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sábado, 27 de abril de 2013

8. 'Didaquê Espírita'




8
Didaquê Espírita

compilação e coordenação
  Carlos Lomba
Ed.FEB 1948

CAPÍTULO V       c/d


MORAL ESPÍRITA



178. Tem o homem o direito de coagir a liberdade de consciência?

            - Jamais, como também não tem o direito de estorvar as manifestações do pensamento.

179. Toda e qualquer crença, embora reconhecidamente falsa, é respeitável?

            - Sim, quando é sincera e conduz à prática do bem. As crenças censuráveis são as que conduzem ao mal.

180.     Somos repreensíveis por escandalizar as crenças daqueles que não pensam como n6s?

            - Sem dúvida, pois que se falta à caridade e atenta-se contra a liberdade de pensar.

181. Deve-se, pelo respeito à liberdade de consciência, deixar que se propaguem doutrinas perniciosas, ou, então, sem atentar-se contra essa liberdade, pode-se procurar atrair ao caminho da virtude aqueles que dele se acham afastados por falsos princípios?

            - Certamente que sim; isso, porém, deve ser somente de acordo com o exemplo de Jesus, isto é, por meio da doçura e da persuasão, e nunca pela força, pois este último meio seria pior que a crença daquele a quem se procura convencer. Se é permitido impor alguma coisa, é o bem e a fraternidade, mas isto deve ser feito pela convicção e nunca pela violência.

182. Visto todas as doutrinas terem a pretensão de ser, cada qual, a expressão da verdade, como se pode distinguir a que tem o direito de se apresentar como tal?

            - A melhor doutrina é a que faz mais homens de bem e menos hipócritas, isto é, a que pratica a lei do amor e da caridade em sua maior extensão e em sua mais elevada aplicação. Toda doutrina que produzir, em suas consequências, a desunião e estabelecer uma demarcação, entre os homens, não pode deixar de ser falsa e perniciosa.

183. Qual a base da justiça fundada na lei natural?

            - Cristo o disse: "Desejai para os outros o que desejardes para vós mesmos".

184. A necessidade que o homem tem de viver em sociedade impõe obrigações particulares?

            - Sem dúvida. A primeira de todas, e rigorosamente, é respeitar os direitos de seus semelhantes. Quem respeitar esses direitos será sempre justo.

185. Qual é o primeiro de todos os direitos naturais do homem?

            - O direito da vida.

186. É natural o direito de possuir bens de fortuna?

            - Sim; porém, quando isso é exclusivamente para si, ou para sua única satisfação pessoal, torna-se então egoísmo.

187. Qual é o caráter da propriedade legítima?

            - Somente é legítima a propriedade que se adquire por meio do trabalho e sem prejuízo de outrem.

188. Como se deve considerar a esmola?

            - O homem de bem, que compreender o que é caridade, vai ao encontro da desgraça sem esperar que lhe estendam a mão, ou sem olvidar que disse Jesus: “Que a mão esquerda ignore o que dá a direita", pois deste modo ensinará a não desvirtuar a caridade com o orgulho.

189. Qual é a verdadeira acepção da palavra caridade, tal como a entendia Jesus?

            - Benevolência para com todos, indulgência com as imperfeições dos outros, perdão das ofensas, eis a caridade como a ensinava Jesus. O amor e a caridade são o complemento da lei de justiça, pois amar o próximo é fazer-lhe todo o bem possível. Tal é o sentido das palavras de Jesus: "Amai-vos uns aos outros como irmãos".

190. Qual é a mais meritória de todas as virtudes?

            - Todas têm o seu mérito, porém a melhor é a que estiver fundada na caridade mais desinteressada, tal como o sacrifício voluntário do interesse pessoal ao bem do próximo.

191. A parte certos defeitos e vícios, qual é o sinal mais característico da imperfeição?

            - O interesse pessoal e o apego às coisas materiais, tal é o sinal notório da inferioridade no homem.

192. Quem faz o bem desinteressadamente, só pelo prazer de ser agradável a DEUS e ao próximo, encontra-se já em certo grau de adiantamento?

            - Sim, muito mais do que aquele que faz o bem com reflexão e não por impulso natural do coração.

