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quinta-feira, 14 de abril de 2011

Pedro diz de Paulo.


 Pedro     Comunicação do Grande Apóstolo



Ditada no Grupo Ismael, em 29 - 06 -1908  (Dia de S. Pedro)
 Fonte: Reformador  1.8.1908
            
             Paz.  Paz da parte de Deus, nosso Criador; paz da parte de Jesus Cristo, nosso Redentor.
            Dia de São Pedro! Alegra-se o coração cristão, e suaves preces evolam-se a meu seio agradecido, ainda que em parte tocado pela amargura. O dia, meus filhos, pertence incontestavelmente mais a Paulo que a mim mesmo. Essa glorificação, se o homem pode glorificar alguma coisa, pertence àquele que, por mais de uma vez tocou o meu bordão de peregrino, infiltrou na minha alma quase desfalecida o sopro dessa fé ardorosa, dessa confiança absoluta, que ele tinha em si mesmo, - essa confiança que eu muitas vezes ia perdendo, abraçado mais pelos sentimentos humanos que pelos sentimentos divinos.
            Na história do Evangelho está a confirmação das minhas palavras: - não é a modéstia que assim me faz falar, que assim me faz sentir, - Quando eu até procurava transigir em parte com a idolatria, lá vem Paulo, com a sua 1ª Epístola aos Romanos, combater fundo essa perversão do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo - “- Trocaste o Deus Incorruptível pela semelhança do homem corruptível, pela ave, pelo quadrúpede, até pela serpente.”
            Quando me faltava o ânimo para agir de conformidade com o ministério que havia recebido do Redentor do mundo, lá vem Paulo, ainda no Capítulo 6º, versículo 19, sem rebuço, falar abertamente aos homens, afrontando os Césares.  “- Falo à humanidade, por esse modo, porque tenho compaixão da fraqueza da sua carne. Vencestes todos os escrúpulos, emprestando os membros para servir à iniquidade; deixais também agora que sejam os vossos membros tolhidos para a Justiça.”  Deixai sem murmúrios, sem revoltas, que a dor venha buscar na vossa carne aquilo que a justiça reclama.
            Assim falava Paulo desembaraçado. O cárcere não o intimidava; as legiões dos levitas da morte eram para ele como um bando de pombas que vinham esvoaçando sobre a sua fronte, dar-lhe notícia do Crucificado.
            O alarido das multidões exaltadas, recibo de interesses feridos, os gritos, as imprecações, eram para ele nada mais que os hinos que os anjos cantavam no espaço, abrindo de par em par as portas da felicidade, que ele iria conhecer novamente, portas que ele havia fechado por sua livre vontade, para cair na estrada de Damasco e receber de novo o batismo de luz para alçar-se às glórias supremas.
            Meus filhos, glória a Paulo, glória ao batalhador, glória ao cavaleiro ilustre, que soube tomar de novo o seu corcel, não mais para ir levar a morte às almas humildes e enfraquecidas. Glória àquele que de novo tomou o seu corcel para se internar nas montanhas, para percorrer as cidades, entrar nas sinagogas, nos areópagos, proclamando a verdade da Doutrina de Nosso Senhor Jesus Cristo.
            Meus filhos, particularmente a ti, meu guiado, algumas palavras:
            “- Felizes aqueles que sabem, na dor, amar mais e mais a Jesus. Felizes aqueles que, na expressão de um gemido, sabem ditar uma prece. Felizes aqueles que compreendem as misérias dessa planície a que baixaram, e por um esforço, e pela graça, vão subindo as pequenas colinas, galgando os píncaros dos montes, e lá bem alto olhando então a Terra, tem a certeza, mas a certeza do crente, de que Deus não encarcera ninguém, que somos nós mesmos que nos encarceramos.
            Olhai, examinai a grandeza em volta do homem, supostamente feliz; a humanidade é uma planta enfesada que o aborrece. Ah! mas ele não compreende que entre essas plantas enfesadas lá está oculta a cicuta, o estramônio, o veneno, finalmente, que ele em toda a sua grandeza tem de respirar, envenenando-se, se não tiver Deus por si. - Ali está o grande senhor - o ouro. Foi bastante para erguer os seus palácios; cercam-no vassalos, o seu poder é incomensurável. Mal sabe ele que esses palácios adquiridos com o vil metal, serão transformados, um dia, na mancenilha, e ele, de Grão Senhor em vassalo da lepra, que há de combalir todo o seu ser, destruir o seu organismo de vaidoso, ficando unicamente a alma, que não pode apodrecer, - só lhe restando o espírito, que pela lei é o senhor dos verdadeiros palácios, onde só tem entrada as almas perfeitas, saturadas de fluidos da fé, da esperança e do amor - palácios do grande Senhor, nos quais este se faz escravo, dando-lhe os primeiros lugares.
            Meus filhos, não posso mais cansar mais aquele que, mesmo enfermo, veio trazer o seu contingente ao trabalho que acaba de realizar-se.
            Meus filhos, se Pedro vos merece alguma coisa, se Pedro é tão lembrado em vossos corações amigos, Pedro vos faz um pedido; haja o que houver, não abandoneis este canteiro sagrado, que o Bendito Pastor legou para o cultivo da sua sementeira. Haja o que houver, não deixeis a oficina, se sois operários de Jesus. A forja está incandescente de misericórdia; - ali naquelas retortas purificai os vossos espíritos, para que delas saia toda a lia, toda a maldade, tudo aquilo que não serve, todo o pecado, e, quando chegar o dia da vossa ventura, da liberdade natural dos vossos espíritos, sem violência, possais sorridentes beijar as plantas daquele que hoje, oculto nessa estrela de Israel, nos abençoa a todos nós.    Pedro

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