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domingo, 4 de dezembro de 2011

Ano Novo





Ano Bom

            Achamos admirável a disposição de ânimo das criaturas que se saúdam à entrada de cada Novo Ano, augurando votos de felicidades umas às outras.

            É ainda uma das belas praxes cultivadas pelo espírito humano, abstração feita ao caráter meramente protocolar que, em alguns casos, possa oferecer.

            Isto ameniza um pouco as asperezas da trajetória terrena e dá novo alento ao trato social, que se reveste assim de mais beleza e atrativo.

            Quem realiza semelhante prodígio de cordialidade e delicadeza nas manifestações dos sentimentos? quem responde por esse clima de amenidade de que nos damos conta dentro e fora dos ambientes domésticos? quem contribui, assim de maneira tão decisiva, para que as coisas, de um final de ano ao começo de outro, se mostrem abrandadas, cativantes, impregnadas de um quê de radiosidade envolvente e penetrativa?

            E a resposta é - o Tempo, única e exclusivamente o Tempo - esse patrimônio comum de todos e denominador comum de renovação de tudo, tal como o entendia Padre Germano, que situava nele alcandoradas esperanças de grandiosas realizações e grandes realidades.

            Quando empregamos as expressões “Ano Novo” e ”Ano Bom” para qualificar um outro ciclo do Calendário, temos - ,talvez, muita vez, sem o perceber - a ideia de que o Tempo é uma das maiores e mais exuberantes bênçãos com que o Criador nos felicita na experiência planetária.

            Todo Ano poderá ser Bom, ainda que nossas impressões sejam em contrário.

            Ele será bom, tanto quanto o desejarmos, não pelo que recebemos, mas pelo que dermos; não pelo que os outros nos fizerem, mas pelo que fizermos aos outros; não pelo que eles forem para nós, mas pelo que formos para eles, isto é, todo Ano Novo será necessariamente Ano Bom, se bons nossos pensamentos e atos, se boas nossas palavras e atitudes.

            Manifestações de coisas ótimas são também novidades ótimas.
            Transmissão de notícias alentadoras.
            Anúncio de acontecimentos promissores.
            Divulgação de mensagens salutares.
            Surpresas agradáveis.
            Lembranças carinhosas.
            Impressões estimulativas.
            Impulsos de cordialidade.
            Expansões de sadio bom 'humor
            Delicadas demonstrações de sentimento gratulatório.
            Expressões de gentilezas.
            Apresentação de maneiras discretas, distintas, corretas e nobres.

            Tudo que possa contribuir para edificar e expandir o Bem, de que dermos autênticos testemunhos, serão como que parcelas de nós mesmos que se entranharão na Alma do Tempo, refletindo, nela, Luz e Bondade de nossa própria alma.
             
            Tudo que, por nosso intermédio, caracterizar e definir o Belo, caracterizará e definirá gemas e preciosidades do nosso relicário intimo, já por si mesmo embelezado.

            Assim, se, ao término de um “Ano”, acharmos que ele não foi “Bom”, como esperávamos que o fosse e sempre esperamos que o seja, é que não realizamos o ideal da Bondade em nós mesmos.        

            Não nos fazendo bons nem melhores, coisa alguma de bom e melhor poderemos amealhar na caixa forte de nossas riquezas e aquisições.

            Não sabendo demonstrar valor diante das situações, estas se nos afigurarão adversas e madrastas.

            Não revelando tolerância, faltar-nos-ão elementos para suportar e compreender os outros.

            Não manifestando espírito de disciplina, as coisas mostrar-se-nos-ão tumultuadas e incontroláveis.   

            Não demonstrando boa vontade, tudo nós parecerá penoso, difícil, estranho, anormal, anômalo, incompreensível.

            Não nos esforçando por progredir, as maravilhas da Evolução manter-se-ão distantes e ausentes, ocultas e inapreensíveis, sem que possamos vê-Ias, senti-Ias e alcançá-Ias.

            Não trabalhando com afinco, as melhorias de condições de vida retrair-se-ão ao nosso contato.

            Não estudando com real aplicação, o Conhecimento e a Cultura permanecerão alheios à nossa presença.

            Não nos dedicando ao fiel cumprimento dos nossos deveres humanos e espirituais, as verdadeiras alegrias e venturas da existência não darão acordo de si à passagem de nossos corações.

            Não nos conduzindo bem, as boas coisas não se apresentarão em nosso caminho, nem se farão sentir em nós e por nós, estrada afora.

            Conclusão: um Ano é Bom quando bons nos fazemos em todo o seu decurso, evidenciando a presença de Deus em nossas vidas.

Alberto Nogueira Gama

in Reformador” Janeiro 1970
            

Berlinda


Berlinda

.. , E na roda, em voz baixa, alguém dizia assim:
- Vocês viram, de fato?
Nunca vi companheiro tão mesquinho
E nenhum tão ingrato! ...
Obsessão ali, domina em cheio,
Homem que não entende, nem perdoa,
Sobretudo, é sovina inveterado,
Uma pedra em pessoa ...

