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segunda-feira, 1 de agosto de 2011

'Ide e Pregai' de Newton Boechat (Apresentação)




‘Ide e Pregai...’
por  Newton Boechat
(3ª Ed. FEB 1989)

Apresentação

     Em pleno século XX os jornais do mundo inteiro, durante a semana em que escrevo estas palavras, concentram sua atenção em acontecimento de profundo impacto emocional: católicos e protestantes, inflamados por velhas rivalidades, ensangüentaram as ruas de Belfast, na Irlanda, transformando-as num verdadeiro campo de batalha medieval. Nas últimas refregas morreram várias crianças, adolescentes, policiais, militares britânicos, sacerdotes e pastores. Gente diretamente envolvida nos conflitos e gente neutra, alheia à desconcórdia, mas que é atingia pelas balas perdidas dos contendores.

     Já em 1922 os conflitos religiosos na Irlanda haviam chocado a Humanidade toda, logo após a separação entre a República da Irlanda (o Eire) e os seis condados de maioria protestante que passaram a constituir a Irlanda do Norte (o Ulster). Naquele ano morreram quase 250 pessoas e mais de mil ficaram feridas! Em 1956 e 1962, novamente recrudesceram as escaramuças entre a minoria católica e a maioria protestante. Agora, o caos se repete. Belfast vê seus filhos se digladiarem e se trucidarem, em nome do Cristo, por amor de Deus!

     Mas essa disceptação é ainda bem mais velha do que a secessão de 1922. Suas origens remontam ao século XVI, quando a Reforma iniciava o seu proselitismo e em Paris chegou a acontecer uma hórrida Noite de São Bartolomeu! No século seguinte, o predomínio protestante, em Belfast, já era incontestável, e os pastores larguearam a sua pregação, e se multiplicaram por todos os quadrantes do país. Entre eles, ali estava o nosso Newton Boechat. Não sei se pregou a matança (perdoe-me se lhe faço mau juízo), não sei se assovelou os ódios ou se, ao contrário, apelou para o desarme e o amor. Sei, sim, que viveu toda aquela incompreensão religiosa, respirando os miasmas pesados da baderna doutrinária. Deve, no mínimo, ter-se desgostado amargamente, que no fundo todos sentimos a natureza íntima do Bem, impondo-nos o sofrimento do remorso ou da incapacidade de impedirmos o mal.

     O pastor está de volta. Sabe de cor capítulos inteiros das Sagradas Escrituras. É um computador bíblico, programado no passado, e capaz de dar-nos imediatamente, o versículo exato da passagem evangélica que ao acaso lhe suscitemos. Mas essa memorização – todos o sabemos – não lhe bastaria no hoje, como não lhe bastou no ontem. Por isso mesmo o nosso Newton Boechat retorna e, valendo-se do acervo acumulado, dá-lhe agora uma nova conotação espiritual, a recordar, talvez, a afirmativa de Paulo, de que “a letra mata, o espírito vivifica”.

     À exemplo do inesquecível Vianna de Carvalho, já percorreu todo o Brasil. Leva uma nova mensagem: a da revelação Espírita. E mais agora, consciente de que o livro ainda é o melhor recurso de comunicação para perpetuar uma idéia, empenha-se na divulgação da Doutrina que abraçou, através desta obra, agasalhada pela FEB. Aí tem, leitor amigo, nosso Newton Boechat em letra de forma. Um “pot-pourri” de seu pensamento, respigado de algumas palestras que fez e que se acham gravadas, bem como de artiguetes inseridos num ou noutro órgão da imprensa espírita. Mas aí tem também não mais o pastor de Belfast, o pregador apenas preocupado com a textolatria que emaranha e desemboca, quase sempre, no absurdo ou na contradição. O tributo espírita está consciente da absoluta fragilidade das razões teológicas que reacenderam as lutas religiosas da Irlanda e deplora seus irmãos, ficados no caminho, enceguecidos por um pretenso amor que faz a guerra e se desfigura “sponte sua”...

     Belfast estua em chamas. O pastor venceu o atavismo que poderia excitar o homem velho e não se empolga mais senão com os métodos da Nova Revelação, que lhe mostrou novo e suave meato. O espírita de hoje sabe que essas labaredas – e tantas outras, mais ou menos concretas, alimentadas em muitas outras cidades – só se apagarão definitivamente quando a Doutrina Espírita, que é o verdadeiro Evangelho do Cristo, espraiar-se por toda a Humanidade e iluminar o coração da Terra. Para isso ele continua na tribuna religiosa. Por isso, resolveu também escrever. Todos nós, que já lhe ouvimos as lições, vamos lê-lo agora, mas com o pensamento voltado em prece para Belfast, onde a palavra de Kardec ainda não chegou...

