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quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Doutrinar Sempre

Doutrinar Sempre
Indalício Mendes
Reformador (FEB) Agosto 1962

            Nada é mais necessário fazer no ambiente espírita do que doutrinar, levar a Doutrina à compreensão dos confrades mais humildes, para os quais há conveniência em se adotar linguagem muito simples, que lhes permita rápida assimilação das ideias apresentadas.

            Não se trata, positivamente, de falar bonito, mas de falar eficientemente, com absoluto conhecimento da Doutrina, para esclarecer, ensinando. É bem mais importante do que possa à primeira vista parecer, a pregação inteligente da Doutrina de Kardec. O número daqueles que perambulam pelo Espiritismo e pouco ou quase nada sabem de Doutrina é muito grande. Em virtude da "lei do menor esforço", muitas vezes o adepto do Espiritismo não se mostra exigente, não zela pelo respeito à Doutrina, porque a desconhece em suas minúcias. Aceita qualquer "espiritismo" que lhe pareça bom por falar em Jesus, no bem, etc.

            Evidentemente, isso não basta. Seria ótimo que a só menção do nome de Jesus fosse bastante para assegurar a certeza de que os princípios doutrinários do Espiritismo são observados em qualquer parte. Tal não sucede, porém. Há necessidade de se martelar a Doutrina, pela palavra falada, nas tribunas e no Rádio, pela palavra escrita, nas conversações, enfim, onde quer que estejam reunidos indivíduos que debatam temas espíritas.

            Todos nós, que nos sentimos com alguma responsabilidade no movimento espírita nacional, devemos ser rigorosos na exemplificação de todos os instantes, porque os olhos dos confrades mais novos ou dos adeptos incipientes convergem justamente para aqueles que eles supõem ser corretos no procedimento moral.

            Doutrina, Doutrina, Doutrina - eis o ponto fundamental de qualquer propaganda espírita kardecista. Com a difusão da Doutrina será mais fácil corrigir maus hábitos, superstições, abusões, erradas interpretações dos fatos espíritas e destorcida compreensão do que eles possam ignificar à luz dos preceitos doutrinários.

            Ninguém pode ter "o seu espiritismo". Todos podem ter apenas o Espiritismo fundamentado na Doutrina, que é simples, porém positivo. Ele somente sobreviverá através da Doutrina. Sua consolidação se deveu à unidade de ação dentro dos princípios doutrinários. Mas à medida que se vai ampliando o seu raio de ação, à medida que cresce extraordinariamente o número de adeptos, é mister reforçar e ampliar o trabalho doutrinário.         

            Devemos dizer uma verdade que talvez não seja bem aceita: o Espiritismo teórico não lança raízes profundas no espírito dos adeptos mais esclarecidos. É imprescindível que ele seja comprovado pelo trabalho prático, objetivo, ilimitado, com base na assistência social, na caridade respeitosa, no socorro àqueles que, tangidos pelos compromissos do Carma, vivem uma existência de privações dolorosas.

            Isso tem sido feito no Espiritismo, mas precisa de ser multiplicado, desenvolvido e mantido permanentemente, numa atmosfera evangélica de reconstrução moral e espiritual de pobres irmãos em terríveis provas na Terra.

            Dar o pão do espírito sem esquecer o pão do corpo, eis o caminho que tem apresentado resultados mais seguros e mais rápidos. A Doutrina tanto pode ser encontrada dentro de um livro como dentro de um pedaço de pão.

            Nunca o mundo sofreu tanto quanto presentemente; nunca houve tanta dor nem tanta miséria como nos dias que correm. Por isto, as responsabilidades dos espíritas multiplicaram-se e eles têm de sustentar galhardamente essa luta, sem o que poderão ser absorvidos ou perturbados em suas tarefas.

            Doutrinar, Doutrinar, Doutrinar, exemplificando, ajudando, trabalhando praticamente também, para que os obstáculos sejam mais facilmente superados.


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