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quinta-feira, 14 de abril de 2011

'A Predestinação de Allan Kardec'


A Predestinação 
de Allan Kardec 
 com base em texto de Indalício Mendes
Reformador (FEB) Outubro 1970

            ...em 3 de Outubro de 1804, nasceu em Lião, França, o notável missionário do Espiritismo – Hyppolyte-Lén-Denizard-Rivail, que figura entre os maiores vultos da humanidade com o nome simples, belo e sugestivo de ALLAN KARDEC. Desde a infância, sua vida foi reta, impecável e fecunda, caracterizada por uma tendência humanística que se desenvolveu extraordinariamente com o correr dos anos. De educação primorosa, afável, solícito, sempre disposto a ajudar, a esclarecer, a orientar o próximo, destacou-se como professor e educador, por sua cultura variada, nos setores da Química, da Física, da Anatomia Comparada, da Astronomia, da Matemática, da Fisiologia e da Pedagogia, colhendo resultados magníficos da convivência mantida com o grande pedagogo zuriquense que foi Pestalozzi. Sua personalidade foi,a pouco e pouco, plasmada no sentido de constituir um caráter forte, em condições de, enfrentando preconceitos terríveis vigentes em sua época, fixar os rumos de uma Doutrina Filosófica, com base em fatos positivos, de um como que ‘evangelho’ dos tempos futuros.
            A alta respeitabilidade dos seus antecedentes, a integridade do seu caráter, a segurança e o brilho de sua cultura, a sua formação moral invulnerável, a sua independência  intelectual e científica, o seu irrefragável amor à verdade, eram atributos que definiam, verdadeiramente, a individualidade inconfundível de um apóstolo, fiel à Deus e a Jesus, embora divergindo das Doutrinas e dos processos das religiões predominantes, então, no continente europeu.
            Vale reproduzir aqui o que escrevemos há alguns anos: ‘Quando contava somente catorze anos, revelou  mais uma das suas primorosas facetas do seu formoso caráter: criou espontaneamente cursos gratuitos, destinados aos alunos mais atrasados, aos quais ensinava o que ia aprendendo em sua convivência com Pestalozzi. Uma criança, apenas, e já empenhado num trabalho de assistência e elucidação de meninos necessitados de ajuda! Era a filantropia que desabrochava no juvenil coração do jovem predestinado! Era o espírito fraterno do reformador que esplendia, numa idade em que os pensamentos costumam diluir-se em frivolidades veniais. Em todos os seus passos, Kardec ia deixando a marca do futuro apóstolo do Espiritismo. O convívio com Pestalozzi fora-lhe extraordinariamente útil, porque o grande professor helvético, chamado ‘O Educador da Humanidade’ era um altruísta. Pestalozzi foi para Kardec quase o que João Batista foi para Jesus, guardadas, naturalmente, certas proporções’.
            O seu papel de reconstrutor do Cristianismo primitivo começou quando, depois de convencido da realidade dos fenômenos psíquicos que vinha investigando com espírito rigoroso, em 30 de abril de 1856, recebeu uma mensagem espiritual, em sessão realizada na casa do Sr. Roustan. Relembremos o episódio memorável, através da descrição do próprio Allan Kardec:
            ‘Eu assistia, desde algum tempo, à sessões que se realizavam na casa do Sr. Roustan e começara aí a revisão do meu trabalho, que posteriormente formaria O Livro dos Espíritos. Numa dessas reuniões, muito íntima, a que apenas assistiam sete ou oito pessoas, falavam estas de diferentes coisas relativas aos acontecimentos capazes de acarretar uma transformação social, quando o médium, tomado da cesta, espontaneamente escreveu isto:  ‘Quando o bordão soar, abandoná-lo-eis; apenas aliviareis o vosso semelhante; individualmente o magnetizareis, a fim de curá-lo. Depois, cada um no posto que lhe foi preparado, porque de tudo se fará mister, ao menos temporariamente. Deixará de haver religião e uma só se fará necessária, mas verdadeira, grande, bela e digna do Criador... Seus primeiros alicerces já foram colocados... (os grifos são nossos). QUANTO A TI, RIVAIL, A TUA MISSÃO É AÍ (Livre, a cesta se voltou rapidamente para o meu lado, como o teria feito uma pessoa que me apontasse com o dedo.) A ti, M... a espada que não fere, porém mata; contra tudo o que é, serás tu o primeiro a vir. ELE, RIVAIL, VIRÁ EM SEGUNDO LUGAR; É O OBREIRO QUE RECONSTROI O QUE FOI DEMOLIDO
            Nota:- Foi essa a primeira revelação positiva da minha missão e confesso, quando vi a cesta voltar-se bruscamente para o meu lado e designar-me nominativamente, não me pude forrar a certa emoção. O Sr M., que assistia àquela reunião, era um moço de opiniões radicalíssimas, envolvido nos negócios políticos e obrigado a não se colocar muito em evidência. Acreditando que se tratava de uma próxima subversão, aprestou-se a tomar parte nela e a combinar planos de reforma. Era, aliás, homem brando e inofensivo..’
            Evidencia-se, pois, pelo que se pode ler na biografia de Rivail, a natureza clara de sua predestinação, tanto assim que o futuro Codificador, em outra sessão, no mesmo local, a 7 de maio, com o mesmo médium, indagou do Espírito de Hahnemann se era verdadeira a notícia da missão que teria de realizar e recebeu a resposta seguinte, confirmante da revelação anteriormente feita:
Sim, e se observares as tuas aspirações e tendências, e o objeto quase constante das tuas meditações, não te surpreenderás com o que te foi dito. Tens de cumprir aquilo com que sonhas desde longo tempo. É preciso que nisso trabalhes ativamente, para estares pronto, pois mais próximo do que pensais vem o dia’. Em outra assertiva, Rivail concretizou outra pergunta: ‘Para desempenhar essa missão tal como a concebo, são-me necessários meios de execução que ainda não se acham ao meu alcance.’ O Espírito Hanhnemann  respondeu encorajadoramente: ‘Deixa que a Providência faça a sua obra e serás satisfeito’.
            Kardec trazia em seu recôndito pensamento a lembrança da missão que lhe foi outorgada, sonho que acalentava ‘desde muito tempo’. Como nada acontece ao acaso tudo se processava normalmente, segundo os desígnios do Alto. Era mister que ele passasse a usar o nome que tivera em encarnação precedente, para evitar confusões, em virtude de o outro, o de batismo, estar muito vinculado ao mundo científico.  Dessa forma, Rivail metamorfoseou-se em Kardec, depois que seu Espírito protetor, Zéfiro, revelara tê-lo conhecido em anterior existência, ao tempo dos druidas, quando viveram juntos nas Gálias. Os druidas eram dados a práticas de algum modo semelhantes às espíritas, o que deixa crer que Kardec trazia em si, latentes, as idéias peculiares ao Espiritismo, ressurgidas nos Estados Unidos da América do Norte, em 1848, com os acontecimentos que notabilizaram as irmãs Fox.
            Kardec já encarnara com o fim de realizar tão nobre quanto humanitária missão, incumbido, como obreiro, a reconstruir o Cristianismo do Cristo, demolido por aqueles que não puderam guardar fidelidade a Jesus. E foi mais do que obreiro: foi um apóstolo que não se desviou jamais do caminho tomado para restituir ao mundo a verdadeira Religião Cristã, O Consolador Prometido no Evangelho, que cresce e se consolida por entre a destruição de credos falidos e os escombros de uma civilização corrompida pela violência, maculada pelo materialismo e conspurcada pelo ateísmo!



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