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segunda-feira, 5 de maio de 2014

O fenômeno da 'Voz Direta'

O fenômeno da
 ‘Voz Direta’
por Ernesto Bozzano

in ‘Metapsíquica Humana’ (4ª ed. FEB – 1992)

            “Destaco o episódio do livro de Hannen Swaffer: "Northcliffe's Return", livro bastante interessante, recentemente aparecido na Inglaterra, e no qual trata das manifestações e das provas de identificação pessoal, fornecidas por Lord Northcliffe, através de vários médiuns.

            É mais um caso de identificação espírita de primeira ordem, inexplicável por qualquer teoria materialista e que se vem juntar à coleção já tão vasta e preciosa dos da mesma natureza, constatados nestes últimos tempos.

            Existe em Londres uma senhora de rara distinção, a Sra. Gibbons Grinling, que, com ardor e inteligência, se dedica a investigações metapsíquicas. Acompanhada sempre de seu filho Denis, e, às vezes, da sua amiga, Sra. Leonard, tentou em sessões regulares, de uma hora cada uma, realizadas três vezes por semana, desenvolver em si a mediunidade da "voz direta".

            Durante três anos foi essa perseverança admirável desafiada do modo mais desanimador, até que afinal, certa vez, de um dos cantos do quarto, em que mãe e filho estavam assentados, em completa escuridão, partiu uma voz, que chamava: "mamãe!"

            Era a voz do seu filho Cedric, morto em idade muito tenra. Desse dia em diante, o fenômeno da "voz direta", na Sra. Gibbons Grinling, desenvolveu-se com rapidez, atingindo, dentro em pouco, perfeição rara. Atualmente os Espíritos comunicantes não mais precisam do "porta-voz" para condensar as vibrações sonoras e falam, independentemente, com o mesmo timbre de voz que tinham quando vivos.

            Ora, uma noite em que a Sra. Grinling fazia uma sessão na maior intimidade, Lord Northcliffe se manifestou, espontaneamente, para dizer à médium que desejava fosse convidado a tomar parte numa das sessões o jornalista Hannen Swaffer, a quem desejava falar.

            A Sra. Grinling conhecia, de nome, Lord Northcliffe, mas nunca ouvira falar no jornalista Hannen Swaffer. Para obter as necessárias informações dirigiu-se à sua amiga Sra. Leonard, que se encarregou de prevenir Swaffer e de apresentá-lo à Sra. Gibbons Grinling.

            Hannen Swaffer compareceu a uma dessas sessões a que também assistiram, além naturalmente da Sra. Grinling e Denis, a Srta. Louise Owen e a Sra. Osborne Leonard.

            A sessão teve início em quarto iluminado por pequena lâmpada elétrica, suspensa ao teto. Passados alguns minutos, ouviu-se uma "voz direta" partindo do ângulo menos iluminado do quarto, dizendo: "A luz está muito forte." Era a voz de Cedric. Swaffer levantou-se e atirou à lâmpada, colocada um tanto alto, dois lenços que, depois de algumas tentativas, nela se prenderam, envolvendo-a, o que de muito diminuiu a intensidade da luz.

            Agora é Hannen Swaffer que vai narrar o ocorrido:

            Logo após, escreve ele, ouvi a voz de Lord Northcliffe, que me disse perto do ouvido:

            - Doris está aqui comigo:

            Para que se possa bem compreender a significação disto, devo esclarecer que, dias antes, durante uma sessão com a Sra. Leonard, perguntara eu a Lord Northcliffe se, no meio espiritual em que se achava, não havia encontrado uma pessoa dele conhecida e a mim estreitamente ligada...

            - Compreende bem a quem me quero referir? - perguntei.

            Não lhe havia pronunciado o nome da pessoa, mas mesmo assim a ela se referiu durante algum tempo e Fedda acrescentou saber que a amiga a quem nos referíamos "havia sofrido bastante durante a vida".

            Está claro que, tendo encontrado aquele ensejo de conduzir o Espírito dessa minha amiga a uma sessão, onde pudesse ela conversar diretamente comigo, Lord Northcliffe o não perdesse, embora não lhe havendo eu pedido tanto...

            Em seguida, uma voz de mulher a mim se dirigiu:

            - Sou eu, Doris, que te estou falando. Acho-me novamente contigo. Lembras-te do lugar em que me encontraste?

            - Sim - respondi-lhe, embora para isso tivesse a minha memória de recuar um bom quarto de século.

            A Srta. Owen perguntou:

            É esta a primeira vez que te manifestas?

            - Sim - e acrescentou: - Tive uma vida muito atribulada... mas meu filho, continuou ela, dirigindo-se a mim, meu filho está prestes a voltar para a Inglaterra... Ele deve continuar a ignorar... guarda bem o segredo.

            Compreendi perfeitamente o que me quis dizer. Era uma mensagem de além-túmulo na qual me pediam o maior desvelo por alguém que era extremamente amado da pessoa que falava. A alusão feita se referia a alguma coisa que só eu podia compreender e de que fazia grande questão o Espírito comunicante. Cumpre notar que por mais de uma vez muito me havia preocupado se devia revelar ao rapaz a sua origem...”

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