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quinta-feira, 6 de junho de 2013

Não há milagres no Espiritismo


Não há milagres
 no Espiritismo

Túlio Tupinambá (Indalício Mendes)

            Certo cidadão da nossa política escreveu, há tempos, um artiguete, explicando as razões pelas quais não acreditava nos fenômenos espíritas. Perdera um filho na guerra e um amigo lhe havia informado que, segundo certa comunicação do Além, o rapaz estava ainda encarnado e bem de saúde. Efetivamente, era uma contradição. Semelhante fato, porém, não serve de argumento contra o Espiritismo. Se no mundo físico estamos sujeitos a ser enganados por pessoas brincalhonas ou mentirosas, o mesmo sucede no mundo espiritual, porque o fato de um Espírito deixar o invólucro carnal não lhe confere uma moralidade que ele não possuía antes, assim como também não lhe altera a personalidade. Lá, como cá, o Espírito está sujeito à educação, que pode dar resultados dentro de pouco ou de muito tempo. Tudo depende, evidentemente, do caráter em jogo.

            O referido político, que é médico e já fez muitas vezes profissão de fé ateísta, não poderia mesmo aceitar o Espiritismo, como não aceita nenhuma outra doutrina religiosa. Portanto, o seu cepticismo já está encruado.

            Há muita gente que vai para o Espiritismo à procura do maravilhoso. Quer "milagres", esquecida de que o privilégio milagreiro está com a Igreja. Está ou esteve, porque, hoje, com o progresso, com o avanço da Ciência, com a rapidez das comunicações, a indústria milagreira perdeu sua força e está desaparecida. Antigamente, qualquer coisa servia para embair a ingenuidade popular. Até um cometa que aparecia no céu era explorado pelos industriais do milagre. Hoje, entretanto, as coisas estão mudando. A Igreja, dotada de extraordinária faculdade mimética, vai-se adaptando depressa a situações que, antes, justificavam enérgicas reprimendas dos piedosos bonzos da Inquisição.

            Mesmo dentro da seara espírita, o trabalho educativo é cada vez mais necessário. Todos os dias o Espiritismo recebe novos adeptos e a maioria vem do Catolicismo, decepcionada porque a Igreja só lhes oferece quimeras, preocupando-se com o número dos que frequentam os templos e comparecem a certas exteriorizações festivas. Alguns chegam ao Espiritismo imbuídos das ideias adquiridas no credo que abandonaram. E intentam fazer reformas nas práticas espíritas. Querem santos, como se nós adotássemos ídolos em nossa crença. Procuram adaptar ritos que não são aceitos no Espiritismo. Daí o fato de certos confrades pouco esclarecidos pretenderem realizar "batismos", "casamentos", etc., como se o Espiritismo pudesse ser confundido com certas religiões que, para sobreviverem, tiveram de condescender com o paganismo, adotando-lhe métodos e sistemas.

            Por isso, é importante que a Doutrina seja cada vez mais disseminada, não só pela palavra escrita como pela palavra falada. Doutrina, Doutrina, Doutrina e Doutrina.

            Os que assim procedem, da maneira a que nos referimos, merecem nossa paciência, mas não podemos com eles concordar, porque, se o fizermos estaremos concorrendo para a deturpação dos princípios e postulados divulgados por Allan Kardec.

            Não é a assiduidade a sessões fenomênicas que define o espírita, mas o seu conhecimento da Doutrina e o esforço que realiza por exemplificá-la em cada vinte e quatro horas de sua vida. Não nos interessam ritos, imagens, cânticos e demonstrações materiais de poder temporal, de pompa e vaidade. O que realmente nos interessa, e a quantos queiram permanecer fiéis à Doutrina Espírita, é a reforma íntima de cada um, a melhoria do homem, o apuramento moral, o estabelecimento da paz interior e exterior, o culto do bem, o combate ao mal pelo exercício da bondade, da caridade e do amor, porque isto, em última análise, é Cristianismo puro.

            O espírita verdadeiro não estimula desarmonias, não dá curso à maledicência, não cede a impulsos egoístas, não dá mostras de intolerância, mas é firme em suas convicções, fiel à Doutrina e dotado de sólida determinação no cumprimento de seus deveres para com o Espiritismo.

            Estudemos as lições doutrinárias, diariamente, porque encontraremos sempre novos pontos de esclarecimento e de orientação. E, sobretudo, guiemos os novos, aqueles que estão começando a sua jornada espírita, fazendo que se esqueçam totalmente das fantasias que religiões falidas ou em vias de decomposição lhes inculcaram na alma. Uma das grandes tarefas do Espiritismo é reformar o homem, preparando-o para o Terceiro Milênio, já às nossas portas.
Reformador (FEB)  Maio 1959



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