domingo. "Ramos de Violetas", tomos primeiro e segundo, Barcelona, Casa Editorial Maucci, tercera edición.
SOLER, Amália Domingo Y. "El Espiritismo" - Refutando los Errores del Catolicismo Romano. San Martin de Provensales, 1880. Com dedicatória à Biblioteca da Sociedade Espírita Paz e Amor, feita de Porto Alegre, RS, em 1924, do próprio punho de Angel Aguarod.
BOGO, César. "Amália Domingo Y Soler" - "A Gran-Senhora do Espiritismo" - Trad. RODRlGUES, Wallace Leal V. Matão, SP, Editora O Clarin, 1974, 1ª Edição.






Celina fala aos Médiuns

Celina fala aos médiuns

Data: 15.7.1880, dia da inauguração do Grupo dos Humildes.
Médium: Frederico Jr. Reformador (FEB) 1.12.1916
           
            Eu sou Celina.

            O meu nome indica a minha origem: Mensageira de Deus. Venho dizer-vos que é aqui onde piso que se deve estabelecer a sede da verdadeira crença no Espiritismo.

            Trago-vos a pedra que deve servir de base ao vosso edifício. Lance-a na terra e comece a vossa obra.

            Ocupai-vos, primeiramente, só da educação dos médiuns.

            Escolhei-os, vede que nele encontrem todas as qualidades precisas para bons instrumentos. Não é somente a faculdade de poder transmitir vozes alheias o que deveis nelas buscar, não.

            Deveis primeiramente procurar conhecer se eles se acham dispostos a se compenetrarem da santa e verdadeira tarefa que lhes é confiada. Vede, é mister que os vossos médiuns não só estudem a Doutrina; mas é preciso que eles se julguem como partes necessárias ao edifÍcio levantado por ordem superior.

            É mister que eles se desliguem dos defeitos a que a matéria os possa impelir, e que se refugiem completamente no seu espírito e se resignem a pertencer mais a Deus do que ao mundo.

            Da moralidade dos médiuns dependerá a recepção dos puros espíritos. É mister que se dispam do egoísmo, da inveja, do ódio, do ciúme, da vaidade, das lascívia, do sensualismo, todos esses defeitos que arrastam a humanidade ao abismo, à perdição.

            Educai-os em todo sentido, moral e intelectualmente, sem o que jamais podereis conseguir o fim desejado.

            É mister que eles se compenetrem que nos olhos de Deus nada pode ser oculto e que aquele que aceitar a missão que lhe foi imposta e não envidar todos os esforços para tornar-se um verdadeiro instrumento, tem por duas vezes ofendido o seu Criador.

            Quando se sentirem vacilar, despontando em seu seio qualquer um desses defeitos, levantem os olhos ao céu e chamem Ismael. Ele vos enviará Celina, trazendo-vos parte da pureza do Mártir do Gólgota.

            Seja Jesus o vosso exemplo, em todo o sentido.

            Lembrai-vos que Ele não precisava sofrer, porque não havia delinquido e por amor da humanidade despiu-se de tudo, para unicamente cumprir a sua missão.

            Vede vós, que já nesta, já em outras existências, tendes incorrido em grande erros, se deveis ou não buscar purificar-vos.

            Da pureza dos médiuns dependerá a transmissão da verdadeira luz que Deus, por seu intermédio, transmitirá a seus filhos, para seu ensino e ensino dos seus semelhantes.

            Vede bem, já vos disse e repito; a tarefa é árdua; mas se pudésseis, como eu, ver a glória imensa para aquele que compreender e se dedicar espontaneamente em prol do gênero humano, não hesitareis um só momento em tudo deixar para seguir as pisadas do Cristo.

            Quem mais do que Ele sofreu? Ninguém. Vós que tendes consciência, que incorres constantemente em seu desagrado, aproveita o santelmo que Ele vos oferece: a tábua de salvação que vos é outorgada, por sua bondade infinita!