E, noutra roda, alguém asseverava:
- Ela, coitada, em tudo é doida e cega,
Intrigante, orgulhosa, sem juízo,
Um poço de vaidade que trafega ...
Onde aparece é flor que não se cheira,
Brasa que a gente vê mas não atiça,
E, além dos desmantelos que provoca,
E' um retrato acabado da preguiça.

Quantas vezes entramos no barulho
De coração simplório e desatento,
Tão-só comprando o peso do remorso
E a sombra triste do arrependimento! ...
Ante as rodas que falam sem proveito,
Guarda em silêncio e prece a própria voz...
Hoje, os outros padecem na berlinda,
Cuidado! que amanhã seremos nós.


Manoel Monteiro

por Chico Xavier
CEC, Uberaba em de 12/7/69.
in “Reformador” (FEB ) Jan 1970


Sacrifício



Sacrifício

            Diante de várias circunstâncias da vida, o homem, ferido em seu orgulho, ferreteado na sua vaidade, desejando forrar-se das consequências naturais de seus atos ou desafiado a reorganizar o seu pretérito, no auge de procelas amargurosas ou decepções diversas, poderá imprudentemente - acercar-se dos abismos tenebrosos do suicídio.

            Desconhecendo a vivência dos mais rudimentares princípios religiosos, embora muitas vezes possa trazer a inteligência envernizada pelas mais diferentes doutrinas de fé - julga que a autodestruição física seja fuga ao problema, a saída menos vergonhosa de questões aparentemente insolventes ou uma resposta ao vazio de sua alma.

            Ignora, em verdade, o grande heroísmo de prosseguir existindo, suportando, com auxílio inegável da Espiritualidade Maior, as questões que o aturdem, que o colocam frente a frente com o chamado desconhecido.

            Desajuste amargoso!
           
            Todo suicida tem, diante de si, mal transpostos os umbrais da carne, a vida mais intensa e mais definida, com a soma de problemas não solucionados, de dívidas não resgatadas, da paisagem do amor não recomposta.

            Pais que abandonaram o cotidiano, atribulados pela fome e pela dor de seus familiares, são levados a vê-los na multiplicação de suas agruras e sem esperanças de dias melhores, já que foram apressadamente abandonados pelos que comandavam o leme de suas embarcações nos mares agitados do mundo.

            Mães que se refugiam, em a noite do suicídio, anotarão os filhos perecendo à míngua, não raro socorridos fisicamente, vestidos e alimentados pela piedade cristã, mas que se sufocam espiritualmente na ausência do amor maior.

            Supostos heróis da opinião pública desertarão da ribalta de sua tarefa, em praça pública, num gesto de vaidade enlouquecedora ou num fanatismo doloroso e, logo mais, descobrirão que a Lei da Espiritualidade é viver, viver para o bem de todos, sem jamais desertar do trabalho humilde e persistente, porque os seus tutelados chorarão, por certo, a ausência da inspiração do verbo terreno.

            Suicídio é aviltamento à obra Divina.

            A auto destruição não se justifica jamais, mesmo que arrolemos a falsa argumentação de nossa literatura ou que desfilemos a lógica humana, ditada por uma razão seriamente compromissada com os ideais do egoísmo e do orgulho.

            Para um general, maior importância terá um soldado que não abandona postos sacrificiais, que um oficial que, num grandiloquente rasgo, deserta das fronteiras de lutas.  

            Assim também com Jesus.

            Mais vale a humildade operante, que a vaidade ferida.

            Cuidemos, pois, da vigilância e da oração, para que não sejamos confundidos pelos desejos deste mundo em transição, onde tantas almas de impulsos primitivistas malbaratam o tesouro reencarnatório em festins de loucura e fantasia.

Roque Jacintho

inReformador” (FEB) Janeiro 1970

'Ano Novo - Novo Ano'



            Ano Novo - Novo Ano

          Ao ensejo de cada Novo Ano, damos guarida à ideia de Ano Novo.
           
          Novo Ano tivemo-lo ontem, temo-lo agora e te-lo-emos amanhã, depois e sempre.

          Ano Novo é que bem poucos poderão dizer  se já o tiveram ou se virão a tê-lo.

          Nem todo Novo Ano significa, na realidade, Ano Novo.

          Novo Ano diz respeito à sequência natural do Tempo.

          Ano Novo se entende com a nossa conduta ante o curso espontâneo dos acontecimentos.

          No primeiro caso, as horas passam à nossa revelia, assinalando-lhe as coisas e os seres, a Vida e a Natureza, a transcurso impassível.

          No segundo, nós lhe fixamos o sentido renovador, renovando-nos com elas, acompanhando-as em seu ciclo evolutivo.

          Este caráter de remodelação identifica-se através de sinais que não deixam dúvidas quanto à sua real existência.

            Pensamentos construtivos.
            Ideias grandiosas.
            Desejos enobrecidos.
            Propósitos sadios.
            Iniciativas benfazejas .
            Atitudes nobilitantes.
            Sentimentos acrisolados.
            Leituras benéficas.
            Conversas salutares.
            Decisões acertadas.
            Gestos fraternos.
            Vida reta.
            Consciência retilínea.
            Disposições de ânimo compreensivas.

