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segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Aos Jovens Espíritas


Aos Jovens Espíritas

Frederico Francisco / Yvonne A Pereira



Reformador (FEB) Maio 1964

            Um amigo declarou-nos, recentemente, que, pela primeira vez na história da Humanidade, os jovens dedicados às lides religiosas e espirituais têm ensejo de projetar os próprios talentos filosóficos, graças à instituição das chamadas "Juventudes Espíritas". Não fora isso e se perderiam preciosos cabedais trazidos pela juventude ao reencarnar, porque esses jovens espíritas não seriam jamais conhecidos, nem aproveitados os seus valores pessoais a benefício da Doutrina Espírita e da coletividade humana. E que, por isso, era pela amplitude da instituição, que deverá crescer sempre mais.

            Também aplaudimos a instituição disciplinada das Juventudes e Mocidades Espíritas, pois sinceramente entendemos que ela é um bem e muito auxiliará os moços a se firmarem para os gloriosos destinos espirituais, que muitos certamente alcançarão em breve etapa. Todavia, é bom raciocinar que essa instituição existiu desde os primeiros dias do Cristianismo e do Espiritismo, senão com a feição hoje apreciada em nossa Doutrina, pelo menos muito significativamente estabelecida pela própria legislação celeste.

            Partindo do Cristianismo, observaremos que o seu fundador, Jesus de Nazaré, ao ser crucificado, era um jovem que contaria trinta e três anos de idade, talvez menos, segundo os fundamentos históricos de ilustres investigadores e historiadores. Igualmente jovem seria João Batista, o seu grande precursor, cuja idade orçaria pela do Mestre. Dos doze apóstolos por ele, o Mestre, escolhidos, apenas dois teriam sido de idade madura, segundo os mesmos historiadores e as afirmativas das obras mediúnicas: - Simão, o zelote, e Tiago, filho de Alfeu, porque o próprio Simão Barjonas (Pedro) seria homem de apenas quarenta anos de idade por ocasião da morte do Mestre, segundo os mesmos historiadores e a observação em torno dos Evangelhos e dos Atos dos Apóstolos. Os demais, Judas Iscariotes inclusive, seriam personalidades de vinte e tantos e trinta e poucos anos de idade, enquanto João Evangelista contaria vinte anos, por ocasião do Calvário, um adolescente, portanto, que se iniciou no apostolado com menos de vinte.

            João Marcos, por sua vez, outro evangelista, era um rapazote ao tempo de Jesus, adolescente quando se iniciou nos serviços do Cristo com seu amigo e instrutor Simão Pedro. Estêvão, a mais doce e comovente figura daqueles dias difíceis, o primeiro mártir do Cristianismo, depois do próprio Jesus, era pouco mais que adolescente ao ser lapidado. Jovem também era o grande Paulo de Tarso, ao se dedicar à causa de Jesus para todo o sempre: - " ... e as testemunhas (da morte de Estêvão), tomando-lhe as vestes, as puseram aos pés de um mancebo chamado Saulo", esclarecem os versículos 55 a 58 de Atos dos Apóstolos. Muito moço ainda, senão propriamente jovem, seria o evangelista Lucas, a julgar pela intensidade de suas lides. O Cristianismo primitivo, nos dias de trabalho, de testemunhos, de difusão e de martírio está repleto de referências a pessoas jovens convertidas ao apostolado cristão, jovens que não fraquejaram na fé pelo seu ideal nem mesmo à frente das feras, nos Circos de Roma. As obras mediúnicas que se reportam a esses tempos são incansáveis nas referências a jovens cristãos possuídos do ideal sublime da renovação pelo Amor, cujo desempenho heroico é oferecido à Humanidade hodierna como padrão de honradez, fidelidade e nobreza moral.

            Igualmente jovens foram, ao se projetarem no mundo como exemplos de virtudes inesquecíveis, Francisco de Assis, chamado "O Cristo da Idade Média", o qual contava vinte anos de idade quando vozes espirituais o advertiram, lembrando-lhe os compromissos firmados com o Senhor, ao reencarnar; e Antônio de Pádua, aquele angelical "Fernando de Bulhões", que aos dezesseis anos deixou os braços maternos para se iniciar na Ciência Celeste e se tornar o poderoso médium de transporte em corpo astral, o 'Paladino da oratória religiosa numa época de cavalaria e guerras, e cuja ternura pelas crianças ainda hoje inspira corações delicados ao mesmo afã, sete séculos depois da sua passagem pelo mundo. Jovem de dezoito primaveras foi Joana d'Arc, figura inconfundível do início da Renascença, médium passivo por excelência, cuja vida singular atrai nossa atenção como a luz de uma estrela que não se apagou ainda... E também Vicente de Paulo, iniciando seu inesquecível apostolado aos vinte e quatro anos de idade, e, se rebuscássemos as páginas da História, com vagar, outros encontraríamos para reforçar a nossa exposição.