            Adeus, meus irmãos, vou às regiões donde fui mandada e aqui vos deixo o estandarte de vossa nova escola, e sobre vossos corações eu lanço a fé, o amor e a caridade que Cristo nos envia. Celina  

            ... Registre-se ainda que, aos 15 de Julho de 1880, quando da 1ª reunião do Grupo Ismael, foi ele (Frederico Jr.) quem serviu de instrumento à doce Celina. Esta, menina angelical e irradiante, apareceu descalça, com um pé no espaço e outro apontando o Rio de Janeiro, num globo terrestre, e dizendo que ali, naquele local, floresceria a árvore do Evangelho. A Casa de Ismael nascia, portanto. Celina tinha nas mãos um belo estandarte, conclamando a humanidade à fé, à esperança e à caridade...

 Em Reformador (FEB) 16 Maio de 1920

            Manifesta-se Celina, espírito angélico, que a todos os videntes se apresenta sob o aspecto de meiga e encantadora criança. Vamos ao texto:

            "Paz, irmãozinhos meus. Na ampulheta do tempo se escoam os últimos grãos de areia marcando o fim de um ciclo que se encerra, ciclo em que a humanidade tresvairou num dédalo de crimes e de erros, e o início de um novo mundo regenerado, habitado por espíritos que, trabalhados pela dor, depurados pelo sofrimento, virão enfim gozar o prêmio de seus esforços, tomando parte no concerto universal dos que cantam hosanas ao Senhor.

            A nossa Mãe Santíssima me envia a vós para saudar-vos em Seu nome e dizer-vos:

            "Meu filhinhos, imenso é o amor que vos consagro.

            Sofro convosco e convosco me alegro. Meu espírito vibra de intenso júbilo quando vos vejo nortear a vossa conduta pelos preceitos de moral que vos ensinou aquele que na terra foi meu filho; e meu coração se confrange quando noto que procurais o caminho do mal, por onde ireis à perdição

            Meu pensamento não se desvia um só momento de vós, imprecando ao Pai que vos dê forças para que carregueis a vossa cruz sem murmurar, a fim de que não percais o vosso tempo, que é precioso, visto não saberdes quando chegará a vossa hora. Rogo a Deus que vos torne capazes de dizer, nos momentos mais angustiosos de vossa existência terrena, por mais acerbo que seja o sofrimento; cumpra-se nos escravos a vontade do Senhor.

            De escravos que sois da matéria transformai-vos em senhores. Para isso dispondes de poderosa alavanca - a vontade - que, posta em ação, remove montanhas.

            Se os meus conselhos penetrarem os vossos corações, meus filhinhos, tereis finalmente tragado a morte na vitória, atingindo a meta suprema, o objetivo principal da vossa peregrinação, que é a perfeição sideral.

            Permita o Pai que o consigais e aceitai o ósculo amoroso d 'Aquela a quem, nos momentos de aflição, vos dirigis, dando-lhe o doce e meigo nome de Mãe"

            Cumprida a missão que me incumbiu a Virgem, ofereço-vos a minha fronte de criança e vos rogo que nela também depositeis um ósculo, certos de que um dia saberei retribuir-vos carinhosamente.

            A paz do Senhor seja convosco.           Celina


Ainda Celina...

(Página recebida na Federação Espírita Brasileira, no Rio de Janeiro, RJ, na reunião
do Grupo Ismael da noite de 6-8-1981, pelo médium Olímpio Giffoni)

            Meus irmãos,

            A fonte deixa correr a linfa pura, que brota de entre as rochas, despreocupada com o emprego que dela farão dali em diante. 'Por certo se regozijaria se pudesse manifestar emoções com a carícia dos pássaros que lhe beijam o regaço, para de gota em gota mitigar a sede; ou com as lágrimas, vertidas pelo viajor exausto, que dela se vale para refrescar o rosto escaldado pela inclemência do Sol e saciar a sede que lhe resseca as entranhas.

            Sois colocados para a sublime missão de, como a fonte, deixar correr de entre vós a linfa cristalina que desce do Céu para dessedentar os que têm sede de Sabedoria Divina. Abri os vossos corações, dai curso ao que do Céu recebeis e não vos importeis com o mau uso que dela farão; contentai-vos, amados meus, com o bem que dela fizerem os que receberem com alegria a Mensagem de Vida Eterna.