 Tais os indícios iniludíveis, bem assinalados e marcantes de que um Novo Ano pode representar 
na  existência de cada um de nós, verdadeiramente, um Ano Novo.

Alberto Nogueira da Gama
(Passos Lírio)
 iinReformador”(FEB) Janeiro 1970

4 de Dezembro



04 Dezembro


 ‘Espera e Confia’

Eis a dupla singular
- Escora que nos descansa:
Servir sem desanimar,
Nunca perder a esperança.
Se sofres, serve e confia,
Não te queixes, nem te irrites.
Esperas. A bênção de Deus
É proteção sem limites.

 Meimei 
por Chico Xavier
in ‘Cura”  (GEEM 1ª Edição 1988)

sábado, 3 de dezembro de 2011

Convite ao Estudo


Convite ao estudo

Frederico Francisco / (Yvonne A Pereira)
in Reformador (FEB) Dezembro 1972


            Há algum tempo, em visita a um núcleo de iniciantes da Doutrina Espírita, testemunhamos lamentável engano de interpretação doutrinária. Sempre entendemos que uma tribuna espírita, ou mesmo simples reunião para exame ou debate de temas evangélico-espíritas não podem ser franqueadas a pessoas desconhecedoras do assunto a tratar, ou àqueles que têm preferência por veicular ideias pessoais. Já várias vezes temos destacado, com base nos próprios ensinamentos da filosofia espírita, que opiniões pessoais absolutamente não servem à Doutrina que todos desejamos seguir. O Espiritismo é revelação transcendente, ciência celeste que nos convida a renovar nossos cabedais morais e intelectuais, a cultivar o bom senso, meditar profundamente, para reconhecer que essa filosofia, pelo Alto revelada, traz em seu bojo sutilezas que convém serem conhecidas antes que venhamos a apresentar-nos como expositores dos seus princípios.

            Frequentemente, no entanto, assistimos a oratórias ditas evangélicas ou espíritas que mais comprometem a causa que se pretende divulgar. Temos tido notícias também de pessoas que se confundem e decepcionam diante de tais oratórias, pessoas que a elas acorrem a fim de se elucidarem, edificando-se na fé que julgam salvadora. Esse mal toma proporções mais graves quando os ouvintes são aprendizes jovens que procuram elucidação doutrinária com o fito de se orientarem seguramente para a vida, pois uma orientação falsa, baseada em sofismas ou opiniões pessoais, quer dos pontos evangélicos ou da filosofia espírita, pode até mesmo afastar da boa rota corações que anseiam pelos ensinamentos da Verdade.

            O caso em pauta foi que certo adepto do Espiritismo, discorrendo sobre a crucificação de Jesus, disse a um grupo de jovens iniciantes que a morte do Mestre assim se deu devido à necessidade de um resgate; que Jesus devia à lei de Deus aquela situação, pois que era a reencarnação de Moisés e este, no seu tempo, procedera de molde a ter de expiar o próprio passado nos braços do martírio. Não fora a presença de espírito de um participante da reunião, que corajosamente protestou, e o absurdo seria consagrado como lição a um grupo de iniciantes da filosofia espírita. Diante disso, concluímos que faltou ao expositor o mais comezinho conhecimento evangélico-espírita, ao passo que sobraram os sofismas sobre a lei da reencarnação. Todos os ensinamentos doutrinários que hemos colhido desautorizam a declarar que Jesus tivesse tido encarnações anteriores e ainda menos que tivesse agido de forma a sofrer a expiação do suplício na cruz.

            O adiantamento espiritual de Jesus perde-se na noite dos tempos, segundo reza a revelação espírita autêntica, racional, além do que afirma o Evangelho. Aquele sacrifício ele o fez voluntariamente, em obediência a uma necessidade prevista pelos planos divinos, para o bem dos destinos do planeta. Vindo à Terra, Jesus sabia que enfrentaria terríveis sacrifícios, o martírio na cruz inclusive; mas não vacilou, deu a própria vida espontaneamente, e isso mesmo ele afirmou diante de uma assembleia a que indivíduos comuns também estavam presentes:

            - “O Pai me ama, porque dou a minha vida para a retomar. Ninguém a tira de mim, mas eu a dou de mim mesmo e tenho o poder de a dar, como tenho o poder de a reassumir. Tal é a ordem que recebi de meu Pai” (João, cap. X, vv. 17 e 18).

            Pode-se mesmo dizer que os capítulos 10, 14, 15, 16 e 17 de João apresentam a individualidade de Jesus de tal maneira que, a aceitar o Evangelho, já não poderemos crer que ele fosse diferente. De outra forma, o alvo da vinda de Jesus a este mundo não foi, certamente, o sacrifício na cruz, mas a doutrina que ele trazia do Alto para doar aos homens, doutrina que ele repetia não ser sua e sim do Pai, que o enviou.