      Luciano dos Anjos   Rio, 12-8-1971          

Maria visita Isabel


Maria Visita Isabel                           

         
     1,40 Maria entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel 1,41 Ora, tão logo Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança estremeceu no seu ventre e Isabel ficou sob a influência de um espírito e 1,42 exclamou, em voz alta: - Bendita és entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! 1,43  Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe de meu Senhor? 1,44 Pois, assim que a voz de tua saudação chegou aos meus ouvidos, A criança estremeceu de alegria no meu ventre! 1,45 Bem aventurada és tu que creste, pois se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor foram ditas!1,46 E Maria disse:  - Minha alma glorifica ao Senhor, 1,47 Meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador, 1,48  porque olhou para sua serva. Por isso, desde agora, me proclamarão bem aventurada todas as gerações, 1,49 porque realizou em mim maravilhas Aquele que é poderoso e cujo nome deve ser preservado. 1,50 Sua misericórdia se estende, de geração em geração, sobre os que o temem 1,51 Manifestou o poder de seu braço. Desconcertou os corações dos soberbos. 1,52 Derrubou do trono os poderosos e exaltou os humildes. 1,53  Saciou de bens os indigentes e despediu, de mãos vazias, os ricos. 1,54 Acolheu a Israel, seu servo, lembrado em sua misericórdia, 1,55 conforme prometera a nosso Pai, em favor de Abraão e sua posteridade, para sempre. 1,56  Maria ficou com Isabel cerca de três meses. Depois, voltou para casa.

         Muitos são os espíritos superiores que mantém, em suas comunicações com a Terra, a identidade feminina. A apresentação de trabalhos de alguns desses Espíritos foi a forma que encontramos para mandar-lhes nosso mais sincero preito de amor.
           

    Maria!,
 por Bella Pedreira, conforme lida em Reformador, página 77, ano 1933:
           
            Ó meiga e suave Maria! És o lírio imaculado que floriu nas campinas verdejantes da Palestina.

            Alma cândida e cheia de bondade, violeta singela e perfumada, foste escolhida para a maior e mais santa de todas as missões: Mãe de Jesus, o Ungido de Deus.

            E como soubeste, Maria, desempenhar tão bem essa missão! Foste esplendidamente humilde, assumindo tão sublime investidura. Incarnaste com magnificência e esplendor a mãe de que o Cristo precisava, aqui na Terra, para o desempenho da sua ingente tarefa. Assimilaste com perfeição o papel que o Pai te reservou.

            Boa e humilde, amorável e carinhosa, resignada e forte, tu te colocaste, Maria, no lugar de Mãe da Redenção.

            Quando Jesus se aproximava de ti, sabias dar-lhe todo o amor do teu excelso coração materno. Amenizavas com o teu carinho e com a tua suavidade as dores que os homens maus e egoístas lhe infligiam. Quando, porém, o Senhor precisava agir, sabias tão bem esconder-te, tal como a mimosa violeta que humildemente se oculta entre as folhagens, revelando-se, todavia, pelo doce perfume, que exala, embalsamando os ares! Ele, então, atuava livremente, acompanhado sempre pelo teu divino coração, onde se ia conferindo tudo o que com ele se relacionava.

            Como mãe extremosa, quantos sofrimentos, quantas dores suportaste! Mas, nem uma só vez o perturbaste com teus queixumes, nem com tuas lágrimas. Sabias, Maria, guardar, sopitar no teu íntimo todas as angústias e torturas que trespassavam a tua alma de eleita.

            Quando os homens foram ao extremo de crucificar o teu Filho, foste divina na tua dor; em verdade te revelaste à altura d’Ele!

            Maria, és o símbolo, o modelo augusto das mães. Jesus mesmo, na hora suprema, num gesto magnífico de misericórdia, desdobrou a tua maternidade sobre todos os míseros pecadores, personificados no discípulo amado: Filho, eis aí tua mãe!

            Desde esse momento, tão solene e majestoso como aquele em que te falara o anjo Gabriel, tu te fizeste Mãe de todo o gênero humano, a quem Ele veio remir!

            Estende, pois, Mãe, teu manto de pureza e santidade sobre todos os homens, insculpindo em nossos corações a virtude que exorna teu adamantino Espírito: a humildade.

            Que a graça nos envolva, transformando nossas almas!

            Ave Maria!




            A seguir, recebida por Chico Xavier, apresentamos mensagem de Maria João de Deus falando-nos de...

Celina

            Quando elevamos ao céu nosso olhar suplicante, há para todos nós, os que se afligem na provação, uma carinhosa e compassiva Mãe que nos ampara e consola...

