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domingo, 28 de junho de 2020

Não sejais dogmáticos


“Não sejais dogmáticos”
por Alves de Farias Filho
Reformador (FEB) Maio 1950

            “Apóstolos da Nova Revelação, espíritas, espiritualistas... não sejais dogmáticos, pois que, se o fordes, vos tornareis sectaristas; falireis na tarefa que vos está confiada, falseando a missão que o Espírito de Verdade vem desempenhar no vosso mundo." Roustaing – “ Os 4 Evangelhos” – Tomo 4  

            Não obstante a crítica severa de muitos, vejo na obra do Sr. Roustaíng um constante elogio à lógica, a razão, a consciência; considero-a como desenvolvimento necessário à obra do Sr. Allan Kardec.
            Outros desenvolvimentos surgirão, estou certo, pois é necessário que o homem se compreenda do tamanho espiritual que lhe é concedido e creia que apenas são revelados os conhecimentos que ele possa sentir e assimilar.
            Qualquer raciocínio, sem base nesta verdade, será uma prova de ignorância em face das leis gerais e uma demonstração de orgulho incabível no Ser criado.

*

            “Não sejais dogmáticos ...” - dizem os comentadores do lado real da vida - e, sem esforço, verá o homem que o dogma é a paralisação do pensamento e da energia moral.
            Sendo dogmático, o homem se restringe ao círculo que traçou em torno do seu ser e anula o direito de usar do próprio raciocínio e de agir de acordo com a razão.
            E não é possível admitir, no ser consciente, esse limite de pensamento. O direito de pensar é ilimitado e é por ele que os mundos se elevam e os espaços vibram.
            Sendo dogmático, o homem sente-se capaz de negar firmemente o que se coloca fora do seu dogma.
            Mas, porque recusar um fenômeno simplesmente pelo fato de o não compreendermos?
            Porque pretender limitar a seus conhecimentos, os conhecimentos gerais?
            Mesmo que se não admita um Deus, porque duvidar de um fenômeno qualquer pelo simples fato de não ser ele audível ou visível pelo homem?
            Não conhece a Ciência, hoje, os limites da audição e da visão e, consequentemente, o prolongamento dos fenômenos aos infinitos positivo e negativo?
            Não reconhece o homem superior que, por mais que se desenvolva intelectualmente, ficará sempre de olhos abertos e parados em face do desconhecido que o envolve em todos os sentidos?
            Onde, pois, o direito de negar um fenômeno porque está fora dos conhecimentos humanos?
            Onde o valor de se firmar em dogmas que poderão ser dissolvidos ao menor sopro científico?
            É preciso que o homem se convença de que os seus conhecimentos são uma parcela ínfima da ciência universal e se resumem à parte estritamente necessária ao grau de elevação do planeta.
            “Não sejais dogmáticos...”
            Compreendei que tudo no Infinito evolve e que o dogma é a negação desse princípio.
            Além disso, o dogma torna sectarista o homem. Insensivelmente o sectarista materializa os seus conhecimentos espirituais e se transforma no defensor cego de uma seita.
            São deturpados os princípios das leis divinas, para que evoluam os processos materiais e, aos poucos, da espiritualidade necessária ao homem, apenas restará uma convicção mórbida do seu valor próprio e do seu dever para com o semelhante.
            Assim tem sido e assim ainda será por muito tempo, porque o homem, desprezando o espírito, procura na letra a própria finalidade.

            Espíritas, espiritualistas, não procureis falir na tarefa que vos foi confiada”, tornando-vos sectaristas justamente perante a Doutrina que vê, no livre arbítrio concedido aos homens, o reflexo puro da justiça de Deus.

            Não sejais, pois, dogmáticos...
            O dogma é, espiritualmente falando, a estagnação, o marasmo; e lembrai-vos de que a morte só existe, realmente, para o Espírito que estaciona, negando, assim, a lei maravilhosa do progresso geral e continuo.

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