            O que redime a nossa personalidade não é, certamente, o fato de Jesus haver  “expiado os nossos pecados no martírio da cruz”, porquanto ele próprio afirmou que “a cada um seria dado segundo as suas obras”, mas a aceitação e consequente prática da doutrina por ele exposta e praticada. O sacrifício na cruz decorreu, é certo, da maldade e da ignorância dos homens, que não compreenderam Jesus, mas jamais da necessidade de ele sofrê-Io para se libertar de pecados anteriormente cometidos.

            Nos primeiros versículos do capítulo I de João vemos ainda que, quando se iniciou a criação da Terra, Jesus-Cristo já era unificado com o Pai:

            “Ele estava, no princípio, com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele; nada do que foi feito, foi feito sem ele. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens. E a luz resplandeceu nas trevas, mas as trevas não a compreenderam.”

            E, de fato, as trevas não compreenderam a vida e a luz que havia nele para nos serem transmitidas, pois, dois milênios após a sua passagem pela Terra ainda o confundem com João Batista. Sim, porque João Batista, segundo as palavras do próprio Mestre e a apreciação da Doutrina dos Espíritos, é que foi a reencarnação do profeta Elias. Quando encarnado na pessoa de Elias, este mandara decapitar setenta sacerdotes do terrível deus Baal, a fim de garantir a ideia da existência do Deus Único e Verdadeiro. Um compromisso grave, portanto, perante a lei de Deus, passível de punição, embora objetivasse a estabilização da idéia do verdadeiro Deus. Oitocentos anos depois, Elias reencarna na pessoa de João Batista e é decapitado durante um festim real de Herodes Ântipas. É um ensinamento lógico, racional, mesmo belo, de fácil aceitação, que encontramos claramente exposto no Evangelho. A cena no Monte Tabor, em que vemos a materialização de Moisés e Elias, ao lado do próprio Jesus e dos seus apóstolos Pedro, Tiago e João, é mais um desmentido categórico dessa estranha afirmativa de que Jesus e Moisés fossem o mesmo.

            O estudo fiel e dedicado dos Evangelhos, portanto, e também da Doutrina dos Espíritos, é indispensável àquele que deseje prestar sua colaboração. Não se aprendem tais noções em um ou dois anos, ou apenas através de intuições ou, ainda, por ouvir falar a seu respeito. São aquisições difíceis, que requerem perseverança e muito amor, humildade e raciocínio isento de personalismo e conveniências. Há, sim, sutilezas importantes, detalhes significativos, dos quais somente após algum tempo de dedicação nos poderemos apossar. Teremos que nos renovar para a Doutrina: aprimorar a nossa moral, educar a mente e o coração, objetivando o Bem; examiná-Ia, analisá-Ia e aceitá-Ia ou rejeitá-Ia, mas jamais deturpá-Ia com as nossas opiniões pessoais, sempre prejudicadas.

            Convém, pois, que alijemos as ideias particulares, os preconceitos, os sofismas que nos possam levar a interpretações inverídicas diante de corações sequiosos de conhecimentos espirituais, dado que o compromisso de levar a palavra da verdade ao público é grave e poderemos passar pelo desgosto de, um dia, reconhecermos que deturpamos os ensinamentos que do Alto recebemos para a nossa própria edificação, para edificação do próximo e “para maior glória de Deus”.

02 Pot-Pourri Internacional


Parte de artigo publicado sob mesmo título em ‘Reformador’ (FEB) em Dezembro 1972.

‘Pot-Pourri’ Internacional
por Luciano dos Anjos


                A igualdade dos sexos vem provocando acirradas controvérsias nos círculos religiosos. No grupo católico, enquanto as Igrejas Ortodoxas Orientais permanecem aferradas à tradição da hegemonia masculina, no Ocidente verificam-se transformações graduais. O tema dos direitos femininos foi levantado, surpreendentemente, durante o último Sínodo Internacional dos Bispos, e uma comissão chegou a ser formada a fim de estudar o papel da mulher na sociedade e na igreja. A maioria das seitas protestantes já per
mite a ordenação de mulheres. Os anglicanos são os mais intransigentes, mas o Bispo de Hong-Kong ordenou, há pouco tempo, duas mulheres. Entre os israelitas, as mudanças mais sensíveis ocorrem no movimento de Reforma: em maio último, este grupo ordenou, nos Estados Unidos, a sua primeira mulher rabino.

                Justifica-se, comumente, o impedimento da ordenação de mulheres com o argumento de que se trata duma prática antibíblica. Os lideres de todos os credos religiosos, porém, estão convencidos de que os motivos que impedem a maior ordenação de mulheres são provocados por injunções culturais.
Estes comentários, aqui expostos resumidamente, são de Edward B. Fiske, divulgados no "The New York Times". Note-se como a deformação religiosa conduz a encruzilhadas pitorescas. Aí estão os lideres de alguns grupos a raciocinarem, à luz da Bíblia, em torno da conveniência de ordenar mulheres. E cada vez se complicarão mais. Criaram hiper sofisticados esquemas organizacionais para as suas religiões. E aí está o resultado. Agora estão aflitos com os múltiplos problemas dos efeitos. Nem sequer percebem mais que a solução está nas causas. É tão simples: acabe-se, pura e simplesmente, com as ordenações. Afinal, que é que elas valem?