193. Há culpabilidade em "estudar" os defeitos alheios?

            - Se isso se faz para critica-los ou divulgá-los, há muita culpabilidade; mas, se esse estudo é feito para evitar cair nos mesmos defeitos, ele pode ser útil, às vezes. É preciso, porém, não olvidar que a indulgência com os defeitos dos outros é uma parte importante da caridade.

194. O homem pode, pelos seus esforços, vencer sempre suas más inclinações?           

            - Sem dúvida, e às vezes com pequenos esforços; mas o que lhe falta é vontade.

195. Entre os defeitos e as imperfeições da alma qual é a que pode ser considerada como principal?

            É do egoísmo que provêm todos os males. Estudando-se as imperfeições em geral, vemos que no fundo de todas elas reside o egoísmo; ele é incompatível com a justiça, com o amor e a caridade.

196. Qual é o meio para se destruir o egoísmo?

            - O egoísmo diminuirá com o predomínio da vida moral sobre a material, e ainda mais se desvanecerá com o conhecimento que o Espiritismo nos dá do nosso futuro, um futuro real e não desnaturado por ficções alegóricas. Desde que seja bem compreendido e com ele nos identifiquemos, o Espiritismo transformará os hábitos, os usos e as relações sociais, pois faz vê-las de tão alto que, até certo ponto, o sentimento da personalidade desaparece ante a grandeza do conjunto.

197. Quais são os verdadeiros distintivos do homem de bem?

            - O verdadeiro homem de bem é o que pratica a lei da justiça, do amor e da caridade em sua maior pureza. O verdadeiro homem de bem é aquele que, interrogando sua consciência, encontra-a livre das más ações, tais como a de ter violado a Lei de DEUS, ter procedido mal, ter deixado de fazer todo o bem que pode, ter deixado a alguém motivo de se queixar dele, e, enfim, ter deixado de fazer a outrem tudo o que quereria que lhe fizessem.

198. Pode o homem, na Terra, gozar a perfeita felicidade?

            - Não, mas depende do homem o dulcificar os seus males e ser tão feliz quanto possível, num mundo de expiação como a Terra. O mais das vezes o homem é causador da sua própria desgraça, mas, praticando o bem, evitam-se muitos males e proporciona-se a maior ventura que é possível nesta grosseira existência. Se queres ser feliz, sê bom; eis a regra geral para todos. Se sofremos, apesar de cumprirmos com os nossos deveres, devemo-nos resignar, confiar e esperar, pois DEUS premiará nossas virtudes e compensará nossos sofrimentos.

199. Existe uma medida comum da felicidade para todos os homens?

            - Sem dúvida; na vida material é a posse do necessário; na vida moral é a consciência limpa e a nossa fé no futuro.

200. Porque, na sociedade, as classes que sofrem são mais numerosas que as felizes?

            - Ninguém é completamente feliz: o que se chama felicidade encobre quase sempre grandes pesares, pois o sofrimento é condição da Terra, visto ela ser um lugar de expiação de Espíritos atrasados.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

E você, o que acha disso?




A época.... 1900. 

A submissão à igreja de Roma se caracterizava por um beijo na cruz acima.

Feito isso... 100 dias de pecados 
(atenção...um por dia, apenas) estariam perdoados (!?!)...


A gravidade do pecado não foi levada em consideração.

Importava, sim, a quantidade deles.


Para a garantia da impunidade bastava rezar um 'PadreNosso' por dia. 

Ooooops...

E não deveria ser um Pai Nosso (ou a idéia é confundir o Pai com os padres?)



Você duvida? Pois visite a Igreja da Candelária no centro do Rio.

Será que o papa Francisco explica essa?

7. 'Didaquê Espírita'


7
Didaquê Espírita

compilação e coordenação
  Carlos Lomba
Ed.FEB 1948

CAPÍTULO V       b/d


MORAL ESPÍRITA

  
141. Com que fim prodigalizou DEUS instintos de conservação a todos os seres?

            - Foi com o fim de poderem, indistintamente, concorrer para as Suas vistas providenciais e porque a vida é necessária ao aperfeiçoamento de todos, na Terra.

142. Tem todos os homens igualmente o direito de usar os bens da Terra?

            - Sem dúvida, pois esse direito é consequência da necessidade de viver. DEUS não pode impor um dever sem dar primeiramente os meios para cumpri-lo.

