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segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Nossas Limitações



Nossas Limitações
Lino Teles (Ismael Gomes Braga)
Reformador (FEB) Janeiro 1940

Em palestra com um dos nossos mais caros e esclarecidos confrades, ouvimos estas proposições que merecem meditadas por outros: "As antigas escolas espiritualistas cometem o erro de pensar que seja mais fácil subirmos aos Espíritos Superiores, do que descerem eles até nós; justamente o contrário é a verdade: para tudo têm aqueles muito mais facilidade do que nós".

As aparências iludem. Nunca a razão está integralmente com uma das partes em litígio. Quase sempre, quem parece não ter razão ainda tem uns dois ou três por cento de razão e quem nos parece tê-la toda só tem 98 ou 99 por cento.

Sem dúvida, os Espíritos Superiores têm muito mais facilidade de descer até nós, do que nós de subirmos até eles, pois que nos é impossível improvisar uma ascensão incompatível com o nosso grau de evolução; no entanto, a nossa falta de preparo torna inútil a descida dos Espíritos Superiores. Não os entendemos, não lhes damos atenção e, não raro, os crucificamos, se encarnam.

Só nos é dado o pouco que podemos aproveitar do mesmo modo que um professor de Universidade não perderia suas preleções com alunos do curso primário, porque sabe de antemão que não seria entendido. A obra do mestre-escola tem que preceder à do lente de Ginásio e esta à da Universidade.

Os adversários do Espiritismo tiram contra ele argumento do fato de que os Espíritos só nos dão literatura humana, não operam prodígios, não nos trazem as grandes descobertas que deveriam transformar o mundo da noite para o dia, como se eles tivessem por encargo forrar-nos a todo esforço; a todo trabalho, transformando-nos em autômatos. Verdade, porém, é que já nos dão muito mais do que a média dos nossos intelectuais pode assimilar: proclamam e demonstram a sobrevivência da alma humana e a lei das reencarnações evolutivas. Quantos por cento dos homens que cursaram escolas superiores no mundo presente aceitam e se adaptam aos ensinamentos já mil vezes repetidos na literatura mediúnica dos últimos cinquenta anos?

Sem vencermos as nossas próprias limitações a obra dos grandes Espíritos não pode produzir os desejados efeitos. Disso temos prova tristemente expressiva no emprego dado à Revelação Cristã durante os dez séculos da Idade Média. Os
"cristãos" se serviram de sua poderosa organização para os fins mais opostos ao ensinamento dos Evangelhos!

Outro triste exemplo encontra-se na Revelação Antiga. Moisés recebe as Tábuas da Lei, com o mandamento expresso: "Não matarás", e o primeiro dos seus atos é determinar uma grande matança entre seus próprios compatriotas (1)!

O progresso não se Improvisa. Os Guias não podem antecipar os tempos. Nossas limitações lhes opõem barreiras intransponíveis dentro de certo momento.

Nada vale a nossa Impaciência. São imensas as nossas limitações!


(1) Vide: Êxodo cap. 32 v. 25 a 28

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