            Como a fonte, amados do meu Senhor, regozijai-vos com o aproveitamento dos que derem prosseguimento com fidelidade ao que lhes transmitistes. Tanto quanto vos seja possível, limpai o caminho para que ela possa alcançar o mais longe possível sem se contaminar.

            Os obreiros da Vinha do Senhor, que vos antecederam, da mesma forma como hoje, tiveram de defrontar-se com os detratores que procuraram impedir o curso normal das mensagens do Meigo Nazareno, mas apesar destes as mensagens prosseguem a sua jornada vitoriosa, levando no seu bojo inclusive os que tentaram impedir-lhe a marcha.

            Prossegui, amados do meu Senhor, levantando bem alto o estandarte do Anjo Ismael, que proclama o lema DEUS, CRISTO E CARIDADE.

            Vossa irmã em Jesus Senhor Nosso,   Celina


Tarefas

Tarefas 
Guillon Ribeiro
por Júlio César Grandi Ribeiro
Reformador (FEB) Dezembro 1976

            Estamos convictos de que a Doutrina Espírita, se nos favorece o engrandecimento do coração no cadinho das experiências vividas, igualmente nos enseja a exaltação da inteligência, situando-nos entre o estudo e a meditação a fim de que a sabedoria nos inspire a seleção dos valores morais que iluminem o Espírito.

            Assim, mobilizemos razão e bom senso, verificando nosso posicionamento nas lides espiritistas, de forma a valorizar o tempo em nós, ante as realizações que realmente nos competem.

            A acomodação ao empirismo entremeado de êxtases do sentimento não se coaduna com a hora presente, a exigir reflexão e amadurecimento que estabelecem transformação de base.

            O coração que se identificou com a grandiosidade do vero Cristianismo, recolhendo os favores da Boa Nova, convocará, de imediato, o concurso do cérebro para que a razão, trabalhando, venha contribuir com a argamassa do bom senso nas estruturas sólidas das convicções legítimas.

            Não podemos compreender Doutrina Espírita sem estudo continuado e perseverante, como jamais entenderemos espiritistas sem tarefas determinadas no grande movimento de renovação de almas.

            Trabalho é a senha abençoada dos que efetivamente escancaram as portas do coração a Jesus, desejosos de perpetuar em si mesmos as claridades esfuziantes da fé. E fé sem obras representa caos, estagnação, fragilidade.

            Estamos, na vida, convocados a aprender e ensinar, simultaneamente, abraçando responsabilidades do dia-a-dia a fim de participarmos das imperecíveis conquistas da sabedoria e do amor.

            Repara, contudo, que a obra da natureza, refletindo a sabedoria do Pai, nos convoca à especialização de tarefas, tendo em vista a ampliação dos resultados.

            O Sol encarregou-se da luz e da energia, conduzindo-se ao trabalho de sustentar a vida com o calor de seus raios fecundantes.

            O solo aquiesceu aos encargos de nutrição da semente, para que o vegetal se dirigisse à produção do alimento.

            E as árvores se agruparam em espécies distintas, trazendo seus frutos sazonados ao grande celeiro da existência comum.

            Há ordem nos céus e disciplina na Terra, favorecendo a mensagem do equilíbrio nas leis da natureza.

            Posicionemo-nos como servidores leais do Cristo na seara da Terceira Revelação, abraçando responsabilidades nossas, certos de que não há tarefas maiores ou menores. Todas dignificam o obreiro do bem e da luz ante a sublime essência com que se revelam.

            O movimento espiritista, que cresce para vantagens do mundo, está a exigir cooperação especializada, objetivando os fins desejados na evangelização do Homem.

            Depois da primeira hora, aquela do despertamento para as realidades do existir, será indispensável vivermos a cooperação enobrecedora, evitando esbarrar com os impedimentos do fanatismo ou da contemplação extasiada.

            Produziremos efetivamente melhor, segundo os potenciais de nossas especializações. A mediunidade reclamará disciplina e adestramento, matriculando o servidor legítimo nos campos de sua especialidade fenomênica.

            O esclarecimento doutrinário eficiente requisitará o concurso da palavra enobrecida no vernáculo escorreito e iluminada pelo sentimento nobre que jamais se omite de reforçar o que ensina pelos potenciais do exemplo.

