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sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

'Bens da Vida'


‘Bens da Vida’

            Embora possamos conceituar os Bens da Vida segundo as nossas concepções pessoais, definindo-os a nosso modo, a verdade é que eles têm qualificações e classificações próprias.

            Sob a forma de patrimônio comum, encontramo-los espalhados por toda a parte, como expressão dadivosa da Natureza. Tudo quanto existe vale por manifestação de sua presença .

            O ar que respiramos.

            A água que bebemos.

            O Sol que nos aquece e vivifica.

            O dia que nos favorece com as suas horas.

            A noite que nos enleva com a magia do seu cenário e nos felicita com a bênção do repouso.

            O perfume que balsamiza a atmosfera.

            A flor que engalana o jardim.

            A árvore que enfeita a paisagem.

            O fruto que se ostenta na árvore.

            A brisa que ameniza o calor.

            O orvalho que se espalha na relva e resvala nas folhas e flores das plantas.

            O corpo de que se reveste o Espírito.

            As substâncias que vitalizam o organismo.

            O vento, a chuva, as riquezas do solo e do subsolo os minerais e vegetais, a força hidráulica, o magnetismo terrestre, as ondas hertzianas, as correntes marinhas, a eletricidade, as fontes térmicas e minerais, a fauna e a flora - tudo isto forma o majestoso conjunto de dádivas que o Pai Celestial põe à disposição de todos, sem que coisa alguma custe alguma coisa a alguém.

            Estas são as naturais dotações da Criação ao Homem.

            A par delas, porém; necessariamente deve haver as doações do Homem à Vida, que, ao contrário das primeiras, têm origem na natureza espiritual da criatura, procedem de dentro para fora.

            Toda e qualquer exteriorização construtiva significando esforço de realização a bem do próximo, equivale a uma projeção do espírito humano, no sentido da ampliação de suas possibilidades, mediante a aquisição de maiores bens e valores eternos, definindo-se e positivando-se cada vez mais para melhor.

            Portanto, não é só o que nos beneficia que são bens da Vida, mas também e principalmente quanto de benefício pudermos proporcionar aos outros, procurando fazê-los felizes para sermos felizes com eles, isto é, fazendo nossa a própria felicidade alheia.

            Poderemos caracterizar atitudes e situações que se enquadram nesta ordem de coisas, aferidas assim por um outro critério de valorização.

            O silêncio que fazemos em torno de acontecimentos isolados do conjunto, para não levarmos ao pelourinho da vergonha e da desonra seus protagonistas.

            A palavra que pomos a serviço da complacência, sempre pronta a defender e a amparar.

            A mensagem de estímulo e conforto que endereçamos aos flagelados do corpo e da alma.

            A prece que formulamos em favor de alguém.

            O passe que aplicamos com o sincero desejo de colaborar na recuperação do enfermo.

            O lar que fundamos em bases cristãs.

            A família que educamos nos princípios enobrecedores do pudor e da compostura, do trabalho e do estudo, da honradez e da dignidade.

            A escola que ajudamos a manter com o nosso esforço.

            Os favores desinteressados que prestamos a quem quer que seja.

            Os ensinos que ministramos aos menos favorecidos de conhecimentos.

            A mão que estendemos aos que precisam de levantar-se e caminhar.      

            O aproveitamento das provas e expiações.

            Sob o aspecto de inspiração própria, de iniciativa individual, de cunho essencialmente íntimo, muita coisa podemos fazer e deixar de fazer, que resultará em bênçãos e luzes do nosso caminho, com tanto mais proveito para nós mesmos quanto maior for o benefício que pudermos proporcionar a outrem.

            Estes outros bens da Vida formam o patrimônio próprio de cada um de nós e perduram conosco por todo o sempre, porque são o tesouro que o ladrão não rouba, a traça não rói, a ferrugem não destrói e o tempo não consome.

por  Alberto Nogueira da Gama
(Passos Lírio)
inReformador’ (FEB) Junho 1970

           

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