         Compadece-se de nossa dor, contempla-nos com misericórdia e manda-nos então o anjo da sua bondade, para balsamizar nossos padecimentos... É Celina, a suave mensageira da Virgem, a Mãe de todas as Mães, o gênio tutelar da humanidade sofredora...

         Quando o pranto aflora nos olhos das que são filhas e irmãs, das que são esposas e mães na Terra, no coração das quais, muitas vezes, se concentra a amargura, vem Celina e toma-as nos seus braços de névoa resplandescente e, através dos ouvidos da consciência, lhe diz com brandura:

         “ -Veio a dor bater à vossa porta? Coragem... Não desanimeis nas ásperas lutas que objetivam vosso aprimoramento moral. Pensai n’Aquela que teve sua alma recortada de martírios, lacerada de sofrimentos, atormentada de angústias. Ela se desvela do céu por todas aquelas almas que escolheram suas pegadas de Mãe amorosa e compassiva.

         Foi ela que, escutando a oração de vossa fé, me enviou para que eu vos desse as flores de seu amor sacrossanto, portadoras da paz, da humildade e, sobretudo, da paciência; porque o acaso não existe e tudo na vida obedece a uma lei inteligente de causalidade que foge aos vossos olhos, que se sentem impossibilitados de ver toda a verdade: Tomai minhas mãos! Cumpri austeramente todos os vossos deveres, fechai vossos olhos aquilo que pode obstar vossos passos para a luz e caminhai comigo. Os anos são minúsculas frações de tempo e, um dia, sem vos deterdes com o cansaço, chegareis ao pé d’Aquela  que é vossa Mãe desvelada de todos os instantes !...”

         E todas aquelas que a ouvem, sentem-se sustentadas por braços tutelares, na noite escura das dores, e, vertendo lágrimas amargosas, preparam-se e se iluminam na pedregosa senda da virtude para respirar os ares felizes do encantado país onde desabrocham os lírios maravilhosos da esperança!

(Pág. recebida no Gr. Esp. “Os Mensageiros” em São Paulo, SP)


            A seguir, um poema de Meimei, recebido por Chico Xavier em reunião pública no Centro Espírita Luiz Gonzaga, em Pedro Leopoldo, em 30 de Agosto de 1951, conforme relato de Ramiro Gama em “Lindos Casos”:


             ‘Agora’

            Se a consolação do Evangelho nos visitou a alma...
            Se a bênção da fé nos ilumina...
            Se a nossa confiança permanece restaurada...
            Se a fraternidade é o ideal que buscamos...
            Agora, realmente, a nossa vida aparece modificada.
            Agora, conhecemos, agora temos e agora somos.
            Porque, em Cristo, nossa alma sabe o que deve fazer, recebe do céu o suprimento de recursos e valores, de acordo com as nossas próprias necessidades e é demora de bênçãos e dons que nem todos, de momento, nos vêem desfrutar.
            Nosso horizonte jazia velado pelas trevas.
            Antes, seria difícil a tarefa do auxílio.
            Crisálidas da inteligência descansávamos no casulo da ignorância.
            Agora, porém...
            O Senhor, utilizando mil pequeninos recursos, acendeu a luz do conhecimento divino em nosso espírito e, com a visão mais alta da vida e do mundo, cresceram a nossa importância de pensar e a nossa responsabilidade de viver.
            Se já te encontraste com Jesus, não te queixes.
            Ontem, poderias alegar fraqueza e desconhecimento como pretexto para ferir ou repousar, fortalecendo o poder da inércia ou da sombra.
            Hoje, porém, é o teu dia de servir e de caminhar. ” 



            Tomemos, então, a palavra de Scheilla...

         “Abençoa Sempre
            Seja onde for, abençoa para que a bênção dos outros te acompanhe.
            Todas as criaturas e todas as coisas te respondem, segundo o toque de tuas palavras ou de tuas mãos.
            Abençoa teu lar com a luz do amor, em forma de abnegação e trabalho, e o lar abençoar-te-á com gratidão e alegria.
            Abençoa a árvore de tua casa com a dádiva de teu carinho e a árvore de tua casa abençoar-te-á com o perfume da flor e com a riqueza do fruto.
            Se amaldiçoas, porém, o companheiro de cada dia com o azorrague de censura, dele receberás a mágoa e a desconfiança.
            Se condenas o animal que te partilha o clima doméstico à fome e à flagelação, dele obterás rebeldia e aspereza.
            Em verdade, não podes abençoar o mal, a exprimir-se na crueldade, mas deves abençoar-lhe as vítimas para que se refaçam, de modo a extingui-lo.
            Não será justo abençoes a enfermidade que te aflige, mas é indispensável abençoes o teu órgão doente, para que com mais segurança se reajuste, expulsando a moléstia que, às vezes, te impõe amargura e desequilíbrio.
            Não amaldiçoes nem mesmo em pensamento.
            A idéia agressiva ou destruidora é corrosivo em nossa boca, sombra em nossos olhos, alucinação em nossos braços e infortúnio em nossa vida.
            Abençoa a mão que te fere e a mão que te fere aprenderá como eximir-se da delinqüência.
            Abençoe o verbo que te insulta e evitarás a extensão do revide.
            Abençoa a dificuldade e a dificuldade revelar-te-á preciosas lições.
            Abençoa o sofrimento e o sofrimento regenerar-te-á.
            Abençoa a pedra e a pedra servirá na construção.
            Não olvides o Divino Mestre da Bênção.
            Jesus abençoou a Manjedoura e dela fez o berço luminoso do Evangelho nascente; abençoou a Pedro, enfraquecido e vacilante, transformando-o em vigoroso pescador de almas; abençoou a Madalena obsidiada e nela plasmou o sinal da sublimação humana; abençoou Lázaro, cadaverizado, e devolveu-lhe a vida;  e, por fim, abençoou a própria cruz, nela esculpindo a vitória da ressurreição imperecível.
            Abençoa a Terra, por onde passes, e a Terra abençoará a tua passagem para sempre.”    



