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quinta-feira, 4 de junho de 2020

Na hora que passa



Na hora que passa

Modesto Lacerda por Chico Xavier
Reformador (FEB) Janeiro 1952

            Irmãos, a paz de Jesus reine soberana entre nós.
            O Espiritismo, no dia laborioso dos pioneiros, poderia ser uma fonte de consolações e surpresas, à frente de nossos olhos deslumbrados.
            Era natural que assim fosse.
            A sabedoria antiga voltava a felicitar-nos, no intercâmbio entre as duas esferas, abrindo-nos horizontes diferentes no país das grandes revelações.
            Infantis no conhecimento de ordem superior, éramos tolerados na indagação infindável e na curiosidade enfermiça que nos centralizavam a mente e o coração no verbalismo sem obras.
            O tempo, contudo, assinalou novas portas evolutivas em nossa jornada para diante.
A responsabilidade lançou raízes profundas em nossa vida, convertendo-nos a fé em abençoados compromissos de trabalho e a reconfortadora doutrina que nos enriquece de bênçãos passou, de manancial do consolo isolado, à bendita construção espiritual, em que todos somos peças integrantes do serviço, em favor do progresso geral.
            Antigamente perguntávamos.
            Hoje é necessário fazer.
            Em outro tempo experimentávamos.
            Agora devemos ser experimentados, no engrandecimento da vida na Terra.
            Outrora, éramos exigentes no “receber”.
            Atualmente, é imprescindível a nossa diligência para “dar”.
            No princípio eram justos a expectação e o êxtase.
            Na hora que passa, entretanto, somos obreiros convocados à edificação da fraternidade e da elevação entre os homens.
            Grandes são as nossas oportunidades nos tempos modernos, em que a nossa instrumentação se mostra tão rica de dons para a vida eterna. ’
            Nós, os espíritas cristãos, na segunda metade do século XX, somos servos conscritos à
atividade incessante com a aplicação dos imensos recursos recebidos do Alto.
            Assemelhamo-nos a senhores abastados do ideal, com a obrigação de fugir à secura e à avareza, se quisermos encontrar, mais tarde, as compensações da verdade e do amor.
            Nossas convicções são valores reais que precisamos distribuir, a benefício de todos; não somente, porém, com as palavras brilhantes, com as páginas inspiradas, com as promessas sublimes ou com os votos risonhos, mas, acima de tudo, com a demonstração prática de nossas experiências de vez que apenas o orientador adequado produz roteiros adequados.
            Ninguém nos conhece pelo que falamos e sim pelo que operamos.
            Não somos amados pelo que ensinamos com a boca mas sim pelo que realizamos com o coração.
            Não somos conhecidos pelas teorias que esposamos e sim pelos bens ou pelos males de que somos portadores, na estrada em que seguimos, na companhia de quantos nos foram confiados pelo Senhor.
            Façamos, assim, do Espiritismo, a carta de nossos deveres pessoais, à frente de Deus e da Humanidade e não a mensagem que nos lisonjeie a expressão particularista de crentes, aprendizes ou simpatizantes da Grande Causa que cogita da redenção terrestre.
            O nosso caminho está descerrado ao sol do Cristo.
            Seguiremos para diante com a ação evangélica ou seremos esmagados pelo carro do progresso comum.
            Agiremos com o bem ou perderemos tempo no mal.
            Materializaremos o amor que o Mestre nos legou ou permaneceremos indefinidamente materializados no círculo carnal, por séculos infindos.
            Avancemos, pois, meus amigos.
            Nosso ideal é serviço constante, nossa fé representa claridade divina e nossa esperança é caridade em ação.
            Sigamos com Jesus, afastando-nos da retaguarda, e Jesus estará conosco na vanguarda de luz.


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