* * *


01 Pot-Pourri Internacional


Parte de artigo publicado sob mesmo título em ‘Reformador’ (FEB) em Dezembro 1972.



‘Pot-Pourri’ Internacional
por Luciano dos Anjos

                “Civiltà Cattolica", influente revista dos jesuítas italianos e considerada como a mais próxima do pensamento de Paulo VI, noticiou que o eminente teólogo jesuíta R. P. Jean Galot acaba de imputar um grande erro a Santo Agostinho, aos doutores da Igreja e aos concílios. Galot colocou ponto final numa controvérsia que dividiu a Igreja durante 15 séculos, sobre a sorte das crianças mortas sem batismo. Agora, as almas destas últimas não vão nem para o inferno nem para os limbos, como se pretendia, mas... para
o céu mesmo.
                Quer dizer: durante 1.500 anos gerações e mais gerações se passaram engolindo gato por lebre. .. Vamos ver quantos séculos vai durar essa nova versão. É um tal de acomodar a Teologia que não sei como é que essa acomodação não incomoda a consciência dos acomodadores.

* * *

3 de Dezembro

03 Dezembro


Todos recebem na vida
Luz ou trevas, mal ou bem.
A Justiça é qual o Sol,
        Não excetua a ninguém.

 Jair Presente 
por Chico Xavier
in ‘Revelação”  (GEEM 1ª Edição 1992)



sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Creio em Deus...



“Creio em Deus
porque Deus está dentro de mim”

Anunciado em nossa edição de novembro último, damos ao leitor um resumo
da palestra realizada pelo tribuno baiano Divaldo Pereira Franco,
na noite de 3 de outubro do corrente, quando da inauguração do Cenáculo
da sede da Seçâo-Brasília da Federação Espírita Brasileira.

Reformador (FEB) Dezembro 1970

            “Naquele 31 de março de 1870, no Cemitério do “Père-Lachaise”, diante do dólmen ali erguido em memória de um dos maiores benfeitores da Terra, Monsieur Levent não conseguia reprimir a sua justa emoção. E depois - de contemplar o quadro, falou em voz embargada: “Continuai a derramar sobre os vossos discípulos o vosso concurso benéfico e benfazejo! A obra se cumprirá e o vosso nome, gravado no Panteon da História, entre os que se tornaram imortais na Humanidade, passará de geração em geração, como os dos profetas antigos!” A voz embargada de Monsieur Levent traduzia as homenagens do mundo espírita a Allan Kardec, por ocasião do 1º aniversário de sua desencarnação, evocando a data em que fora sepultado no Cemitério de “Montmartre” e então trasladado para o “Père-Lachaise”, que guardaria os despojos das pessoas mais célebres do mundo.

            Mas, essas palavras pertencem ao passado. No presente, é a voz atormentada do pensamento moderno a bradar a morte do sentimento, o desequilíbrio psíquico, a ética anárquica dos mais nobres empreendimentos da Humanidade! No dia de hoje, e exatamente nesta hora, é a assertiva de que Deus morreu e de que o homem não tem a mais mínima esperança no sentido moral das suas dimensões na busca da felicidade sobre a Terra! Mas isto também pertence ao passado; mas isto também morreu!

            O brado dos novos teólogos sem Deus não representa mais do que o renascimento de velhas crenças filosóficas, que depois de atingirem o ápice das gerações do passado, adormeceram momentaneamente na indiferença do pensamento para eclodirem nas suas volúpias terríveis da atualidade! E é do passado porque, há quase 100 anos, Nietzsche pregava ao mundo o extermínio de Deus e o aprimoramento das civilizações mediante a preservação apenas dos mais fortes. Contudo, não seria possível matar Deus.

            Depois de Nietzsche, apesar dos químicos alemães, Deus voltou à humanidade. Curie teve oportunidade de deter o rádio e, ao receber o Prêmio Nobel, disse: “Eu adoro a Deus porque é a alma da minha vida”.

            E Deus voltou à humanidade, quando Alfred Russel Wallace disse: “Eu era um materialista completo, mas os fatos são imperiosos. Eu creio no Espírito! Eu creio em Deus!”

            Rutherford, que teve a audácia de, em 1911, bombardear o átomo, também contribuiu para que Deus paulatinamente voltasse ao coração da sociedade amargurada.

            Mas, ao mesmo tempo, na Europa ouvia-se uma voz: “Nós assassinamos Deus, porque nós é que criamos Deus!” E espalhou-se pelo mundo essa asserção. “Matemos Deus e proclamemos a vitória da Vida!”

            Erich Fromm, discípulo de Freud, chega à conclusão de que o homem deve matar Deus, porque Deus é uma frustração sexual. Quando o homem perde o pai, faz o processo de transferência para Deus.

            A mentalidade de Fromm chega até todos.

            Mas que é Deus? Onde se encontra Deus?