143. Que devemos pensar do homem que busca nos excessos de toda classe um requinte para seus prazeres?

            - Quem assim faz, torna-se inferior ao bruto, pois não sabe restringir-se à satisfação das suas necessidades reais. Quanto maiores forem os seus excessos, tanto mais império permite que a natureza animal tenha sobre a espiritual.

144. Que se deve pensar de quem amontoa bens materiais para conseguir o supérfluo, em prejuízo dos que carecem do necessário?

            - Esse egoísta desconhece a lei de DEUS e terá que responder pelas privações que fez sofrer.

145. É censurável o desejo que o homem tem de conseguir o seu bem-estar?

            - Não, pois é um desejo natural; o abuso é que constitui o mal.

146. Se a morte deve conduzir-nos a melhor vida, qual a razão por que o homem lhe tem um horror instintivo?

            - DEUS pôs no homem o instinto de conservação para que o sustivesse nas provas, e sem isso ele descuidaria da vida. O instinto de conservação faz que o homem prolongue a vida até cumprir a sua missão.

147. Que se deve pensar da destruição que excede os limites da necessidade, tal a que se faz pela caça e outros meios, cujo único fim é destruir sem utilidade ?

            - Toda destruição que excede os limites da necessidade é uma violação da lei divina. Torna-se ainda mais condenável a destruição que é feita com crueldade.

148. Qual o fim das grandes calamidades?

            - É para que a Humanidade se adiante com mais rapidez, pois resultando dessas calamidades a regeneração moral dos seres, eles adquirem em cada nova existência um grau mais elevado de progresso.

149. E será justo que nessas calamidades sucumba o homem bom ao mesmo tempo que o mau, sem distinção alguma?

            - Tanto faz morrer por uma calamidade como por outra coisa comum, desde que a hora é chegada. A única diferença que há, neste caso, é a de morrer maior número de pessoas; mas, poderíeis acaso saber se o que é hoje um homem de bem não teria sido o culpado de ontem?

150 . Qual a causa que induz o homem à guerra?

            - É o predomínio das paixões ou da natureza animal sobre a espiritual. Só entre os povos bárbaros é que não se conhece outro direito que  não seja o do mais forte.

151. A guerra desaparecerá algum dia da face da Terra?

            - Sim, quando os homens compreenderem o que é justiça e praticarem a lei de DEUS.  Então todos os povos se considerarão irmãos e reinará, no mundo, o legítimo sentimento da fraternidade.

152. Que se deve pensar dos que suscitam a guerra em seu próprio benefício?

            - Esses são verdadeiros culpados e grandes criminosos, e como tais terão que suportar muitas existências penosas, expiando os crimes que mandaram cometer para satisfação de suas orgulhosas ambições.

153 . É culpado o homem que pratica assassínios na guerra?

            - Não, se ele for coagido a isso; entretanto, torna-se culpado desde que pratique crueldades em satisfação dos seus maus desejos .

154 . O homicídio é crime?

            - Sim, e muito grande, pois quem tira a vida a outrem corta uma existência de expiação ou de missão, concedida por DEUS, e é nisto que consiste o mal, de penosa reparação.

155 . Pode considerar-se o duelo como sendo manifestação de legítima defesa?

            - Não; o duelo é um crime e um costume digno somente de povos bárbaros.

156. Como se deve considerar o a que em duelo chamam ponto de honra?

            - Orgulho e vaidade: dois grandes males da Humanidade.

157. Não haverá, porém, casos em que, por achar-se a honra realmente ofendida, pode ser considerado como covardia não se aceitar o duelo?
           
            - Isso depende dos usos e costumes, pois cada país e cada século têm um modo diverso de encarar as coisas. Quando os homens forem melhores e estiverem mais adiantados em moral, compreenderão, nobremente, que o verdadeiro ponto de honra está acima das paixões terrenas e que as coisas não se alteram pelo fato abominável de fazer-se uma morte. Em perdoar uma ofensa há muito mais valor do que em revidá-la. Há muito mais grandeza e verdadeira honra naquele que se confessa culpado, como há, também, maior dignidade e nobreza naquele que, tendo razão, sabe perdoar, ou, mesmo, sabe desprezar os insultos que o não podem alcançar.

158 . A pena de morte desaparecerá algum dia da legislação humana?

            - Sem dúvida, e em sua supressão assinalará a Humanidade um grande progresso.