 De “Vida Nova” por Chico Xavier leiamos Nina Aroeira que nos apresenta   

Fraternidade
em Ação

            “O insulamento de um povo é comumente a origem de grandes calamidades.
         A evolução não admite intervalos e a coletividade relegada aos seus próprios caprichos costuma atrasar o relógio do progresso, acabando surpreendida por aflitivos desastres.
         Fomos criados para o crescimento do Espírito.
         Somos a Família Universal. Irmãos identificados pelos mesmos princípios, nossas lutas e alegrias, dificuldades e esperanças são quase sempre as mesmas em todos os climas da Terra.
         Por isso mesmo, não nos esqueceremos da solidariedade sem deploráveis prejuízos.
         Quem não aprende com os outros, sofre longo estágio no cipoal da ignorância.
         Quem não auxilia aos outros cristaliza-se no egoísmo.
         Quem não comunga com os outros viaja sozinho.
         A propósito, recordemos que Moisés no início do Testamento colocou na boca paternal de Jeová, a frase que atravessaria os milênios: “não é bom que o homem esteja só”.
         Abandonada a si própria, a criatura inteligente acabaria esmagada pela complexidade da vida, mas ligada a todos, pelos laços do trabalho e do amor, encontra o próprio equilíbrio, satisfazendo aos imperativos do crescimento e da elevação, entrando na posse definitiva dos tesouros que a Vida Abundante lhe reserva.
         Permutando experiências e ensinamentos, melhoramos as nossas realizações, porque se os nossos objetivos são inalteráveis, as condições e os problemas são diferentes.
         A comunhão fraternal é o nosso caminho inevitável toda vez que desejamos a exaltação do bem com todos em favor de todos.

         Eis porque desejando para nós todos a Luz Divina, no serviço da aproximação mútua que a Bondade do Senhor nos permite efetuar, aquecemos o coração no calor da boa vontade, aprendendo uns com os outros sob o patrocínio do Divino Mestre, para elevar o nível da vida onde estivermos, compreendendo que Doutrina Espírita é sempre fraternidade em ação.”


                                                                                   

2 de Agosto



2 Agosto

É da lei, mas é do Amor
Que tudo tempera e alaga;
Ninguém paga mais que deve,
Mas deve mais do que paga.


 Chiquito de Morais
por Gilberto Campista Guarino
in ‘Centelhas de Sabedoria’  (1ª Ed. FEB 1976

'Mãe' por Meimei



Mãe
        
          Um dia, a Mulher solitária e atormentada chegou ao Céu e, rojando-se, em lágrimas, diante do Eterno Pai, suplicou:

         – Senhor, estou só! Compadece-te de mim.

         Meu companheiro fatigado, cada dia, pede-me repouso e devo velar-lhe o sono! Quando triunfa no trabalho, absorve-me na atividade mais intensa e, muita vez distraído, afasta-se do lar, onde volta somente quando exausto, a fim de refazer-se. Se sofre, vem a mim, buscando restauração e conforto...

         Tu que deste flores ao arvoredo e que abriste as carícias da fonte, no seio escuro e ressequido do solo, consagras-me, assim, ao insulamento? Reservaste a terra inteira ao serviço do homem que se agita, livre e dominador, sobre montes e vales, e concedes a mim apenas o estreito recinto da casa, entre quatro paredes, para meditar e afligir-me sem consolo? Se sou a companheira do homem, que se vale de mim para lutar e viver, quem me acompanhará na missão a que me destinas?

