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terça-feira, 9 de junho de 2020

O Monismo - Concepção materialista da alma




O Monismo - Concepção materialista da alma
Haechel e o Cristianismo
por Fernando Coelho
Reformador (FEB) Setembro 1918

            “O puro monismo, disse Haechel n’Os Enigmas, não é idêntico no materialismo teórico, que nega o espírito e reduz o mundo a uma soma de átomos sem vida, nem tampouco, ao espiritualismo, também teórico (recentemente denominado de energética por Ostwald) que nega a matéria considera o mundo como um simples agrupamento de energias ou forças naturais, imateriais, disseminadas pelo espaço. Estamos plenamente convencidos, com Wolfgang Goethe, de a matéria nunca existiu é nem pode agir sem o espírito, como este também não o pode sem o auxílio da matéria.” Haechel classifica o seu monismo de “igual ao de Spinoza” e, mais adiante, professa:

            “ O Deus supra terrestre do dualismo conduz ao teísmo. 
            O intra cósmico do monismo ao panteísmo.
            O dualismo separa o Universo em duas substâncias: um mundo material e um
            Deus imaterial, seu criador, conservador e diretor.
            O monismo não reconhece senão uma única substância: Deus e a Natureza.

            Para ele, o corpo e o espírito (ou a matéria e a energia) estão íntima e estreitamente unidos.
            Haechel reduzia os enigmas do Universo a um só (concepção monística), enquanto Emile du Bois-Reynard distinguia sete: natureza da matéria e da força; origem do movimento; primeira aparição da vida; finalidade da natureza; aparição da simples sensação e da consciência; razão e pensamento, com a origem da linguagem, que se lhes aproxima, e livre arbítrio.
            Goethe, no princípio do século passado, reconhecia ser o método científico do Monismo “o único conforme a natureza...”
            Antes, porém, de rebatermos, ponto a ponto, a síntese da teoria hacheliana, exporemos a interessante concepção da alma do sábio professor.
            Alma é uma função de certas partes do cérebro, diz ele.
            Argumento patológico: assim como a esfera visual e o centro da linguagem não funcionam quando os ataca a moléstia, o corpo doente do cérebro deixa de executar as funções próprias ao que chamamos alma.
            A alma desaparece após a morte (tanatismo).
            O espaço infinito está cheio de um éter irrespirável.
            O mundo é eterno, infinito e ilimitado.
            A substância que o compõe, com os seus dois atributos – matéria e energia, enche o espaço infinito e se acha em estado de movimento perpétuo (perspectiva como lógica do monismo).
            Réplica: Sem recorrermos ao já serôdio (tardio), porém irrefutável princípio – todo efeito supõe uma causa – contradiremos as teorias do materialismo, acima expostas, baseados tão somente na força do raciocínio e da lógica.
            Alma é uma função do cérebro, disse Haechel, sem se lembrar, todavia, que adiante afirmara não negar a sua doutrina, diferente do que se chama teórico materialismo, a existência do ser espírita.
            Ora, aí vai um contrassenso.
            A existência de um espírito, inerente à matéria, dirigindo-lhe os movimentos e as ideias, presidindo-lhe os atos, prova simplesmente que esse espírito, força diretora, não é nem deve ser apenas uma função da matéria que dirige.
            E sim alguma coisa a mais.
            Exatamente o que Haechel não pode, não tentou ... ou não quis entender.
            Logo, a alma não é uma simples função do cérebro.
            Tem existência própria, sua, individual, que a torna independente do corpo. Nem se concebe mesmo uma força diretora dependendo do motor que dirige, isto é, do instrumento passivo da sua vontade.
            Negar portanto a existência independente e a hegemonia da alma sobre a matéria é negar a própria matéria.
            Além disso, os fenômenos manifestados em grande número de médiuns e atestados por centenas de sábios, a maior parte dos quais materialistas confessos, tem provado que o espírito age independente do corpo, quer dizer, embora com a paralização do funcionamento dos seus órgãos.

            A alma desaparece após a morte!
            A prova da existência dos espíritos, de que mais adiante nos ocuparemos, vem destruir essa arrogante e presunçosa teoria.
            Quanto ao éter irrespirável de que está cheio o espaço infinito, a mesma objeção.
            O mundo é eterno, infinito e ilimitado.
            A sua causa? Os materialistas fogem de explica-la, Razão simples: temem falar em Deus.
            Haechel, na sua obra principal, entre muitas outras coisas espirituosas diz que a moral cristã se resume nestas seis coisas hediondas: 
            1º - O desprezo de si mesmo. O egoísmo é necessário. O altruísmo é egoísmo raffiné.
            2º - O desprezo do corpo. Jesus pregou o ódio contra a higiene, a preguiça, o desleixo da carne.
            3º - O desprezo da Natureza.
            4º - O desprezo da civilização, consequência do desprezo pelos bens terrestres.
            5º - O desprezo da família.
            6º - O desprezo da mulher.
            Paulo disse “Il est bon pour l'homme de ne point toucher une femme.”
            Positivamente, Haechel era u ignorante completo do cristianismo puro.
            Como os padres, com certeza, leu mas não soube interpretar o simbolismo sublime do Evangelho.
            A religião que prega o aperfeiçoamento de si mesmo, o progresso espiritual pelo trabalho incessante, não ensina está visto, esse desprezo.
            “Hours la charité point de salut.”
            Desprezo da natureza prega a ciência que estabeleceu, baseada nas falsas teorias de Darwin, o egoísmo – pedra angular da vida. 
            O desprezo do corpo. Jesus não cogitou do corpo. A sua missão de reformador inibia-lhe o cogitar em assuntos tão banais e pueris. De modo algum, porém, pregou o desprezo e o castigo da carne.
            Pelo contrário, disse: “Não é revestindo o cilicio que vencerás a carne.
            É estando constantemente alerta contra os seus desmandos, contra os seus excessos, Não vos martirizeis no intuito de agradar ao Senhor.
            Vigiai e orai incessantemente, isto é; pensai incessantemente.” 
            Não incitou o homem ao desprezo da família. 
            Apenas disse que, se esses laços materiais fossem um empecilho à salvação, era mister que o homem os quebrasse, em benefício próprio.
            O que não é desprezo de si mesmo...
            Quanto à mulher, basta lembrar que deprimente era a sua condição antes da vinda do Messias.
            Todos os historiadores são acordes em confirmar que Jesus a levantou e a ergueu à face dos homens. 



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