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quinta-feira, 15 de julho de 2021

Curioso caso de reencarnação

 

Curioso caso de reencarnação

por Percival Antunes (Indalício Mendes)
Reformador (FEB) Julho 1965

           A  reencarnação é assunto que deve merecer o máximo de atenção, mesmo daqueles que se mostram indiferentes a certos transcendentes problemas da existência. 

           Os casos recentes de comprovação da teoria citada se acumulam. Esta revista de quando em quando menciona uma ocorrência dos nossos dias, porque a reencarnação está sempre presente na vida humana. Todavia, desejamos reproduzir um seu portentoso livro "O problema de Ser, do Destino e da Dor", editado pela Federação Espírita Brasileira.

           Ei-lo:

           "Os testemunhos oriundos do mundo invisível são tão numerosos como variados. Não só Espíritos em grande número afirmam, nas suas mensagens, terem vivido mutas vezes na Terra, mas há os que anunciam antecipadamente a sua reencarnação; designam seu futuro sexo e a época do seu nascimento; ministram indicações sobre as suas aparências físicas ou disposições morais, que permitem reconhece-los em seu regresso a este mundo; predizem ou expõem particularidades de sua próxima existência, o que se tem podido verificar.

           A revista Filosofia della Scienza, de Palermo, no número de Janeiro de 1911, publica, sobre um caso de reencarnação, uma narrativa do mais alto interesse, que resumimos aqui. É o chefe de família, na qual os acontecimentos se passaram, o Dr. Carmelo Samona, de Palermo, quem fala:

           "Perdemos, a 15 de Março de 1919, uma filhinha que minha mulher e eu adorávamos; em minha companheira o desespero foi tal que receei, um momento, perdesse a razão. Três dias depois da morte de Alexandrina, minha mulher teve um sonho onde acreditou ver a criança a dizer-lhe: "Mãe, não chores mais, não te abandonei; não estou afastada de ti; ao contrário, tornarei a ti como filha."

           Três dias mais tarde houve a repetição do mesmo sonho.

           A pobre mãe, a quem nada podia atenuar a dor e que não tinha, nessa época, noção alguma das teorias do Espiritismo moderno, só encontrava nesse sonho motivos para o reavivamento de suas penas. Certa manhã, em que se lamentava, como de costume, três pancadas secas se fizeram ouvir à porta do quarto em que nos achávamos. Crente da chegada de minha irmã, meus filhos, que estavam conosco, foram abrir a porta, dizendo: "Tia Catarina, entre."

           A surpresa, porém, de todos, foi grande, verificando que não havia ninguém atrás dessa porta nem na sala que a precedia. Foi então que resolvemos começar sessões de tiptologia, na esperança de que, por esse meio, talvez tivéssemos esclarecimentos sobre o fato misterioso dos sonhos e das pancadas que tanto nos preocupam.

           Continuávamos  nossas experiências durante três meses, com grande regularidade. Desde a primeira sessão, duas entidades se manifestaram: uma dizia ser minha irmã; a outra, a nossa cara desaparecida. Esta última confirmou, pela mesa, sua aparição nos dois sonhos de minha mulher e revelou que as pancadas tinham sido dadas por ela. Repetiu ainda à sua mãe: "Não te consternes, porque nascerei de novo de ti e antes do Natal." A predição foi acolhida por nós com maior incredulidade, porquanto um acidente, a que se seguiu uma operação (21 de Novembro de 1909), tornava inverossímil nova concepção de minha mulher.

           Entretanto, a 10 de Abril, uma primeira suspeita de gravdiez revelou-se nela. A 4 de Maio  seguinte nossa filha manifestou-se ainda pela mesa e nos deu novo aviso: "Mãe, há uma outra em ti." Como não compreendêssemos esta frase, a outra entidade que, parece, acompanhava sempre nossa filha, confirmou-a, comentando-a assim: "A pequena não se engana: outro ser se desenvolve em ti, minha boa Adélia."

           As comunicações que se seguiram ratificaram todas essas declarações e mesmo as precisaram, anunciando que as crianças que deviam nascer seriam meninas; que uma se assemelharia a Alexandrina, sendo mais bela do que o tinha sido ela, anteriormente.

           Apesar da incredulidade persistente de minha mulher, as coisas pareciam tomar o rumo anunciado, porque, no mês de Agosto, o Dr. Cordaro, parteiro reputado, prognosticou a gravidez de gêmeos.

           E a 22 de Novembro de 1910 minha mulher deu à luz duas filhinhas, sem semelhança entre si, reproduzindo uma, entretanto, todo os traços, todas as particularidades físicas bem especiais que caracterizavam a fisionomia de Alexandrina, isto é, uma hiperemia do olho esquerdo, uma ligeira seborreia do ouvido direito, enfim, uma dissimetria pouco acentuada da face.

           Em apoio de suas declarações, o Dr. Carmelo Samona trás os atestados de sua irmã Samona Gardini, do professor Wigley, de Mme. Mercantini, do Marquês Natoli, da Princeza Niscomi, do Conde de Ranchileile, que todos iam ficando a par, à medida que elas se produziam, das comunicações obtidas na família do Dr. Carmelo Samona.

           Depois do nascimento dessas crianças, dois anos e meio são decorridos e o Dr. Samona escreve à Filosofia della Scienza, dizendo que a semelhança de Alexandrina II com Alexandrina I tudo confirma, não só na parte física como na moral; as mesmas maneiras de acariciar a mãe; os mesmos terrores infantis expressos nos mesmos termos, a mesma tendência irresistível para servir-se da mão esquerda, o mesmo modo de pronunciar os nomes das pessoas que a rodavam. Como Alexandrina I, ela abre o armário dos sapatos, no quarto em que esse móvel se encontra, calça um pé e passeia triunfalmente no quarto. Em uma palavra, refaz, de modo absolutamente idêntico, a existência, na idade correspondente a Alexandrina I.

           Não se nota nada de semelhante com Maria Pace, sua irmã gêmea.

           Compreende-se todo o interesse que apresenta uma observação desta ordem, seguida durante tantos anos por um investigador do valor do Dr. Samona." - (Annales des Sciences Psychiques", Julho de 1913, n. 7, págs, 196 e seguintes.)

***

           Esse curiosíssimo caso, que exumamos da obra citada, porque reúne uma série de circunstâncias dignas da maior atenção, é prova impressionante da reencarnação. Não foi escolhida. Abrimos a esmo o livro de Denis e foi ela que se nos apresentou à vista.

           É bem verdade que há fatos muito mais positivos, em quantidade vultosa. Vale, porém, este como mais um depoimento idôneo em prol da reencarnação, hoje menos contestada do que no passado, por aqueles que têm relutado, por ignorância , preconceitos religiosos ou defeitos de educação, em aceitá-la.

           No mesmo livro há outros fatos também conformados por pessoas conhecidas e de responsabilidade moral, como aqueles ocorridos com duas senhoras, em Roma e Paris, relatados, respectivamente, por Cap. Florindo Batista e Th. Jaffeux, advogado da Corte de Apelação de Paris.

           Piano, piano si va lontano... - dizem os italianos. É verdade, porque, "qui va piano, va sano"...


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