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sábado, 22 de setembro de 2018

Jerusalém! Jesuralém!



Jerusalém! Jerusalém!
Vinélius de Marco (Indalício Mendes)
Reformador (FEB) Agosto 1951

Continuamos a receber com evangélica paciência, dispostos sempre ao perdão, as atitudes nada cristãs do clero católico. A Humanidade não desconhece o grande e luminoso espírito que foi Francisco de Assis, frade italiano, que os católicos canonizaram em 1228. Vejamos como os pretensos seguidores de Jesus, na ambiência clerical católica, se distanciam de Francisco de Assis.

Enquanto o clero nos chama de cínicos (“Nem podemos imaginar maior cinismo do que o dos espíritas quando, não obstante, continuam a proclamar, em todos os seus livros e jornais, que “o Espiritismo e o Cristianismo ensinam a mesma coisa” fugindo inteiramente ao espírito de tolerância e amor manifestados pelo Cristo, Francisco de Assis, S. Francisco de Assis, tem as seguintes palavras em uma de suas preces: "Senhor, fazei de mim um instrumento da vossa paz; onde haja ódio, consenti que eu semeie amor; perdão, onde haja injúria." Percebe-se a diferença de sentimentos e de linguagem. Naturalmente, também a diferença de vibrações espirituais, porque Francisco de Assis de fato exprime o pensamento cristão, enquanto aqueles outros, que se dizem proprietários da Verdade, ofendem a majestade da moral cristã com ideias e expressões de revolta.

Curiosamente, diz o clero: "Sejamos, portanto, integralmente cristãos. Sigamos o Cristo, Evangelista da caridade." Mas, como, se começam por demonstrar que são integralmente anticristãos? Como podem seguir o Cristo, que reconhecem como "Evangelista da caridade", se persistem em faltar aos mais comezinhos princípios de caridade, negando o “amor ao próximo”? Tudo é facilmente compreensível: não é o Cristianismo que eles defendem, porque não pode haver defesa do que não é atacado nem
ameaçado, mas respeitado e reverenciado, como fazem os espíritas, verdadeiramente discípulos de Jesus e colaboradores da grande obra em prol do Espiritismo, o Cristianismo redivivo.

Depois de dizerem como devem ser tratados os “pertinazes e obstinados adeptos da
doutrina espírita” (graças a Deus que eles o reconhecem, porque isso evidencia a grande sinceridade da nossa crença e a fé irresistível de nossa fé), aponta-nos o caminho dos infernos, esquecidos de que, por maior boa vontade que demonstremos, não nos será possível ocupar o lugar que de direito lhes pertence... Mandam os caridosos opositores do Espiritismo que os espíritas sejam declarados "infames” e insinuam sejamos tratados como feiticeiros e tiradas nossas vidas, citando trechos adrede escolhidos: "Não deixarás viver os feiticeiros"...

Como eles se distanciam do boníssimo Francisco de Assis que dizia, compenetrado da verdade cristã que seus pretensos seguidores ainda não compreenderam: "Divino Mestre, permiti que eu não procure tanto ser consolado quanto consolar; ser compreendido quanto compreender; ser amado quanto amar, porque é dando que recebemos; perdoando é que somos perdoados."

Não entendem Jesus, esses que se referem aos espíritas com ódio no coração. Que Deus deles se apiede e os perdoe porque, quanto mais falam no Cristo, menos cristãos se mostram, uma vez que o Nazareno pregou: "Como o Pai me amou, assim também eu vos amei; permanecei no meu amor. Se guardares os meus mandamentos, permanecereis no meu amor”. Está provado que os nossos rancorosos adversários não guardam os mandamentos de Jesus, porque desferem anátemas contra os que não comungam com as suas ideias. Portanto, se não guardam os mandamentos de Jesus, não estão em seu amor, não permanecem no amor do Cristo. Esqueceram-se, há muito, das palavras de Jesus: ''Este é o meu mandamento, que vos ameis uns aos outros como eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos. Vós sois meus amigos, se fizerdes o que vos mando." Mas Jesus não determinou que os seguidores ou supostos seguidores de sua Doutrina amassem somente a seus amigos, tanto que esclareceu: “amai-vos uns aos outros como eu vos amei.” Em outra oportunidade fora incisivo: “Amai os vossos inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam, bendizei os que vos maldizem, orai pelos que vos insultam."

Que têm feito os espíritas, senão demonstrar amor aos que os atacam ferozmente '? Esse amor evidenciamo-lo com o interesse singelo de mostrar-lhes as palavras de Jesus, para que se convençam da verdade e não persistam no erro. Assim procedendo, demonstramos amor e fazemos o bem aos que nos odeiam quando apenas desejamos dar cumprimento às lições de Jesus, através da Terceira Revelação. Bendizemos as expressões amargas, cheias de fel, com que o clero procura atingir-nos, pois, desta forma, nos apegamos mais e mais à nossa Doutrina e tornamos o Espiritismo ainda mais forte com o robustecimento incessante da nossa fé. Por fim, sempre, em nossas preces, pedimos a Deus misericórdia para os nossos inimigos, isto é, para aqueles que se dizem e o afirmam por palavras e atos serem nossos inimigos por nos não nos consideramos inimigos de ninguém. Cotejamos as nossas ações com as ações dos que nos combatem, as nossas palavras, com as palavras dos que se enraivecem ao pensar em nós.

Façamos sempre assim, ó espíritas, pregoeiros do vero Cristianismo, do Cristianismo cheio da humildade e do amor de Jesus, do Cristianismo puro que está no Evangelho, e perdoemos ao clero católico, antes e depois do VI Congresso Eucarístico Nacional de 1953, porque eles, segundo suas próprias palavras, que revelam alarme ante o progresso do Espiritismo, estão desorientados e desejam "opor um dique à expansão da heresia espirita nos meios católicos do Brasil". Pretendem, como dizem, "desmascarar a Doutrina Espírita". Isto é impossível, porque nossa Doutrina foi revelada do Alto, traz a proteção de Deus e está sob o amparo de Jesus. O Espiritismo veio para evitar, justamente, que eles destruíssem o Cristianismo, pois, acima de dogmas mofados e superstições destinadas a embair povos ainda sem o necessário esclarecimento espiritual, os grandes Espíritos da Seara de Jesus, entre os quais Ismael, patrono da Federação Espírita Brasileira, Emmanuel e muitos outros; têm dirigido e orientado o benemérito serviço de elucidação religiosa iniciado com o apostolado de Allan Kardec.

Elevando o nosso pensamento a Jesus, pedimos ao Mestre que perdoe aos que se desviam do caminho traçado no Evangelho, e repetimos, com Francisco de Assis, com vistas ao clero católico este trecho da amorosa prece deste luminoso Espírito: "Senhor, fazei de mim um instrumento da vossa paz: onde haja ódio, consenti que não procuremos tanto ser consolados, quanto consolar; ser compreendidos, quanto compreender; ser amados, quanto amar. Porque é dando que recebemos; perdoando é que somos perdoados; e morrendo é que nascemos para a Vida Eterna."

É do Evangelho (Mateus, 23:37, 38) esta advertência do Mestre: "Jerusalém, Jerusalém! que matas os profetas e apedrejas os que te são enviados! quantas vezes quis eu ajuntar teus filhos como uma galinha ajunta os do seu ninho debaixo das suas asas, e tu não o quiseste!

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