            A evangelização de crianças e jovens contará com a participação de servidores adestrados na arte de ensinar e transmitir, que buscarão atualizar-se, permanentemente, reconhecidos de que a obra de orientação humana exigirá devotamento e circunspecção.

            Os serviços de auxílio espiritual, seja na tarefa do passe ou na distribuição de água fluidificada, preconizarão o concurso dos doadores do magnetismo curativo.

            A obra da divulgação da Doutrina, seja por qual veículo se expresse, exigirá colaboração dedicada e eficaz, quer pela palavra falada, quer pela mensagem escrita, objetivando os fins a que se propõe.

            O serviço social, mobilizado em nome da caridade, convocará especialistas da assistência fraterna para as oficinas do socorro justo, onde mãos diligentes refulgirão por estrelas de fraternidade e devotamento .

            Não se agaste ante o tempo que jamais ousaremos ludibriar.

            Recorde que a tarefa nobilitante será, agora e sempre, o melhor antídoto contra as aflições que enxameiam o mundo.

            Bater às portas da Instituição Espírita para receber é ocorrência da primeira hora de nosso despertamento. Porque somente o trabalho cooperativo será o incansável buril, restaurando-nos o equilíbrio interior.


            Identifiquemo-nos com a tarefa individual que nos compete desenvolver, enquanto o Mestre Excelso estará dirigindo as realizações coletivas, que demarcarão na Terra os alicerces indefectíveis do almejado Reino do Senhor. 

Sintonia e Adensamento

Sintonia e Adensamento
por Felipe Salomão
Brasil-Espírita / Reformador (FEB) Janeiro 197  ?

            Às vezes, somos defrontados pela pergunta: por que estamos encarnados? Em resposta, quase sempre apresentamos argumentação baseada na Lei de Causa e Efeito, isto é, de que aqui estamos para ressarcir débitos de outras existências. Parece que a Questão estaria completamente resolvida. O ontem determinando o nosso hoje, o nosso hoje
balizando o nosso amanhã; de tal sorte que somos os herdeiros de nós mesmos, de nossos atos e ações, que assumem, por isso, grande importância, não podendo ninguém agir a esmo, nem olvidar as consequências. Já dizia Jesus Cristo: "Quem com ferro fere, com ferro será ferido", isto é, quem se desequilibra perante a Lei necessariamente sofrerá o reflexo da Lei em si mesmo, até que se reequilibre.

            Dissemos, contudo, que o argumento parece resolver completamente a questão. Mas não resolve. Alguém poderia aludir ao nosso anteontem e, depois, recuaria mais no passado, até remontar, afinal, à nossa primeira encarnação no planeta, E, então, permaneceria a indagação: por que reencarnamos?

            Logo nos virá à mente que a Terra não é apenas um mundo de expiações e provas; é, podemos afirmar, um educandário onde nos candidatamos a novas etapas da evolução. E lembraríamos que as nossas encarnações primeiras podem não ter ocorrido aqui neste mundo e, sim, em mundos de categoria ainda inferior, os mundos primitivos, onde a alma (Espírito encarnado) ensaia os primeiros passos para a angelitude.

            Mas o problema continuaria sem solução (aparentemente), já que não sabemos o exato momento em que a alma está sob a Lei de Causa e Efeito, não valendo portanto o argumento de que somos julgados à medida que adquirimos conhecimento. Ora, se somos criados simples e ignorantes e vamos adquirindo livre arbítrio ao tempo em que se nos amplia a capacidade mental, quando é, precisamente, que sofremos pela primeira vez as injunções das leis que infringimos, já que tem de existir uma causal determinante do nosso sofrer?

            Esclareçamos melhor a questão.

            Quais as causas determinantes do nosso sofrimento na primeira encarnação humana, já que, acabados de ser humanizados, não temos passado culposo? Dizer-se que se trata da dor-aprendizado esclarece um aspecto verdadeiro da Questão, mas não soluciona toda a questão. Continuaremos sem saber o exato momento em que entramos no reinado absoluto das nossas responsabilidades.