159. Que se deve pensar da pena de morte imposta em nome de DEUS?

            - Os que assim obram estão muito longe de compreender a DEUS e cometem um crime monstruoso.

160. A vida social é uma lei natural?

            - Sem dúvida, pois que todos os homens devem concorrer para o progresso, ajudando-se
mutuamente.

161. O progresso moral segue o intelectual?

            - É a sua consequência, porém nem sempre o segue imediatamente.

162. Como é que o progresso intelectual pode conduzir ao moral 'I

            - Desde que o homem compreenda o bem e o mal, pode então escolher. O desenvolvimento
do livre arbítrio segue o da inteligência e aumenta a responsabilidade das nossas ações.

163 . Pode o homem deter a marcha do progresso?

            - Não, mas pode estorvá-lo às vezes, assim incidindo em grave falta.

164. Não parece, às vezes, que o homem retrocede em vez de adiantar pelo menos sob o ponto de vista moral?           

            - O homem progride, pois cada dia ele compreende melhor o mal e a todo o instante reforma as suas leis. É essa compreensão que lhe mostra a necessidade do bem e das reformas.

165. Todos os homens são iguais perante DEUS?

            - Sim, pois todos têm um mesmo princípio e um mesmo destino. As leis divinas são iguais para todos.

166. Porque DEUS não deu as mesmas aptidões a todos os homens?

            - DEUS deu iguais aptidões a todos os Espíritos, porém cada um deles tem vivido mais ou menos tempo. A diferença provém, pois, do grau de experiência e da vontade resultante do livre arbítrio de cada um. Por isso os mais adiantados tem maiores aptidões do que os outros.

167. Será possível estabelecer a igualdade absoluta das riquezas?

            - Não; a diversidade das faculdades e dos caracteres opõe-se a isso.

168. Que se deve pensar daqueles que creem ser esse o remédio aos males da sociedade?

            - Esses não compreendem que logo depois tal igualdade seria destruída pela força das circunstâncias. Combata-se o egoísmo social e não se busquem quimeras.

169. O homem e a mulher são iguais perante DEUS e têm os mesmos direitos?

            - Sem dúvida, pois DEUS deu a ambos inteligência para distinguir o bem do mal e a faculdade de progredir.

170. Qual a razão da inferioridade moral da mulher em certos povos?

            - O império injusto e cruel que o homem exerce sobre ela, e que resulta das instituições sociais ou do abuso dos fortes sobre os fracos.

171. Com que fim a mulher, em geral, é mais débil fisicamente que o homem?

            - É para que ela possa exercer outra espécie de trabalhos. Bem compreendida a posição da mulher na sociedade, devemos admitir que ela só é inferior ao homem no limite das possibilidades físicas; a ele se iguala intelectualmente e o excede no terreno moral, pelo seu instinto recatado e superior sensibilidade. Ao homem, porém, e de um modo geral, compete os trabalhos rudes e intelectuais, e às mulheres, os trabalhos leves e delicados.

172 . A debilidade física da mulher não a coloca, naturalmente, sob a dependência do homem?

            - Sim, mas se a Natureza dotou o homem com mais força é para que ele proteja a mulher como mais fraca, e não para que a escravize.

173. As funções a que está destinada a mulher, para com seus filhos, tem tanta importância como as que estão reservadas ao homem?

            - São muito mais importantes, pois a mulher é quem dá aos filhos as primeiras noções da vida.

174. Uma legislação, para ser justa, deve consagrar igualdade de direitos à mulher e ao homem?

            - De direitos, sim; de funções, não. É preciso que cada qual tenha as ocupações que lhe são próprias e segundo as suas aptidões. A emancipação da mulher assinala o progresso social; a sua escravização denuncia atraso.

175. Donde nasce o desejo de perpetuar com monumentos fúnebres a memória dos seres que abandonaram a Terra?

            - Último ato de orgulho...

176. Mas não se deve atribuir mais frequentemente a suntuosidade dos monumentos fúnebres aos parentes do finado, antes que ao próprio finado?

            - Nesse caso é o orgulho dos parentes que se querem glorificar a si mesmos. Nem sempre, é certo, se fazem tais demonstrações por consideração ao morto; elas também se dão por amor-próprio e alarde das riquezas das pessoas que ficam. Poderão esses belos monumentos salvar do olvido aqueles que foram inúteis na Terra?

