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segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

Redescoberta do Espírito

 

Redescoberta do Espírito

por Ismael Gomes Braga

Reformador (FEB) Abril 1962

             Em seu substancioso artigo “Lendo e Comentando” de "Reformador" de Março de 1962, páginas 64/7, o nosso estudioso confrade Hermínio de Miranda traduz de “Two Worlds" a notícia de que na União Soviética, do mesmo modo que nos Estados Unidos, os fenômenos espíritas estão sendo estudados com o nome de Parapsicologia. Diz:

            À margem de um artigo de tipo científico subscrito por E. A. Tooke, há uma notícia interessante: a Rússia está estudando os fenômenos parapsicológicos que, se não fosse a caturrice científica, seriam, simplesmente, chamados fenômenos espíritas ou anímicos.  Será, talvez, melhor traduzir o pequeno trecho em que é dada a notícia:

            “Parece que as predições feitas pelo autor deste artigo (E. A. Tooke) estão sendo cumpridas. Em artigo que escreveu para “Two Worlds”, em Fevereiro de 1960, disse ele que os cientistas russos, em vista das descobertas no espaço sideral, estavam alcançando as ideias não físicas da matéria, expressas por Sir Oliver Lodge, há 30 anos. O Sr. Tooke admitiu que poderá haver uma inflexão de 360 graus na Rússia, esquanto seu evangelho do materialismo dialético poderá ter que ceder a uma explanação não materialista do Universo.

            Em outro artigo, em o número de Novembro de 1960, o Sr. Tooke escreveu o seguinte: “Os cientistas interessados no mecanismo da percepção extra-sensorial sabem perfeitamente que as leis que governam a radiação física (eletromagnética) não se aplicam às comunicações telepáticas e a fenômenos semelhantes.”

            “Agora nos chega a notícia de que a Parapsicologia está senão oficialmente investigada por uma Universidade russa. Em experiências cientificamente controladas, onde os pacientes hipnotizados eram isolados separadamente em câmaras de chumbo imersas em mercúrio, foram obtidas, com êxito, transmissões de pensamento. O professor encarregado das experiências concluiu que esses resultados não poderiam ser atribuídos à radiação eletromagnética. Isto implica dizer que a explicação do fenômeno não poderá ser materialista.”

             A essa notícia o nosso amigo faz o seguinte comentário:

             Será, por certo, bastante curioso assistir ao desenvolvimento dessas pesquisas, dentro da fortaleza do materialismo na Terra. Mas, se cá, fora das pesadas cortinas de ferro, os cientistas já ficam alarmados quando começam a encontrar a realidade do espírito, que não farão aqueles que basearam, não uma simples concepção acadêmica, mas a própria filosofia política, social, econômica, religiosa a moral sobre o materialismo? A redescoberta do espírito naquelas bandas, por uma reencarnação do grande Aksakof, poria em perigo toda a estrutura do Império soviético. Provavelmente o cientista que realizasse tal façanha seria obrigado a se retratar publicamente, como um novo Galileu, que, em vez de afirmar o movimento da Terra, proclamasse a realidade do espírito humano, coisa muito mais séria, e de consequências imprevisíveis numa época e num ponto geográfico onde os horizontes estão limitados pela matéria.

             A situação é muito diferente. Galileu Galilei e seu contemporâneo Giordano Bruno foram pioneiros e o fanatismo religioso daquele tempo teve a veleidade de supor que poderia evitar a divulgação da descoberta.

             Os cientistas soviéticos não serão pioneiros, terão a apoiá-los um século de experiências registradas em milhares de volumes nas bibliotecas de todos os povos, inclusive nas russas. Além disso, funcionam legalmente na União Soviética muitas igrejas espiritualistas - Judaísmo, Cristianismo, Islamismo, Budismo - que não ousariam repelir a descoberta oficial, porque não lhes é permitido atacar o Estado.

             Seria uma situação completamente diferente do Ocidente, onde as igrejas, em nome da Fé e da Ciência, negam os fenômenos espíritas e caem no mais grosseiro materialismo. Aqui, as igrejas espiritualistas decaem para o materialismo; lá, o Estado já chegou ao extremo materialismo e só pode retroceder; para diante não pode ele caminhar, porque já negou tudo. Ora, como o espírito humano é irrequieto e não para de pensar, não achando mais caminho a percorrer para a frente, andará para trás, ou agora ou mais tarde. E' possível, pois, que já esteja voltando a 1848, aos fenômenos espíritas.

            Quanto às ideias de Sir Oliver Lodge, permitimo-nos dizer algumas palavras.

            Seu ensinamento sobre formas não físicas de uma substância que enche todo o Universo e dentro da qual se realizam os fenômenos de coesão, gravitação, atração, repulsão, condução da luz e dos mundos, etc., quer lhe demos o nome de Éter ou qualquer outro, é a revelação de um outro Universo que escapa a todos os nossos sentidos, mas de cuja existência não podemos duvidar, porque lhe percebemos muitos efeitos.             

            Esse outro Universo, invisível, deve ser habitado por formas de vida inteligente, diferentes das que conhecemos, ou seja da Vida mesma; pois que nada conhecemos da Vida limitamo-nos semente a observar algumas das suas manifestações sobre a matéria.

            Nesse Universo invisível, infinitamente maior do que o visível, porque este está dentro dele, deixando ainda espaços imensos que nos parecem vazios, nesse visível e impalpável devem ter sede os mundos espirituais, cujos habitantes encarnam, às vezes, no nosso e alguns se manifestam pelos fenômenos mediúnicos, em todos os tempos, dando origem às crenças espiritualistas.

            Sir Oliver Lodge afirma ainda mais: que para descobrir o Espírito o ponto de partida são os fenômenos mais espirituais, como a telepatia e a inspiração, e não os fenômenos físicos de materialização, telecinesia, voz direta, como alguns erradamente supõem. Portanto, se os parapsicologistas nos Estados Unidos e na União Soviética já estão obtendo provas satisfatórias de telepatia entre vivos, estão a caminho de obter telepatia entre mortos e vivos, que já é pura mediunidade.

            Os caminhos de Deus são diferentes dos nossos. Parece que do extremo materialismo virá o reinado do Espírito, num futuro não muito afastado.


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