            Já foi dito por ilustre conferencista espírita: "É o mesmo que colocar uma arma na mão de um canibal e pedir-lhe que tenha amor". Como vemos, a questão permanece sem solução, porque ou somos responsáveis por nossos atos ou não somos.

            Como, então, resolver plenamente a questão?

            A anterioridade de nossas culpas surgidas no mundo espiritual está muito bem colocada na figuração (notem bem: figuração) de Adão e Eva, simbolizando a nossa queda quando da tomada de consciência no plano espiritual.

            Essa anterioridade é que justifica a necessidade da humanização para o resgate e o aprimoramento do Espírito.

            Assim, a questão só é resolvida mediante as noções contidas na "Revelação da Revelação" ou "Os Quatro Evangelhos", de João Batista Roustaing, que nos levam a conhecer a razão da nossa primeira queda e as consequências que somos levados a suportar. Assim, a Lei de Causa e Efeito começa a funcionar exatamente quando ganhamos plena consciência, no plano espiritual, logo se justificando a dor-aprendizado e, sobretudo, a dor-resgate.

            Ouçamos o que diz Emmanuel, no livro "O Consolador", na questão 248:

            - "Como se verifica a queda do Espírito?

            R. - "Conquistada a consciência e os valores racionais, todos os Espíritos são investidos de uma responsabilidade, dentro das suas possibilidades de ação; porém, são raros os que praticam seus legítimos deveres morais, aumentando os seus direitos divinos no patrimônio universal.

            "Colocada por Deus no caminho da vida, como discípulo que termina os estudos básicos, a alma nem sempre sabe agir em correlação com os bens recebidos do Criador, caindo pelo orgulho e pela vaidade, pela ambição ou pelo egoísmo, quebrando a harmonia divina pela primeira vez e penetrando em experiência penosa a fim de restabelecer o equilíbrio de sua existência."  (O grifo é nosso).

            Aí está explicada a questão. Tomamos a vestimenta física porque caímos na nossa vida espiritual (comemos a maçã), fazendo com que a nossa mente (que passou a funcionar em circuito fechado: egoísmo-orgulho-ateísmo), adensasse o perispírito, impossibilitando a nossa permanência nas esferas mais altas de aprendizado, por absoluta falta de sintonia vibratória.

            É o mesmo que uma bola de ferro que quisesse permanecer suspensa no ar, sem apoio, o que é impossível.

            E, de acordo com a gravidade de nossa falta, somos jogados nos mundos
apropriados, isto é, de acordo com a densidade da vibração do nosso perispírito adensado pela perturbação que sofremos, ocasionada pelo nosso desequilíbrio.

            Fica, assim, também esclarecida a questão nº 607, item "b", de "O Livro dos Espíritos":

            - "Esse período de humanização principia na Terra?

            R. - "A Terra não é o ponto de partida da primeira encarnação humana. O período da humanização começa, geralmente, em mundos ainda inferiores à Terra. Isto, entretanto, não constitui regra absoluta, pois pode suceder que um Espírito, desde o seu início humano, esteja apto a viver na Terra. Não é frequente o caso; constitui antes uma exceção". (O grifo é nosso).

            Quer dizer: um Espírito, na sua primeira encarnação humana, pode estar apto a viver na Terra, deixando, portanto, de encarnar nos mundos primitivos, segundo determinaria a lei natural de evolução.

            Vejamos um exemplo: Como se pode verificar pelas, Escrituras, a nossa Terra está chegando ao "fim dos tempos", isto é, aproximam-se os tempos em que haverá a "separação do joio do trigo". Quando se realizar a mencionada seleção de valores, conforme rezam as tradições espirituais, haverá um expurgo dos espíritos empedernidos no mal, que serão levados a outros mundos, compatíveis com o seu estado de evolução e onde haverá "pranto e ranger de dentes". Isso acontecerá porque a Terra deixará de ser um mundo de expiação e prova, para se tomar um mundo de regeneração, mais conforme com a evolução dos espíritos aqui encarnados e que sobraram do expurgo.

            Pois bem, os degredados encontrarão nos mundos para onde forem levados a humanidade ali surgida, em estado primitivo de progresso e necessitando da ajuda dos oriundos da Terra, para o aceleramento da sua evolução.