            Allan Kardec disse: “Caminhando de par com o progresso, o Espiritismo jamais será ultrapassado, porque se novas descobertas lhe demonstrassem estar em erro acerca dum ponto qualquer, ele se modificaria nesse ponto”.  Ainda agora essa palavra é atual. A Doutrina Espírita não tem dogmas, é racional. Deus, carinhosamente estudado na Codificação, veio preencher as lacunas das crenças do passado.

            Examinemos. Desde os pensamentos bíblicos até as conquistas galáticas, tudo proclama a grandeza de Deus!

            Desde os céus de Davi, até aos de Brasília, em cuja Primavera o homem verá milhões de astros cantando como o fulgor de diamantes preciosos. Mas esse homem se reajusta. Ele não pode ver tudo. São 150.000 estrelas! E se Ele usa um grande telescópio, como o de Monte Palomar, pode então contar agora 30 milhões de estrelas! E Ele perguntará atônito: “Quais as mãos que espalharam isso no empíreo?” Contemplará a estrela Polar, Aldebarã, Vega, Antares, e sentirá necessidade de querer saber quem fez essa maravilha! Verá Cabra, Sírio, a Espiga da Virgem, Betelgeuse! E, 30.000 vezes maior que a Terra - Pigmeia! Esse homem, então, recorda a Terra e considera: o sistema em que gravita é um dos mais ínfimos! Olha Plutão a 6 bilhões de quilômetros do Sol, e ele, por não poder mais acompanhar mentalmente essas medidas, cai nas considerações abstratas.  Aceitará dados que não pode comprovar ... Perceberá as ilhas interplanetárias, as nébulas... Esse homem irá interrogar os astrônomos e saberá que além da sua Via-Láctea existem classificados aproximadamente 100 bilhões de sistemas solares!

            Em seguida, o homem se recolherá dentro de si mesmo e meditará nas maravilhas que existem dentro de seu próprio organismo. Em suas conjecturas pensará na mente que o deslumbra e, penetrando na câmara craniana, vê que somente para o fenômeno do pensamento existem cerca de 2 bilhões de células ! No seu sangue, observa a circularem 40 trilhões de hemácias! E para que esse sangue se distribua por todo o seu organismo, a fim de que ele viva, possui milhares de quilômetros de veias e artérias!

            E o fenômeno ótico? A luz penetrando pelo diafragma até chegar à concha do cérebro ...

            Por outro lado, se sua epiderme é picada por um alfinete, logo ela se reconstitui, mediante a fibrina que, como algodão, elabora imediato coágulo protetor! Medita, esse homem, no milagre das hemácias, fabricadas a razão de 1 bilhão e meio em cada segundo, para substituir outro bilhão e meio que desaparece! O homem começa a reconsiderar os seus conceitos e sente a vida manifestar-se dentro dele, desde a hipófise até às glândulas genitais! Tudo canta a glória de Deus! Começa a pensar nas glândulas sudoríparas espalhadas em toda a extensão da sua epiderme, a fim de que ele possa viver mediante a eliminação das toxinas! Começa a estudar o comportamento dos capilares e então,  afinal, perguntará: Como se dá o milagre da célula viva? Responder-lhe-á a Ciência: Não sabemos ... Meditará ainda no processo do sangue dentro dos capilares, no seu aparelho excretor, nos rins com seus 108 quilômetros de artérias, vasos, etc! O homem então há de gritar: Creio em Deus! porque Deus está dentro de mim!

            Crer é fenômeno biológico, hereditário. Pesquisar é fruto da evolução. Por essa razão é que Allan Kardec já afirmava que “fé inabalável só o é aquela que pode enfrentar a razão face a face em todas as épocas”... Por isso disse que o Espiritismo caminhará sempre ao lado do progresso.

            A Ciência investiga as consequências, mas o Espiritismo penetra as matrizes da própria vida.

            Quando Allan Kardec desencarnou, vários espíritas perguntaram: que será da Doutrina?
Ficará de pé, porque ela não é dos homens! “Se fracassares, outro te substituirá” - disseram-lhe os Espíritos, dando ao Codificador a lição de que todos nós somos meros transeuntes da vida carnal, demandando ao porto, além da vida sensorial.

            Porém, quando Kardec desencarnou, já a Doutrina havia atravessado os oceanos e plantara a sua bandeira na Terra do Cruzeiro, em 1865, com Luiz Olímpio Teles de Menezes, na Bahia. Quando Kardec tomba, tem-se a impressão de que a Doutrina fracassará, porque os homens estão acostumados a ver os fundadores de doutrinas morrerem com elas. Eis que ela chega ao Brasil para firmar as suas bases, em 1883, quando Augusto Elias da Silva apresenta o “Reformador”, venerado órgão da Federação Espírita Brasileira. No ano imediato aparece a Federação Espírita Brasileira, em 1884, com Augusto Elias da Silva e um grupo de denodados trabalhadores, a fim de plantar a bandeira “Deus, Cristo e Caridade” no Brasil! No ano seguinte, em 1885, aqueles mesmos lidadores, ao lado de Bittencourt Sampaio e Antônio Luiz Sayão, incorporam à FEB o ”Grupo Ismael”. Em 1887, de repente, como a Verdade, apareceu em “O Paiz”, Max, com crônicas memoráveis que mereceram de Carlos de Laet grandes elogios. Em 1889, diante das ansiedades da Casa de Ismael, Frederico Júnior recebe Allan Kardec para falar sobre o futuro da humanidade. Em 1890 o setor de Assistência aos Necessitados se firma e, em 95, Bezerra de Menezes é convocado por Ismael para dirigir os destinos da FEB, até que em 1900 tomba “O Médico dos Pobres»!

