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quarta-feira, 7 de julho de 2021

Mediunidade e Alimentação

                         

Mediunidade e Alimentação 
por Indalício Mendes
Reformador (FEB) Julho 1965
           
            São os médiuns merecedores de todo o respeito e simpatia, principalmente quando se mostram devotados ao trabalho mediúnico, revelando assiduidade revelando assiduidade e dedicação. Devem, contudo, ser tratados como simples criaturas humanas, jamais como semideuses, porque isto pode levá-los a sofrer a ação deletéria, embora dissimulada, da vaidade.

            Aceitamos a palavra do inolvidável Leopoldo Cirne: "...o exercício da mediunidade envolve sempre o desempenho de uma missão, de um compromisso, mais ou menos grave e importante, assumido pelo médium, antes de encanar. O seu primeiro cuidado deve ser, portanto, aparelhar-se das requeridas condições espirituais que o tornem, ao mesmo tempo que um veículo de luz e verdade para os homens, um instrumento flexível, um transmissor fiel das comunicações , abstendo-se tão completamente quanto possível de nelas colaborar e intervir, mesmo inconsciente ou involuntariamente. Para esse resultado é que a disciplina do pensamento e o domínio de suas aptidões psíquicas hão de poderosa  e eficazmente contribuir, permitindo-lhe, quando chegar o tempo de exercer as suas faculdades, praticar uma abstenção, um isolamento do seu próprio espírito, que assegure ao comunicante a máxima liberdade e independência de manifestação.

           "Não percamos de advertir, contudo, que cedendo os seus órgãos para esse fim a uma outra entidade, não fica o médium inibido de exercer uma prudente vigilância, a fim de obstar, quando se trate de Espírito de ordem inferior, que esse proceda com inconveniência ou pratique desatinos, prejudiciais, prejudiciais ao aparelho vivo de que se  está servindo. Porque, em tal caso- e é assim que fazem os médiuns educados -, por uma ação de Espírito a Espírito, fará ele retirar o turbulento, retornando a posse do seu organismo. Neste sentido é que deve ser entendida a sábia advertência de Paulo, ao discorrer sobre as regras e condições a observar nas assembléias dos crentes e a propósito da intervenção dos Espíritos pelos médiuns (denominados então profetas), quando afirma (I Coríntios, XIV, 32) que "os espíritos dos profetas (ou que por estes se manifestam) estão sujeitos aos profetas"."

          Aí estão, em bela síntese, os deveres dos médiuns e dos cuidados que ele precisa ter no exercício da mediunidade. Há outras partes igualmente importantes entre as quais está a alimentação. Nenhum médium é obrigado a seguir determinado regime alimentar, mas, fora de dúvida, melhores resultados poder´obter da prática dessa faculdade se adotar uma alimentação racional, abstendo-se de alimentos pesados, muito feculentos, mormente quando tiver de se entregar ao trabalho espiritual.

           O ideal seria abandonar a alimentação de carnes  derivados, preferindo o regime vegetariano, que, adequadamente estabelecido, oferecerá compensações magníficas, quando completado com o uso de frutas. Vamos citar a opinião do filósofo norte-americano, Marden, absolutamente imparcial, porque não é grande entusiasta do vegetarianismo: "Ponderando todos os argumentos pró e contra a dieta vegetal, chego à conclusão de que poderíamos facilmente abster-nos de carne, conseguindo, noutros alimentos, o azoto (nitrogênio) que tão necessário é para manter em boa condição os músculos, os nervos e os outros tecidos sólidos do corpo. Não é preciso matar animais para o nosso sustento, porque o leite, o queijo, a manteiga e os ovos substituem vantajosamente a carne.

           "Também não é preciso ser vegetalista intransigente. Considerando o meio termo, creio estar de acordo, em matéria de alimentação, com as principais autoridades que proclamam que a melhor dieta é a dieta vegetal acrescida de leite, ovos, manteiga e queijo. Estou crente em que este sistema oferece todas as vantagens, sem ter qualquer dos inconvenientes dum regime inteiramente cárneo ou inteiramente vegetal."

           Nos dias de sessão, deve o médium alimentar-se sobriamente, preferindo sempre alimentos de fácil digestão. Na verdade, a sobriedade alimentar deveria ser de regra invariável, não só da parte dos médiuns como de qualquer pessoa.

           O famoso inventor Edison, "depois de muitas experiências de alguns anos sobre a influência dos alimentos na própria saúde e inteligência, substituiu o seu regime diário de 500 a 600 gramas de alimentação pelo de 300 gramas, por ser o que lhe fornecia o maximum de saúde e de força. Edison afirma que a experiência lhe demonstrou que um homem de iniciativa e de inteligência perde parte da sua capacidade, se fatigar os órgãos digestivos; e que esta mudança de regime o fez remoçar, apesar de, então, já contar 67 anos". O excesso de alimento nunca beneficia o organismo.

           Outra condição importante é a mastigação perfeita de todos os alimentos. Existiu nos Estados Unidos um homem, Horace Fletcher, feito célebre pelo método que lançou com êxito - o "fletcherismo" - baseado na conquista e conservação da saúde pela mastigação racional. Muitas vezes a má digestão e a defeituosa assimilação decorrem, nem sempre da espécie de alimento ingerido, mas da mastigação deficiente. Nas grandes cidades, é hábito o comer-se apressadamente, engolindo-se sem mastigar. Muitos doentes de úlceras e outros males conseguem assim o prêmio da sua imprevidência. Fletcher estabeleceu tabelas que determinam o número mínimo de vezes para alimentos de cada categoria. Partia da mastigação lenta e completa de cada bocado. Fez adeptos aos milhares, porque a sua teoria é certa. Depois de haver sido recusado, oito anos antes por uma companhia de seguros, por ter precária a saúde, tornou-se, quase aos 60, um homem robusto, pesando menos, mais forte, mais capaz para o trabalho, com as ideias mais claras. quando alguém estiver apressado e não tiver tempo para comer corretamente, deve reduzir a quantidade de alimentos, de maneira a não sacrificar a boa mastigação.´

           O médium deve abster-se de qualquer bebida espirituosa, bem assim de frequentar ambientes moralmente duvidosos, para que se conserve com mais facilidade seguro de si mesmo. Uma vida moral sadia é muito importante para qualquer um, 
notadamente para quem tenha deveres mediúnicos.

           Não só o que entra pela boca como o que dela sai, deve ser cuidadosamente vigiado por quantos desejam permanecer em paz consigo mesmo.

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