            Perguntamos agora: Não estarão sofrendo os nativos do planeta? Não haverá sofrimento para os que chegam?

            Para estes, há o passado culposo em outros orbes; mas, e para os primeiros,
onde a culpa? Não resta dúvida de que foi no plano espiritual que cometeram as suas faltas, tornando-se lhes indispensável a encarnação material, mais conforme ao seu estado de adensamento.

            Finalizando, atentemos para o que diz Kardec, na parte 2ª, capítulo I - Dos Espíritos, de "O Livro dos Espíritos" :

            Questão 86 - "O mundo corporal poderia deixar de existir, ou nunca ter existido, sem que isso alterasse a essência do mundo espírita?

            R. - "Decerto. Eles são independentes; contudo, é incessante a correlação entre ambos, porquanto um sobre o outro incessantemente reagem."


            Aí está: não precisaria nem ter existido o mundo material, e, nem por isso, a obra de Deus deixaria de ter-se realizado. Mas, aqui estamos, porque caímos. Resta-nos o esforço do melhor para que sejamos incluídos na leva dos que ficam e não na dos que serão lançados "às trevas exteriores". 

terça-feira, 25 de outubro de 2016

Julgamento e Amor


Julgamento e Amor

Meu amigo, o julgamento
É assunto delicado,
Por isto Jesus nos pede
Tenhamos nele cuidado!

Julgar desta ou doutra forma
Vizinho, amigo ou parente,
Pode, em verdade, mostrar
O nosso lado doente.

Todos, pois, necessitamos
De indulgência no caminho,
A fim de que venham, sim,
Aqueles que dêem carinho.

No caso da pecadora
Apedrejada na praça,
Jesus Cristo evidenciava
Toda impiedade que grassa.

Na fieira do passado
Deixamos faltas demais,
Que agora surgem a tona
Provocando muitos ais!..

Como julgar a quem cai
Sem nenhuma compaixão,
Se nossa caridade é coberta
De fel, de lodo e ilusão?

Tendo o amor por sal da vida,
Muito iremos nós lucrar.
Nossa voz, nossos conceitos
Serão estrela a brilhar.

O vão orgulho e a soberba
Como a ignorância e a vaidade
São nódoas tristes mostrando
As nódoas da leviandade.

Tenhamos condescendência,
Entendendo o companheiro.
E Jesus fará do nosso
Coração, grande celeiro.

Condenar pessoas, coisas,
Aqui, alhures e além,
Cometendo as mesmas faltas
É falsidade também.

 Usemos  contra o juízo
 Precipitado, o amor,
A fim de que prossigamos
Transformando espinho em flor.

Agradecendo o momento
Que surge na reunião
Quero também lhes trazer
Minha colaboração.

Adeus! Estou indo agora
O falso juízo é praga,
Não se esqueçam de vibrar
Pelo irmão Belmiro Braga.

Boa noite! Realizações
Na estrada cheia de luz;
E que marchem confiantes,
Nos ensinos de Jesus!

Belmiro Braga por Newton Boechat
Do livro 
“Como no Caminho de Emmaús - a mediunidade inspirada de Newton Boecht”    
(Ed. Lachatre 1ª Ed 2014)


Doutrina Espírita

Princípios Básicos 
da Doutrina Espírita



O conteúdo da Doutrina Espírita pode, sem se limitar, ser resumido nos seguintes princípios:

1          Crença em Deus

Existe um Deus único, eterno, imutável, imaterial, onipotente, soberanamente bom e justo, criador do universo
e de todos os seres e matérias existentes.

2          Existência de um mundo espiritual

Existe um mundo espiritual que é o mundo normal,
coexistindo com o mundo corpóreo ou físico em que vivemos.

3          Imortalidade da alma

 A alma do homem é um espírito encarnado que sobrevive
após a morte do corpo físico, é eterna e indestrutível.

4          Pluralidade das existências

 Ao longo de vidas sucessivas o espírito faz “uso” de diferentes “corpos” através das várias reencarnações necessárias
ao seu progresso moral e intelectual.