         O Senhor sorriu, complacente, em seu trono de estrelas fulgurantes e, afagando-lhe a cabeça curvada e trêmula, falou compadecido:

         – Dei o mundo ao homem, mas confiarei a vida ao teu coração.

         Em seguida colocou-lhe nos braços uma frágil criança.

         Desde então, a Mulher fez-se Mãe e passou a viver plenamente feliz.
                  

Meimei    por Chico Xavier in “Luz no Lar” (2ª Ed FEB)
         

O Nascimento de Jesus


O Nascimento
de Jesus

         1,26   No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia  chamada  Nazaré, 1,27 a uma virgem desposada com um homem que se chamava José, da casa de Davi; e o nome da virgem era Maria. 1,28 Entrando o anjo, disse-lhe: -Salve, cheia de graça, o Senhor é contigo! 1,29 Perturbou-se ela com estas palavras e pôs-se a pensar no que significaria semelhante saudação. 1,30 O anjo disse-lhe: -Não temais, Maria, pois encontraste graça diante de Deus. 1,31  Eis que conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus. 1,32  Ele será  grande e chamar-se-á Filho da Altíssimo e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi; e reinará para sempre na casa de Jacó. 1,33 E o seu reino não terá fim. 1,34 Maria perguntou ao anjo: -Como se fará isso, pois não conheço homem? 1 ,35 Respondeu-lhe o anjo: -Santos espíritos chegarão até ti e a força do Altíssimo te envolverá com a sua sombra. Por isso, o Ente que nascer de ti será chamado Filho  de Deus. 1,36  Também Isabel, tua parente, até ela concebeu um filho na sua velhice; e já está no sexto mês, aquela que é tida por estéril; 1,37 Porque a Deus nenhuma coisa é impossível. 1,38 Então, disse Maria: - Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra. E o anjo afastou-se dela. 1,39 Naqueles dias, Maria se levantou e foi, às pressas, as montanhas a uma cidade de Judá.

         Para Lc (1,26-38) -Nascimento; leiamos a Sayão em “Elucidações Evangélicas”:

            “...insistindo em algumas observações já feitas quando tratamos da genealogia de Jesus, diremos que, embora os materialistas se obstinem em revesti-lo de um invólucro de carne, idêntico aos nossos, sem que cheguem jamais a imitá-lo, para nós, espíritas, aproximados dos deístas que lhe negam a divindade, Deus é uno, é o único princípio universal, a única potência criadora. Assim sendo, Jesus é, como nós, seu filho, modelo divino que o Pai nos ofereceu, divino por ser, pela sua pureza absoluta, a maior essência espiritual, relativamente à Terra, depois de Deus, com quem se acha e sempre esteve em relação direta. 

            Ora, dada a sua condição de Espírito de pureza perfeita e imaculada, não podia ele nascer e não nasceu de homem, não entrando de forma alguma a matéria perecível no conjunto de suas perfeições. E, note-se que, tomando a aparente forma humana com que se apresentou entre os homens e de que se revestiu, porque assim o exigia o desempenho da sua missão naquela época, nenhuma das leis da Natureza foi derrogada, como não o foi em nenhum dos fatos por Ele produzidos, que geralmente se denominam milagres, na suposição de que, assim chamados, melhormente elevam o espírito dos crentes e lhes atraem os corações para as maravilhas do seu poder e para os auxílios da sua bondade.

            A ciência espírita explica de modo satisfatório e racional o aparecimento de Jesus na Terra, sem ser por meio de um nascimento humano. As leis de Deus são absolutas, imutáveis e eternas. Jesus, portanto, não as podia preterir, nem lhes abrir exceções, para deixar e tomar a vida, como fazia, aparecendo e desaparecendo, conforme o declarou (João 10,18). Mas, se neste caso, Ele nenhuma lei natural preteria ou derrogava, como supor a necessidade de preterição ou derrogação de alguma, para que pudesse aparecer na Terra, sem nascer?

            Considere-se, ao demais, que, depois de crucificado, morto e sepultado, Jesus reapareceu com o mesmo corpo que tinha antes, tanto assim que Tomé o apalpou. Ora, se Ele pode “reaparecer”, após a crucificação, sem haver nascido por que não poderia “aparecer” do mesmo modo, sem nascimento? Será porque o sacerdócio romano proíbe se entenda o que dizem os Evangelhos e manda se creia de olhos fechados? Só assim se compreende que, sendo esse “um mandamento do Pai”, não deva ser entendido.

            É inconcebível que a inteligência, a razão, a lógica, o raciocínio, meios que Deus nos outorgou para a compreensão de tudo, só não devam ser utilizados para a dos ensinamentos do Divino Mestre, não obstante haver Ele dito que nada há que não deva ser conhecido.