            Sucedem-se as grandes jornadas e, em 1943, a calamidade da guerra chega ao Brasil.  Guillon tomba e Wantuil é chamado a dirigir a FEB. Em outubro de 49 é assinado o Pacto Áureo. Em 8 de março de 1950 o ”Reformador” apresenta a “Proclamação aos Espíritas” e, em 1951, a Caravana da Fraternidade sai de Porto Alegre: Lins de Vasconcelos, Leopoldo Machado,  o gaúcho Spinelli, semeando a esperança e, ao retornar a Caravana, todo o Brasil responde à chamada. Até que, em 6 de março de 1966, sob os céus goianos, é colocada em Brasília a sede da FEB - Seção-Brasília, para servir a este povo, para ensinar este povo a estudar e a amar. Hoje, 4 anos transatos, a Casa de Ismael abre as portas do seu Cenáculo para dizer: Continuai, Allan Kardec, a derramar sobre os vossos discípulos o vosso concurso benéfico e benfazejo!

            Essas palavras são de hoje, porque o maior antídoto contra o Materialismo é o Espiritismo. Este tem resposta para tudo. O Espiritismo diz: bom ânimo! coragem! É a Doutrina que cai sobre a Terra do Cruzeiro e grita: Deus vive! O Deus que os homens mataram foi o Deus que eles criaram, o Deus inclemente e impiedoso!

            A Doutrina Espírita veio apresentar o Deus--Amor.  Aquele a Quem João, o místico de Patmos definiu tão bem: “Deus é Espírito”.

            Em 1968, quando a Apolo n." 8, tripulada pelo homem, dava a sua primeira volta histórica em torno da Lua, ouviu-se dos lábios do comandante Neil Armstrong uma oração: “Oh, Deus! dai-nos a esperança! Oh, Deus! deixai-nos soluçar pelo Dia da Fraternidade Universal !”

            Aquela voz longínqua chegava do espaço sideral ao coração da humanidade e bradava: “Eu creio em Deus!”

            E agora?

            Huxley, eminente psicólogo inglês, escreveu “A Ilha”. É uma experiência no campo da percepção. Solitários, numa ilha, numerosos sensitivos se ressentem da convivência com seus semelhantes. Então, vários mainás foram treinados e educados para sair pela floresta e espalhar repetidamente, com perfeição: “Aqui e Agora!” E saíram a repetir: “Aqui e Agora!”  Aqui e Agora - é este o momento de renovar o homem! Aqueles que trazem a mensagem de Jesus estão agora a dizer: Aqui e Agora! Esse é o momento da nossa renovação espiritual!

            E aqui estão também as realidades das obras do Sr. Rivail, passados apenas 100 anos depois! Passados apenas 100 anos, eis aqui a tua obra, Allan Kardec, no dia da evocação da tua data! As lutas, os espinhos cravados na tua carne, Allan Kardec, aqui estão representados na alma pura do amor, aqui e agora, para apaziguar as ânsias das paixões das almas atormentadas!

            Quando Allan Kardec perguntou aos Espíritos: “Qual o Espírito mais perfeito que o homem conhece?” - a resposta foi um dissílabo: “Jesus”. Voltamos às terras da Galileia que escutou aquela voz meiga e o cantochão: “Oh, vinde a mim vós que estais cansados e aflitos e eu vos aliviarei”! ...

            Quereis conhecer, afinal, Deus? - Amai-vos! E não busqueis entendê-Lo senão pelo coração. “Creio, porque é absurdo” - dizia Santo Agostinho. Só pela imaginação o homem pode entender Deus! Por que, pois, não dizer a Deus do nosso reconhecimento à vida, ao nosso próprio pensamento? É necessário, para entender Deus, que voltemos a ser criança!

            No ato inaugural da sede da Seção-Brasília da FEB, seja esse o nosso dia de gratidão a Deus! Obrigado, Deus! Obrigado pelo amor, a ternura, a esperança que nos deste! Obrigado, Senhor, pelos olhos que me deste para ver a Natureza! Obrigado, Senhor, porque posso escutar! E pela minha voz, obrigado, Senhor! Obrigado, Senhor, pelas minhas mãos, pelas mãos da ternura, que afagam, que apertam ...  Oh, obrigado porque posso abraçar, Senhor! Obrigado, Senhor, porque posso andar! Obrigado, pela minha casa! Obrigado pelo amor que me deste! Obrigado porque amo a Ti; porque Tu és a Vida da Vida, obrigado! Obrigado, meu Pai! Obrigado, meu Deus! Obrigado ...


