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sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Espiritismo e Ciência



Espiritismo e Ciência
Túlio Tupinambá / (Indalício Mendes)
Reformador (FEB) Abril 1956

            O cepticismo de pretensos cientistas tem sido mais nocivo do que benéfico à Humanidade. A verdadeira característica do sábio é a humildade honesta, isto é, a humildade que se manifesta espontaneamente, com o propósito de evitar algo capaz de escandalizar a outrem. O sábio estuda, analisa, pesquisa, observa, compara e conclui. Não realiza afirmativas apriorísticas, mesmo quando em face do que possa parecer, à ciência oficial, absurdo ou paradoxo.

            Infelizmente, porém, não é numerosa essa nobre estirpe de sábios, à qual pertenceram e pertencem homens de absoluto equilíbrio moral e intelectual, dotados de uma independência admirável e refratários a influências de caráter religioso, político ou dogmático.

            Quando o Espiritismo, no século passado e nos primeiros anos do presente século, atraiu as atenções do mundo científico, numerosos foram os homens de ciência que se puseram a fazer experiências, a fim de descobrirem o que havia de verdadeiro na velhíssima novidade. Alguns, indiferentes aos preconceitos, se entregaram de corpo e alma ao trabalho, objetivando encontrar a verdade que haviam vislumbrado. Outros, entretanto, preferiram adotar atitudes espaventosas, agradáveis aos impenitentes negadores de todas as épocas e aos servidores do ultramontanismo absorvente e dominador. Por isto, sábios como William Crookes, para mencionarmos apenas um, sofreram insultos e humilhações. Repetira-se com ele o que já sucedera com outros legítimos homens de ciência, incumbidos pelo Alto de romper os liames da tradição balofa, que a vaidade e o orgulho amparavam. César Lombroso, enquanto negou a realidade espírita, era apontado como gênio. Depois que, tocado pela revelação, pode observar, graças à médium Eusápia Paladino, fenômenos incontestáveis, tendo a bela coragem de confessar a verdade, renunciando aos pontos de vista que anteriormente professava, passou a ser achincalhado por aqueles mesmos que o incensavam. Agora, já era um velho senil, que não possuía suficiente equilíbrio para discernir entre a verdade e o erro. Não obstante, sua famosa obra póstuma – “Richerche sui fenomeni ipnotici e spiritici” - é um monumento que engrandece o Espiritismo, porque ele, não apenas reconhece a realidade espírita, mas desenvolve considerações impressionantes, com a autoridade moral e científica que possuía. Em “Cristianismo e Espiritismo”, obra de Léon Denis, que deve ser lida atentamente por todo aquele que almeja adquirir cultura espírita, há um histórico magnífico acerca da evolução do Espiritismo, além de estudar a origem dos Evangelhos, sua autenticidade e seu sentido oculto; as alterações sofridas pelo Cristianismo e sua decadência, precedendo a Nova Revelação, isto é, o Espiritismo, que é o Cristianismo redivivo, em sua forma simples e pura.

            Há, entretanto, necessidade que os cientistas se dediquem mais seriamente aos problema que o Espiritismo oferece à sua argúcia. Não desejamos nós, prosélitos de Allan Kardec, que eles adotem previamente uma postura simpática em relação ao Espiritismo. O que desejamos é que sejam absolutamente despidos de “parti-pris” no exame e estudo dos fenômenos espíritas, e se forrem de beneditina paciência para levar a termo tão árduo quão benemérito trabalho. Mais cedo ou mais tarde, Espiritismo e Ciência estarão de mãos dadas, porque a Ciência há de alcançar resultados que a possibilitem a afirmar a veracidade dos postulados espiritistas. E então, se isto não for para os nossos dias, porque ainda há muito preconceito e muito dogmatismo, se-lo-á para o próximo milênio pois o Espiritismo não se baseia em milagres, não se escora em fantasias nem em episódios alucinantes. Em seu tríplice aspecto – religioso, filosófico e científico – há de afirmar-se a Humanidade inteira, como já se afirmou a milhões de criaturas despojadas de orgulho e isentas de vaidade.

            O Espiritismo salva, enquanto o cepticismo, filho dileto do materialismo, conduz os homem ao desespero. O legítimo sábio não aprova nem desaprova, não afirma nem nega previamente. Estuda, observa, pesquisa, examina, analisa compara e conclui. Só emite opinião definitiva quando julga esgotadas todas as fontes de esclarecimento e todos os recursos investigatórios.

            Se são lentos e penosos os avanços conseguidos na Física, na Química e em outras ciências, digamos da matéria, como pretenderem que sejam rápidos e fáceis os trabalhos realizados no domínios do Espiritismo, mesmo no que diz respeito às manifestações físicas? É lamentável que poucos tenham sido os homens de ciência devotados a tão úteis, embora dificílimos, estudos. A maioria, utilitarista e imediatista, quer que os “fatos” se repitam matematicamente como se os Espíritos não tivessem vontade própria e pudessem estar equiparados a fenômenos invariáveis, sujeitos a fórmulas fixas. Por isso essa maioria de sábios sorri superiormente, escarnece e nega os fenômenos espíritas, sem se dar ao trabalho de verificar se são mesmo sábios ou se apenas aparentam sê-lo. A verdade é monopolizada por eles e também pela Igreja.

            O que não estiver de acordo com os cânones consagrados pela ciência oficial ou conforme as exigências da Igreja, é repelido.

            O Espiritismo continua serenamente seu caminho e não tem pressa, porque sabe que a Humanidade evolui muito lentamente. Quanto mais se demorar o homem a iluminar-se pelo conhecimento da verdade espírita, maiores serão os obstáculos que terá de transpor. O homem macerado por sucessivas reencarnações, um dia curvará a cerviz à verdade e, então, verá que o Espiritismo jamais esteve ou estará em antagonismo com a Ciência, uma vez que ele é, a um só tempo: Religião, Ciência e Filosofia. 

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