            A verdade, entretanto, é que a presença de Jesus entre os homens, de todas as vezes que se lhes manifestou sob as aparências da corporiedade humana, foi uma aparição espírita tangível, tão perfeita que dava a impressão de ser Ele um homem como os demais, conforme o exigia a natureza da sua missão.

            Considere-se ainda que, a não admitirmos que Jesus não foi um homem carnal, que o seu aparecimento na Terra não se deu por nascimento humano, por encarnação material, teremos que desprezar, negando-lhe qualquer vestígio de autenticidade, uma das mais belas  e grandiosas páginas do Evangelho, uma de suas passagens mais sublimes e comovedoras: a da revelação, feita a Maria, cuja figura de rutilante beleza espiritual então se apagaria logo, da missão altíssima para que o seu Espírito fora escolhido, a de que nela e por ela se ia cumprir o que pelos profetas vinha sendo, desde longo tempo, predito aos homens, como anúncio da mais portentosa manifestação do amor de Deus para com seus filhos.

            E, posto de lado esse lanço fundamental da narrativa da epopeia messiânica, a todos está aberta a porta e facultado o direito de  desprezarem estas e aquelas passagens, estes ou aqueles pontos dos Evangelhos, para só aceitarem, comodamente, os que lhes agradem, ou convenham.

            Mas, depois, que valor lhes restará? E, por que havemos de o transformar num corpo desarticulado, cujas partes componentes não se poderão ajustar, quando, pela revelação  de que Cristo desceu à Terra em Espírito, apenas revestido de um corpo de natureza perispirítica, de um corpo celeste, segundo a expressão de Paulo, único compatível com a condição celestial que lhe era própria, desaparecem todas as obscuridades das letras evangélicas e o Evangelho se nos patenteia qual maravilhoso e cristalino monólito, a refletir, em todos os seus infinitos e deslumbrantes matizes, a luz do mundo - Jesus?

          A razão não pode estar na escolha, a menos que esteja obliterada pelas ideias preconcebidas, pelas sugestões dos invisíveis inimigos da Verdade, ou pelas paixões sectaristas.” 


                   

            Para Lc 1,38, Leopoldo Cirne nos instrui em “A Personalidade de Jesus”, ao falar de Maria:

            “E que Espírito mais humilde, mais submisso e mais puro, exceção apenas feita de Jesus, encarnou jamais na Terra?

            Vede-a - a imaculada Virgem - na iminência do opróbrio do mundo e do repúdio do escolhido de sua alma - - por essa aparente concepção que ainda hoje provoca o sarcasmo das consciências materializadas - submetendo-se à injunção do anunciador: “Eis aqui a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra”; vede-a depois, nos sobressaltos do seu inquieto coração, vigiando o amado filho na arrriscada missão com que se expunha aos ódios e às perseguições do mundo; vede-a por fim, alma piedosa, transbordando de crudelíssima amargura, como jamais - tão cedo pelo menos - o compreenderá esta grosseira humanidade, acompanhando-o na dolorosa via, até ao Gólgota, sem proferir um queixume, sem lançar a mais leve sombra de condenação aos algozes do seu inocente filho, e dizei que outra mãe seria capaz de tamanho e tão resignado sacrifício?

            Maria é, pois, a personificação da humildade, da submissão e do amor em sua mais elevada manifestação. E se tão alto, tão puro e luminoso se eleva o seu Espírito, acima dos horizontes sombrios deste mundo, que aviltante necessidade temos nós de a destituir da auréola de virgindade - o estado ideal por excelência - que completa admiravelmente a sua angélica figura, a fim de lhe podermos atribuir sentimentos que, para constituírem o seu apanágio, não dependiam de uma contingência material? Ao demais, a permanência dessa virgindade se corrobora com a constituição fluídica do corpo de Jesus, que julgamos ter suficientemente demonstrado, não tendo havido, por conseguinte, da maternidade mais que as aparências.”



            O Espírito Luiz Sérgio em “Dois Mundos Tão Meus” é categórico em suas afirmações:

            “Maria permaneceu virgem no parto e depois dele. Por que muitos ainda duvidam?

            O homem mundano rejeita este trecho do Evangelho (Mt1,25)- Contudo não a conheceu enquanto ela não deu a luz um filho, a quem pôs o nome de Jesus- porém, o Espírita duvidar dele causa-nos espanto. Como falar em Evangelho, rasgando as Escrituras? E nelas está bem clara a virgindade de Maria..”

1 de Agosto


1 Agosto

Aproveite bem o ensejo 
Para aprender de uma vez 
Que hoje em dia se recebe 
Aquilo que ontem se fez.


