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sábado, 13 de junho de 2020

A posição do Espírita



A posição do Espírita
por Antônio Luiz Sayão
Mensagem recebida no Grupo Ismael (FEB) 12-12-1976
Reformador (FEB) Maio 1976

            Desça sobre nós o amparo da Virgem Santíssima.
            Serenemos nossos corações diante das rudezas que o mundo nos reserva, sem que nos afeiçoemos à serenidade enganosa do remediado está o que não tem remédio, uma vez que já entendemos que sempre haverá, dos Céus, o acréscimo de misericórdia, porque Deus prevê os acréscimos de nossa intolerância.

            Consideremos a posição do Espírita de rara importância diante das renovações sociais que, aos poucos, se impõem às estruturas esgotadas de nossa sociedade em decadência. Não decaem os homens, pois o Espírito não retrograda: decaem os conceitos da maioria, em ligação com a influência agressiva dos que ainda não se elevaram. Os que já se libertaram não retornarão ao poço das culpas.

            Consideremos a medição do grau das tensões mundiais, através do termômetro do Cristianismo: este é. em suma, c dever primordial do Espírita; avaliar para oferecer solução, exemplificando. É a temperatura do corpo que acusa o medicamento a ser ministrado. Remédio correto para a moléstia clara. Vale isso para o corpo humano, limitado; só em caráter extremamente relativo poder-se-á aplicá-lo às moléstias sociais: os males do mundo, se costumam resumir-se numa só origem - orgulho -, exigem tal complexidade de considerações, para que sejam sanados, que não poderemos considerar nada relativamente: precisaremos ser absolutos em nosso relativismo, uma vez que não podemos ser essencialmente absolutos. Não haverá planos incomunicáveis para a cura lenta da ferida social. Necessitaremos aliar a atuação junto ao indivíduo à ação constante e incansável nos alicerces da sociedade: há que se agir do indivíduo para o grupo, assim como, concomitantemente, do grupo para o indivíduo. E será este o meio único de encontrarmos o ponto de intersecção entre as necessidades do homem e as imperiosidades da sociedade, de que aquele vem a ser uma parcela.
           
            Há de ser o Espiritismo - e só ele - o Grande Apóstolo dos tempos novos, o único capaz de manter a serenidade perante os desafios do quotidiano; há de ser ele o só bálsamo a que a sociedade será permeável, não em razão de ser o Espiritismo a panaceia que creem muitos, mas, sim, a organização divina que age sobre o íntimo de cada criatura, levando-a à reformulação de antigos preconceitos; o único fio de pensamento capacitado a manter-se lúcido ante as loucuras dos tempos modernos, que de novos só têm a reação que, finalmente, se faz vista, mas que procede de velhas aberrações da humanidade.

            Caberá ao Espírita não permitir que o Espiritismo se transforme em mais uma seita, em mais um punhado de dogmas e preconceitos. Caberá ao Espírita zelar pela manutenção da base doutrinária, que é a sua pureza, Que, no entanto, a vigilância dê o alarma, quando, para neutralizar um exagero, estivermos penetrando em outro; e que jamais se entenda por pureza doutrinária quer a estagnação quer a fantasia, ambas primacialrnente contrárias aos princípios codificados por Kardec, e que outros não vêm a ser senão os que foram estabelecidos não pelos homens, mas em razão dos homens, e sempre em consonância com planos que nos escapam de muito à compreensão, e que nos cabe, aos poucos, segundo as necessidades das épocas, filtrar, em ideias personalíssimas, e cumprir, com a perfeição possível, porque também neles o selo divino se estampou por presciência, a favor dos homens.

            Cumpramos, pois, com nossas tarefas, certificados de que o Senhor não indagará de nós a que pensamento nos filiamos, senão a que obras de amor nos demos, com todas as forças de nosso Espírito.  


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