2 de Dezembro


02 Dezembro


Serás feliz se a bondade
A tua vida coroa.
Quem mais ajuda, mais sabe,
Quem mais sabe, mais perdoa.


 Casimiro Cunha 
por Chico Xavier
in ‘Gotas de Luz”  (FEB  4ª Edição 1977)

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Assuntos



Assuntos

            É verdade.

            Por mais que silencies e por mais que a prudência te assinale as manifestações, a vida te exige relacionamento.

            E o relacionamento te pede falar.

            Surgem aqueles que se referem ao tempo e às dificuldades do mundo.

            Outros se reportam aos fatos da época em que vives, comentando ocorrências que a imprensa divulga.

            E, em muitas ocasiões, anotas a inconveniência e a infelicidade dos apontamentos expostos.

            Quando isso acontecer, respeita as qualidades e os créditos daqueles que comandam as notas que o boato acalenta e modifica a situação.

            Todo diálogo assemelha-se à estrada de que se pode retirar esse ou aquele ramal para determinados fins.

            À vista disso, quando a conversação ambiente se te mostre indesejável, usa tato e caridade e improvisa um ramal para o trânsito de novas ideias.

            Feito isso, tanto quanto possível e se possível, auxilia os circunstantes, falando de Jesus.


Meimei

por Chico Xavier

in  “Cura” – (1ª Ed GEEM 1988)

Intelectualismo


Intelectualismo


            Nos tempos modernos, mentalidades existem que pugnam pelo desaparecimento das noções religiosas do coração dos homens, saturadas do cientificismo do século e trabalhadas por ideias excêntricas, sem perceberem as graves responsabilidades dos seus labores intelectuais, porquanto hão de colher o fruto amargo das sementes que plantaram nas almas jovens e indecisas.
                                                       
*

         Pede-se uma educação sem Deus, o aniquilamento da fé, o afastamento da esperança numa outra vida, a morte da crença nos poderes de uma providência estranha aos homens.

*

         Essa tarefa é inútil.

         Os que se abalançam a sugerir semelhantes empresas podem ser dignos de respeito e admiração, mas assemelham-se a alguém que tivesse a fortuna de obter um oásis entre imensos desertos. Conformados e satisfeitos na sua felicidade ocasional, não veem as caravanas inumeráveis de infelizes transitando sobre as areias ardentes.         

Emmanuel

por Chico Xavier

 in “Cura” (1ª Ed. GEEM 1988)

           
           




Na tenda de Ismael


Na tenda de
Ismael

            Irmãos, a paz do Senhor seja convosco.
           
            Cem anos depois de minha iniciação mediúnica nos serviços do Espiritismo com Jesus, arrebatadora emoção me toma o Espírito ao visitar-nos nesta Angélica Oficina.

            Por melhores que sejam as vossas percepções espirituais e por mais acuradas as vossas observações, não podeis, enquanto na carne, formar ideia exata do valor real do trabalho que se desenvolve nesta Tenda, em benefício da Humanidade. Condicionado ao devotamento e à humildade, para poder produzir seus frutos evangélicos, este trabalho desperta a carinhosa atenção das mais elevadas esferas espirituais no nosso orbe, do mesmo modo que provoca a fúria destruidora dos aborrecidos da luz.

            Núcleo do qual se irradiam as claridades do Evangelho à luz do Consolador, esta Casa merece nossos melhores e mais sinceros esforços, para atender, cada vez com mais amplitude, às expectativas do nosso Divino Mestre. Se a dor cresce na Terra, deve sobrar aqui o remédio; se o desespero invade os Continentes, deve aqui luzir a esperança; se o materialismo e a violência campeiam nos meios sociais, subvertendo a paz e ativando os ódios, deve aqui imperar o amor que a todos socorre e o bem que a tudo vence. Alicerçada na caridade fraternal, esta Casa deve ser sempre oficina e refúgio, lar e santuário.

            Considerando a grandeza de vossas obrigações, estribai-vos na fé que remove montanhas, para que os nossos Maiores possam sempre melhor ajudar-vos em vossa faina apostolar, porque sois pastores do Cristo entre lobos vorazes e ovelhas perdidas.

            Aceitai com clara consciência as vossas elevadas responsabilidades, porque não fostes eleitos para meros administradores de bens perecíveis, mas para condutores de almas imortais.  Medianeiros da luz no vale das sombras, erguei bem alto o facho do vosso ideal, e confiados na proteção de Nossa Mãe Santíssima, permanecei no trabalho redentor, semeando incessantemente as bênçãos da paz e as luzes divinas da Boa Nova.

            Vosso Irmão em Cristo.

Frederico Pereira da Silva Júnior

por Hernani T. Sant’Anna
inCorreio entre dois Mundos”  (1ª Ed. FEB 1990)

1 de Dezembro


01 Dezembro


Esquecemos o passado,
Mas só no nosso presente,
Porque ele está guardado
Nos arquivos do inconsciente.



 Octávio Caúmo Serrano 
in ‘Trovas da Codificação”  (1ª Ed. 1998  ‘Sal da Terra’)