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quinta-feira, 6 de setembro de 2018

O capítulo verde de "O Livro de Galaor"



O capítulo verde de “O Livro de Galaor"
José Brígido (Indalício Mendes)
 Reformador (FEB) Agosto 1951

            Retirei-me silenciosamente para o interior da cabana situada no cimo do monte Gahrnaz, quando as estrelas começaram a pintalgar o céu de pequeninos focos luminosos. Sozinho, mal sentindo o vento débil que balançava os galhos das árvores esguias, predispunha-me ao sono. Vi, entretanto, sobre a tosca mesa, aberto, "O Livro de Galaor". Pus-me a ler, então, o Capítulo Verde, pois cada um deles apresenta cor diferente.

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"Não sejas como o viajante imprevidente, que se aventura pela estrada em noite escura, sem premunir-se da lanterna orientadora. Há homens que pretendem desvendar os segredos da existência humana sem percorrer os ensinamentos preliminares. Querem alcançar o cume da montanha sem as dificuldades da encosta rude. Almejam conhecer o fim, sem se deterem nos esclarecimentos do princípio. Verdadeiramente são movidos apenas por simples curiosidade.”

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"Pensa, amigo, no dia de amanhã, Dispõe as tuas ferramentas em ordem, depois de limpá-las convenientemente, para que, ao amanhecer, possas demandar o campo e recomeçar a faina que te espera. Não te esqueças, todavia, de que a hora perdida jamais será recuperada.
Não te descuides da terra generosa e sensível, Quando lhe rasgares as entranhas, para fecundá-la, meu amigo, ela sufocará as dores e te abençoará a semeadura, porquanto, assim, terá nova oportunidade de satisfazer os imperativos divinos. Dá-lhe a assistência indispensável, cerca-a do carinho é da solicitude com que um pai extremoso atende ao filho querido."

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"À noite, o corpo cansado, mas o espírito contente pela consciência do dever cumprido, não te acostes ao travesseiro sem render graças ao Senhor por te haver dado força, coragem e fé. Longe do arado com que lavras a terra, deves lembrar-te do arado com que deves lavrar o espírito: O Evangelho. Ele precisa estar sempre em ação no trabalho de aprimoramento moral. Abre na tua inteligência a, sobretudo, no teu sentimento, os sulcos que receberão as sementes da tua evolução espiritual. Isto feito, o Grande Semeador aproveitará o resultado do teu esforço para fazer a concessão do prêmio que mereceres.”

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"Põe a mão na charrua e retoma o trabalho. Não te deixes perturbar por coisa alguma. Mãos firmes e decisão inquebrantável. Ao cabo da lida fatigante, sentirás a vida mais amável e mais bela, a despeito das tempestades e das dores que marcam o itinerário humano. Vai, amigo. Vai. O Evangelho deve ser o teu arado no trabalho do espírito. Segue a trilha do bem e não abandones a charrua bendita enquanto o trabalho de cada dia não estiver concluído. Sentirás, no fim, a alegria glorificadora da colheita abundante."

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Depois da leitura do Capítulo Verde de “O Livro de Galaor", minha alma parecia em festas. Busquei o repouso que o cansaço aconselhava e encontrei a bênção do Senhor no sono tranquilo que dormi.

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