177. Deve-se, então, de um modo absoluto reprovar a pompa dos funerais?

            - Não, pois isso se torna justo e exemplar desde que é feito em memória de um homem de bem.




6. 'Didaquê Espírita'




6
Didaquê Espírita

compilação e coordenação
  Carlos Lomba
Ed.FEB 1948

CAPÍTULO V       a/d


MORAL ESPÍRITA



112. Que definição se pode dar da moral?

            - É a sabedoria que nos faz distinguir o bem do mal, e viver-se uma vida limpa e pura.  A moral bem cultivada é o estado da mais perfeita saúde da alma.

113. Corno encontrar-se, entre os homens, o mais sublime modelo de perfeição moral,?

            - A inexcedível perfeição moral entre os homens, na Terra, foi Jesus. Imitá-Lo, é dever dos cristãos.

114 . O homem tem por si mesmo os meios de distinguir o bem do mal?

            - Sem dúvida que sim. Nunca poderá enganar-se se tiver sempre em lembrança este ensino de Jesus: “Nunca façais aos outros o que não quiserdes que se vos faça, e fazei-lhes tudo quanto quereríeis que vos fizessem.”

115. Quais os maiores inimigos do homem?

            - O homem, pelo seu orgulho, vaidade, ambição, egoísmo, inveja, sensualismo e ignorância, é o verdugo de si mesmo.

116. Quando somos mais culpados de uma falta?

            - Quando sabemos melhor o que fazemos. O mal, do mesmo modo que o bem, obra de tal forma que nem sempre se pode apreciar a extensão dos seus efeitos. Não é possível beneficiar ou prejudicar alguém, sem que geralmente se beneficie ou se prejudique a várias outras pessoas ao mesmo tempo.

117. Necessita DEUS ocupar-se de cada um dos nossos atos para nos recompensar ou castigar?

            - Não. DEUS tem leis imutáveis que regulam todas as nossas ações de uma só vez. 

118. Aquele que não faz o mal, mas que coparticipa dele pelo pensamento, é também culpado?

            - É como se o houvesse feito e por isso participa das suas consequências.

119. O desejo do mal é tão repreensível como o próprio mal?

            - Conforme: há virtude- em resistir voluntariamente ao mal, cujo desejo se sente, e sobretudo quando há possibilidade de realizá-lo . É, porém, condenável o desejo do mal quando se deixa de executá-lo unicamente por falta de ocasião.

120. É bastante deixarmos de fazer o mal para assegurarmos a nossa felicidade futura?

            - Para assegurar a felicidade futura é necessário fazer-se todo o bem que for possível, pois o homem é responsável não só pelo mal que houver feito, mas igualmente pelo bem que, podendo fazer, não o fez!"

121. Haverá pessoas que não possam fazer o bem?

            - Todos podem fazer o bem, e somente ao egoísta falta ocasião para o praticar. Fazer o bem não é somente dar dinheiro, mas nos fazermos úteis de qualquer forma e em quaisquer condições, visando a lei do amor e da caridade.

122. Haverá diferentes graus no mérito do bem?
            - O mérito está no sacrifício e deixa de existir quando o bem nada custa ou é feito sem trabalho. Tem mais mérito o pobre que dá metade do seu pão, do que o rico que dá o supérfluo.  Jesus assim o demonstrou quando se referiu à esmola da viúva.

123. Toda a Lei Divina está contida na máxima do amor ao próximo, ensinada por JESUS?

            - Sim. Ela encerra todos os deveres dos homens, entre si mesmos.

124. O trabalho é uma lei de DEUS?

            - Indubitavelmente, pois que é ele uma necessidade para as nossas almas, em particular, e para as coletividades, em geral.

125. Devemos considerar como trabalho somente as ocupações materiais?

            - Toda ocupação útil é trabalho. O Espírito também trabalha.

126. Para que foi imposto ao homem o trabalho?

            - O trabalho é o meio de aperfeiçoar e iluminar a inteligência, e com ele o homem assegura seu progresso, bem-estar e felicidade. Se não fora o trabalho, jamais sairíamos da nossa infância intelectual.

127. Nos mundos mais adiantados o homem está submetido à mesma necessidade do trabalho?

            - Nada permanece inativo e inútil, pois a ociosidade seria um suplício, antes que um benefício.

