Pesquisar este blog

domingo, 9 de junho de 2013

'No limiar de novo berço'



No limiar
de novo berço

Emmanuel
por Chico Xavier
Reformador (FEB) Jan 1959

            Transposto o grande portal do túmulo nossa alma padece, arrependida e enlutada, a revisão dos próprios erros.

            Aqui, surgem na imaginação superexcitada a sombra de clamorosos pesares ante a deserção dos deveres sublimes que nos pediam renúncia em troca da vitória espiritual.

            Adiante, aflitivos remorsos nos aguardam, irredutíveis, perante a bagagem enorme dos males que semeamos.

            Mais além, fantasmas acusadores de irmãos que encontraram a morte por nossa causa agigantam-se-nos na memória, muitas vezes clamando por pagamento e justiça.

            É então que, em muitas ocasiões, carreando o purgatório da angústia ou o inferno do sofrimento em nós mesmos, regressamos aflitos e torturados ao berço da experiência terrestre, para reajustar e reaprender.

            O amor infinito de Deus, todavia, descerra-nos mil recursos diversos para que nossas penas sejam amainadas.

            É por isso que em lugar de tombarmos assassinados, pela dívida de homicídio que perpetramos, habitualmente recebemos no próprio lar, categorizados à conta de filhos de nosso amor, os inimigos de outrora que nos conheceram o punhal na carne ou a lâmina da calúnia no coração.

            E é ainda por isso que, sem necessidade absoluta de sermos espoliados por aqueles de quem furtamos o estímulo de viver, com eles renascemos no reduto doméstico para afagá-los com as nossas lágrimas de ternura e com as dores de nosso devotamento, reintegrando-os na posse da alegria e nas bênçãos da confiança.

            Aceita, assim, os deveres mais ásperos que o mundo te confia, como títulos preciosos da Misericórdia Divina aliviando-te o madeiro da culpa, por te facultarem suave caminho à solução dos próprios débitos.

            Teus pais e filhos, teu esposo ou tua esposa, teus irmãos e parentes, companheiros e adversários, superiores e subalternos são quase sempre os pontos vivos de tua luta santificante que, aceitos com o amor de Jesus, se convertem nas estações progressivas da grande jornada pela qual te retiras das trevas para os cimos da luz.



Nenhum comentário:

Postar um comentário