            A história do Espiritismo não é menos significativa, com a impressionante falange de juventude e mocidade convocada para os misteres da Revelação Celeste, que caminha sempre:

            - Jovens de catorze e quinze anos de idade foram as irmãs Fox, as célebres médiuns de Hydesville, ao iniciarem compromissos mediúnicos com o Alto, compromissos que abalaram os alicerces de uma civilização e marcaram a aurora de etapa nova para a Humanidade. Jovens também, alguns dos principais instrumentos mediúnicos de AIlan Kardec, e cuja missão singular muitos espíritas esqueceram: - Mlle. Japhet, Mlle. Aline, MIle. Boudin... Jovem de vinte e poucos anos era o médium norte-americano James, citado por Aksakof, o qual prosseguiu o romance "O Mistério de Edwin Drood", de Charles Dickens, deixado inacabado pelo autor, que falecera, fato único na história da mediunidade, até hoje. Jovem, a célebre médium de Alexandre Aksakof, Elizabeth d'Esperance, que desde menina falava com os desencarnados e que se tornou, posteriormente, ainda na juventude, um dos maiores médiuns de efeitos físicos e materializações de Espíritos, de todos os tempos. Jovem também a não menos célebre médium de William Crookes, que materializava o Espírito de Katie King, Florence Cook, que, com a sua extraordinária faculdade, ofertou ao Espiritismo e ao mundo páginas fulgurantes e inesquecíveis com aquelas materializações, tão jovem que só mais tarde contraiu matrimônio. Também desfrutando plena mocidade foi que a lúcida interprete do Espírito do Conde Rochester, Condessa W. Krijanovsky, obteve os romances brilhantes, que arrebanharam para o Espiritismo tantos adeptos. Jovem de vinte e uma primaveras era Léon Denis, o grande pensador espírita, que tanto enalteceu a causa, ao iniciar seu labor no seio da Doutrina dos Espíritos, e também Camilo Flammarion, o astrônomo poeta, outro médium de Allan Kardec.

            No Brasil, não menos jovem, de vinte e uma primaveras, ao se iniciar no intercâmbio com o Invisível, foi o médium Frederico Júnior, cujo apostolado quase sublime é desconhecido da geração espírita da atualidade. Muito moços ainda, se não propriamente jovens, eram Fernando de Lacerda, o psicógrafo mecânico, que escrevia com as duas mãos páginas de clássicos portugueses, enquanto conversava com amigos ou despachava papéis na repartição em que trabalhava, e Carlos Mirabelli, produtor dos mais significativos casos de materialização de Espíritos em nossa pátria, pois que ambos nem mesmo esperaram a velhice para desencarnar. E jovem também era Zilda Gama, ao se projetar, em 1920, com o seu primeiro livro mediúnico, "Na Sombra e na Luz".

            Jovem de vinte e um anos de idade era Francisco Cândido Xavier ao se revelar ao mundo com o livro "Parnaso de Além-Túmulo", para prosseguir numa ascensão mediúnica apostolar, que não findou ainda. E, finalmente, jovem também era Yvonne A. Pereira, que aos doze anos de idade escrevia mediunizada sem o saber, que aos quinze recebia páginas de literatura profana sob o controle mediúnico da entidade espiritual "Roberto de Canalejas", que a acompanhava desde a infância, e que antes dos vinte tinha a seu cargo a tremenda responsabilidade de um "Posto Mediúnico" para receituário e curas de obsessão, e já esboçados três dos livros que posteriormente publicaria. Ambos, Francisco Cândido Xavier e Yvonne A. Pereira, já aos cinco anos de idade viam os Espíritos desencarnados e com eles falavam, supondo-os seres humanos, tal como Elizabeth d'Esperance. Daí para cá, então, os jovens espíritas começaram a ser preparados através das "Juventudes" e "Mocidades" espíritas constituídas dentro dos Centros como seus departamentos infanto-juvenis, orientados e assistidos por confrades esclarecidos, experientes e idôneos, exercendo as funções de mentores.

            Entre inúmeros jovens outros que poderíamos ainda citar, temos Leopoldo Cirne que, aos 21 anos de idade, foi eleito vice-presidente e aos 31 presidentes da maior organização espiritista do mundo - a Federação Espírita Brasileira.

            Como vemos, pois, Cristianismo e Espiritismo são doutrinas também facultadas a jovens... e, mercê de Deus, parece que todos eles, pelo menos os acima citados, não negligenciaram na multiplicação dos talentos pelo Senhor confiados aos seus cuidados. Acreditamos que as instituições denominadas "Juventudes e Mocidades Espíritas" facilitarão, sim, muitíssimo, as tarefas dos jovens da atualidade e do futuro, tarefas, que, para os do passado, foram cercadas de espinhos e sacrifícios, de dramas e até de tragédias.

            Que Deus vos abençoe, pois, jovens espíritas! Tende a mão no arado para lavrar os múltiplos campos da Seara Espírita. Elevai bem alto esse farol imortal, que recebestes das mãos dos vossos predecessores! Sede fiéis guardiães dessa Doutrina que tudo possui para tornar sábia e feliz a Humanidade! O futuro vos espera, fremente de esperanças! E o passado vos contempla, animado pela confiança!

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