128. Quem possui fortuna suficiente para assegurar a sua existência, na Terra, está livre do trabalho?

            - Do trabalho material, sim, porém não da obrigação de se fazer útil, segundo os seus recursos, ou de aperfeiçoar sua inteligência e a dos outros. Tudo isso oferece trabalho e tanto maior é esse dever quanto mais recursos e tempo se tiver.

129. Que devemos pensar dos que abusam da sua autoridade para impor aos seus infreriores um trabalho excessivo?

            - É uma ação má, condenável, pois que infringe a lei de DEUS.

130. O homem tem direito ao descanso, na sua velhice?

            - Sim, pois que cada um está apenas obrigado até onde chegam as suas forças.

131. Que recurso tem o ancião que precisa trabalhar para viver e não pode fazê-lo?

            - O forte deve sempre trabalhar para o que estiver fraco, e, na falta da família, a sociedade deve socorrê-lo. Esta é a lei da caridade.

132. O matrimônio, isto é, a união permanente de dois seres é contrária à lei natural?

            - O matrimônio representa um grande progresso da sociedade.

133. Qual é mais conforme com a lei natural, a monogamia ou a poligamia?

            - A monogamia, sem dúvida, porque o matrimônio deve ser fundado no mais puro e nobre afeto entre os seres que se unem. Na poligamia não há afeto real, mas a predominância da amoralidade, a serviço dos mais inferiores instintos do homem, razão por que ela tende a desaparecer pouco a pouco da face da Terra.

134. O celibato voluntário é meritório?

            - Não; os que vivem assim, por egoísmo ou força de convenções, não praticam a vida normal e fogem às exigências da moralidade.

135. A vida de mortificações ascéticas tem algum mérito?

            - Não, pois que não aproveita a ninguém; se aproveitar a quem a pratica e se impedir de fazer o bem a outrem, ela é ainda uma das formas do egoísmo...

136. Quando a reclusão e as privações penosas têm por objetivo uma expiação, há nelas algum mérito?

            - A melhor expiação é resgatar o mal com todo o bem que se puder fazer.

137. Há privações voluntárias que sejam meritórias?

            - Sim, as dos prazeres materiais, porque nos desprendem da matéria e elevam nossa alma.

138. Que devemos pensar da mutilação do corpo do homem e dos animais?

            - Tudo quanto for inútil não terá mérito.  Para dominar a matéria terrestre, basta praticar a lei divina, que é a Caridade.

139. É fundada na razão a abstenção de certos alimentos, prescrita a diversos povos?

            - Não, porque tudo o que não for em prejuízo da saúde, está permitido por DEUS.

140. É meritória a abstenção do alimento animal ou de qualquer outra espécie, quando a fazemos por expiação?

            - Sim, quando nos privamos deles em benefício de outrem.




quinta-feira, 25 de abril de 2013

02. 'O Espírito Consolador' (extratos)



02  (págs. 115-116)    Extratos de
 ‘O Espírito Consolador’
ou ‘Os Nossos Destinos’
por  P. V. Marchal
in ‘O Espírito Consolador’- 1914
versão da 2ª edição francesa
 da Typographia da Emprêsa Litteraria e Typographica
Porto, Portugal


            “...Se somente a nossa existência atual há de decidir da nossa sorte futura, se por única perspectiva temos, ou, o inferno eterno, ou o paraíso eterno, que será das tribos selvagens?

            Poder-se-á supor que um feroz canibal, apenas porque receba na fronte algumas gotas d'água, depois de ter vivido de carne humana, alcançará de um salto a bem aventurança de que naturalmente gozam um Fenelon ou um São Vicente de Paula? Qual será a sorte dos milhares de infiéis que viveram e morreram sem conhecer o Deus verdadeiro, sem ter ouvido falar do seu Vigário infalível? 

           Respondem-nos que serão condenados e que não nos cabe sondar os desígnios de Deus. Mas foi Deus quem nos outorgou a razão e esta razão nos clama que Deus não pode ser injusto, Aí está porque repudiamos a teologia cruel da Idade Média, para escutar o Espirito Consolador que nos diz: “A cada um segundo suas obras.”. Aquelas tribos selvagens ascenderão um dia ao nível dos povos civilizados; aquelas nações pagãs ou bárbaras se tornarão cristãs em existência posterior; todos, enfim, chegaremos, cedo ou tarde, à beatitude, de acordo com a generosidade dos nossos esforços e o ardor da nossa boa vontade.”