5          Existência de espírito, perispírito e corpo físico

 O homem é constituído por 3 elementos fundamentais:
a                                            o corpo físico ou material, do qual se utiliza
para movimentar-se no mundo corpóreo;
b                                                  o espírito eterno, imortal e indestrutível,
que sobrevive após a morte;
 c       o perispírito, liame intermediário de natureza semi material, elemento de transição entre o espírito e o corpo físico.

6          Os espíritos foram criados iguais

Os espíritos foram criados por Deus iguais e para progredirem individualmente através das vidas sucessivas. As diferentes classes de espíritos ou seja, puros, superiores ou inferiores, são conseqüência do progresso individual em decorrência do
uso do livre arbítrio permitido por Deus.

7          Pluralidade de mundos habitáveis

 Existem no universo infinitos mundos habitáveis, que servem de morada ao homem, conforme seu estágio evolutivo. Dentro dessa escala de mundos, a terra constitui em um planeta de expiação e provas, havendo mundos ainda inferiores e mundos superiores, ditos felizes e celestiais.

8          A finalidade do homem é o progresso

As diferentes existências corpóreas do espírito são para sua evolução; são sempre progressivas e nunca regressivas; porém, o progresso individual depende do esforço de cada um,
conforme o uso particular do livre arbítrio.

9          Livre-Arbítrio

Apesar de criado por Deus, o homem foi por Este dotado
do livre arbítrio, isto é, de consciência individual
e liberdade de escolha dos procedimentos de vida.

10        Coexistência dos mundos material e espiritual

Os espíritos quando encarnados habitam as crostas dos diferentes globos do universo. Quando desencarnados, habitam regiões do espaço extrafísico, segundo leis de afinidade ou merecimento,
coexistindo continuamente com o mundo físico.

  
11        Os espíritos são uma das forças da natureza

 Os espíritos desencarnados constituem uma das forças da natureza e como tal, exercem influência sobre o mundo corpóreo em que vivemos.

12        Intercâmbio entre os mundos físico e espiritual

 As comunicações mediúnicas são o meio de intercâmbio e inter-relação entre o mundo físico e o espiritual
e se constituem em um fenômeno natural.

13        A hierarquia espiritual é exercida pela superioridade moral

 A superioridade entre os espíritos é exercida pela ascendência moral, assim os espíritos superiores exercem superioridade moral sobre os inferiores, sendo esta a única forma de hierarquia existente.

14        Os médiuns são instrumentos de intercâmbio

Os médiuns são instrumentos de comunicação dos espíritos, e através deles é que se torna possível a comunicação entre os dois planos.

15        As manifestações dos espíritos podem ser espontâneas ou provocadas

Os espíritos se manifestam espontaneamente ou mediante evocação,
e são atraídos segundo leis de afinidade
ou necessidades de esclarecimento de um ou outro plano.

16        Os espíritos se identificam pela linguagem

Nas comunicações mediúnicas a linguagem empregada pelos espíritos comunicantes, digna e nobre, ou grosseira e inferior, benévola ou malévola, erudita ou ignorante, é um meio seguro de se distinguir a natureza destes e até mesmo identificá-los.

17        Cristo é o exemplo máximo

A moral dos espíritos superiores se resume na moral do Cristo, 
contida no seu evangelho.

LE pergunta 625
"Qual o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem, 

para servir de guia e modelo?", Resposta: - "Jesus" 

18        Não existe céu e inferno

Não existem faltas irremissíveis, nem o céu ou o inferno preconizado nas religiões; cada espírito resgata suas faltas, cumpre suas penas 
ou aufere recompensas através de suas vidas sucessivas.

19        A morte é a passagem para uma outra vida

A morte ou a desencarnação transfere o homem para outro plano. porém não lhe confere prosperidade espiritual. Apenas o livra dos entraves do corpo físico, aviva-lhe os sentimentos e o torna mais consciente de sua verdadeira personalidade e dos atos praticados. Envolve-o,
na erraticidade, em estados de sofrimento ou harmonia,
segundo a a própria consciência.

20        O Destino Supremo é a perfeição

O destino final do homem é a perfeição, e seu tempo de vida
é a eternidade.



Compilação do Livro dos Espíritos de Allan Kardec por Flávio Dezorzi

para o CRE – Centro de Renovação Espiritual SP SP