 Toninho Bittencourt
por Gilberto Campista Guarino
in ‘Centelhas de Sabedoria’  (1ª Ed. FEB 1976)

Jesus inicia sua pregação



Jesus começa a Pregar

            4,12 Quando, pois, Jesus ouviu que João fora preso, retirou-se para Galiléia. 4,13 Deixando a cidade de Nazaré, foi habitar em Cafarnaum, à margem do lago, nos confins de Zabulon e Neftali, 4,14 para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta Isaías: 4,15       “Na terra de Zabulon e de Neftali, região vizinha ao mar, a terra além do Jordão, a Galiléia dos gentios, 4,16 este povo que jazia nas trevas viu resplandecer uma grande luz, e, surgiu uma aurora para os que jaziam na região sombria da morte (Isaías 9,1)”   4,17   Desde então, Jesus começou a pregar: “Fazei penitência, pois o reino de Deus está próximo!”     
 ***

            Serão muitas as vezes que leremos mensagens enviadas pelo espírito Emmanuel.  Se tivéssemos que atribuir a Ele um título certamente o chamaríamos de Paulo de Tarso no Século XX, tamanha a quantidade e a qualidade dos seus escritos evangélicos, fazendo lembrar as Epístolas que Paulo, incansavelmente, fez espalhar por toda a antiguidade.
            Foi esse mesmo Emmanuel que deixou uma única mensagem gravada no Evangelho de Kardec. Neste século, ao intensificar suas comunicações com o plano físico, conforme ditames superiores, quis, a princípio, preservar sua identidade, como vemos a seguir  neste trecho extraído do Reformador datado de 01.02.1935:

            Louvo a intenção com que procurais elementos que comprovem a nossa identidade de comunicantes do Além; a mim, porém, dispensai-me dessa tarefa. Não é que eu desconheça os benefícios que dessa medida advém para quantos ai se colocam na posição de observadores e analistas, à cata de razões que os esclareçam no caminho da verdade. Todavia, desejo ser como o humílimo operário, obscuro e anônimo, de todas as grandes obras do vosso planeta. Há motivos imperiosos para que eu proceda assim, visando a conservação da relativa paz de que desfruto na minha vida espiritual.”
            Deixai pois que eu seja o proletário anônimo de Jesus.”

            Não o conseguiria, como melhor explica a história e seu amigo Chico Xavier: 
                                                                      
Emmanuel                                           
           
            Lembro-me de que, em 1931, numa de nossas reuniões habituais, vi a meu lado, pela primeira vez, o bondoso Espírito Emmanuel.

            Eu psicografava, naquele época, as produções do primeiro livro mediúnico (Parnaso de Além-Túmulo), recebido através de minhas humildes faculdades e experimentava os sintomas de grave moléstia dos olhos.

            Via-lhe os traços fisionômicos de homem idoso, sentindo minha alma envolvida na suavidade de sua presença, mas o que mais me impressionava era que a generosa entidade se fazia visível para mim, dentro de reflexos luminosos que tinham a forma de uma cruz.

             Às minhas perguntas naturais, respondeu o bondoso guia: -

            Descansa! Quanto te sentires mais forte, pretendo colaborar igualmente na difusão da filosofia espiritualista. Tenho seguido sempre os teus passos e só hoje me vês, na tua existência de agora, mas os nossos espíritos se encontram unidos pelos laços mais santos da vida e o sentimento afetivo que me impele para o teu coração tem suas raízes na noite profunda dos séculos...”

            Essa afirmativa foi para mim imenso consolo e, desde essa época, sinto constantemente a presença desse amigo invisível que, dirigindo as minhas atividades mediúnicas, está sempre ao nosso lado, em todas as horas difíceis, ajudando-nos a raciocinar melhor, no caminho da existência terrestre. A sua promessa de colaborar na difusão da consoladora Doutrina dos Espíritos tem sido cumprida integralmente. Desde 1933, Emmanuel tem produzido, por meu intermédio, as mais variadas páginas sobre os mais variados assuntos. Solicitado por confrades nossos para se pronunciar sobre esta ou aquela questão, noto-lhe sempre o mais alto grau de tolerância, sensibilidade e doçura, tratando sempre todos os problemas com o máximo respeito pela liberdade e pelas idéias dos outros. Convidado a identificar-se, várias vezes, esquivou-se delicadamente, alegando razões particulares e respeitáveis, afirmando, porém, ter sido, na sua última passagem pelo planeta, padre católico, desencarnado no Brasil.

             Levando as suas dissertações ao passado longínquo, afirma ter vivido ao tempo de Jesus, quando então se chamou Públio Lêntulus. E de fato, Emmanuel, em todas as circunstâncias, tem dado a quantos o procuram o testemunho de grande experiência e de grande cultura.

            Para mim, tem sido ele de incansável dedicação. Junto do Espírito bondoso daquela que foi minha mãe na Terra, sua assistência tem sido um apoio para o meu coração nas lutas penosas de cada dia.