01. 'O Espírito Consolador' (extratos)


o1 (págs. 110-111)                      Extratos de
 ‘O Espírito Consolador’
ou ‘Os Nossos Destinos’
por  P. V. Marchal
in ‘O Espírito Consolador’- 1914
versão da 2ª edição francesa
 da Typographia da Emprêsa Litteraria e Typographica
Porto, Portugal



            “Para nós, uma criança que sofre é um Espírito encarnado a expiar faltas cometidas em anterior existência. Uma criança que vem ao mundo, ainda que por efeito de um crime, é um Espírito criado desde muito tempo, que tenta o desempenho de nova tarefa e sofre nova prova. Uma criança que morre é um Espirito cujo envoltório se destrói e que procurará outro, seja aqui, seja algures, depois de ter sido para seus pais motivo da conquista de novos motivo da conquista de novos méritos, pelas aflições que lhes causou.

            Que diremos das “crianças prodígios”, cujo aparecimento o nosso mundo, de tempos a tempos, testemunha? Pascal, aos doze anos, descobre a maior parte da geometria plana e, sem jamais haver recebido a menor lição de cálculo, revela o gênio de Euclides. O pegureiro Mangiamelo faz de cabeça cálculos que confundiriam qualquer diplomado da Escola Politécnica. Mozart, contando apenas quatro anos, executa ao piano uma sonata e, com oito, compõe uma ópera. Thereza Milanollo, quando ainda na infância, tocava violino de modo a assombrar as capitais da Europa. Rembrandt, primeiro que soubesse ler, desenhava como  grande mestre. E, ao lado dessas crianças miraculosas, quantas outras cujas aptidões, cujas réplicas dão que pensar e forçam os que as conhecem a predizer-lhes grandiosos destinos!

            São fatos e fatos que se não podem explicar senão pela preexistência da alma. Trazem os homens, ao nascerem, o capital intelectual, artístico ou moral que constituíram no decurso de suas vidas anteriores. Daí o fenômeno das “ideias inatas”, que tanto há preocupado os filósofos; daí as aptidões precoces e os gostos pronunciados, que determinam a “vocação”; daí as disposições místicas, que, tomadas em conjunto, constituem o “senso da santidade”.”


17. Histórias do Chico



17  Histórias do Chico...

             
            Remédios contra a vaidade...

            Encontra-se o Chico com um irmão que sofria de insônias, que lhe pede conselhos.

            Lembrando-se de André Luiz, cujos maravilhosos livros por ele recebidos, registram esclarecimentos inéditos, pediu ao companheiro para: DORMIR BEM, COMER BEM e VIVER BEM com Jesus na mente e no coração e, daí, nos atos de todo instante. Antes de dormir, por isso, que lesse o Evangelho e meditasse seus ensinos. Que pedisse ao Seu Autor possibilidades para ser útil, fazer o bem. De manhã, que também procedesse assim e levantar-se-ia melhor, como melhormente haveria de dormir.

            Dias depois, encontra-se com o insone. Era todo alegria e agradecimento. Trazia no bolso várias Mensagens de Emmanuel e já havia repetido seus conselhos à família, aos amigos, aos companheiros de serviço. Com o Evangelho lido e praticado, havia aprendido a viver bem, a dormir bem, a comer bem.

            O médium, satisfeito, despede-se do irmão. No escritório da Fazenda os colegas já sabiam da bela ação do Chico. E, enrolado na onda dos elogios, acreditou em que, de fato, fizera um ato de caridade. Sentado à mesa de trabalho, sorriu alegrado com o acontecido.

              Emmanuel lhe aparece sorrindo e lhe diz:

            - Fez uma bela ação, Chico!

            - Sim, meu Pai, e todos se mostram satisfeitos.

            - Também estou. Mas, não fique vaidoso com isso, porque, pensando bem, você não fez vantagem nenhuma...

            - Por que?

            - Porque deveria ter feito isso... desde há dois mil anos!..

            - Tem razão, estou agindo bem, mas agindo tarde...
           
            E a lição nos serviu como uma justa carapuça.


Ramiro Gama
in ‘Irmãos do Bom Combate’
Edição G E Regeneração RJ RJ - 1969