            Muitas vezes, quando me coloco em relação com as lembranças de minhas vidas passadas e quando sensações angustiosas me prendem o coração, sinto-lhe a palavra amiga e confortadora. Emmanuel leva-me, então às eras mortas e explica-me os grandes e pequenos porquês das atribulações de cada instante.

             Recebo, invariavelmente, com a sua assistência, um conforto indescritível, e assim é que renovo minhas energias para a tarefa espinhosa da mediunidade, em que somos ainda tão incompreendidos.

            Alguns amigos, considerando o caráter de simplicidade dos trabalhos de Emmanuel, esforçam-se para que este volume despretensioso surgisse no campo da publicidade.

            Entrar na apreciação do livro, em si mesmo, é coisa que não está na minha competência. Apenas me cumpria o dever de prestar ao generoso guia dos nossos trabalhos a homenagem do meu reconhecimento, com a expressão da verdade pura, pedindo a Deus que o auxilie cada vez mais, multiplicando suas possibilidades no mundo espiritual, e derramando-lhe n’alma fraterna as luzes benditas do seu infinito amor.

Pedro Leopoldo, 16 de Setembro de 1937
Francisco Cândido Xavier      

            Uma das mais lindas páginas da literatura espírita registra...
           
O Encontro
de Públio Lêntulus com Jesus,

            O encontro do orgulho e do materialismo com a pureza, dos valores da matéria com os valores eternos.
             O texto é do próprio Emmanuel em “Há 2000 anos”. Negar a Cristo e seus valores, muito custou a Emmanuel em provas e reflexões através de séculos:

            “Das águas mansas do lago de Genesaré parecia-lhe emanarem suavíssimos perfumes, casando-se deliciosamente ao aroma agreste da folhagem.

            Foi nesse instante que, com o espírito como se estivesse sob o império de estranho e suave magnetismo, ouviu os passos brandos de alguém que buscava aquele sítio.

            Diante de seus olhos ansiosos, estacara personalidade inconfundível e única.

            Tratava-se de um homem ainda moço, que deixara transparecer nos olhos, profundamente misericordiosos, uma beleza suave e indefinível. Longos e sedosos cabelos molduravam-lhe o semblante compassivo, como se fossem fios castanhos, levemente dourados por luz desconhecida. Sorriso divino, revelando ao mesmo tempo bondade imensa e singular energia, irradiava da sua melancólica e majestosa figura uma fascinação irresistível.

            Públio Lêntulus não teve dificuldade em identificar aquela figura impressionante, mas, no seu coração marulhavam ondas de sentimentos que, até então, lhe eram ignorados. Nem a sua apresentação a Tibério, nas magnificências de Capri, lhe havia imprimido tal emotividade ao coração. Lágrimas ardentes rolavam-lhe dos olhos, que raras vezes haviam chorado, e força misteriosa e invencível fê-lo ajoelhar-se na relva lavada em luar. Desejou falar, mas tinha o peito sufocado e opresso. Foi quando, então, num gesto de doce e soberana bondade, o meigo Nazareno caminhou para ele, qual visão concretizada de um dos deuses de suas antigas crenças e, pousando carinhosamente a destra em sua fronte, exclamou em linguagem encantadora, que Públio entendeu perfeitamente, como se ouvisse o idioma patrício, dando-lhe a inesquecível impressão de que a palavra era de espírito para espírito, de coração para coração:

            - Senador, por que me procuras ?

            Para Mt (4,17) -Fazei penitência - leiamos a Antônio Luiz Sayão em “Elucidações Evangélicas” (Ed. FEB):

            Fazei penitência, pois o reino do céu se aproxima, o que significa: chegou o tempo de ouvirdes o Enviado de Deus, o qual vos vem trazer a luz da verdade que, tirando-vos das trevas em que vos lançaram os vossos pecados, vos patenteará a estrada que leva ao céu ou seja: à perfeição  na pureza. Fazei penitência: arrependei-vos dos vossos erros, faltas e crimes, para poderdes ver a luz, para serdes por ela alumiados e, deixando as trevas em que jazeis, tomardes a senda do progresso espiritual e subirdes ao seio de Deus.

            Hoje, pela boca dos Espíritos, seus mensageiros, o mesmo Jesus clama: chegou o tempo de estudardes o Consolador, que vos vem ensinar os Evangelhos em espírito e verdade.

            Então, pela virtude do espírito, voltou Jesus para a Galileia. Quer isto : sendo ele sempre Espírito, sob as aparências humanas que tomara, transportou-se para os confins da Galileia, com a rapidez do relâmpago, como fazia sempre que viajava só, pelo poder ou faculdade que tem o Espírito de ir de um ponto a outro, tão célere quanto o pensamento.”